FACULDADE PASCHOAL DANTAS
CURSO: BACHAREL EM TEOLOGIA
JOSÉ MARIA VIEIRA RODRIGUES
RESUMO
REAVIVAMENTO,
MISSOES E MODERNISMO 1789-1914;
Cairns, E. Earle. Cristianismo Através dos Séculos.
São Paulo: Vida Nova. 2008. pp. 383-426
Durante
três séculos (XV-XVIII) o catolicismo
romano da península ibérica esteve ligado ao estado através do sistema de padroado.
O imperialismo ibérico oferecia proteção enquanto o clero se submetia ao domino
imperial. Debaixo dessa sombra do poder ibérico o catolicismo mantinha sua
hegemonia na América hispânica até inicio do Sex. XIX e no Brasil no final do
século XIX. Foi no XIX que o protestantismo inicia sua atividade missionarias na
América Latina.
Cairns informa de Dussel divide a cristandade
latino-americana em trêz período: de 1492-1808, período de grande expansão na
vida da cristandade colonial; 1808-1962, período de crise; de 1962 em diante,
período pastoral.
Segundo
Cairns (p. 384) “a união entre Igreja e Estado nos três primeiros séculos, sob
a autoridade do padroado, assegurou a integração dos europeus, ameríndios e negros numa
sociedade do tipo feudal dominada pelo rei.”.
“A
inquisição foi a ferramenta usa para moldar essa nova sociedade segundo o
modelo europeu”. O Santo oficio teve um efeito indireto, mas formativo na
formação do catolicismo, especialmente no Brasil, nesse período. Assim, o
catolicismo se firmou num formalismo na tentativa de evitar aparência com
outros cristãos especialmente o protestantismo. O sincretismo religioso
possibilitou aos negros africanos parcial integração ao catolicismo. Uma vez
que a falta de abordagem pastoral que integrasse os ameríndios e negros mais
profundamente à fé cristã. “Em lugar de
entendimento e dedicação, os missionários satisfizeram-se com o batismo e a
conformidade formal exterior".
Cairns
afirma que devido ao “sincretismo” a característica do catolicismo foi “o
catolicismo popular”, uma fé viva bem distante
dos ritos e crenças da Igreja, praticada pelos ameríndios (hispânicos) e
negros (Brasil). Também, identifica três tipos de catolicismo: o Catolicismo
Popular, que surge da experiência da repressão; Catolicismo Guerreiro, quando os monarcas decidiram colonizar o
Novo Mundo como povo escolhido para transformar o mundo no reino de Deus e Catolicismo Patriarcal, em que o
sacerdote torna-se padre-capelão para o senhor de engenho. Na América hispânica
a ferramenta utilizada para dominar as classes foram o sistema de Encomenda e no Brasil a plantação de cana-de-açúcar.
Os
jesuítas, inicialmente (1555) sob chefia
de Manoel da Nobrega, mais tarde por Anchieta e no séc., XVII pelo padre Antônio Vieira, foram que colocou os
índios em aldeias sob a autoridade jesuíticas.
No sec. XVII (1759) os Jesuítas foram expulso do Brasil por Marques de Pombal. Cairns (387) identifica três fatores que
tornaram a expulsão dos Jesuítas traumática para a Igreja: a tensão entre clero
secular e religioso, especialmente entre os Jesuítas e outras ordens clericais;
o papel desempenhado pelos bispos
brasileiros da época que não foram atuantes na implantação de dioceses e de
oposição contra o sistema português, diferentemente dos jesuítas. Azzi afirma
que o que sucedeu após ação pombalina “o
regalismo” passou a ser a mentalidade dominante e a vinculação dos bispos ao
poder civil tornou-se mais patente. O
terceiro fator foi o preparo do clero e a educação, somado ao numero limitado
de diocese e de sacerdotes ordenados. Ate 1759 a educação estava nas mãos dos
Jesuítas responsáveis pela instrução dos sacerdotes. A
Companhia de Jesus era a única ordem que respondia diretamente ao Papa e não
estava debaixo da tutela do padroado português.
O
século XIX (Século da Esperança, acréscimo meu) foi marcado por mudanças
sociais e politicas na Europa. Motivadas
pelas revoltas das colônias inglesa do século XVIII, incentivaram as esperanças
e desejos na América espanhola promovendo
sucessivas revoltas de libertação. Em 1820 a América Espanhola estava
liberta da Espanha.
