PRESENÇA PROTESTANTE NO BRASIL COLÔNIA
DA FRANÇA A GUANABARA
Por José Maria V. Rodrigues -
Trabalho realizado no 7o. Semestre
do Curso de Bacharel em Teologia
do Curso de Bacharel em Teologia
INTRODUÇÃO
Nesta pesquisa pretendemos, de forma
resumida, descrever a Presença Protestante no Brasil Colônia, assim chamada de
Invasão Francesa nos livros didáticos.
Começamos pelo clima político que
envolvia a Europa no séc. XVI, especialmente na França. Destacamos os principais
personagens que envolveram a presença do protestantes no Brasil colônia desconhecida
para nós brasileiros. Apresentamos alguns pormenores da vida cotidiana na Ilha de
Villegaignon e na vida diária dos indígenas no que tange a sua religião.
Especialmente, informar que um projeto missionário para obter sucesso não basta
ser apenas um bom projeto, precisa obedecer certos princípios de evangelização
e ser algo que esteja na vontade de Deus.
1.
CLIMA SÓCIO-POLÍTICO E RELIGIOSO NA FRANÇA
DO SÉC. XVI
A Europa do século XVI estava borbulhando confusão, marcada pelas
mudança social, política e religiosa. Desde o séc. XIV se clamavam por
reformas na Igreja e por mudanças sociais: a corrupção e o autoritarismo papal ultrapassavam
todos os limites do direito humano; interferindo nas pessoas, na sociedade e no
Estado, especialmente os mais empobrecidos, estavam sendo massacrados pelos senhores
feudais da qual a Igreja também fazia parte. Os reis, absolutos no seu poder,
disputavam com os Papas o poder temporal sobre as pessoas, sobre o território e
sobre o governo. A dominação da Igreja Católica Romana era muitas vezes um
Estado dentro de outro Estado, arrecadavam impostos (dízimos), mas recusavam pagar
tributos ao rei daquilo que produziam em suas propriedades feudais.
A França, no início do séc. XVI gozava de grande unidade política e
religiosa até o reinado de Francisco I (1515-1547), “o último grande rei da
casa dos Valois”, porém, no decorrer do século “foram poucos os países que se
viram tão divididos como ela”. A causa disso foram os constantes conflitos
entre católicos romanos e protestantes que geraram diversas Guerras Religiosas
(Gonzalez, Vol. 06, p. 169). De 1521 a
1525, a França estava em conflito com a Espanha de Carlos V, inimigo implacável
de Francisco I e frequentemente fazia incursões à Itália para combater com seu
inimigo.
Alguns fatores contribuíram para Reforma Protestante na França: a forte
influência dp humanismo italiano (por ocasião das incursões francesas naquele
lugar), que fez com que os franceses se interessassem em estudar a Bíblia no
original. Entre eles, Jaques Lefèvre (1455-1536), em 1525 traduziu o Novo
Testamento a partir da Bíblia Vulgata para o idioma Francês, posteriormente o pedagogo e teológo Pierre Olivetano (1505-1538), influenciado por Calvino em Orleans (c 1500-1538) fez sua
versão melhorada. Os humanistas de Meaux formado por Margarida de Agulena
(1492-1549), também conhecida como Margarete de Navarra, irmã de Francisco I, mulher
erudita que quando vivia na França apoiou o movimento humanista, onde
participava Guilherme de Farel (1489-1565), reformista genebrino e outros. Estes
formavam o grupo de Meaux, que desejavam reformar a Igreja de dentro para fora.
No entanto, este grupo foi disperso em 1525 pelo rei, e muitos tiveram que se
refugiar na Suíça, especialmente Guilherme de Farel, que mais tarde convidou
forçosamente João Calvino a ajudá-lo na Reforma. Os escritos de Luterano e a conversão
de João Calvino à fé reformada, juntamente como seus escritos, as Institutas[1],
aliado ao descontentamento da “alta classe média de mercadores da cidade e do
campo ao monopólio da vida social e política exercida pela nobreza e pelo clero
e se opunha à corrupção da Igreja romana” (Cairns, 284), vão se traduzir nos
principais ingredientes que darão o gosto e caldo ao movimento reformista na França – diga-se
de passagem, um prato bem picante. Do vizinho reino de Navarra e cidades
fronteiriças a Genebra, pregadores e livres protestantes se infiltraram na França
difundindo sua fé (Gonzalez, vol. 06, p. 170).
Em 1534, Francisco I muda sua política de tolerância e passa a combater o
movimento protestante, e no ano seguinte Calvino se refugia em Basileia (ibid,
110).
A Reforma se popularizou na França através de Calvino que de Genebra
conduzia os protestantes franceses e genebrinos, pois segundo Cairns, faltou à França
“uma liderança eficaz” para conduzir o movimento. “Em 1532, os Valdenses do sul
da França aceitam o calvinismo” reforçando o cordão. Apesar das ondas de
perseguição e violência iniciadas em 1538, os protestantes desorganizados em
várias correntes teológicas se consolidam (Cairns, 285).
Estas mudanças sócio-religiosas não foram bem digeridas pelos governantes
reais e católicos. O rei Henrique II (1547-1559)
continuou a política de perseguição e oposição aos protestantes, agora com mais
crueldade. Tinha como seus principais conselheiros a família de Guisa: O general
Francisco de Guisa e seu irmão Carlos, Cardeal de Lorena[2]. Francisco de Guisa é apontado como “grande
inquisidor da França e chefe do partido católico[3]”.
“Até 1555 não havia uma Igreja organizada na França, somente em 1559
acontece o primeiro Sínodo nos arredores de Paris, um marco para a organização
desta Igreja, quando adotando a Confissão de Fé Anglicana”. Segundo Cairns (p.
285), sob o reinado de Henrique II (1547-1559), em torno de 400 mil pessoas
eram protestantes na França. Quanto mais aumentavam
as perseguições, mais cresciam o número de huguenotes. Durante o reinado de
Henrique II cerca de um sexto da população francesa era huguenote, chegando a
ter mais de 2000 igrejas em toda a França, levando a Igreja de Genebra a enviar
entre os anos de 1555 a 1556, 150 novos pastores (Cairns, 285).
Foi nesse período, em 1555[4],
que a expedição de Villegaignon zarpou da França com destino a Baia de
Guanabara (LÉRY, p. 54). O movimento protestante na França foi ganhando forma e
organização numa época de grande semeadura e conversões; pessoas importantes e
de renome, até mesmo ligados à nobreza, aderiram à fé reformada em meio a perseguições
constantes. Entre os da nobreza que se haviam
convertido à fé reformada estava Antonio de Bourbón[5]
e seu irmão Luiz de Condé. O primeiro era casado com Joana d’Albert (prima do
rei Henrique II e sobrinha de rei Francisco I) e também pessoas importantes se
converteram como “o grande almirante Gaspar de Coligny
(1519-1572).
