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A ESCRAVIDÃO NA BÍBLIA.

Este texto e parte integrante  de um artigo maior postado neste blog: A TEOLOGIA PRESENTE NOS DISCURSOS DA IGREJA CATÓLICA       NO FIN...

07/07/2017

PRESENÇA PROTESTANTE NO BRASIL COLONIA - DA FRANÇA A GUANABARA.

PRESENÇA PROTESTANTE NO BRASIL COLÔNIA
DA FRANÇA A GUANABARA
Por José Maria V. Rodrigues  - 
Trabalho realizado no 7o. Semestre 
do Curso de Bacharel em Teologia

INTRODUÇÃO

            Nesta pesquisa pretendemos, de forma resumida, descrever a Presença Protestante no Brasil Colônia, assim chamada de Invasão Francesa nos livros didáticos.
            Começamos pelo clima político que envolvia a Europa no séc. XVI, especialmente na França. Destacamos os principais personagens que envolveram a presença do protestantes no Brasil colônia desconhecida para nós brasileiros. Apresentamos alguns pormenores da vida cotidiana na Ilha de Villegaignon e na vida diária dos indígenas no que tange a sua religião. Especialmente, informar que um projeto missionário para obter sucesso não basta ser apenas um bom projeto, precisa obedecer certos princípios de evangelização e ser algo que esteja na vontade de Deus.

