NOS
TEMPOS DOS PERSAS
DINASTIA AQUÊMEDA (538 a.C.)
Por José Maria V. Rodrigues
7o. semestre em Bacharel de Teologia
1. INTRODUÇÃO.
A
afirmação de Dionísio de Oliveiras Soares (p.5) é bastante pertinente quando
afirma: “o evento do exilio babilônico provocou, sem duvidas, muitas
transformações na maneira de penar dos judeus do período chamado Período do
Segundo Templo”. Soares afirma ainda que após a crise politica e religiosa
causada pelo exilio na babilônia, “os judeus tiveram que rever os pontos
essências de sua religião e cosmovisão”. E, “entre os que mais contribuíram para
essa mudança foram os persas”.
“A
historia desses povos teve seus efeitos sobre a narrativa bíblica”. (CHAMPLIN,
vol. 04, 2011. P 190).
Portanto,
esta breve pesquisa pretende analisar as
ocorrências históricas politicas, literárias e teológicas no período do império Persa (539 – 331 a.C.).
Como os costumes, politicas, tradições e religião persa contribuíram para a
nova constituição e formação da nação de
Israel (Judá) naquele tempo. Bem
como, na formação e construção de novas
literaturas para a constituição do Canon das Escrituras. Não se trata de uma pesquisa exaustiva e completa, mas ao ponto de
termos uma boa ideia dos fatos históricos e literários ocorridos no período
persa que influenciaram a vida e
literatura do povo de Israel após o exilio Babilônico-Persa que findou após 538
a.C.
Nossa pesquisa começa com a historia do
Império Persa. Sua geografia e religião dentro daquilo que é interessante para
o nosso estudo e finalidades. Depois trataremos das literaturas que surgiram
durante este período. Sempre que possível abordando a influencia persa na elaboração da literatura. Sabemos que muitos textos bíblicos foram
produzidos durante este período; como
Esdras e Neemias. No entanto, muitos outros, sugerem os estudiosos no assunto
são frutos do período por influencia da
cultura persa. Em seguida alguns
resultados teológicos serão apresentados como fruto do período persa.
2. HISTÓRIA,
GEOGRAFIA E RELIGIÃO.
2.1. Origem
e nome.
Os povos que ocupavam o planalto iraniano,
região chamada pelos gregos de persis ou persa, usualmente
denominada Pérsia, produziram uma civilização responsável por um dos maiores
impérios do mundo antigo. Embora devido a pobreza do solo, o planalto ariano
foi ocupado desde o sexto milênio antes da era Cristã . Recebendo grande
população indo-europeia por volta de 2000 a.C. (Vicentino, 2010. p.84).
Segundo
o historiador grego Heródoto (c.484- 420 a.C.) o nome Gr. Persis,
-ídos, ‘Pérsia’ , origina-se Perses, filho de Perseu (em gr. Perseús),
antepassado mitológico dos reis da Pérsia (MIRADOR.
1979: p. 8797).
O
seu nome nativo original, Parsa (ou Pérsia) decorria da terra natal dos
persas, na porção maior e ocidental do planalto do Irã.
O
território começava às margens do rio Indo e daí para o Ocidente. Irã era outra
designação nativa desse território. Esse nome foi oficialmente restaurado em
1935, pelo governo persa. Que significa “terra dos arianos”. Que se trata do
povo de língua ariana, que entrou naquele planalto em cerca de 1500 a.C. Os amadai
ou medos, e os habitantes da terra de Parusa, a
oeste do lago Urmia, ou seja, os persas foram as duas tribos
arianas que ficaram em proeminência sobre as demais populações. Formando o
antigo Império Medo-Persa.
Em foco está o povo de língua ariana, que
entrou naquele planalto em cerca de 1.500 a.C.. os Amadai ou medos, e os
habitantes da terra de Parusa, a oeste do lago Urmia, ou seja, os persas foram
as duas tribos arianas que ficaram em proeminência sobre as demais
populações”... ”Sem dúvida é verdade que povos pré-indo-europeus devem ter habitado
nas régios que mais tarde tornaram-se conhecidas como a Pérsia (CHAMPLIN, 2011 Vol.