Em
1807 Dom João VI, fugindo do exercito de Napoleão, muda sua corte para de
Lisboa para o Rio de Janeiro, elevando a
colônia no nível de reino. A Inglaterra
ganha a disputa entre Espanha, França e Estados Unidos e torna-se “Senhora dos
mares” dominando o comercia na América
Latina.
No
Brasil houve um longo período de transição entre Império de Republica (1807-1889).
“Dom Pedro II não passava de um Católico livre pensador” com ideologia
liberal. A Questão Religiosa (1870)
marca o rompimento da relação entre Igreja e Estado. Restaurada
parcialmente na ditadura de Getúlio
Varga de facto dessa relação.
No
Brasil no final da monarquia (1889) havia apenas 700 sacerdotes e 12 dioceses
para uma população d e 14 milhões de habitantes. Somente depois da completa separação da
Igreja do Estado é que Roma começou a nomear bispos para o Brasil sem previa
consulta ao governo. A Igreja manteve suas bases nas classes dominantes e
apresentou uma ideologia conservadora (p.390).
Na
América espanhola políticos revolucionários e anticlericais prejudicaram de tal
forma as missões que milhares de índios ficaram sem cuidados religiosos. Cairns
(p.390) informa que “oitos estados
(México, Guatemala, El Salvador,
Honduras, Colômbia, Equador e Chile) mostrara-se especialmente cruéis em seu
tratamento da Igreja. Outros, como Brasil e Uruguai destituíram a Igreja, mas
permitiram que ela ficasse de posse de suas propriedades e mantivesse controle
da maioria dos assuntos eclesiásticos”. Se a expulsão dos Jesuítas foi traumática
as sucessivas guerras e independência trouxe mais consequências à Igreja, pois
o clero europeu deixaram as igrejas, permanecendo apenas o clero peninsular e
crioulos. A condição da Igreja tanto na América espanhola como no Brasil era precária.
Seminários
foram cariados entre 1536 a1571 no México, São Tomé e Peru para treinar negros e ameríndios, mas a ideia
sofreu muita resistência por parte de hierarquia do próprio clero.
No
Brasil com os Jesuítas a iniciativa começou mais tarde no sec. XVIII. No Rio de Janeiro com o seminário de São
Pedro e São José e em Olinda em 1800. No entanto, “os cursos não se destinavam
a ameríndios ou negros, mas a elite da população nativa”.
Cairns
(p.391) sita F. Azevedo que afirma “se
não fosse importante contribuição desses instituições e das congregações
religiosas, com a expulsão dos jesuítas
iniciada com 1759 pelo Marques de Pombal o sistema pedagógico e cultural do pais teria sido completamente
desmantelado, pois em era em grande parte obra dos jesuítas, os quais foram
deportados com prisioneiros para Portugal”.
A
nova situação vigente após as guerras de independência trouxe nova configuração
para a Igreja, pois todos os pais independentes adotou sua posição com relação à
liberdade de culto ou proteção ao catolicismo.
Alguns países, em sua Constituição adotaram o catolicismo com religião
oficial e outros ofereceram certos privilégios a outras religiões. A Igreja se manteve ligada ao Estado em
alguns e separada em outros. Como foi o
caso do Brasil que com a Republica a Igreja se separou do Estado. “Roma acompanhou essas mudanças na América Latina com reações
mistas. A atitude Oficial contra os movimentos de independência fez com que a
Igreja perdesse parte do apoio popular”. Bulas papais foram emitidas contras os
revolucionários, eles fizeram isso temendo perder seus aliados na Europa.
Cairns (p.393) informa que a
influencia da Inglaterra foi determinante em varias áreas: na politica:
parlamentarismo; na economia: capitalismo; na tecnologia: uso de maquinas; no
intelectual: empirismo nas ciências; centralismo individual na teoria politica.
No
final do sec. XIX esses conceitos estavam produzindo resultado modificando o papel da igreja Católica e sua relação com
os vários países. No governo brasileiro devido à estrutura monárquica os
efeitos do liberalismo foram retardados ate a década de 1870. E teve seu impacto com proclamação da
Republica em 1889. Nesse período a Igreja Católica se mantinha forte nas zonas
rurais, enquanto isso as cidades começavam a crescer a partir da segunda metade
do sec. XIX e começava a tomar parte nos
assuntos do Estado.