1.                          CLIMA SÓCIO-POLÍTICO E RELIGIOSO NA FRANÇA DO SÉC. XVI
A Europa do século XVI estava borbulhando confusão, marcada pelas mudança social, política e religiosa. Desde o séc. XIV se clamavam por reformas na Igreja e por mudanças sociais: a corrupção e o autoritarismo papal ultrapassavam todos os limites do direito humano; interferindo nas pessoas, na sociedade e no Estado, especialmente os mais empobrecidos, estavam sendo massacrados pelos senhores feudais da qual a Igreja também fazia parte. Os reis, absolutos no seu poder, disputavam com os Papas o poder temporal sobre as pessoas, sobre o território e sobre o governo. A dominação da Igreja Católica Romana era muitas vezes um Estado dentro de outro Estado, arrecadavam impostos (dízimos), mas recusavam pagar tributos ao rei daquilo que produziam em suas propriedades feudais.
A França, no início do séc. XVI gozava de grande unidade política e religiosa até o reinado de Francisco I (1515-1547), “o último grande rei da casa dos Valois”, porém, no decorrer do século “foram poucos os países que se viram tão divididos como ela”. A causa disso foram os constantes conflitos entre católicos romanos e protestantes que geraram diversas Guerras Religiosas (Gonzalez, Vol. 06, p. 169).  De 1521 a 1525, a França estava em conflito com a Espanha de Carlos V, inimigo implacável de Francisco I e frequentemente fazia incursões à Itália para combater com seu inimigo.
Alguns fatores contribuíram para Reforma Protestante na França: a forte influência dp humanismo italiano (por ocasião das incursões francesas naquele lugar), que fez com que os franceses se interessassem em estudar a Bíblia no original. Entre eles, Jaques Lefèvre (1455-1536), em 1525 traduziu o Novo Testamento a partir da Bíblia Vulgata para o idioma Francês, posteriormente o pedagogo e teológo Pierre Olivetano (1505-1538), influenciado por Calvino em Orleans (c 1500-1538) fez sua versão melhorada. Os humanistas de Meaux formado por Margarida de Agulena (1492-1549), também conhecida como Margarete de Navarra, irmã de Francisco I, mulher erudita que quando vivia na França apoiou o movimento humanista, onde participava Guilherme de Farel (1489-1565), reformista genebrino e outros. Estes formavam o grupo de Meaux, que desejavam reformar a Igreja de dentro para fora. No entanto, este grupo foi disperso em 1525 pelo rei, e muitos tiveram que se refugiar na Suíça, especialmente Guilherme de Farel, que mais tarde convidou forçosamente João Calvino a ajudá-lo na Reforma. Os escritos de Luterano e a conversão de João Calvino à fé reformada, juntamente como seus escritos, as Institutas[1], aliado ao descontentamento da “alta classe média de mercadores da cidade e do campo ao monopólio da vida social e política exercida pela nobreza e pelo clero e se opunha à corrupção da Igreja romana” (Cairns, 284), vão se traduzir nos principais ingredientes que darão o gosto e caldo  ao movimento reformista na França – diga-se de passagem, um prato bem picante. Do vizinho reino de Navarra e cidades fronteiriças a Genebra, pregadores e livres protestantes se infiltraram na França difundindo sua fé (Gonzalez, vol. 06, p. 170).  Em 1534, Francisco I muda sua política de tolerância e passa a combater o movimento protestante, e no ano seguinte Calvino se refugia em Basileia (ibid, 110).
A Reforma se popularizou na França através de Calvino que de Genebra conduzia os protestantes franceses e genebrinos, pois segundo Cairns, faltou à França “uma liderança eficaz” para conduzir o movimento. “Em 1532, os Valdenses do sul da França aceitam o calvinismo” reforçando o cordão. Apesar das ondas de perseguição e violência iniciadas em 1538, os protestantes desorganizados em várias correntes teológicas se consolidam (Cairns, 285).  
Estas mudanças sócio-religiosas não foram bem digeridas pelos governantes reais e católicos.  O rei Henrique II (1547-1559) continuou a política de perseguição e oposição aos protestantes, agora com mais crueldade. Tinha como seus principais conselheiros a família de Guisa: O general Francisco de Guisa e seu irmão Carlos, Cardeal de Lorena[2].  Francisco de Guisa é apontado como “grande inquisidor da França e chefe do partido católico[3]”.
“Até 1555 não havia uma Igreja organizada na França, somente em 1559 acontece o primeiro Sínodo nos arredores de Paris, um marco para a organização desta Igreja, quando adotando a Confissão de Fé Anglicana”. Segundo Cairns (p. 285), sob o reinado de Henrique II (1547-1559), em torno de 400 mil pessoas eram protestantes na França. Quanto mais aumentavam as perseguições, mais cresciam o número de huguenotes. Durante o reinado de Henrique II cerca de um sexto da população francesa era huguenote, chegando a ter mais de 2000 igrejas em toda a França, levando a Igreja de Genebra a enviar entre os anos de 1555 a 1556, 150 novos pastores (Cairns, 285).
Foi nesse período, em 1555[4], que a expedição de Villegaignon zarpou da França com destino a Baia de Guanabara (LÉRY, p. 54). O movimento protestante na França foi ganhando forma e organização numa época de grande semeadura e conversões; pessoas importantes e de renome, até mesmo ligados à nobreza, aderiram à fé reformada em meio a perseguições constantes. Entre os da  nobreza que se haviam convertido à fé reformada estava Antonio de Bourbón[5] e seu irmão Luiz de Condé. O primeiro era casado com Joana d’Albert (prima do rei Henrique II e sobrinha de rei Francisco I) e  também pessoas importantes se converteram   como  “o grande almirante Gaspar de Coligny (1519-1572).
Um partido protestante de oposição ao governo começa a se formar em oposição ao rei e sua política de intolerância, perseguição religiosa e forma de governo. De 1538 a 1562, o governo Francês manteve sua política de perseguição constante, feroz e sangrenta. Se não bastasse, a família de Guisa não se conformava com qualquer tratado de paz ou de tolerância religiosa. Em 1562, a regente Catarina de Medicis promulgou o Edito de São Germano, que concedia aos protestantes o direito de exercer sua religião, mas era proibido possuir templos e se reunir em Sínodos. Os irmãos de Guisa não respeitaram o Edito e promoveram uma matança aos protestantes, enquanto estes se reuniam no estábulo; o episódio ficou conhecido como a matança de Vassy, que acabou desencadeando uma série de batalhas conhecidas como Guerras Religiosas. Os católicos eram comandados pelo Duque de Guisa e os protestantes comandados pelo Almirante Gaspar de Colligny (Gonzalez, vol. 06, p. 173-174).
O porquê dos conflitos: Neste ponto cabe informar o importante: “os protestantes achavam que bastava somente pressionar o governo para que este manifestasse seu apoio”. A matança de Vassy veio de uma imprudente provocação dos protestantes, e os católicos responderam com o massacre em 1º de maio de 1562.
Seria impossível dizer-vos, escreve um contemporâneo, quantas crueldades de bárbaros são perpetuadas de lado a lado. Onde domina, o huguenote destrói todas as imagens, derruba sepulcros e túmulos, mesmo de reis, rouba todos os seus objetos sagrados e pertencentes às Igrejas. Em paga, o católico mata, tortura e afoga todos os que encontram daquela seita; os rios andam cheios deles. (Léry, p. 22, Notícia bibliográfica por G. Gaffarel).
Na década da viagem ao Brasil, a França estava marcada por injustiças, de abuso de autoridade segundo narra Léry (p. 54): “de fato era tão terrível nessa época que muitas pessoas de todos os sexos e condições viam por toda parte seus bens confiscados por motivos religiosos e eram, mesmo, não raros, queimadas vivas em obediência aos editos dos reis e  decisões do Parlamento”.
2.                          OS HUGUENOTES, PROTESTANTES FRANCESES
“A partir de 1560, os protestantes franceses passam a ser conhecidos como Huguenotes”, e vão se tornar tão poderosos formando um reino dentro de outro reino (Cairns, p. 285). 
Depois de 1559, com a morte de Henrique II (que reinou de 1547 a 1559), devido a um acidente em torneio esportivo, seus filhos Francisco II (1544-1560[6]), Carlos IX (1550 -1574), Henrique III e sua filha Margarida sucederam-no no trono sucessivamente. No reinado de Francisco II (1559-1560 - 17 meses), quem governa de fato a França são os irmãos de Guisa (o general Francisco de Guisa e Carlos, Bispo de Lorena), católicos convencidos que pensavam ser necessário extirpar do país os protestantes. No seu reinado aconteceu uma tentativa de conspiração, conhecida como conspiração de Ambroise, envolvendo Antonio de Bourbón (casado com Joana d’Albert, prima de Carlos IX) e seu irmão Luiz de Condé, insatisfeito com os irmãos de Guisa conspiraram contra o rei, a fim de se apoderarem do reino, separá-los dos Guisas e estabelecer uma nova política. Os conspiradores foram presos pelos Guisas e os principais implicados eram os Huguenotes. Catarina de Medicis, rainha mãe, assumiu a regência juntamente com seu Filho Carlos IX de oito anos, com a finalidade de manter a paz, ela dilui o poder dos Guisas estabelecendo aliança como os Huguenotes que nesse período mantinham exércitos e dominavam um grande território dentro da França. Em 1562, o edito de São Germano concedeu aos Huguenotes a liberdade de exercício de sua religião, mas não era permitido construir templos, promover sínodos sem permissão, recolher fundos e constituir exércitos. Somente era permitido se reunirem fora da cidade e sem armas.  No entanto, os de Guisa não reconheciam o edito e trataram de destruir a paz religiosa com a finalidade de reconquistar o poder. O que se seguiu foi sucessivas Guerras Religiosas até a de 1567, 1568, 1569 e 1570, culminado em 24 de Agosto de 1572, uma conhecida Noite de São Bartolomeu (Gonzalez, vol. 06, p. 170-174).
Os Huguenotes como partido de convicção protestante de oposição ao governo francês, começou a existir a cerca do ano de 1560. Defendiam a “descentralização e a autonomia local na política e eram contrários à posição papal”. Acabaram se opondo ao rei devido às perseguições que sofreram e achava que monarquia era uma forma indesejada de governo. A perseguição religiosa na França ocorreu por quase todo séc. XVI, e os Huguenotes acabaram sendo envolvidos. A partir de 1562, de perseguição passou a ser guerra declarada entre católicos e protestantes, e o sangue derramou-se de ambos os lados.
Em 1572, ocorreu a lamentável Noite de São Bartolomeu, já mencionada anteriormente. Sob o comando do Duque de Guiza (que agora era inimigo do líder dos Huguenotes convertido ao calvinismo, o Almirante Gaspar de Coligny) e instrução de Catarina de Medicis (que afirmava haver uma conspiração hugenote para tomar o poder), o rei Carlos IX que nunca agia por independência própria, deu ordens para atacar as casas dos protestantes. O resultado foi uma carnificina generalizada e o sangue correu até nas escadarias do palácio. Este fato ocorreu logo após o casamento, 18 de agosto, entre Henrique de Bourbón, rei de Navarra (até então protestante) e Margarida de Medicis (filha da rainha). Era numa tentativa de consolidar a paz na França que se achava insustentável.  Depois de uma série de disputas armadas pelo poder entre três Henriques, Henrique de Bourbón, rei de Navarra (reduto dos Huguenotes), assume a coroa sob o título Henrique IV, mas para isso teve de negar sua fé. Os lideres católicos, principalmente os de Guisa, não admitiam um protestante governar a França. O rei Henrique IV, em 13 de abril de 1598, promulgou o edito de Nantes que afirmava ser o catolicismo romano a religião oficial, mas concedia liberdade de culto fora de Paris aos Huguenotes e os territórios que haviam conquistado, adquiriram o direito de ocupar cargos políticos e formar força militar (Gonzalez, vol. 04. p. 173-181). 
A partir do séc. XVII, gradualmente foram perdendo suas forças. Durante o reinado do rei Luiz XIV, seus direitos foram retirados até que, em 1685, o edito de Nantes foi anulado e o protestantismo voltou a ser uma religião ilegal na França. Mais de 400 mil Huguenotes foram para Prússia, Holanda, Ilhas Britânicas e para América do Norte. Como partido político os Huguenotes deixou de existir no séc. XVIII. As perseguições reiniciaram em 1711, até as vésperas da Revolução Francesa, quando foram lhes devolvido direitos, mas nesse entre meio o protestantismo chegou a ser uma religião subterrânea na França (Champlin, vol. 03, p. 171,172);
3.                          MOTIVAÇÕES PARA A VIAGEM
Segundo narra Jean de Léry em seu livro Viagem a terra Brasil (p. 53-54), a iniciativa de formar uma colônia inter-religiosa no Brasil partiu do vice-almirante da marinha francesa Nicolas Durand de Villegaignon (1510-1571), cavaleiro da Ordem de Malta, também conhecido como Ordem de São João de Jerusalém; nesta época na qualidade de vice-almirante de Bretanha (Brest).  Ele “manifestou a vários personagens notáveis do reino” o desejo de se retirar para um país distante para servir a Deus, e ainda “preparar um refugio para todos que desejassem fugir às perseguições”. Como homem do mar “ouvia falar tão elogiosamente da beleza e da fertilidade dessa parte da América, chamada Brasil, que de bom grado para aí faria vela, a fim de alcançar os seus desígnios”. Encontrou apoio entre os fidalgos protestante, entre eles Gaspar de Coligny, almirante da França e respeitado pelo rei Henrique II, do qual conseguiu apoio afirmando que tal empreendimento “poderia descobrir muitas riquezas e outras coisas de proveito do rei”. 
Conseguiu a autorização e financiamento: “dois navios aparelhados e providos de artilharia, além de dez mil francos paras as despesa de viagens”.  A viagem exploração de Villegaignon rumo ao rio Guanabara (gua - nã - barã, enseada como mar ) ou  Rio de Janeiro, durou de maio a 10 de novembro de 1555, depois de muitas tormentas e toda a espécie de dificuldades (ibid, p. 54). Já Gonzalez informa que sua flotilha contava com três navios que se estabeleceram inicialmente em um ponto da costa Baia de Guanabara, mas tiveram que abandonar o local devido às hostilidades dos índios Tamoios[7] (ou Tupinambás) e devido a violência das ondas do mar (Gonzalez, vol. 07, p. 203, 204).  Era “um rochedo que ficava na embocadura de um braço de mar ou rio de água salgada que os indígenas chamavam de Guanabara” (Léry, p. 54, 55), mas devido à bravura do mar se retiraram dali e se instalaram numa ilha bem próxima ao continente, e ali começaram a construção de fortificações com mão francesa e indígena, às vezes, escravos indígenas adquiridos dos índios amigos que estes capturavam em guerras com tribos inimiga deles (Gonzalez, vol. 07, p. 205). Hoonaert - Azzi (p. 177) informa que acompanhou Villegaignon cerca de 400 homens, mas parece que nem todos chegaram ao Brasil; mesmo antes de saírem do Canal da Mancha abandonaram a expedição devido ao terror dos mares e outros se rebelaram depois da chegada sendo expulsos pelo Almirante (Léry, 39).
A fim de fortificar o contingente de colonos na nova colônia idealizada por Villegaignon, o mesmo enviou cartas a Calvino. Na carta, o Católico Almirante de Malta formalizava suas intenções de formar ali um refúgio e um lar aos perseguidos da França de todo mundo. O Reformador de Genebra prontamente atendeu ao pedido, por entender que se tratava de uma “dilatação do reino de Deus a país tão longínquo, em terras estranhas e entre um povo que ignorava inteiramente o verdadeiro Deus”. Designou Felipe de Carguilleray, senhor Du Pont, amigo particular de Coligny, o comando da viagem que conduzisse quem desejasse empreender viagem ao Brasil. Alguns bacharéis que estudavam teologia em Genebra: os Ministros Pedro Richier (50 anos), Guilherme Chartier (30 anos)  prontamente atenderam a solicitação, além de Pedro de Bourdon, Mateus Verneuil, João de Bordel, André Lafon, Nicolau Denis, João Gardien, Martin David, Nicolau Raviquet, Nicolau Carmeau, Jaques Rousseau, e o sapateiro Jean de Léry, o cronista que escreveu a obra intitulada “Viagem a terra chamada Brasil”, publicada em 1578.  Para Léry, foi tanto pela vontade de Deus e por sua curiosidade por ver o mundo que fez parte da comitiva (ibid. p. 55, 56).  
Em 16 de setembro de 1556, partiram de Genebra conduzidos até Paris, dali até a costa da Normandia, em Honfleur, e em 19 de novembro embarcaram para o Brasil, conduzidos pelo Almirante Bois Le Conte, sobrinho de Villegaignon, em três excelentes navios, quase 300 pessoas recrutada pelo Almirante Gaspar de Coligny: Petite Roberge com 80 pessoas, Grande Roberge com 120 pessoas, inclusive o sapateiro Léry e Rossé com 90 pessoas, e seis meninos para aprender os idiomas indígenas e cinco mulheres solteiras (as primeiras a pisar solo brasileiro) (Léry, p. 59). Léry narra pormenorizadamente a turbulenta viagem à Baia de Guanabara, e como os marinheiros no caminho abordavam e pilhavam os navios mercantes que cruzavam seu caminho, pois afirmavam, se quisessem fazer boa viagem teriam que agir dessa forma (ibid, p. 60).
A chegada a Guanabara, no forte Coligny aconteceu em 10 de março de 1557, depois de darem graças de Deus pela chegada foram recebidos por Villegaignon que lhes disse:
 “Quanto a mim, desde muito e de todo o coração desejei tal coisa e recebo-vos de muito bom grado, mesmo porque aspiro a que nossa igreja seja a mais bem reformada de todas. Quero que os vícios sejam reprimidos, o luxo do vestuário condenado e que se remova do nosso meio tudo quanto possa prejudicar o serviço de Deus” (Léry, p. 85).
O próprio Villegaignon constantemente manifestava seus desejos e anseios quanto ao futuro da colônia, em transformá-la num lar e refugio: “É minha intenção criar aqui um refúgio para os fiéis perseguidos na França, na Espanha ou em qualquer outro país além-mar, afim de que, sem temer o rei nem o imperador nem quaisquer potentados[8], possam servir a Deus com pureza, conforme a sua vontade” (ibid, p. 86).