Um partido protestante de oposição ao governo começa a se formar em
oposição ao rei e sua política de intolerância, perseguição religiosa e forma
de governo. De 1538 a 1562, o governo Francês manteve sua política de
perseguição constante, feroz e sangrenta. Se não bastasse, a família de Guisa
não se conformava com qualquer tratado de paz ou de tolerância religiosa. Em
1562, a regente Catarina de Medicis promulgou o Edito de São Germano, que
concedia aos protestantes o direito de exercer sua religião, mas era proibido
possuir templos e se reunir em Sínodos. Os irmãos de Guisa não respeitaram o
Edito e promoveram uma matança aos protestantes, enquanto estes se reuniam no
estábulo; o episódio ficou conhecido como a matança de Vassy, que acabou
desencadeando uma série de batalhas conhecidas como Guerras Religiosas. Os
católicos eram comandados pelo Duque de Guisa e os protestantes comandados pelo
Almirante Gaspar de Colligny (Gonzalez, vol. 06, p. 173-174).
O porquê dos
conflitos: Neste ponto cabe
informar o importante: “os protestantes achavam que bastava somente pressionar
o governo para que este manifestasse seu apoio”. A matança de Vassy veio de uma
imprudente provocação dos protestantes, e os católicos responderam com o
massacre em 1º de maio de 1562.
Seria impossível dizer-vos, escreve um contemporâneo, quantas crueldades
de bárbaros são perpetuadas de lado a lado. Onde domina, o huguenote destrói
todas as imagens, derruba sepulcros e túmulos, mesmo de reis, rouba todos os
seus objetos sagrados e pertencentes às Igrejas. Em paga, o católico mata,
tortura e afoga todos os que encontram daquela seita; os rios andam cheios
deles. (Léry, p. 22, Notícia bibliográfica por G. Gaffarel).
Na década da viagem ao Brasil, a França estava marcada por injustiças, de
abuso de autoridade segundo narra Léry (p. 54): “de fato era tão terrível nessa
época que muitas pessoas de todos os sexos e condições viam por toda parte seus
bens confiscados por motivos religiosos e eram, mesmo, não raros, queimadas
vivas em obediência aos editos dos reis e decisões do Parlamento”.
2.
OS HUGUENOTES, PROTESTANTES FRANCESES
“A partir de 1560, os protestantes franceses passam a ser conhecidos como
Huguenotes”, e vão se tornar tão poderosos formando um reino dentro de outro
reino (Cairns, p. 285).
Depois de 1559, com a morte de Henrique II (que reinou de 1547 a 1559),
devido a um acidente em torneio esportivo, seus filhos Francisco II (1544-1560[6]),
Carlos IX (1550 -1574), Henrique III e sua filha Margarida sucederam-no no
trono sucessivamente. No reinado de Francisco II (1559-1560 - 17 meses), quem
governa de fato a França são os irmãos de Guisa (o general Francisco de Guisa e
Carlos, Bispo de Lorena), católicos convencidos que pensavam ser necessário
extirpar do país os protestantes. No seu reinado aconteceu uma tentativa de
conspiração, conhecida como conspiração de Ambroise, envolvendo Antonio de
Bourbón (casado com Joana d’Albert, prima de Carlos IX) e seu irmão Luiz de
Condé, insatisfeito com os irmãos de Guisa conspiraram contra o rei, a fim de
se apoderarem do reino, separá-los dos Guisas e estabelecer uma nova política.
Os conspiradores foram presos pelos Guisas e os principais implicados eram os
Huguenotes. Catarina de Medicis, rainha mãe, assumiu a regência juntamente com
seu Filho Carlos IX de oito anos, com a finalidade de manter a paz, ela dilui o
poder dos Guisas estabelecendo aliança como os Huguenotes que nesse período
mantinham exércitos e dominavam um grande território dentro da França. Em 1562,
o edito de São Germano concedeu aos Huguenotes a liberdade de exercício de sua
religião, mas não era permitido construir templos, promover sínodos sem
permissão, recolher fundos e constituir exércitos. Somente era permitido se
reunirem fora da cidade e sem armas. No
entanto, os de Guisa não reconheciam o edito e trataram de destruir a paz
religiosa com a finalidade de reconquistar o poder. O que se seguiu foi
sucessivas Guerras Religiosas até a de 1567, 1568, 1569 e 1570, culminado em 24
de Agosto de 1572, uma conhecida Noite de São Bartolomeu (Gonzalez, vol. 06, p.
170-174).
Os Huguenotes como partido de convicção protestante de
oposição ao governo francês, começou a existir a cerca do ano de 1560.
Defendiam a “descentralização e a autonomia local na política e eram contrários
à posição papal”. Acabaram se opondo ao rei devido às perseguições que sofreram
e achava que monarquia era uma forma indesejada de governo. A perseguição
religiosa na França ocorreu por quase todo séc. XVI, e os Huguenotes acabaram
sendo envolvidos. A partir de 1562, de perseguição passou a ser guerra
declarada entre católicos e protestantes, e o sangue derramou-se de ambos os
lados.
Em 1572, ocorreu a lamentável Noite de São Bartolomeu, já mencionada
anteriormente. Sob o comando do Duque de Guiza (que agora era inimigo do líder
dos Huguenotes convertido ao calvinismo, o Almirante Gaspar de Coligny) e instrução
de Catarina de Medicis (que afirmava haver uma conspiração hugenote para tomar
o poder), o rei Carlos IX que nunca agia por independência própria, deu ordens
para atacar as casas dos protestantes. O resultado foi uma carnificina
generalizada e o sangue correu até nas escadarias do palácio. Este fato ocorreu
logo após o casamento, 18 de agosto, entre Henrique de Bourbón, rei de Navarra
(até então protestante) e Margarida de Medicis (filha da rainha). Era numa
tentativa de consolidar a paz na França que se achava insustentável. Depois de uma série de disputas armadas pelo
poder entre três Henriques, Henrique de Bourbón, rei de Navarra (reduto dos Huguenotes),
assume a coroa sob o título Henrique IV, mas para isso teve de negar sua fé. Os
lideres católicos, principalmente os de Guisa, não admitiam um protestante
governar a França. O rei Henrique IV, em 13 de abril de 1598, promulgou o edito
de Nantes que afirmava ser o catolicismo romano a religião oficial, mas concedia
liberdade de culto fora de Paris aos Huguenotes e os territórios que haviam
conquistado, adquiriram o direito de ocupar cargos políticos e formar força
militar (Gonzalez, vol. 04. p. 173-181).
A partir do séc. XVII, gradualmente foram perdendo suas forças. Durante o
reinado do rei Luiz XIV, seus direitos foram retirados até que, em 1685, o
edito de Nantes foi anulado e o protestantismo voltou a ser uma religião ilegal
na França. Mais de 400 mil Huguenotes foram para Prússia, Holanda, Ilhas Britânicas
e para América do Norte. Como partido político os Huguenotes deixou de existir
no séc. XVIII. As perseguições reiniciaram em 1711, até as vésperas da
Revolução Francesa, quando foram lhes devolvido direitos, mas nesse entre meio
o protestantismo chegou a ser uma religião subterrânea na França (Champlin,
vol. 03, p. 171,172);
3.
MOTIVAÇÕES PARA A VIAGEM
Segundo narra Jean de Léry em seu livro Viagem a terra Brasil (p. 53-54),
a iniciativa de formar uma colônia inter-religiosa no Brasil partiu do vice-almirante
da marinha francesa Nicolas Durand de Villegaignon (1510-1571),
cavaleiro da Ordem de Malta, também conhecido como Ordem de São João de
Jerusalém; nesta época na qualidade de vice-almirante de Bretanha (Brest). Ele “manifestou a vários personagens notáveis
do reino” o desejo de se retirar para um país distante para servir a Deus, e
ainda “preparar um refugio para todos que desejassem fugir às perseguições”.