5. P.247).
Os Mêdos:
De acordo com Heródoto (geógrafo e historiador grego do sec. V a.C.) as tribos
medas foram unificada definitivamente em 715 a. C., por Daiacos (Daiaukku);
que foi aclamado rei pelo povo, governou a partir da cidade Hamadã (conhecida
pelos gregos como Ecbátana). Quando Daiacos (Daiaukku) 4 morreu, já
estava estabelecida uma poderosa monarquia absoluta e hereditária, assumida por
seu filho Fraortes entre os anos de 647 e 625 a.C. foi o seu neto Ciaxares,
que fez do Estado, um potencia militar: durante seu reinado (625-585 a.C.),
montou um colossal exército, com o qual atacou o Império Assírio, e com ajuda
da Babilônia arrasou Nínive, anexando a Assíria e as províncias da Ásia Menor.
É dessa época a invasão dos citas através d Ásia Ocidental. Astiáges, filho
de Ciaxáres, assumiu o trono em Ecbátana, mas não teve a mesma sorte, pois foi
logo destituído por uma revolta promovida por seus vassalos da família
Aquemênida, da qual fazia parte Ciro II, governante dos persas (Civita.
1973, p.3668).
2.2.
Dinastia
Aquemênida.
Os
persas se estabeleceram ao sul, em Parsa (Parsis, atual Fars) e Anshan (ou
Ansã). O filho de Aquêmenes ou Acaemenes (Hakhamanish, c. 700-675 que deu seu
nome a dinastia), chamado Teispes (Chishpish, reinou c. 675-640 a.C.) parece
ter fundado um novo reino. Seu primeiro sucessor foi Ciro I (Kurush) e Cambises
I (Kambyzia). Este último casou-se com Mandana (uma princesa meda filha do rei
medo Astiáges), e foi pai de Ciro II, mais tarde fica conhecido como Ciro, O
grande (c.559-530).
O
neto de Aquêmenes, Ciro I, fez oposição a Assurbanipal da
Assíria, mas não teve forças para manter a sua independência. Ciro II,
considerado pelos historiadores como verdadeiro fundador do Império Persa,
aproveitando o esgotamento do Elão (ou Elan) frente a conquista de
Assurbanipal, dera aos persas a oportunidade de estender seus territórios para
o ocidente. Susã, antiga capital elamita, caiu em poder de Ciro II (neto de
Ciro I e filho de Canbises I, com a princesa meda, filha de Astiáges e rei
Medo), que logo a transforma na capital do Oriente. Portanto, Ciro II possuía
duas descendência persa, por parte de pai e medo por parte de mãe.
Ciro
II, O grande.
“Ó homem, quem quer
que sejas, e de onde quer que venhas, pois sei que virás; eu sou Ciro, e eu
conquistei para os persas o império deles, Portanto, não me negues a pouca
terra que cobres o meu corpo”. (CHAMPLIN.2011.Vol.5. pp.248)
O território foi unificado por Ciro II (559 – 529 a.C.), rei Persa
que submeteu os povos vizinhos, os
medos. Procurando expandir seus territórios os persas conquistaram a Mesopotâmia,
a Palestina, a Finícia e a Ásia Menor (no ocidente) e a Índia (no Oriente)
(Vicentino-Dorico, p.2010. p.82).
2.3.
População.
Segundo Gerstenberg (p.59,75) o “império
Aquêmeda se estendia do Indo até Helesponto e até a primeira catarata do Nilo.
A extensão leste-oeste era de mais de 5 mil quilômetros, a extensão norte-sul
entre mil e 03 mil quilômetros medidos em linha reta”. Cerca de 10.000.000 km2 uma área maior que do Brasil (8,5 milhões km2).
Quanto a população do império Persa
somente pode ser estimada. Gerstenberg afirma que a população mundial
por volta de 500 a. C. pode ser estimada entre 20 a 50 milhões de habitantes e
que pelo menos 30% dessa população viviam em territórios sob a dominação persa.
2.3.1. Região conquistada por Ciro II (550-530 a. C.)
Mapa
1
2.3.2. Império
Aquemêmida - império Persa 550-331 a. C.
Mapa 02: (VICENTINO. 2011. pp. 39)
2.4.
Religião.
Vicentino-Dorico
(2010, p.84) afirma que a religião popular dos persas distinguia da oficial e
que muitas vezes incorporavam divindades através de contatos com outros povos.
Gerstenberg (p. 81) que os vestígio de um cultura desaparesem sem deixar
testemunhos. Assim o que sabemos realmente da religião ariana é a que temos
vestígios atuais.
De
inicio os persas eram politeístas, mas no final
o Zoroastrismo veio a ser tornar a a religião oficial do estado.