4.                          OS PRINCIPAIS PERSONAGENS
4.1.            Nicolas Durand de Villegaignon (1510-1571), cavaleiro da Ordem de Malta também conhecido como Ordem de São João de Jerusalém. Mentor e comandante da expedição que pretendia fundar a França Antártica, uma colônia com regime de liberdade religiosa que servisse de refugio para os perseguidos (Léry, p. 53,54). 
Por carta, recorreu a Calvino que lhe enviasse ajuda, ministros de evangelho para tratar, não só da fé dos colonizadores bem como dos indígenas e pessoas com mão de obra qualificada para ajudar na manutenção e construção do forte (ibid, p.55). Inicialmente, manteve-se favorável à visão calvinista até defendendo-a, mas logo começaram as divergências entre eles, em torno da doutrina da Ceia.  Villegaignon mudou completamente seu comportamento e sua visão (ibid, p. 98), segundo Léry, devido a influência da família de Guisa, Carlos, cardeal de Lorena (ibid, p. 99).
Expulsou cerca de quinze franceses Huguenotes da ilha, que ficaram aproximadamente oito meses entre os indígenas (ibid, p. 102). Posteriormente, concordou que retornassem para a França, mas não sem enviar juntamente uma carta em segredo aos juízes da França para prendê-los (ibid. p. 249); destes, cinco desistiram de prosseguir ainda no litoral, devido a problemas no navio e retornaram a terra firme, e três deles foram executados por afogamento (em 09 de fevereiro de 1558) após lavrarem uma Confissão de Fé da qual Villegaignon não concordou, a saber, Pedro Bourdon, João Bordel e Mateus Verneuil (Hoonaert – Azzi, p. 138).  Devido os seus maus tratos aos franceses e indígenas, foi apelidado de ‘o Caim das Américas’ (Léry,  p. 252, 269), e retornou para França em 1559.
4.2.            Almirante Gaspar de Coligny (1519-1572), gozava de prestígio e admiração junto aos reis Francisco I, Henrique II e Carlos IX, odiado pelo partido católico liderado pela família de Guisa (General Francisco de Guisa, inquisidor; e Carlos, o Cardeal de Lorena). Em meados de 1555, organizou o pessoal e financiou a viagem de Villegaignon ao Brasil, conseguindo os meios para que a missão acontecesse. O Forte construído na Ilha de Serigipe leva seu nome. Homenagem feita em vida pelo próprio Almirante Villegaignon, que afirmou: “sem o apoio de Coligny não teriam realizado tal empreitada” (Léry, p. 54). Aderiu-se a causa calvinismo e passou a liderar os Huguenotes, por volta de 1560. Sofreu tentativa de assassinato por comando do novo Duque de Guisa, este achava que sua mãe tinha sido assassinada por ordem de Coligny. Ainda em estado de convalescência, foi emboscado e ferido, e veio a ser assassinado por ocasião da Noite de São Bartolomeu, em 24 de agosto de 1572, dentro de sua própria casa (Gonzalez, vol. 06, p. 174-176). Dele, Gonzalez afirma: “um dos mais respeitado homem da época” (ibid, 174) e alguém que em seu tempo “tinha a mais limpa e respeitável figura nesse tempo turbulento” (Gonzalez, vol. 06, p. 175).
4.3.            Jean de Léry (1534-1811) nasceu em La Margelle, próximo à Abadia de Saint-Seine, em Bourgone. Aos dezoito anos estudava em Genebra nos cursos de Teologia de Calvino, motivado pelas crescentes ideias doutrinarias do Calvinismo na França, que nesta época se espalhava como rastilho de pólvora, que muito provavelmente seus pais, burgueses, eram adeptos dessas ideias. Estava entre os quatorze genebrinos enviados ao Brasil, em 1557 (retorna em 1558), uma oportunidade impar concedida por Calvino; fez minuciosos relatos de tudo que testemunhou e participou, principalmente sua relação e de seus amigos com os indígenas, e a forma de evangelização informal no dia a dia. Escreveu sua primeira obra, o texto em 1558: “Perseguição dos fiéis nas terras da América”, que geralmente é atribuída a João Crespim, advogado refugiado em Genebra, introduzido em seu livro “História dos mártires”.
Recebeu o título de burguês de Genebra e foi nomeado ministro, em 05 de agosto de  1560, foi enviado para Belleville-su-Saône, perto de Lyon, a fim de exercer sua nova função (Léry, p. 21). Se opôs aos ataques comandados pelo protestante radical “o terrível Barão de Adrets”, que com suas “bordas” destruíram em Lyon importantes basílicas, como as de Saint-Just e Saint-Irénée (Léry, p. 22). “Sinceramente fiel a sua crença, Léry não era um fanático” (ibid, 23). Nomeado ministro para Nevers (1564) e La Charité em seguida, assistiu ao Sínodo de Nimes, em 1572. Escapou como por milagre ao massacre de “São Bartolomeu”, quando o Duque Nevers tomou de surpresa a La Charidté, massacrando 22 protestantes e Léry seria uma vítima provável.
Suas obras são marcadas pela sua presença: “Viagem a terra do Brasil”, “Narrativa do cerco de Sancerre” (cerco que durou vários dias onde estava, dormindo em redes e alimentando-se do couro dos sapatos, saiu escoltado em segurança),  o “Discurso a cerca do sítio de La Charité” (1577), parece que escreve sob anonimato sob a sigla J.D.L. Terminou seus dias em Berna, em 1811.
4.4.            Felipe Corguilleray, senhor Du Pont (50 anos), amigo particular do Almirante Gaspar Colligny, foi vizinho deste. Conduziu ao Brasil a expedição genebriana a pedido de Calvino.
4.5.            Pedro Richier (50 anos) e Guilherme Chartier (30 anos) ministros ordenados em Genebra, enviados para missão ao Brasil, com a finalidade de ministrar aos integrantes da colônia e aos indígenas (Léry, p. 55, 56). Franklin Ferreira[9] informa que “Pierre Richier era doutor em teologia e ex-frade carmelita. Convertera-se ao protestantismo e, após haver feito seus estudos em Genebra, dirigiu-se ao Brasil em 1556, de onde voltou no ano seguinte, sendo enviado à La Rochelle, onde organizou uma igreja, e morreu em 1580. Guilhaume Chartier, natural de Vitré, na Bretanha, estudou em Genebra e aceitou com ardor o comissionamento para a América. Depois desta expedição, pouco se sabe dele, somente que foi capelão de Jeane d’Albret”.
4.6.            Pedro Bourdon, João Bordel e Mateus Varneuil. Condenados por Villegaignon por causa da religião protestante (Léry, p. 269). Foram executados por afogamento (em 09 de fevereiro de 1558) após lavrarem uma Confissão de Fé da qual Villegaignon não concordou, a saber, Pedro Bourdon, João Bordel e Mateus Verneuil (Hoonaert – Azzi, p. 138).
4.7.            João Bordel foi escolhido para redigir o documento que tiveram cerca de nove horas para elaborar. Este documento veio a ser chamado  “Declaração de Fé Fluminense”.