Para
Cairns três movimentos ajudaram a pequena classe media, mas crescente em sua
luta contra o estrangulamento da
sociedade religiosa patriarcal; a franco-maçonaria, o positivismo e o
protestantismo. O protestantismo juntamente com a franco-maçonaria e o
positivismo uniram forças que quebraram as estruturas sociais semifeudais
agrarias mantida sobre a sociedade. A
existência dos evangélicos em pequeno numero na época foi positiva para a
criação de uma sociedade pluralista desejada pelos liberais. Seus costumes e
ideais representava muito que eles
desejavam implantar na sociedade como um todo.
A
franco-maçonaria presente no Brasil desde 1717 ganhou força no final do sec.
XIX com seus ideias liberais atraíram muitos católicos e um bom numero de representantes
do clero regular e secular em seu objetivo de obter primeiro a independência e
depois a destruição da monarquia.
O
positivismo influenciou a Igreja e o Estado no sec. XIX. Introduzido no Brasil
por Miguel Lemos em 1874 deve como seu principal discípulo Benjamin Constant e Teixeira Mendes. O
movimente esteve ligado às classes altas e teve grande influencia no final do
sec. XIX. Tanto a franco-maçonaria como o Positivismo perderam força no sec.
XX.
Cairns
(p.395) assim descreve o que veio a ser a “Questão Religiosa”; Trata-se de uma luta travada no Brasil entre
o catolicismo e a monarquia que teve o
seu apogeu nos anos de 1872-1875 em que a franco-maçonaria desempenhou parte importante. Esse conflito
na realidade não passava da “faceta visível do iceberg”, uma batalha
extremamente complexa que teve inicio já na década de 1850 e não foi
completamente resolvida nem mesmo com a declaração da Republica em 1889.
Além desse ter protagonista, também se
envolvera na Questão os republicanos, protestantes e outros grupos minoritários.
A igreja católica estava dividida entre o que se chamava ultramontanistas e
galicanistas. Embora a Questão Religiosa fosse uma desavença entre a Igreja e o
Estado para obter poder politico, os problemas ao redor dos quais se
desenvolveu o conflito eram religiosos.
Entre as principais petições apresentada pelo Comitê de Presbiterianos à
Assembleia Legislativa em 1874 foi:
ü Plena liberdade e igualdade de
todos os cultos;
ü Abolição da igreja oficial e sua
emancipação do Estado com a suspenção dos privilégios outorgados aos sectários
dessa Igreja;
ü O ensino da escola pública separa
do ensino religioso... entre outros.
Este
documente toca apenas na Questão diretamente relacionada com a Igreja e seu
estrangulamento da sociedade. A Petição alcançou grande notoriedade na época
e provocou um ataque tanto por parte da hierarquia católica como do
franco-maçonaria monárquica. Foi
decidido afinal não submetê-la a Assembleia Legislativa devido a as reações
negativas.
A
Questão Religiosa começa a tomar forma
quando políticos liberais que desejavam o progresso e desenvolvimento do Brasil conceberam a
implantação de imigrações em massa de
protestantes americanos como uma solução
para tirar o Brasil do analfabetismo
e retrocesso. A hierárquica
brasileira considerava esse programa uma tentativa de tornar o país
protestante. Embora o protestantismo não
representasse uma força em si mesmo sua presença no Brasil foi um “agente catalizador que precipitou o
choque entre a Igreja e Coroa na década de 70”.
A Coroa se colocou ao lado do franco-maçonaria e do
protestantismo contra o ultramontaníssimo da hierarquia. O conflito culminou com a prisão de Dom Frei
Vital de Oliveira em 1874 sentenciados a quatro anos de prisão no Rio de
Janeiro. Com este ato desarmou o poder republicano e liberal deixando o poder politico nas mãos dos
políticos conservadores.