Como homem do mar “ouvia falar tão elogiosamente da beleza e da fertilidade
dessa parte da América, chamada Brasil, que de bom grado para aí faria vela, a
fim de alcançar os seus desígnios”. Encontrou apoio entre os fidalgos
protestante, entre eles Gaspar de Coligny, almirante da França e respeitado
pelo rei Henrique II, do qual conseguiu apoio afirmando que tal empreendimento
“poderia descobrir muitas riquezas e outras coisas de proveito do rei”.
Conseguiu a autorização e financiamento: “dois navios aparelhados e
providos de artilharia, além de dez mil francos paras as despesa de viagens”. A viagem exploração de Villegaignon rumo ao
rio Guanabara (gua - nã - barã, enseada como mar ) ou Rio de Janeiro, durou de maio a 10 de novembro
de 1555, depois de muitas tormentas e toda a espécie de dificuldades (ibid, p.
54). Já Gonzalez informa que sua flotilha contava com três navios que se
estabeleceram inicialmente em um ponto da costa Baia de Guanabara, mas tiveram
que abandonar o local devido às hostilidades dos índios Tamoios[7]
(ou Tupinambás) e devido a violência das ondas do mar (Gonzalez, vol. 07, p. 203,
204). Era “um rochedo que ficava na
embocadura de um braço de mar ou rio de água salgada que os indígenas chamavam
de Guanabara” (Léry, p. 54, 55), mas devido à bravura do mar se retiraram dali
e se instalaram numa ilha bem próxima ao continente, e ali começaram a
construção de fortificações com mão francesa e indígena, às vezes, escravos indígenas
adquiridos dos índios amigos que estes capturavam em guerras com tribos inimiga
deles (Gonzalez, vol. 07, p. 205). Hoonaert - Azzi (p. 177) informa que
acompanhou Villegaignon cerca de 400 homens, mas parece que nem todos chegaram
ao Brasil; mesmo antes de saírem do Canal da Mancha abandonaram a expedição
devido ao terror dos mares e outros se rebelaram depois da chegada sendo
expulsos pelo Almirante (Léry, 39).
A fim de fortificar o contingente de colonos na nova colônia idealizada
por Villegaignon, o mesmo enviou cartas a Calvino. Na carta, o Católico Almirante
de Malta formalizava suas intenções de formar ali um refúgio e um lar aos
perseguidos da França de todo mundo. O Reformador de Genebra prontamente
atendeu ao pedido, por entender que se tratava de uma “dilatação do reino de
Deus a país tão longínquo, em terras estranhas e entre um povo que ignorava
inteiramente o verdadeiro Deus”. Designou Felipe de Carguilleray, senhor Du
Pont, amigo particular de Coligny, o comando da viagem que conduzisse quem
desejasse empreender viagem ao Brasil. Alguns bacharéis que estudavam teologia
em Genebra: os Ministros Pedro Richier (50 anos), Guilherme Chartier (30 anos) prontamente atenderam a solicitação, além de
Pedro de Bourdon, Mateus Verneuil, João de Bordel, André Lafon, Nicolau Denis,
João Gardien, Martin David, Nicolau Raviquet, Nicolau Carmeau, Jaques Rousseau,
e o sapateiro Jean de Léry, o cronista que escreveu a obra intitulada “Viagem a
terra chamada Brasil”, publicada em 1578.
Para Léry, foi tanto pela vontade de Deus e por sua curiosidade por ver
o mundo que fez parte da comitiva (ibid. p. 55, 56).
Em 16 de setembro de 1556, partiram de Genebra conduzidos até Paris, dali
até a costa da Normandia, em Honfleur, e em 19 de novembro embarcaram para o Brasil,
conduzidos pelo Almirante Bois Le Conte, sobrinho de Villegaignon, em três
excelentes navios, quase 300 pessoas recrutada pelo Almirante Gaspar de Coligny:
Petite Roberge com 80 pessoas, Grande Roberge com 120 pessoas, inclusive o
sapateiro Léry e Rossé com 90 pessoas, e seis meninos para aprender os idiomas
indígenas e cinco mulheres solteiras (as primeiras a pisar solo brasileiro) (Léry,
p. 59). Léry narra pormenorizadamente a turbulenta viagem à Baia de Guanabara,
e como os marinheiros no caminho abordavam e pilhavam os navios mercantes que
cruzavam seu caminho, pois afirmavam, se quisessem fazer boa viagem teriam que
agir dessa forma (ibid, p. 60).
A chegada a Guanabara, no forte Coligny aconteceu em 10 de março de 1557,
depois de darem graças de Deus pela chegada foram recebidos por Villegaignon
que lhes disse:
“Quanto a mim, desde muito e de
todo o coração desejei tal coisa e recebo-vos de muito bom grado, mesmo porque
aspiro a que nossa igreja seja a mais bem reformada de todas. Quero que os
vícios sejam reprimidos, o luxo do vestuário condenado e que se remova do nosso
meio tudo quanto possa prejudicar o serviço de Deus” (Léry, p. 85).
O próprio
Villegaignon constantemente manifestava seus desejos e anseios quanto ao futuro
da colônia, em transformá-la num lar e refugio: “É minha intenção criar aqui um
refúgio para os fiéis perseguidos na França, na Espanha ou em qualquer outro
país além-mar, afim de que, sem temer o rei nem o imperador nem quaisquer potentados[8],
possam servir a Deus com pureza, conforme a sua vontade” (ibid, p. 86).
4.
OS PRINCIPAIS PERSONAGENS
4.1.
Nicolas Durand de Villegaignon (1510-1571), cavaleiro da Ordem de Malta
também conhecido como Ordem de São João de Jerusalém. Mentor e comandante da
expedição que pretendia fundar a França Antártica, uma colônia com regime de
liberdade religiosa que servisse de refugio para os perseguidos (Léry, p. 53,54).
Por carta, recorreu a Calvino que lhe enviasse ajuda, ministros de
evangelho para tratar, não só da fé dos colonizadores bem como dos indígenas e
pessoas com mão de obra qualificada para ajudar na manutenção e construção do
forte (ibid, p.55). Inicialmente, manteve-se favorável à visão calvinista até
defendendo-a, mas logo começaram as divergências entre eles, em torno da
doutrina da Ceia. Villegaignon mudou
completamente seu comportamento e sua visão (ibid, p. 98), segundo Léry, devido
a influência da família de Guisa, Carlos, cardeal de Lorena (ibid, p. 99).
Expulsou cerca de quinze franceses Huguenotes da ilha, que ficaram
aproximadamente oito meses entre os indígenas (ibid, p. 102). Posteriormente,
concordou que retornassem para a França, mas não sem enviar juntamente uma
carta em segredo aos juízes da França para prendê-los (ibid. p. 249); destes,
cinco desistiram de prosseguir ainda no litoral, devido a problemas no navio e
retornaram a terra firme, e três deles foram executados por afogamento (em 09
de fevereiro de 1558) após lavrarem uma Confissão de Fé da qual Villegaignon
não concordou, a saber, Pedro Bourdon, João Bordel e Mateus Verneuil (Hoonaert
– Azzi, p. 138). Devido os seus maus
tratos aos franceses e indígenas, foi apelidado de ‘o Caim das Américas’ (Léry,
p. 252, 269), e retornou para França em
1559.