5.    VIDA NA COLÔNIA EM GUANABARA E O EVANGELIZAÇAO INDIGENA.
5.1.            A localização da ilha e o vida no forte
A ilha denominada pelos indígenas de Itamoguáia[10] (hoje, ilha de Villegagnon), está distante cerca de 3 km da estreita passagem da Baia da Guanabara. Esta estreita passagem (c.d. 1,8 km) é limitada do lado esquerdo pelo Morro Cara de Cão/Pão de Açúcar (antiga Ilha da Trindade[11]), e do lado direito pelo Forte de Santa Cruz. Léry assim traduz a dificuldade de acesso à Baia: “Quem deixa o mar alto é forçado a costear três pequenas ilhas desertas, contra as quais os navios mal pilotados correm grande risco de bater e despedaçar-se, porquanto a embocadura é muito difícil” (Ibid, p. 103). A ilha cujo o forte Coligny foi construído e onde os franceses ficaram até 1567, ficava próxima a costa esquerda (ver mapa 01). Era de difícil acesso pelo mar, pois era cercada de pedras a flor d’água, que dificulta a proximidade de navios para atracar pelo mar alto, somente entre a ilha era possível e ali havia um porto (ibid. 1404). Na ilha, além do forte que construíram com pedras e terra, algumas salas de madeira com coberturas de palha que não passava de casebres.
Primeiro culto protestante em terra na América  aconteceu logo após a chegada em  10 de março de 1557. Léry informa que se reuniram todos em uma pequena sala no meio da ilha e o ministro Richer invocou a Deus. Cantara o Salmo 5 e a predica no Salmo 27:4: “Uma coisa pedi ao Senhor, e a buscarei: que possam morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a formosura do Senhor, e inquirir no seu templo”.
A primeira ceia aconteceu em 21 de Março de 1557, preparadas pelos ministros. De João de Cointa foi solicitado que se fizesse confissão pública de fé por o considerar muito estranho; O próprio Villegaignon, a fim de mostrar zelo pediu a retirada de pessoas que não estavam aptas para cear, leu sua confissão de fé e proferiu duas longas orações.  Léry lembrou que não será possível uma pessoa simular virtude o tempo todo e logo João de Cointa e Villegaignon estavam discutindo assusto relacionado à ceia (ibid, p. 90 - 94). Não demorou muito para que o conflito dos dois se entendesse a todos os outro. Em 04 de junho, decidiram enviar o ministro Chartier a Genebra, a fim de consultar Calvino. Mais tarde ficou esclarecido que foi uma forma de Villegaignon se livrar dele (ibid, p. 95).  
A comida era farinha de mandioca, peixe assado a maneira dos indígenas e raízes assada na brasa. A água da chuva era recolhida através de uma calha e armazenada numa cisterna. Toda a alimentação vinha de terra firme e adquirida dos indígenas através de escambo (ibid, p. 86). 
O tratamento recebido era bem diferente daquilo que Villegaignon havia prometido em sua fala introdutória, em ser um pai para ele. Mal desembarcaram e ainda enfraquecidos pela viagem longa e alimentação ruim, foram obrigados pelo Almirante a carregar terras e pedras para o seu Fortin. No entanto, Léry afirma, ainda que os obrigados a trabalha desde madrugada até a noite, mas eram motivados pelo ministro Pedro Richier (alguém que pregava tão bem a reforma) que dizia estarem construindo um refugio para os fiéis, que viam em Villegaignon um novo São Paulo e, por isso, trabalharam com alegria, acima de suas forças e por um espaço de quase um mês naquele serviço que não estavam acostumados (ibid, 88).
As acomodações eram precárias. Os ministros ficaram alojados numa sala e os demais em um casebre coberto de palha, que um escravo fez a sua maneira.
O primeiro casamento: Léry afirma das cinco mulheres trazidas da frança:  duas se casaram com dois mancebos criados de Villegaignon (a cerimônia de casamento ocorreu  durante uma prédica e segundo a lei da igreja); a outra com João Cointa, mas ela faleceu em pouco tempo. Duas  parentes de tal Laroquete de Rouem se casou com dois  interpretes da Normandia (ibid, p. 96).
Mudança de atitude de Villegaignon. Na próxima ceia, no segundo dia de Pentecostes, Léry afirma que Villegaignon mudou subtamente de opinião a respeito do calvinismo:
“declarou abertamente ter mudado de opinião a respeito de Calvino e sem esperar a consulta feita por intermédio de Chartier, declarou-o herege transviado da fé (...). Se me perguntarem o porquê dessa mudança, direi que foi motivada, na opinião de alguns dos nossos, por cartas recebidas do cardeal de Lorena e de outros personagens, em um navio que por esta época aportou em Cabo Frio, a 30 léguas da ilha em que estávamos” (Léry, p. 99).
O cardeal de Lorena era do partido católico e exercia grande influência sobre o rei Henrique II, e autoridade sobre a França nesta época (Gonzalez, vol. 06, p. 172). Daí em diante a convivência entre protestantes e católicos, especialmente com Villegaignon, ficou insustentável.
Heresias. Villegaignon continuou sua política de contradizer os protestantes. No segundo dia de Pentecostes, na segunda ceia resolveu acrescentar água ao vinho conforme determinação de S. Cipriano e S. Clemente; e obstinadamente afirmou que o “pão consagrado aproveitasse tanto à alma como ao corpo, que deveria acrescentar sal e óleo à água do batismo e o ministro do evangelho não poderia se casar pela segunda vez (ibid, p. 96).  
Expulsão de alguns Huguenotes do forte Coligny.  Léry narra que em virtude da renuncia ao evangelho comunicaram o Sr. Du Ponte que não mais obedeceriam à Villegaignon, que depois disso lhe deixava sem a porção diária de alimento e lhes ameaçava de morte. E por fim, em outubro não suportando mais a presença deles no Forte, expulsou-os para terra firme. Depois de oito meses de convivência na ilha, foram ter com os nativos, embora o contingente na ilha fosse a maioria composta por protestante, somente cerca de 15  pessoas passaram,  aproximadamente, dois meses com os nativos e por eles foram bem tratados.  Léry afirmou, embora tivessem meios de expulsá-lo dali não o fizeram para que não tivessem motivos de queixa contra eles e provocassem decepção aos da França e em outros países que esperavam muito deles e não lançasse macula contra a sua doutrina (ibid, p. 100, 102).
5.2.  A religião dos indígenas e a evangelização..
Léry afirma que os tupinambás não faziam qualquer adoração a ídolos ou divindade do céu ou da terra.  Não tinham qualquer lugar preparado para serviço religioso, nem oram em público ou em particular. Não possuem calendários, qualquer tipo de escrita ou sinal que identifique algo, aliás consideravam espantoso que se pudesse comunicar-se através de um pedaço de papel. Ficavam profundamente espantados quando lhe falava de um Deus todo poderoso e criador de todas as coisas (p. 205 - 206). Acreditavam na imortalidade da alma, mas de uma forma bem estranha: “Acreditam não só na imortalidade, da alma, mas ainda que, depois da morte, as que viveram dentro das normas consideradas certas, que são as de matarem e comerem muitos inimigos, vão para além das altas montanhas dançar em lindos jardins com as almas de seus avós”. Ainda afirma que apesar da cegueira eles “admitem não só existir no homem um espírito que não morre com o corpo, mas ainda a felicidade ou a desgraça no outro mundo” (p. 209).
A dança e transe. Léry (p. 212) testemunhou cenas das danças dos indígenas informando que em determinado dia se reuniram cerca de 600 deles separados em três casas: homens, mulheres e criança cada uma em cada casa. Entre eles alguns Caraibas. Ouviu-se murmúrios semelhante a uma reza e interjeição de encorajamento semelhante a “He, He, He, He...” após cerca de 25 minutos urravam, saltavam, balançavam os seios e espumavam pela boca como se tivessem possuídos pelo diabo, o mesmo acontecia com as crianças. O medo tomou conta de Léry afirma que desejou sair dali, mas após cessado os urros e gritos, o que veio em seguida foi uma harmoniosa melodia.  Outras danças foram presenciadas pelo Jovem missionário semelhante às danças dos atuais indígenas do Xingú.  Léry lamenta a presença marcante dos Caraibas (feiticeiros) que vão de aldeia em aldeia “enganando” os indígenas com suas crendices. Para citar algumas. Durante certa dança usando um longo “cachimbo” assopram fumaça no rosto pronunciando a frase: “Para que vençais os vossos inimigos, recebei o espírito da força”.  “E repetiam-na por varias vezes os astuciosos caraíbas (ibid, p. 214).
O testemunho aos indíginena. Léry (p. 207) acrescenta que estas pobres almas eram constantemente atormentadas por AINHÂN (o diabo para eles), também chamado de Kaagerre (kaaiguára – o morador do mato). Esta era a oportunidade que tinha de falar-lhes de Deus:
Admiravam-se muito quando lhes dizíamos que não éramos atormentados pelo espírito maligno e que isso devíamos ao Deus de quem tanto lhes falávamos, pois, sendo muito mais forte do que Ainhan, lhe proibia fazer-nos mal. E acontecia que, sentindo-se amedrontados, prometiam crer em Deus. Mas passado o perigo zombavam do Santo, como se diz no provérbio, e não se recordavam mais de suas promessas”(ibid, p. 207).