Principalmente entre os imperadores persas que se identificavam como fieis
representante dessa religião e aquilo que ela ensinava. Basicamente dualista fundada
em duas divindades (bem e mal) antagônicas principais: Ormuz-Mazda, deus do
bem, da luz e do mundo espiritual; e Arimã, deus do mal e das trevas. O
imperador seria o representante do bem na terra e sua infindável luta contra o
mal, o que mostra o forte vinculo da religião com as estruturas de poder (Vicentino-Dorico, p.2010. p.83).
2.4.1. Zoroastrismo.
De
acordo com as tradições zoroástricas posteriores, o fundador da religião
Perse foi um nativo da Média, que viveu no Século VI a.C., porém os
eruditos modernos dizem que Zoroastro viveu bem mais para o
Oriente[1].
A religiosidade popular, entretanto, se
distingue da oficial. Incluía varias divindades, muitas delas adotadas nos
contatos com outros povos. Em geral, os persas também admitiam a vida após a
morte e o advento de um Messias a terra, um salvador que libertaria os justos (assim
como na religião judaica).
Os
princípios dessa religião, chamada de zoroastrismo ou Masdeísmo[2] constam do livro sagrado Zend-Avesta,
que teria sido escrito por um personagem lendário: Zoroastro,
também denominado Zaratustra”. (VICENTINO 2010. p.84).
Zoroastro:
é
uma forma corrompida do original Zaroastro. Seu fundador chama Zarathustra
(Zaradust i Khuragan). Ele viveu em cerca de 1.OOO a.C.. Foi o fundador do zoroastrismo,
religião essa que se aguentou até as perseguições movidas pelo islamismo, tendo
sido varrida do mapa, no ano de 636 d.C.
Dessa
religião que surgiram os magos, na Média. Na sua terra natal o Zoroastrismo não
teve sucesso por isso se mudou para o Irã. O rei Vishtaspa, do Irã, se
converteu a ela. A partir do Irã o zoroastrismo espalha-se por todo o Oriente
Médio.
2.4.2. A
doutrina.
A
sua doutrina e puramente dualista, uma das poucas existentes. O bem e o mal são
permanentes. A salvação consistiria entre a separação entre essas forças e não
a
eliminação
do mal. O mal será isolado do bem em algum tempo futuro, um novo conflito poderá
ocorrer; mas por enquanto buscamos a separação mediante a cooperação com o bem,
visto que a expressão do bem tende por o mal em seu lugar, diminuindo-lhe o
poder.
Após
a morte de seu “profeta”, o sacerdócio foi organizado e também sua doutrina.
Suas doutrinas influenciaram o judaísmo e posteriormente o cristianismo. Visto
que aceitava muitos deuses, continha um elaborado sistema de anjos e de
demônios. Falava-se do anjo guardião e seu centro de adoração era o “fogo
santo”. O dia do julgamento foi marcado para três mil anos após a morte de
Zoroastro, prazo que esta a preste a se cumprir.
Alexandre,
o Grande, destruiu o que pode do Avesta, a escritura sagrada dessa fé.
Maomé
tentou continuar o trabalho no sec. VII. O que restou foi reconstruído em cinco
partes: Yasna (a liturgia); Gathas (os hinos supostamente escritos pelo próprio
profeta); Vispered (o ritual organizado); Yashta (os hinos dirigidos aos anjos
e as divindade secundarias); Vandidade (relato da criação); Khorda Avesta
(orações breves, para uso dos fieis).
Segundo
o zoroastrismo o homem esqueceu-se de seu caminho, ao longo da vereda
para
a perfeição, embora o criador, Ahura Mazda, tenha ordenado o
mundo segundo a sua vontade.
2.4.3. Influência da religião persa e tolerância
religiosa.
Soares
(p.5) nos informa que “quando os persas liderados por Ciro II (559-530 a.C)
dominaram a Babilônia em 538 a.C. , a Arábia, a Síria, Judá e, posteriormente,
o Egito e Grécia sofreram um processo de revolução cultural e religiosa”. Informa ainda que “os reis aquemênidas Dario I
(522-486 a.C.), Xerxes I (486-465 a.C) e Artaxerxes II (404-359 a. C.),
sucessores de Ciro, deixaram inscrições que revelam a adoção do zoroastrismo
como religião oficial do Império”. Assim, conclui Soares, “podemos contatar que
a dominação persa no Oriente Médio levou a toda essa região influencia da
religião persa-iraniana, como o dualismo bem e mal, associado a uma crença em
um Deus Supremo e a uma conduta austera na vida cotidiana (puritanismo)”.