4.2.
Almirante Gaspar de Coligny (1519-1572), gozava de prestígio e admiração
junto aos reis Francisco I, Henrique II e Carlos IX, odiado pelo partido
católico liderado pela família de Guisa (General Francisco de Guisa, inquisidor;
e Carlos, o Cardeal de Lorena). Em meados de 1555, organizou o pessoal e
financiou a viagem de Villegaignon ao Brasil, conseguindo os meios para que a
missão acontecesse. O Forte construído na Ilha de Serigipe leva seu nome.
Homenagem feita em vida pelo próprio Almirante Villegaignon, que afirmou: “sem
o apoio de Coligny não teriam realizado tal empreitada” (Léry, p. 54).
Aderiu-se a causa calvinismo e passou a liderar os Huguenotes, por volta de
1560. Sofreu tentativa de assassinato por comando do novo Duque de Guisa, este
achava que sua mãe tinha sido assassinada por ordem de Coligny. Ainda em estado
de convalescência, foi emboscado e ferido, e veio a ser assassinado por ocasião
da Noite de São Bartolomeu, em 24 de agosto de 1572, dentro de sua própria casa
(Gonzalez, vol. 06, p. 174-176). Dele, Gonzalez afirma: “um dos mais respeitado
homem da época” (ibid, 174) e alguém que em seu tempo “tinha a mais limpa e
respeitável figura nesse tempo turbulento” (Gonzalez, vol. 06, p. 175).
4.3.
Jean de Léry (1534-1811) nasceu em La Margelle, próximo à Abadia de
Saint-Seine, em Bourgone. Aos dezoito anos estudava em Genebra nos cursos de
Teologia de Calvino, motivado pelas crescentes ideias doutrinarias do
Calvinismo na França, que nesta época se espalhava como rastilho de pólvora,
que muito provavelmente seus pais, burgueses, eram adeptos dessas ideias. Estava
entre os quatorze genebrinos enviados ao Brasil, em 1557 (retorna em 1558), uma
oportunidade impar concedida por Calvino; fez minuciosos relatos de tudo que
testemunhou e participou, principalmente sua relação e de seus amigos com os
indígenas, e a forma de evangelização informal no dia a dia. Escreveu sua
primeira obra, o texto em 1558: “Perseguição dos fiéis nas terras da América”,
que geralmente é atribuída a João Crespim, advogado refugiado em Genebra,
introduzido em seu livro “História dos mártires”.
Recebeu o título de burguês de Genebra e foi nomeado ministro, em 05 de
agosto de 1560, foi enviado para
Belleville-su-Saône, perto de Lyon, a fim de exercer sua nova função (Léry, p.
21). Se opôs aos ataques comandados pelo protestante radical “o terrível Barão
de Adrets”, que com suas “bordas” destruíram em Lyon importantes basílicas,
como as de Saint-Just e Saint-Irénée (Léry, p. 22). “Sinceramente fiel a sua
crença, Léry não era um fanático” (ibid, 23). Nomeado ministro para Nevers
(1564) e La Charité em seguida, assistiu ao Sínodo de Nimes, em 1572. Escapou como
por milagre ao massacre de “São Bartolomeu”, quando o Duque Nevers tomou de
surpresa a La Charidté, massacrando 22 protestantes e Léry seria uma vítima
provável.
Suas obras são marcadas pela sua presença: “Viagem a terra do Brasil”,
“Narrativa do cerco de Sancerre” (cerco que durou vários dias onde estava,
dormindo em redes e alimentando-se do couro dos sapatos, saiu escoltado em
segurança), o “Discurso a cerca do sítio
de La Charité” (1577), parece que escreve sob anonimato sob a sigla J.D.L. Terminou
seus dias em Berna, em 1811.
4.4.
Felipe Corguilleray, senhor Du Pont (50 anos), amigo particular do Almirante
Gaspar Colligny, foi vizinho deste. Conduziu ao Brasil a expedição genebriana a
pedido de Calvino.
4.5.
Pedro Richier (50 anos) e Guilherme Chartier (30
anos) ministros ordenados em Genebra, enviados para missão ao Brasil, com a
finalidade de ministrar aos integrantes da colônia e aos indígenas (Léry, p. 55,
56). Franklin Ferreira[9]
informa que “Pierre Richier era doutor
em teologia e ex-frade carmelita. Convertera-se ao protestantismo e, após haver
feito seus estudos em Genebra, dirigiu-se ao Brasil em 1556, de onde voltou no
ano seguinte, sendo enviado à La Rochelle, onde organizou uma igreja, e morreu
em 1580. Guilhaume Chartier, natural de Vitré, na Bretanha, estudou em Genebra
e aceitou com ardor o comissionamento para a América. Depois desta expedição,
pouco se sabe dele, somente que foi capelão de Jeane d’Albret”.
4.6.
Pedro Bourdon, João Bordel e Mateus Varneuil.
Condenados por Villegaignon por causa da
religião protestante (Léry, p. 269). Foram executados por afogamento (em 09 de
fevereiro de 1558) após lavrarem uma Confissão de Fé da qual Villegaignon não
concordou, a saber, Pedro Bourdon, João Bordel e Mateus Verneuil (Hoonaert –
Azzi, p. 138).
4.7.
João Bordel foi escolhido para redigir o documento que
tiveram cerca de nove horas para elaborar. Este documento veio a ser
chamado “Declaração de Fé Fluminense”.
5.
VIDA NA COLÔNIA EM GUANABARA E O
EVANGELIZAÇAO INDIGENA.
5.1.
A localização da ilha e o vida no forte
A ilha denominada pelos indígenas de Itamoguáia[10]
(hoje, ilha de Villegagnon), está distante cerca de 3 km da estreita passagem
da Baia da Guanabara. Esta estreita passagem (c.d. 1,8 km) é limitada do lado
esquerdo pelo Morro Cara de Cão/Pão de Açúcar (antiga Ilha da Trindade[11]),
e do lado direito pelo Forte de Santa Cruz. Léry assim traduz a dificuldade de
acesso à Baia: “Quem deixa o mar alto é forçado a
costear três pequenas ilhas desertas, contra as quais os navios mal pilotados
correm grande risco de bater e despedaçar-se, porquanto a embocadura é muito
difícil” (Ibid, p. 103). A ilha
cujo o forte Coligny foi construído e onde os franceses ficaram até 1567,
ficava próxima a costa esquerda (ver mapa 01). Era de difícil acesso pelo mar,
pois era cercada de pedras a flor d’água, que dificulta a proximidade de navios
para atracar pelo mar alto, somente entre a ilha era possível e ali havia um
porto (ibid. 1404). Na ilha, além do forte que construíram com pedras e terra,
algumas salas de madeira com coberturas de palha que não passava de casebres.
Primeiro
culto protestante em terra na América aconteceu logo após a chegada em 10 de março de 1557. Léry informa que se
reuniram todos em uma pequena sala no meio da ilha e o ministro Richer invocou
a Deus. Cantara o Salmo 5 e a predica no Salmo 27:4: “Uma coisa pedi ao Senhor, e a buscarei: que possam morar na
casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a formosura do
Senhor, e inquirir no seu templo”.