O esquecimento dos indígenas: Léry descreve com propriedade como era esse sofrimento de alma:
“Pude vê-los mais de uma vez apreensivos, batendo com as mãos nas coxas, aflitos e em suores. E nesses transes nos diziam: "Mair atu-assap, acequeei Ainhan atupané", o que vem a ser em nossa língua: "Francês, meu amigo, temo ao diabo mais que tudo". E se lhes respondíamos: Nacequeiei ainhan, isto é, "nós não o tememos", deploravam sua sorte e retrucavam: Seríamos tão felizes se fôssemos preservados do mal como vós". Replicávamos então: "É preciso que confieis, como nós, naquele que é mais forte e poderoso que Ainhan". Mas apesar de todas as suas promessas de nada valia a lição. Logo a esqueciam” (ibid, p. 207-208).
Em suma, Léry afirma que apesar de sua cegueira admitem ter o homem um espírito imortal e na felicidade ou na desgraça, após a morte. Portanto, não admitem francamente, mas estão convencidos da existência de alguma divindade. Léry cita Cícero que afirma não existir nenhum povo que não tenha nenhuma noção de divindade (ibid, p. 209).
Método de evangelismo. Observando as narrativas de Jean de Léry (p. 206) verificamos que os missionários franceses usaram o método de evangelização pessoal na base do diálogo informal e raras vezes a mensagem coletiva, aproveitando todas as oportunidades possíveis para evangelizar.  No entanto, não conseguiram batizar nenhum deles, mas lamentou o pouco tempo que tiveram para exercer o ofício.
O fracasso da missão Huguenote.
Devo acrescentar que num curto período de tempo, Léry e seus amigos tiveram muitas oportunidades de falar de Deus pessoas individualmente e até grande plateia, como na aldeia de Ocarantin (terreiro cercado), onde lhes falaram por duas horas: “E para que bem compreendessem os motivos da perdição do homem, tanto quanto para prepará-los para receberem Jesus Cristo, falei-lhes numa linguagem chã[12] durante mais de duas horas, com exemplos e expressões tirados de seu conhecimento cotidiano” (ibid, p. 218).  
Numa obra missionária tão importante como a dos huguenotes ao Brasil, devemos considerar os fatores que os levaram ao fracasso. O próprio ministro do evangelho formado pela escola de Genebra, o Pr. Jeam de Léry ao escrever sua obra em 1577, destaca alguns:
O fator tempo: “Entretanto, sou de opinião que se Villegaignon não houvesse abjurado a religião reformada, e tivéssemos podido permanecer por mais tempo no país teríamos chamado alguns deles à Jesus” (ibid, p. 219).
O fator interesse e propósito: Na opinião de Jean de Léry (p. 250), havia grandes possibilidades da colônia francesa alcançar seu objetivo no Brasil, se não fosse a inconsequência de seu idealizador: Villegaignon, paradoxalmente, foi o grande impedimento:
Antes, porém, de iniciarmos a viagem, quero mais uma vez demonstrar que cabe a Villegagnon, exclusivamente, a culpa de não se terem os franceses enraizado nesse país. Fariban de Rouen, capitão do navio, empreendera a viagem a instâncias de vários personagens notáveis da religião reformada em França e com o propósito, segundo nos declarou de explorar a terra e escolher um lugar adequado à localização de setecentas a oitocentas pessoas que deveriam vir, ainda nesse ano, em grandes urcas de Flandres, para colonizar o país. A rebeldia de Villegaignon o impedira. E creio que se Villegaignon tivesse permanecido fiel à religião reformada, cerca de dez mil franceses estariam hoje instalados no Brasil; assim, não só teríamos aí uma boa defesa contra os portugueses, em cujas mãos não cairia o forte, como caiu depois de nosso regresso, mas ainda boa extensão de terras pertenceria ao nosso rei e esse pedaço do Brasil com toda a razão continuaria a chamar-se França Antártica.
O retorno de Jean de Léry, aconteceu em 04 de Janeiro de 1558, em um navio que retornava levando cargas. Mas, não sem o Almirante Villegaignon preparar-lhes uma traição.  Entregou ao capitão do navio cartas às autoridades da França para que chegando lá os Huguenotes fossem presos e condenados (ibid, p. 250).
A tristeza por deixar o Brasil.   A partidas dos huguenotes genebrinos ocorreum em 04 de janeiro de 15585.  Léry lamenta ter que retornar à França, pois ele e seus amigos haviam encontrado facilidade para catequizar os indígenas e encontraram um meio de servir a Deus neste país:
Haviam encontrado na terra meios de servir a Deus e apreciavam a fertilidade do país, não desejarem regressar à França, onde as dificuldades eram então, e são ainda incomparavelmente maiores no que concerne à religião e mesmo à vida cotidiana. E teriam ficado se não fora o tratamento recebido de Villegaignon. Assim, ao dizer adeus à América, aqui confesso, pelo que me respeita, que, embora amando, como amo a minha pátria, vejo nela a pouca ou nenhuma devoção que ainda subsiste e as deslealdades que usam uns para com outros; tudo aí está italianizado e reduzido a dissimulações e palavras vãs, por isso lamento muitas vezes não ter ficado entre os selvagens nos quais como amplamente demonstrei, observei mais franqueza do que em muitos patrícios nossos com rótulos de cristãos (ibid, p. 250, 251).