As
inscrições antigas atestam que o Mazdeísmo (o termo vem de Ahura-Mazda) era a
religião oficial do estado e do rei e estava presente nas decisões cotidianas dos imperadores persas que se consideravam
seus representantes legais. Segundo Gerstenberger
Nos impérios mundiais mesopotâmicos o rei
tradicionalmente era administrador da divindade e guarda maior do direito e da
justiça, entre os aquemênidas, diferentemente, as funções do rei eram mais
amplas. Os soberanos representavam a autoridade do criador do mundo numa medida
mundana, eles eram corresponsáveis pela estrutura interna do império , composta de verdade,
bondade e justiça (p.65).
Para
Gerstenberg (p.71) a “moral” da
divindade Mazdeítas refletia nas decisões do rei que se consideravam seu
protegido e comissionado pelo “Senhor da
Sabedoria”, Ahura-Mazda, o criador e guardião do bem. As diversas fontes arqueológicas existentes
atestam que os soberanos consideravam que suas
conquistas era parte da vontade da divindade. Logo, a pessoa do rei tinha uma representatividade
muito forte diante da população como
fiel representante da divindade. De Ciro a Dario III houve forte adoração pro
Ahura-Mazda, variando de intensidade de um soberano para o outro, que segundo
as narrativas do zoroastrismo era o Deus Criador e Dono do Universo. Mas esta
devoção não os tornava intolerantes à outras religiões.
Os escritos
do Antigo Testamento (Esdras e Neemias) revelam que os soberanos persas
tivesse uma atitude extraordinariamente
liberal com outras religiões diferente do Mazdeísmo. Embora L.L. Grabbe (apud
Gerstenberg, p. 72) informa que “o
suposto apoio aos cultos e religião sob
os persas é frequentemente exagerado não
literatura moderna”. continua Gerstenberg a afirma que mesmo não
havendo um “politica religiosa persa praticada e planejada para o longo prazo, sobram sinais suficiente
de uma atitude pragmática, não ideológica, dos aquemênidas perante outras religiões”.
3. LITERATURA
BIBLICA DA ÉPOCA.
Para Gerstenberger a questão datação correta dos textos hebraicos
dificultam em muito situar a sua origem. Tanto aquele textos anteriores como
aqueles textos que foram compostos na época persa. Mas que foram significativamente
retrabalhados ate chegar na forma final”. Segundo Gerstenberger (p. 151) as
obras que cuja composição narrativa e normativa pertencem ao período persa são:
“1 e 2 Crônicas; evidentemente Esdras-Neemias, e também os escritos Sacerdotais do Pentateuco, os livros dos profetas Ageu e Zacarias, bem
como o terceiro Isaías (Is. 56-66) e, algumas partes do “Ketubim” (Salterio,
provérbios, Megillot)”.
3.1.
Crônicas.
Segundo Gerstemberger (p.153) depois de
muitos estudos do antigo testamento supõe um autor comum para Crônicas,
Esdras-Neemias e que as narrativas historias destes quatros livros como hoje se
encontram, “podemos dizer sem preocupações que surgiram num mesmo ambiente, num
longo período, mas todos no período persa”.
Os dois livros das crônicas “traçam a
historia do mundo desde Adâo (1 Cr. 1:1) até o aparecimento do rei Ciro (2 Cr.
36: 22s) a qual se segue a historia de Esdras-Neemias”.
3.2.
Deutero-Isaías.
O
ambiente de Deutero-Isaías é a época em que apareceu o rei Ciro, o grande.
Cujas campanhas religiosas sacudiram todo o mundo (Rad. p. 660).
O discurso “se
caracteriza por uma elevada emotividade e uma retorica transbordante (...) está
fortemente apoiado no estilo de hino e de outras formas cúlticas”. Que na mesma
proporção acaba assumindo algo que
extrapola o pessoal.
3.2.1. As
Inspirações e tradições em Deutero-Isaías.
Os
emanuenses segundo G. V. Rad (p.601):
Os
profetas não falavam dos acontecimentos vindouros abruptamente, sem preparação,
mas que, pelo contrário, as suas profecias se apresentavam ligadas a
determinadas tradições, que lhes serviam de pressupostos, de tal forma que numa
dialética estranha, mesmo quando falam do futuro, se movem no âmbito de antigos
testemunhos da fé javista.