A
primeira ceia aconteceu em 21 de Março de 1557, preparadas pelos ministros. De
João de Cointa foi solicitado que se fizesse confissão pública de fé por o
considerar muito estranho; O próprio Villegaignon, a fim de mostrar zelo pediu
a retirada de pessoas que não estavam aptas para cear, leu sua confissão de fé
e proferiu duas longas orações. Léry
lembrou que não será possível uma pessoa simular virtude o tempo todo e logo
João de Cointa e Villegaignon estavam discutindo assusto relacionado à ceia (ibid,
p. 90 - 94). Não demorou muito para que o conflito dos dois se entendesse a
todos os outro. Em 04 de junho, decidiram enviar o ministro Chartier a Genebra,
a fim de consultar Calvino. Mais tarde ficou esclarecido que foi uma forma de
Villegaignon se livrar dele (ibid, p. 95).
A comida era farinha de
mandioca, peixe assado a maneira dos indígenas e raízes assada na brasa. A água
da chuva era recolhida através de uma calha e armazenada numa cisterna. Toda a
alimentação vinha de terra firme e adquirida dos indígenas através de escambo
(ibid, p. 86).
O tratamento recebido era bem
diferente daquilo que Villegaignon havia prometido em sua fala introdutória, em
ser um pai para ele. Mal desembarcaram e ainda enfraquecidos pela viagem longa
e alimentação ruim, foram obrigados pelo Almirante a carregar terras e pedras
para o seu Fortin. No entanto, Léry afirma, ainda que os obrigados a trabalha
desde madrugada até a noite, mas eram motivados pelo ministro Pedro Richier (alguém
que pregava tão bem a reforma) que dizia estarem construindo um refugio para os
fiéis, que viam em Villegaignon um novo São Paulo e, por isso, trabalharam com
alegria, acima de suas forças e por um espaço de quase um mês naquele serviço
que não estavam acostumados (ibid, 88).
As acomodações eram
precárias. Os ministros ficaram alojados numa sala e os demais em um casebre
coberto de palha, que um escravo fez a sua maneira.
O primeiro casamento: Léry
afirma das cinco mulheres trazidas da frança: duas se casaram com dois mancebos criados de
Villegaignon (a cerimônia de casamento ocorreu durante uma prédica e segundo a lei da igreja);
a outra com João Cointa, mas ela faleceu em pouco tempo. Duas parentes de tal Laroquete de Rouem se casou com
dois interpretes da Normandia (ibid, p.
96).
Mudança de atitude de Villegaignon. Na próxima ceia, no segundo dia de Pentecostes, Léry afirma
que Villegaignon mudou subtamente de opinião a respeito do calvinismo:
“declarou
abertamente ter mudado de opinião a respeito de Calvino e sem esperar a
consulta feita por intermédio de Chartier, declarou-o herege transviado da fé
(...). Se me perguntarem o porquê dessa mudança, direi que foi motivada, na
opinião de alguns dos nossos, por cartas recebidas do cardeal de Lorena e de
outros personagens, em um navio que por esta época aportou em Cabo Frio, a 30
léguas da ilha em que estávamos” (Léry, p. 99).
O
cardeal de Lorena era do partido católico e exercia grande influência sobre o
rei Henrique II, e autoridade sobre a França nesta época (Gonzalez, vol. 06, p.
172). Daí em diante a convivência entre protestantes e católicos, especialmente
com Villegaignon, ficou insustentável.
Heresias. Villegaignon
continuou sua política de contradizer os protestantes. No segundo dia de
Pentecostes, na segunda ceia resolveu acrescentar água ao vinho conforme
determinação de S. Cipriano e S. Clemente; e obstinadamente afirmou que o “pão
consagrado aproveitasse tanto à alma como ao corpo, que deveria acrescentar sal
e óleo à água do batismo e o ministro do evangelho não poderia se casar pela
segunda vez (ibid, p. 96).
Expulsão de alguns Huguenotes do forte Coligny. Léry narra que em
virtude da renuncia ao evangelho comunicaram o Sr. Du Ponte que não mais
obedeceriam à Villegaignon, que depois disso lhe deixava sem a porção diária de
alimento e lhes ameaçava de morte. E por fim, em outubro não suportando mais a
presença deles no Forte, expulsou-os para terra firme. Depois de oito meses de
convivência na ilha, foram ter com os nativos, embora o contingente na ilha
fosse a maioria composta por protestante, somente cerca de 15 pessoas passaram, aproximadamente, dois meses com os nativos e
por eles foram bem tratados. Léry
afirmou, embora tivessem meios de expulsá-lo dali não o fizeram para que não
tivessem motivos de queixa contra eles e provocassem decepção aos da França e
em outros países que esperavam muito deles e não lançasse macula contra a sua
doutrina (ibid, p. 100, 102).
5.2.
A religião dos indígenas e a evangelização..
Léry
afirma que os tupinambás não faziam qualquer adoração a ídolos ou divindade do
céu ou da terra. Não tinham qualquer
lugar preparado para serviço religioso, nem oram em público ou em particular.
Não possuem calendários, qualquer tipo de escrita ou sinal que identifique
algo, aliás consideravam espantoso que se pudesse comunicar-se através de um
pedaço de papel. Ficavam profundamente espantados quando lhe falava de um Deus
todo poderoso e criador de todas as coisas (p. 205 - 206). Acreditavam na
imortalidade da alma, mas de uma forma bem estranha: “Acreditam
não só na imortalidade, da alma, mas ainda que, depois da morte, as que viveram
dentro das normas consideradas certas, que são as de matarem e comerem muitos
inimigos, vão para além das altas montanhas dançar em lindos jardins com as
almas de seus avós”. Ainda afirma que apesar da cegueira eles “admitem não só
existir no homem um espírito que não morre com o corpo, mas ainda a felicidade
ou a desgraça no outro mundo” (p. 209).
A
dança e transe. Léry (p. 212) testemunhou cenas das
danças dos indígenas informando que em determinado dia se reuniram cerca de 600
deles separados em três casas: homens, mulheres e criança cada uma em cada
casa. Entre eles alguns Caraibas. Ouviu-se
murmúrios semelhante a uma reza e interjeição de encorajamento semelhante a “He,
He, He, He...” após cerca de 25 minutos urravam, saltavam, balançavam os seios
e espumavam pela boca como se tivessem possuídos pelo diabo, o mesmo acontecia
com as crianças. O medo tomou conta de Léry afirma que desejou sair dali, mas
após cessado os urros e gritos, o que veio em seguida foi uma harmoniosa
melodia. Outras danças foram
presenciadas pelo Jovem missionário semelhante às danças dos atuais indígenas
do Xingú. Léry lamenta a presença
marcante dos Caraibas (feiticeiros)
que vão de aldeia em aldeia “enganando” os indígenas com suas crendices. Para
citar algumas. Durante certa dança usando um longo “cachimbo” assopram fumaça
no rosto pronunciando a frase: “Para que vençais os vossos inimigos, recebei o
espírito da força”. “E repetiam-na por
varias vezes os astuciosos caraíbas (ibid, p. 214).