6.                          OS MÁRTIRES E A POLÊMICA LE BOLÉS.
Os primeiros mártires na  terra do Brasil aconteceu no Forte Coligny, na ilha chamada Villegaignon, na Baia de Guanabara. Devido a conflitos religiosos entre protestantes Huguenotes e o católico vice-almirante da missão francesa católico/protestante pretendia formar uma colônia de livre expressão religiosa e um refúgio para os Huguenotes das perseguições católicas na Europa e que no final, em 1558, mudar de opinião a respeito do Huguenotes que pretendia ajudar.
Léry conta que cinco franceses Huguenotes deixaram o navio (Le Jaques) que os levava de volta a França, em 04 de janeiro de 1558, devido a vazamento e a necessidade de diminuir a carga e retornaram a praia em “um barco” sem vela.  Sem saber a má sorte que lhes aguardavam. Jean de Léry e os outros prosseguiram viagem mesmo sem esperança de chegarem ao destino.
Quanto aos outros cinco, que tinham por nomes Pedro Bourdon, João Bordel, Mateus Verneuil, André Lafon e Tiago Leballeur, despediram-se tristemente de nós para o Brasil, onde aportaram com grandes dificuldades. Mas Villegaignon mandou matar os três primeiros por divergências religiosas, como contarei no fim (ibid, p. 252).
Segundo conta João Crespim, improvisaram uma vela com suas cinco camisas e com muito sacrifício alcançaram terra firme, após alguns dias e a uma distancia muito longa do forte Colligny. Se não bastasse alguns deles se achou adoentados. Alimentaram-se de frutas e comidas cedidas pelos índios a custo preço.  Três dias navegaram até o lugar mais próximo, onde Villegaignon estava a negócios pessoais. Foram bem recebidos, porém atormentado pela ideia de traição e conspiração para tomar-lhe o comando na colônia, pois lhe atormentava a ideia de que Du Pont e Richer os havia enviado pra espionar e posteriormente retornaria para tomar-lhe o forte para ali estabelecerem-se como haviam idealizado desde o inicio.  Villegaignon procurou um meio de matá-lo.
6.1.    A Confissão de Fé Fluminense.
Villegaignon como representante do rei Henrique II no Brasil, aliás ele próprio se intitulava Vice-rei da França Antártica, idealizou um motivo para matar os franceses protestantes que haviam retornado e o fez pelo viés da religião. No continente onde estavam estabelecidos obrigou-os a redigir uma confissão de fé.
Com intuito de pôr em execução o seu maligno projecto, formulou um questionário sobre matéria de fé e enviou o aos cinco Calvinistas, assinando-lhes o prazo de doze horas para que o respondessem por escrito. Os artigos respectivos conhecer-se-ão pela Confissão de Fé mais adiante exarada (Crespin).
Crespim acrescenta que foram aconselhados a não redigir as respostas, mas fugir junto aos portugueses por quem seriam melhores tratados; preferiram fazê-lo movidos por um animo impar que se viu neles. Dispondo apenas de um exemplar das escrituras para fundamentar sua fé.
João Bordel o mais velho e mais versado redigiu em latim e assinados pelos colegas uma respostas às pergunta e as entregou Villegaignon que a interpretou ao seu modo.  Este texto ficou conhecido como “A Confissão Fluminense”, de 09 de fevereiro de 1558.
6.2.       O mártires: João Bordel, Mateus Verneuil e , Pedro Bourdon    
João Bordel Villegaignon  possuído de furor intenso mandou prender João Bordel em grilhões e pôs neles preso ao seu corpo, pesos de 50 a 60 quilos numa cadeia escura, o que eles se puseram a cantar hinos louvando a Deus. Diz Crespim, que a ilha foi tomada por temor intenso. No dia seguinte, sexta feira do dia 10 de fevereiro de 1558, após interrogatório e acompanhado de violência, João Bordel foi levado ao penhasco e lançado ao mar. Antes fez sua oração e entrega do seu espírito a Deus. O mesmo ocorreu com Mateus Verneuil. Seguido de André Lafon, o alfaiate, este, Villegaignon pretendia poupar por causa dos serviços que poderia lhe prestar, no entanto, desejava que o mesmo se retratasse. Convencidos pelos pajens do Almirante Lafon, sucumbiu a ideia de não ser tão pertinaz nas suas ideias calvinistas e foi poupado. Pedro Bourdon estava doente em sua casa nas proximidades fora do Forte, em pessoa Villegaignon foi buscá-lo e trazido ao mesmo lugar onde os seus colegas foram mortos:
Pressentindo que naquele mesmo lugar os seus companheiros haviam alcançado vitoria sobre a morte. Depois, em alta voz, recomendou o seu espírito ao Criador, dizendo: Senhor Deus, sou também como aqueles meus companheiros que com honra e gloria pelejaram o bom combate pelo teu Santo Nome, e, por isso, peço-te me concedas a graça de não sucumbir aos assaltos de Satanás, do Mundo e da Carne. E perdoa, Senhor, todos os pecados por mim cometidos contra a tua majestade, e isto eu t’o impetro em nome do teu filho muito amado Jesus Cristo (Crespin).
6.3.       O quarto mártir: o pseudo Jacques Le Bolleur.
Tiago Leballeur: foi um dos cinco que retornaram para o forte por ocasião da partida dos huguenotes em princípio de Janeiro de 1558.
A controvérsia em torno desse nome ultrapassa os séculos. Às vezes, o confundindo com outro nome, como do pseudo “Jacques Le Balleur”. Apenas para citar o fato descrevemos algumas citações a respeito do pseudo Bolés. Pseudo porque diante de tanta literatura não conseguimos chegar ao veredicto final.
Franklim Ferreira afirma que “Jacque Le Balleur foi poupado, pois era ferreiro”. Ao que parece, não resistindo o comportamento de Villegaignon, fugiu do forte e viveu entre os índios por vários anos. Continua Ferreira:

Após conseguir viver escondido, Jacques Le Balleur foi preso pelos portugueses nas cercanias de Bertioga. Ele foi enviado para Salvador, na Bahia, que era a sede do governo colonial, onde foi julgado pelo crime de “invasão” e “heresia”, isto em 1559. Em abril de 1567, foi queimado, sendo auxiliar do carrasco José de Anchieta, para consternação dos católicos. (FERREIRA, opud Álvaro Reis, O martyr Le Balleur (Rio de Janeiro: s/ed, 1917).

O polemico ex-padre Anibal Ferreira Reis falecido em  1991, autor de diversos livros, convertido a fé Batista  informa que esse tal “Jacques de Boles ou João de Boles” não foi queimado, mas enforcado, em 1567, pela mão de Anchieta:

E porque o carrasco, talvez condoído, sem coragem de apressar a morte da vitima inocente - ele mesmo, o santo “José de Anchieta”, no dizer do católico Arthur Heulhard, “acaba de matá-lo, dizendo, ufano, ao carrasco acovardado: Eis a como se mata um homem! VOl LA   COMM IL FAUT FAIRE (ROY DEL’AMERIQUE, pgs. 170-171, obra essa publicada em 1897, por ocasião das festas do tricentenário   de Anchieta, em cujas páginas também classifica Villegaignon de “O   Caim da América. (REIS).