Fazem
isso para legitimar; às vezes extrapolam essas tradições com novos conteúdos e
às vezes atém rompem, mas na maioria das vezes fazem dela com amplo argumento. Para Rad “O
êxodo ocupa, como evento salifico que Javé propiciou ao povo de Israel,
uma posição de tamanha centralidade que esse profeta só consegue imaginar o
evento salifico futuro como um êxodo”.
Sião: Dêutero-lsaías
também deve tributos à tradição de Sião, pois o êxodo conduz a uma cidade que
Javé se comprometeu a reconstruir (Is 44.26; 45.13; 49. l4ss; 51-1 ss, 1 lss
etc.), e em que os membros dispersos do povo de Deus se reunirão, sim, para
onde afluirão também as ofertas votivas das nações (Is 49.22ss; 45.14). O que
as caracteriza é a ideia de uma reunião escatológica dos povos que os profetas
transmitiram com impressionante detalhamento temático (Rad. p.661).
DAVI. Relacionamento entre
Dêutero-Isaías e a tradição davídica é muito estranho. Certa vez a menciona,
numa apóstrofe solene, na qual se serve da expressão tradicional hasde dawid, as “graças prometidas com
confiança a Davi” (Is 55.3, cf. 2Cr 6.42) (Rad. p.662).
Ele
mudou o sentido da antiga promessa e passa a entender a promessa a Davi como
uma promessa ao povo. E para esse, portanto, para todo o Israel, que as
promessas a Davi vão se realizar: é Israel que se tornará o príncipe (nagid)
das nações (Is 55.4). Essa modificação ousada da antiga tradição davídica
decerto constitui um exemplo extremo da liberdade que os profetas podiam
permitir-se ao interpretarem as antigas tradições.
CRIAÇÃO: Javé
é o Criador de Israel no sentido de que, quanto a todos os elementos criados
que o constituem, chamou esse povo à existência, mas naturalmente, sobretudo,
porque ele “escolheu” a Israel e o “resgatou”(Rad, p.662).
3.2.2. Profeta
ou um escrito?
Dêutero-Isaías praticava as opções de
escolher, estabelecer conexões e, com certas oportunidades, também
reinterpretar. Mas será que
Dêutero-Isaías era, realmente, um profeta, no sentido próprio do termo? Não
poderia ser que esse anônimo, que dificilmente podemos imaginar falando em
público, foi um escritor religioso de primeira ordem, muito mais do que um
profeta? (Rad, 663)
3.2.3. Objetivos
de Deutero-Isaías.
É
que Dêutero-Isaías avalia o conjunto dos eventos da história universal quanto à
sua correspondência com a palavra que os profetas anunciaram.
Nisso
ele recorda vivamente a teologia dos autores da obra historiográfica
deuteronomista, que são mais ou menos os seus contemporâneos, com a diferença
de que nele o aspecto da teologia da história enfatiza muito mais as
necessidades práticas; ele utiliza essa teologia num sentido apologético, para
combater a preocupação de que em última instância talvez os deuses da Babilônia
tivessem acabado de comprovar que são mais fortes do que Javé.
De
fato, Dêutero-Isaías coloca com todo o impacto a questão de saber quem dirige a
história universal.
E a
resposta que dá é surpreendente: Senhor da história é aquele que pode mandar
predizer o futuro. No entanto, no plano da história, onde se trava esse
incrível debate, Javé depende do seu povo, uma vez que Israel é a sua
testemunha (p.664).
4. O
IMPÉRIO PERSA NAS PROFECIAS BÍBLICAS.
·
Na estatua de Nabucodonosor (Daniel 2:31-48):
o peito e os braços.
“Os peitos e os
braços eram de prata”, v32. Os dois braços representam os medos e os persas.
·
A visão dos quatro animais (Daniel 7: 1-14; 26-28): o urso.
“A
seguir, vi um segundo animal tinha a aparecia de um urso. ele foi erguido por
um dos seus lados, e na boca, entre os dentes, tinha três costelas. Foi lhe
dito: Levanta-se e coma quanta carne puder!” (v.5).