O
testemunho aos indíginena. Léry (p. 207) acrescenta que estas
pobres almas eram constantemente atormentadas por AINHÂN (o
diabo para eles), também chamado de Kaagerre (kaaiguára – o morador do mato).
Esta era a oportunidade que tinha de falar-lhes de Deus:
“Admiravam-se
muito quando lhes dizíamos que não éramos atormentados pelo espírito maligno e
que isso devíamos ao Deus de quem tanto lhes falávamos, pois, sendo muito mais
forte do que Ainhan, lhe proibia fazer-nos mal. E acontecia que, sentindo-se
amedrontados, prometiam crer em Deus. Mas passado o perigo zombavam do Santo,
como se diz no provérbio, e não se recordavam mais de suas promessas”(ibid, p. 207).
O esquecimento dos indígenas:
Léry descreve com propriedade como era esse sofrimento de alma:
“Pude vê-los
mais de uma vez apreensivos, batendo com as mãos nas coxas, aflitos e em
suores. E nesses transes nos diziam: "Mair
atu-assap, acequeei Ainhan atupané", o que vem a ser em nossa língua:
"Francês, meu amigo, temo ao diabo mais que tudo". E se lhes
respondíamos: Nacequeiei ainhan, isto
é, "nós não o tememos", deploravam sua sorte e retrucavam: Seríamos
tão felizes se fôssemos preservados do mal como vós". Replicávamos então:
"É preciso que confieis, como nós, naquele que é mais forte e poderoso que
Ainhan". Mas apesar de todas as suas promessas de nada valia a lição. Logo
a esqueciam” (ibid, p. 207-208).
Em
suma, Léry afirma que apesar de sua cegueira admitem ter o homem um espírito
imortal e na felicidade ou na desgraça, após a morte. Portanto, não admitem
francamente, mas estão convencidos da existência de alguma divindade. Léry cita
Cícero que afirma não existir nenhum povo que não tenha nenhuma noção de
divindade (ibid, p. 209).
Método de evangelismo. Observando
as narrativas de Jean de Léry (p. 206) verificamos que os missionários
franceses usaram o método de evangelização pessoal na base do diálogo informal
e raras vezes a mensagem coletiva, aproveitando todas as oportunidades
possíveis para evangelizar. No entanto,
não conseguiram batizar nenhum deles, mas lamentou o pouco tempo que tiveram
para exercer o ofício.
O fracasso da missão Huguenote.
Devo
acrescentar que num curto período de tempo, Léry e seus amigos tiveram muitas
oportunidades de falar de Deus pessoas individualmente e até grande plateia,
como na aldeia de Ocarantin (terreiro
cercado), onde lhes falaram por duas horas: “E para que bem
compreendessem os motivos da perdição do homem, tanto quanto para prepará-los
para receberem Jesus Cristo, falei-lhes numa linguagem chã[12]
durante mais de duas horas, com exemplos e expressões tirados de seu
conhecimento cotidiano” (ibid, p. 218).
Numa obra
missionária tão importante como a dos huguenotes ao Brasil, devemos considerar
os fatores que os levaram ao fracasso. O próprio ministro do evangelho formado
pela escola de Genebra, o Pr. Jeam de Léry ao escrever sua obra em 1577,
destaca alguns:
O
fator tempo: “Entretanto, sou de opinião que se
Villegaignon não houvesse abjurado a religião reformada, e tivéssemos podido
permanecer por mais tempo no país teríamos chamado alguns deles à Jesus” (ibid,
p. 219).
O
fator interesse e propósito: Na opinião de Jean de Léry (p. 250), havia grandes
possibilidades da colônia francesa alcançar seu objetivo no Brasil, se não
fosse a inconsequência de seu idealizador: Villegaignon, paradoxalmente, foi o
grande impedimento:
Antes, porém, de
iniciarmos a viagem, quero mais uma vez demonstrar que cabe a Villegagnon,
exclusivamente, a culpa de não se terem os franceses enraizado nesse país.
Fariban de Rouen, capitão do navio, empreendera a viagem a instâncias de vários
personagens notáveis da religião reformada em França e com o propósito, segundo
nos declarou de explorar a terra e escolher um lugar adequado à localização de
setecentas a oitocentas pessoas que deveriam vir, ainda nesse ano, em grandes
urcas de Flandres, para colonizar o país. A rebeldia de Villegaignon o
impedira. E creio que se Villegaignon tivesse permanecido fiel à religião
reformada, cerca de dez mil franceses estariam hoje instalados no Brasil; assim,
não só teríamos aí uma boa defesa contra os portugueses, em cujas mãos não
cairia o forte, como caiu depois de nosso regresso, mas ainda boa extensão de
terras pertenceria ao nosso rei e esse pedaço do Brasil com toda a razão
continuaria a chamar-se França Antártica.
O retorno de Jean de Léry, aconteceu em 04 de Janeiro de 1558, em um
navio que retornava levando cargas. Mas, não sem o Almirante Villegaignon
preparar-lhes uma traição. Entregou ao
capitão do navio cartas às autoridades da França para que chegando lá os Huguenotes
fossem presos e condenados (ibid, p. 250).
A tristeza por
deixar o Brasil. A partidas dos huguenotes genebrinos ocorreum
em 04 de janeiro de 15585. Léry lamenta
ter que retornar à França, pois ele e seus amigos haviam encontrado facilidade
para catequizar os indígenas e encontraram um meio de servir a Deus neste país:
Haviam
encontrado na terra meios de servir a Deus e apreciavam a fertilidade do país,
não desejarem regressar à França, onde as dificuldades eram então, e são ainda
incomparavelmente maiores no que concerne à religião e mesmo à vida cotidiana.
E teriam ficado se não fora o tratamento recebido de Villegaignon. Assim, ao
dizer adeus à América, aqui confesso, pelo que me respeita, que, embora amando,
como amo a minha pátria, vejo nela a pouca ou nenhuma devoção que ainda
subsiste e as deslealdades que usam uns para com outros; tudo aí está
italianizado e reduzido a dissimulações e palavras vãs, por isso lamento muitas
vezes não ter ficado entre os selvagens nos quais como amplamente demonstrei,
observei mais franqueza do que em muitos patrícios nossos com rótulos de
cristãos (ibid, p. 250, 251).
6.
OS MÁRTIRES E A POLÊMICA LE BOLÉS.
Os primeiros mártires na terra do Brasil
aconteceu no Forte Coligny, na ilha chamada Villegaignon, na Baia de Guanabara.
Devido a conflitos religiosos entre protestantes Huguenotes e o católico vice-almirante
da missão francesa católico/protestante pretendia formar uma colônia de livre
expressão religiosa e um refúgio para os Huguenotes das perseguições católicas
na Europa e que no final, em 1558, mudar de opinião a respeito do Huguenotes
que pretendia ajudar.
Léry conta que cinco franceses Huguenotes deixaram o navio (Le
Jaques) que os levava de volta a França, em 04 de janeiro de 1558, devido a
vazamento e a necessidade de diminuir a carga e retornaram a praia em “um barco”
sem vela. Sem saber a má sorte que lhes
aguardavam. Jean de Léry e os outros prosseguiram viagem mesmo sem esperança de
chegarem ao destino.