As  literaturas católicas, no entanto,  em defesa da santidade de José de Anchieta afirmam que esse tal ‘Joanes de Boles’(que as vezes é confundido, também como sendo João de Cointa), homem versado nas letras latinas, gregas e hebraicas capturado em Bertioga, foi enviada a Lisboa e de lá para as Índias (José de Anchieta. Cartas Jesuíticas, III, 312).  Depois de um apurado busca pela verdade sobre este assunto o que se verifica é  que se criou um verdadeiro ‘foclore’ sobre esse assunto e a verdade ficou obscura.
7.                  CONSIDERAÇOES FINAIS.  
“A missão vem do Pai não é dada pelos homens” (Hoonaret – Azzi, p. 104).
Não podemos deixar de verificar o espírito reinante  nessa época da história, o séc. XVI,  e como atuou em todos os lugares, onde a Reforma estava ocorrendo. O  conflito católico - protestantes foi inevitável em quase todos os países da Europa. . Na França, assim como na França Antártica (Brasil) o espírito era o mesmo. A mudança de local não mudou o comportamento daqueles homens. A humildade e a simplicidade da vida indígena comparada com a ostentação e ganância dos franceses não foi suficiente para ensinar-lhe nada. Por outro lado, nessa vida tão simples havia guerra ao ponto dos indígenas matar e comer a carne do inimigo como um ato de religiosidade (“possuir a força do inimigo”) e se não agissem assim eram zombados pelas outras tribos (Léry, p. 218). O desejo pelo poder do lado Frances e o medo de perder do lado indígena são os fatores que levam a guerra. O homem carrega consigo uma índole que herdou de Adão, segundo o Apóstolo Paulo (Rm.5:12), estava presente em Caim (Gn. 4:7) e esta presente em todos os homens em maior ou menor medida: o pecado, cabe a cada um vencê-lo.
            A FRANÇA ANTARTICA revelou ser a França do sec. XVI em miniatura. Com uma exceção, a linda Baia da Guanabara dos Tupinambas poderia revelar que Deus maravilhoso é aquele que  morreu na cruz para libertar de todo ódio, o qual, tanto protestantes huguenotes como católicos franceses do velho continente não conseguiram ver.  Ou seja, o homem pode habitar no mais lindo lugar, mas se ele levar na bagageiro do seu coração o pecado e o preconceito não conseguirá construir ali um lugar de refúgio e paz.
 Os bravos guerreiros católicos romanos e protestantes Huguenotes que banharam de sangue o solo Frances lutavam pelo quê? Uma luta que já havia findado na cruz por Cristo: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize (Evang. João 14:27).
A pretensa evangelização que os genebrinos pretendiam realizar entre os colonos e aos indígenas foi frustrada inicialmente por um debate medíocre, irrelevante para a salvação  que é a questão da transubstanciação e consubistansiação.  Posteriormente por pressão vinda da França, como informa Léry, à Villegaignon  que possivelmente ficou com medo do seu relacionamento com os protestante, visto que ele era um funcionário do rei Henrique II que constantemente estava mudando de opinião com relação à questão protestante na França.
Há um consenso entre analista dessa questão, que não os cito para não estender muito, que houve vários pontos falhos na colonização francesa no Brasil:  a instabilidade política na França, aliada a forte pressão católica por parte dos Guisa; a colonização mista católico-protestante naquele momento seria inviável (nas colônias inglesas deu certo por que na maioria não era mista) e desinteresse em continuar o projeto pelos franceses protestantes e genebrinos que naquele momento estavam mais preocupados em se manter vivos na Europa do que investir no projetos e por fim, novas oportunidade surgiram na America do Norte que para lá migraram milhares de Huguenotes.
Interessante notar a crueldade exercida pelo enraivecido Villegaignon  em contraste com vida dos selvagens habitantes na ilha. A possibilidade de caminhos abertos para se ganhar milhares para Cristo através de uma evangelização integral voltada para o homem, foi impedida pelo  materialismo exacerbado, a cobiça e a falta de entendimento sobre missões transculturais presente no missão mista francesa  protestantes-hugenotes-genebrinos.
De certa forma o espírito da França Antártica ainda está presente entre os protestantes que desejam  estabelecer no Brasil o Reino de Deus e  fazer dessa nação um lugar de paz e liberdade religiosa. Seja para conquistar de territórios, estabelecer fortalezas e ganhar os ‘selvagens’ desta nação e é claro, extrair suas riquezas.  A crescente presença protestante neste país tem como marcas a quantidade e não qualidade, o lucro e não as pessoas. Seja pela quantidade de igrejas, pela enormidade de seus templos,  pelo numero de frequentadores e membros e pelos valores arrecadados.  O evangelismo de exploração de Villegaignon só contabilizou morte, as vidas perdidas não justificou o empreendimento. A confiança dos genebrinos em  homem mau convertido foi o fracasso de todos. 

8.       MAPAS.


9.      FONTES BIBLIOGRÁFICAS

CAIRNS, Earle E.  O cristianismo através dos Seculos (trad. Isabel Belo de Azevedo,   Valdemar Krober).     3ã Ed.  São Paulo: Vida Nova,  2008
CHAMPLIN, R.N.  Enciclopedia de Biblia, Teologia e Filosofia. 10ª. Ed. São Paulo: Agnus,    vol. 03. 2011.
CRESPIN, Jean, A Tragédia da Guanabara ou: a história dos protomártires do cristianismo no   Brasil   (Rio de Janeiro: Typo-Lith, Pimenta de Mello & C., 1917), p. 15. Texto     disponível no site       http://thirdmill.org/files/ portuguese /40525~9_ 18_01_3-59-             21PM~A em   20/11/15, 10:46h.
FERREIRA, Flanklin. Presença dos Reformadores Franceses no Brasil Colônia. Revista Vox   Scriptura.              Vol.10, vol 01 (Dezembro 2000), p. 51-8     6).        (http://www.monergismo.com/textos/ historia /presença reformadores_franceses. pdf
GONZALEZ, Justo L. Uma história ilustrada do cristianismo (trad. Itamir N. de Sousa).            
           São Paulo: Vida Nova, Vol. 06, 1995.
GONZALEZ, Justo L. Uma história ilustrada do cristianismo (trad. Itamir N. de Sousa). São    Paulo: Vida Nova, Vol. 07, 1983.
HOORNAERT, E.; AZZI, R.; e outros. História da igreja no Brasil. Primeira época.      Petrópolis: Editora Vozes, 1977.
LÉRY, Jean de. Viagem a terra do Brasil (Tradução e notas Sergio Milliet). Belo Horizonte:     Ed. Itatiáia. São Paulo: Ed. Universidade de São Paulo, 1980.
MIGQUEL, Pierre.  As 16 datas que mudaram o mundo (trad. Maria Idalina P. Lopes). 2ã       Ed. Rio de             Janeiro: DIFEL,  2003.
REIS, Dr. Anibal, F. O santo que     Anchieta matou. Ed. Caminho de Damasco Ltda. São        Paulo, 1981. Disponível no site: http://docslide.com.br/documents/santo-que-anchieta- matou-anibal-pereira-reispdf.html
  
10.  WEBSITES CONSULTADOS
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jacques_Le_Balleur, visto em 01/11/15 as 14:54 h.
https://www.google.com.br/maps/@-22.9295129,-43.1613433,12z, VISTO EM  27/11/15,         9:00 h.  
http://www.riodejaneiroaqui.com/portugues/baia-guanabara-mapa.html, visto em 27/11/15          16:53 h





[1]   Gonzalez, vol. 06 p. 111.
[2] Estes dois de fato vão governar a França, após a morte de Henrique, pois seu sucessor Francisco II não se interessava pelos assuntos de estado (Gonzalez, vol. 04, p. 172).
[3] Nota 144 de rodapé (Léry, p. 99).
[4] Quanto à data exata preferimos não mencionar, pois há muitas divergências entre os escritos, Léry (p. 54) menciona mês de maio. Ferreira menciona 12 de Julho de 1555, saindo do porto de Havre.
[5] Antonio de Bourbón era casado com Joana d’Albert, filha de Margarida de Agulena, portanto, prima de Henrique II, marido de Catarina de Medicis, que tiveram quatros filhos: Francisco II, Carlos IX, Henrique III e Margarida (Gonzalez, vol. 06 p. 171, 172). 
[6] https://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_II_de_Fran%C3%A7a
[7] Depende do cronista. Para os portugueses era Tamoios; para os franceses, Tupinambás (Ferreira).
[8]Potentado: sm(lat potentatu) 1Soberano de um Estado poderoso; príncipe soberano, de grande autoridade ou de grande poder material. (http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/definicao/potentado%20_1026034.html)

[9] [9] Franklin Ferreira é Ministro da Convenção Batista Brasileira, Bacharel em Teologia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Mestre em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, coordena o projeto da Editora Fiel de publicar as obras de João Calvino.
[10] Nota de rodapé, Léry, p. 104.
[11] A área em torno do Pão de Açúcar: não existiam a Praia Vermelha nem o terreno da Praça General Tibúrcio, que estavam cobertos pelo mar. O Oceano Atlântico comunicava-se diretamente com as praias da Saudade e de Botafogo. O Morro da Urca, o Pão de Açúcar e o Cara-de-Cão formavam um conjunto rochoso separado do continente - a Ilha da Trindade. Somente em 1697 é que se fez o aterro que ligou a ilha ao continente.

[12]  Linguagem simples e direta. (fonte: http://www.aulete.com.br/ch%C3%A3o)

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