O
urso erguido por um dos lados refere-se à condição social superior dos persas
na
confederação
medo-persa. As três costelas talvez represente sua três conquista principais: a
Lídia (543 a.C.); a Babilônia (539 a.C.) e o Egito (525 a.C.) (NVI. 2003. p
1466). Outra fonte coloca a Assíra, a Babilônia e o Egito; pois estes povos
escravizaram a Israel e agora foram conquistados pelo império medo-persa que
“devorou muita carne” causando muitas mortes e destruição para conquistá-las.
·
Um carneiro e um bode. (Daniel 8:1-27): O
carneiro.
“O
carneiro de dois chifres que você viu representa os reis da Média e da Pérsia”,
v.20.
O
chifre mais comprido dos dois chifres reflete a posição dominante da Pérsia
(NVI. 2003. p 1468).
5.
CONSIDERAÇOES FINAIS.
Verificamos que os 200 anos aprox.. de
dominação Persa sobre os judeus foi de
grande importância para a cultura judaica. E que nesse período toda a Escritura
foi reorganizada. E muitos outros textos surgiram nesse período, inclusive os
chamado Deutero-Isaías (cap. 40-66) e outras segundo a critica moderna foram
acabadas no período grego; e outras
ainda no período romano. Dimensionar a influencia persa sobreo pensamento
judaico é uma tarefa impossível, mas sabemos que após os exilio babilônico o
judaísmo nunca mais voltou à idolatria por exemplo, e passou a dar mais
importância à Escritura como Palavra de Deus. Defendeu com mais dedicação suas
convicções religiosas diante de seus opositores. Impedindo muitas vezes que introduzissem
símbolos pagãos na cidade de Jerusalém e no templo. Quando Alexandre, o conquistador grego chegou
em Jerusalém encontrou ali uma comunidade judaica unida em torno do sacerdote e
fiel à Toráh. E disposta a manter a
palavra de submissão dada ao imperador persa.
6. REFERENCIAS
BIBLIOGRÁFICAS.
Bíblia de Estudo NVI.
(Org. Kenneth Barker). São Paulo: Editora Vida, 2003.
CHAMPLIN, R.N. Enciclopédia
de bíblia, teologia e filosofia. 10 ed. São Paulo: Editora Agnos, Vol. 1 –
6, 2011.
CIVITA,
Victor (Ed). Enciclopédia Abril. São Paulo: Ed. Abril. 1973.
GERSTENBER,
Erhard. S. Israel nos tempos dos persas. Sec. V e IV antes de Cristo. (trad.
Cezar Ribas Cezar). 1º. Ed. São Paulo:
Edições Loyola, 2014.
SOARES,
Dionisio O. As influencias persas no
chamado judaísmo pós-exílico. IN. Revista Theos: Revista de reflexão
teológica da Faculdade Teologica de Campinas. Campinas: 6ª. Ed. Vol. 05, nr.
02. Dezembro de 2009. ISSN: 1980-0215.
VICENTINO, Cláudio. Atlas histórico: Geral
e do Brasil. São Paulo: SCIPIONE, 2011.
VICENTINO, Cláudio. Attas
histórico: Geral e do Brasil. São Paulo: SCIPIONE, 2011.
VICENTINO, Cláudio; DORIGO,
Gianpaolo. História geral e do Brasil, 1ª Ed.. São Paulo: Scipione.
2010.
WALVOORD, J.F. Todas as
profecias da bíblia. (Trad. Carlos Osvaldo C Pinto, Th. M.). São Paulo: Ed.
Vida. 2002.
RAD, G. VON. Teologia do Antigo Testamento.
São Paulo: ASTE/TARGUMIN, 2006. p.
611-642; p. 660-665
7. WEBSITES
PESQUISADOS.
http://www.revistatheos.com.br/artigos/artigo_06_2_02.pff
[1]
Zoroastro é considerado profeta e reformador da religião masdeísta, acabou
sendo considerado também, a partir dessa reforma, o fundador do Zoroastrismo, a
qual se tornou religião oficial do império persa no século VI a.C.
Alguns acreditam que Zoroastro teria vivido entre o IX e o VI século a. C.; a tradição
zoroastriana afirma que ele teria vivido 258 anos antes de Alexandre, o Grande,
portanto em meados do sec. VI. Entretanto,
pesquisas recentes demonstram que esse cálculo estava equivocado; a tendência
atual é considerar que ele teria vivido num período muito anterior3 , entre
1550 e 1200 a.C., ou pelo menos antes de 1000 a.C. (SOARES, P. 02).
Masda. ( CHAMPLIN. 2011. Vol. 6. p 742)
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