Quanto aos
outros cinco, que tinham por nomes Pedro Bourdon, João Bordel, Mateus Verneuil,
André Lafon e Tiago Leballeur, despediram-se tristemente de nós para o Brasil,
onde aportaram com grandes dificuldades. Mas Villegaignon mandou matar os três
primeiros por divergências religiosas, como contarei no fim (ibid, p. 252).
Segundo conta João
Crespim, improvisaram uma vela com suas cinco camisas e com muito sacrifício
alcançaram terra firme, após alguns dias e a uma distancia muito longa do forte
Colligny. Se não bastasse alguns deles se achou adoentados. Alimentaram-se de
frutas e comidas cedidas pelos índios a custo preço. Três dias navegaram até o lugar mais próximo,
onde Villegaignon estava a negócios pessoais. Foram bem recebidos, porém atormentado
pela ideia de traição e conspiração para tomar-lhe o comando na colônia, pois
lhe atormentava a ideia de que Du Pont e Richer os havia enviado pra espionar e
posteriormente retornaria para tomar-lhe o forte para ali estabelecerem-se como
haviam idealizado desde o inicio. Villegaignon
procurou um meio de matá-lo.
6.1.
A
Confissão de Fé Fluminense.
Villegaignon como
representante do rei Henrique II no Brasil, aliás ele próprio se intitulava
Vice-rei da França Antártica, idealizou um motivo para matar os franceses
protestantes que haviam retornado e o fez pelo viés da religião. No continente
onde estavam estabelecidos obrigou-os a redigir uma confissão de fé.
Com intuito de
pôr em execução o seu maligno projecto, formulou um questionário sobre matéria
de fé e enviou o aos cinco Calvinistas, assinando-lhes o prazo de doze horas
para que o respondessem por escrito. Os artigos respectivos conhecer-se-ão pela
Confissão de Fé mais adiante exarada (Crespin).
Crespim
acrescenta que foram aconselhados a não redigir as respostas, mas fugir junto
aos portugueses por quem seriam melhores tratados; preferiram fazê-lo movidos
por um animo impar que se viu neles. Dispondo apenas de um exemplar das
escrituras para fundamentar sua fé.
João
Bordel o mais velho e mais versado redigiu em latim e
assinados pelos colegas uma respostas às pergunta e as entregou Villegaignon
que a interpretou ao seu modo. Este
texto ficou conhecido como “A Confissão Fluminense”, de 09 de fevereiro de
1558.
6.2.
O
mártires: João Bordel, Mateus Verneuil e , Pedro Bourdon
João
Bordel Villegaignon possuído de furor intenso mandou prender João Bordel em grilhões e pôs neles
preso ao seu corpo, pesos de 50 a 60 quilos numa cadeia escura, o que eles se
puseram a cantar hinos louvando a Deus. Diz Crespim, que a ilha foi tomada por
temor intenso. No dia seguinte, sexta feira do dia 10 de fevereiro de 1558, após
interrogatório e acompanhado de violência, João Bordel foi levado ao penhasco e
lançado ao mar. Antes fez sua oração e entrega do seu espírito a Deus. O mesmo
ocorreu com Mateus Verneuil. Seguido
de André Lafon, o alfaiate, este,
Villegaignon pretendia poupar por causa dos serviços que poderia lhe prestar,
no entanto, desejava que o mesmo se retratasse. Convencidos pelos pajens do
Almirante Lafon, sucumbiu a ideia de não ser tão pertinaz nas suas ideias
calvinistas e foi poupado. Pedro Bourdon
estava doente em sua casa nas proximidades fora do Forte, em pessoa
Villegaignon foi buscá-lo e trazido ao mesmo lugar onde os seus colegas foram
mortos:
Pressentindo que
naquele mesmo lugar os seus companheiros haviam alcançado vitoria sobre a
morte. Depois, em alta voz, recomendou o seu espírito ao Criador, dizendo:
Senhor Deus, sou também como aqueles meus companheiros que com honra e gloria
pelejaram o bom combate pelo teu Santo Nome, e, por isso, peço-te me concedas a
graça de não sucumbir aos assaltos de Satanás, do Mundo e da Carne. E perdoa,
Senhor, todos os pecados por mim cometidos contra a tua majestade, e isto eu
t’o impetro em nome do teu filho muito amado Jesus Cristo (Crespin).
6.3. O quarto mártir: o pseudo Jacques
Le Bolleur.
Tiago
Leballeur: foi um dos cinco que retornaram para o forte por
ocasião da partida dos huguenotes em princípio de Janeiro de 1558.
A controvérsia em torno desse nome
ultrapassa os séculos. Às vezes, o confundindo com outro nome, como do pseudo “Jacques Le Balleur”. Apenas para citar o fato
descrevemos algumas citações a respeito do pseudo Bolés. Pseudo porque diante
de tanta literatura não conseguimos chegar ao veredicto final.
Franklim
Ferreira afirma que “Jacque Le Balleur foi poupado, pois era ferreiro”. Ao que
parece, não resistindo o comportamento de Villegaignon, fugiu do forte e viveu
entre os índios por vários anos. Continua Ferreira:
Após
conseguir viver escondido, Jacques Le Balleur foi preso pelos portugueses nas
cercanias de Bertioga. Ele foi enviado para Salvador, na Bahia, que era a sede
do governo colonial, onde foi julgado pelo crime de “invasão” e “heresia”, isto
em 1559. Em abril de 1567, foi queimado, sendo auxiliar do carrasco José de
Anchieta, para consternação dos católicos. (FERREIRA, opud Álvaro Reis, O martyr
Le Balleur (Rio de Janeiro: s/ed, 1917).
O polemico ex-padre Anibal Ferreira Reis
falecido em 1991, autor de diversos
livros, convertido a fé Batista informa
que esse tal “Jacques de Boles ou João de Boles” não foi queimado, mas
enforcado, em 1567, pela mão de Anchieta:
E porque o carrasco, talvez condoído, sem coragem de apressar a morte da
vitima inocente - ele mesmo, o santo “José de Anchieta”, no dizer do católico
Arthur Heulhard, “acaba de matá-lo, dizendo, ufano, ao carrasco acovardado: Eis
a como se mata um homem! VOl LA COMM IL
FAUT FAIRE (ROY DEL’AMERIQUE, pgs. 170-171, obra essa publicada em 1897, por
ocasião das festas do tricentenário de
Anchieta, em cujas páginas também classifica Villegaignon de “O Caim da América. (REIS).
As literaturas católicas, no entanto, em defesa da santidade de José de Anchieta
afirmam que esse tal ‘Joanes de Boles’(que as vezes é confundido, também como
sendo João de Cointa), homem versado nas letras latinas, gregas e hebraicas
capturado em Bertioga, foi enviada a Lisboa e de lá para as Índias (José de Anchieta. Cartas Jesuíticas, III,
312). Depois de um apurado busca pela
verdade sobre este assunto o que se verifica é
que se criou um verdadeiro ‘foclore’ sobre esse assunto e a verdade
ficou obscura.
7.
CONSIDERAÇOES FINAIS.
“A missão vem do Pai não é dada pelos homens”
(Hoonaret – Azzi, p. 104).
Não podemos deixar de
verificar o espírito reinante nessa
época da história, o séc. XVI, e como
atuou em todos os lugares, onde a Reforma estava ocorrendo. O conflito católico - protestantes foi
inevitável em quase todos os países da Europa. . Na França, assim como na França
Antártica (Brasil) o espírito era o mesmo. A mudança de local não mudou o
comportamento daqueles homens. A humildade e a simplicidade da vida indígena
comparada com a ostentação e ganância dos franceses não foi suficiente para
ensinar-lhe nada. Por outro lado, nessa vida tão simples havia guerra ao ponto
dos indígenas matar e comer a carne do inimigo como um ato de religiosidade (“possuir
a força do inimigo”) e se não agissem assim eram zombados pelas outras tribos
(Léry, p. 218). O desejo pelo poder do lado Frances e o medo de perder do lado
indígena são os fatores que levam a guerra. O
homem carrega consigo uma índole que herdou de Adão, segundo o Apóstolo Paulo
(Rm.5:12), estava presente em Caim (Gn. 4:7) e esta presente em todos os homens
em maior ou menor medida: o pecado, cabe a cada um vencê-lo.
A FRANÇA ANTARTICA revelou ser a
França do sec. XVI em miniatura. Com uma exceção, a linda Baia da Guanabara dos
Tupinambas poderia revelar que Deus maravilhoso é aquele que morreu na cruz para libertar de todo ódio, o
qual, tanto protestantes huguenotes como católicos franceses do velho
continente não conseguiram ver. Ou seja,
o homem pode habitar no mais lindo lugar, mas se ele levar na bagageiro do seu
coração o pecado e o preconceito não conseguirá construir ali um lugar de
refúgio e paz.
Os bravos guerreiros católicos romanos e
protestantes Huguenotes que banharam de sangue o solo Frances lutavam pelo quê?
Uma luta que já havia findado na cruz por Cristo: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá.
Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize (Evang. João 14:27).
A pretensa evangelização que os genebrinos pretendiam
realizar entre os colonos e aos indígenas foi frustrada inicialmente por um
debate medíocre, irrelevante para a salvação que é a questão da transubstanciação e
consubistansiação. Posteriormente por
pressão vinda da França, como informa Léry, à Villegaignon que possivelmente ficou com medo do seu
relacionamento com os protestante, visto que ele era um funcionário do rei
Henrique II que constantemente estava mudando de opinião com relação à questão
protestante na França.
Há um consenso entre analista dessa questão, que não os cito
para não estender muito, que houve vários pontos falhos na colonização francesa
no Brasil: a instabilidade política na
França, aliada a forte pressão católica por parte dos Guisa; a colonização
mista católico-protestante naquele momento seria inviável (nas colônias
inglesas deu certo por que na maioria não era mista) e desinteresse em
continuar o projeto pelos franceses protestantes e genebrinos que naquele
momento estavam mais preocupados em se manter vivos na Europa do que investir
no projetos e por fim, novas oportunidade surgiram na America do Norte que para
lá migraram milhares de Huguenotes.
Interessante notar a crueldade exercida pelo enraivecido
Villegaignon em contraste com vida dos
selvagens habitantes na ilha. A possibilidade de caminhos abertos para se
ganhar milhares para Cristo através de uma evangelização integral voltada para
o homem, foi impedida pelo materialismo
exacerbado, a cobiça e a falta de entendimento sobre missões transculturais
presente no missão mista francesa
protestantes-hugenotes-genebrinos.
De
certa forma o espírito da França Antártica ainda está presente entre os
protestantes que desejam estabelecer no
Brasil o Reino de Deus e fazer dessa
nação um lugar de paz e liberdade religiosa. Seja para conquistar de territórios,
estabelecer fortalezas e ganhar os ‘selvagens’ desta nação e é claro, extrair
suas riquezas. A crescente presença protestante
neste país tem como marcas a quantidade e não qualidade, o lucro e não as
pessoas. Seja pela quantidade de igrejas, pela enormidade de seus templos, pelo numero de frequentadores e membros e
pelos valores arrecadados. O evangelismo
de exploração de Villegaignon só contabilizou morte, as vidas perdidas não
justificou o empreendimento. A confiança dos genebrinos em homem mau convertido foi o fracasso de todos.
8. MAPAS.
Fonte: http://www.riodejaneiroaqui.com/portugues/baia-guanabara-mapa.html,
visto em 27/11/2015, as 16:53 h
9. FONTES
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https://pt.wikipedia.org/wiki/Nicolas_Durand_de_Villegagnon,
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visto em 01/11/15 as 14:54 h.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Gaspar_II_de_Coligny,
visto em 02/11/15, 6:13 h.
http://thirdmill.org/files/portuguese/40525~9_18_01_3-59- 21_PM~A_Trag%C3%A9dia_de_Guanabara.html,
visto em 17/11/15, as 8:26h
http://www.morrodomoreno.com.br/materias/anchieta-e-balleur-por-levy-rocha.html,
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http://www.monergismo.com/textos/historia/presenca_reformadores_franceses.pdf,
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https://www.google.com.br/maps/@-22.9295129,-43.1613433,12z,
VISTO EM 27/11/15, 9:00 h.
https://pt.wikipedia.org/wiki/An%C3%ADbal_Pereira_dos_Reis,
visto em 27/11/15, 10:17h
http://www.riodejaneiroaqui.com/portugues/baia-guanabara-mapa.html,
visto em 27/11/15 16:53 h
[2] Estes dois de fato vão governar a França, após a
morte de Henrique, pois seu sucessor Francisco II não se interessava pelos assuntos
de estado (Gonzalez, vol. 04, p. 172).
[3] Nota 144 de rodapé (Léry, p. 99).
[4] Quanto à data exata preferimos não mencionar, pois há muitas
divergências entre os escritos, Léry (p. 54) menciona mês de maio. Ferreira
menciona 12 de Julho de 1555, saindo do porto de Havre.
[5] Antonio
de Bourbón era casado com Joana d’Albert, filha de Margarida
de Agulena, portanto, prima de Henrique II, marido de Catarina de Medicis, que
tiveram quatros filhos: Francisco II, Carlos IX, Henrique III e Margarida
(Gonzalez, vol. 06 p. 171, 172).
[6] https://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_II_de_Fran%C3%A7a
[7] Depende do cronista. Para os portugueses era Tamoios; para os
franceses, Tupinambás (Ferreira).
[8]Potentado: sm(lat potentatu)
1Soberano de um Estado poderoso;
príncipe soberano, de grande autoridade ou de grande poder material. (http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/definicao/potentado%20_1026034.html)
[9] [9] Franklin Ferreira é Ministro da Convenção Batista Brasileira, Bacharel
em Teologia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Mestre em Teologia pelo
Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, coordena o projeto da Editora
Fiel de publicar as obras de João Calvino.
[11] A área em torno
do Pão de Açúcar: não existiam a Praia Vermelha nem o terreno da Praça General
Tibúrcio, que estavam cobertos pelo mar. O Oceano Atlântico comunicava-se
diretamente com as praias da Saudade e de Botafogo. O Morro da Urca, o Pão de
Açúcar e o Cara-de-Cão formavam um conjunto rochoso separado do continente - a
Ilha da Trindade. Somente em 1697 é que se fez o aterro que ligou a ilha ao
continente.
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