A presença de negros africanos é
muito mais acentuada no Brasil do que na América espanhola, especialmente na
Bahia e Rio de Janeiro. A presença do
negro nas colônias inglesas, espanholas e portuguesas está relacionada com a
necessidade de mão de obra suficiente para o trabalho necessário nessas
colônias. Para suprir a necessidade de mão de obra nos engenhos de cana de
açúcar inicialmente os índios nativos e
posteriormente os negros vindo de diferentes
pontos da África vieram param movimentar as maquinas de engenho na colônia. Os africanos no Brasil sofreram uma
dissociação traumática entre cultura e raça.
Foram obrigados a se adaptarem, pois o catolicismo colonial não tinha
lugar para o pluralismo religioso, desta forma os negros eram obrigados a se
tornar cristão. A presença da cultura
africana colocou o catolicismo lado a lado com as crenças e praticas básicas
africanas, além de receber acréscimo dela. O negro não pode reter sua fé por varias
razoes. Uma delas foi a situação tribal heterogênea em que se achou. Outra foi
a impossibilidade de manter o culto aos ancestrais, visto que estes estavam muito
distantes, do outro lado do mar. E a terceira, foi que a religião católica
tornou-se obrigatória, com meio de sobrevivência e ascensão social.
Apesar
das muitas diferenças entre o catolicismo colonial e o fetichismo africano
quanto à origem a a forma, havia pontos
de contato que permitam aos negros aceitarem
o catolicismo e adaptá-lo às suas
necessidades. O catolicismo implantado no Brasil foi o da contra reforma que
desperta o velho culto aos santos despertando a superstição. Apesar dos
esforços dos Jesuítas de impedir a maré da africanização muito elemento da
religiosidade africana se infiltra no
catolicismo brasileiro, como também existe uma aceitação do mesmo independente da base étnica ou da
posição social.
Vários
fatores contribuíram para a sobrevivência dos ritos e crenças africanas como para sua influencia sobre a opinião brasileira:
A
constante renovação da população escrava reforçou continuamente a religião no
Brasil, até 1850; quanto deve fim o trafico de negros no Brasil. Segundo, as confrarias ou irmandades de
negros fez sobreviver às religiões africanas quando se reunião para
dançar. “O função dessas confrarias era
e garantir a segurança individual do negro, tornando-o solidário dentro de um
grupo de assistência mutua e identificando-o com os deuses tribais”. Por sua vez, a Igreja e vez de evangelizar
encorajava indiretamente sincretismo do catolicismo com religiões africanas. Em
terceiro elemento foi o esquecimento total do negro no campo espiritual, pois o
que interessava era seu corpo e não sua alma.
Toda a atenção estava voltada para os senhores das plantações e aos brancos. O quarto tipo de catolicismo proclamado na colônia era em vez de ser um
culto e um encontro pessoal, a adoração era
em sua maior parte um meio de manipular Deus através dos santos. Dessa forma o negro encontrava um ponto de
contato, pois tanto para o branco como para o negro o que importava não era o
mito em si, mas o ritual e seu valor
praticam.
Após
as guerras de libertação na América Latina a recuperação do catolicismo foi
lento até inicio do sec. XX. A separação da Igreja e Estado não estava presente
em todos os países e nem abrangeu todo o continente e nem se mostrou completa.
A oligarquia liberal que buscou na França os seus ideais gradualmente tomou
controle da Igreja na América Latina. O
catolicismo pouco a pouco foi perdendo sua hegemonia e se do Estado à medida
que novas Constituições e revoltas internas iam ocorrendo. Paraguai, Bolívia,
Chile, Peru e México concederam liberdade religiosa e separação da Igreja e
Estado no inicio do sec. XX.
No
Brasil a Igreja estava totalmente desfigurada com um quadro clerical
insuficiente para a demanda, além disso, ela servia de braço serviçal para o Estado para o controle do povo. Assim
a Igreja dependia totalmente do Estado.
Assim a ruptura com o passado e a separação entre Igreja e Estado foi um
golpe severo para a Igreja. Declarado o
Estado Laico pela constituição de 1891
agora os bispos podiam ser nomeados pelo Papa sem a intervenção do Estado e em dez anos as dioceses pulo de 12
para 52 no país e assim a cúpula da Igreja se concentrou em recuperar sua
posição de antes. Posição esta que em
parte foi recuperado no governo de Getúlio Vargas em 1930. Nesta data já haviam
cerca de 2.000 sacerdotes para um população de 30 milhões de pessoas. Segundo
Erasmo Braga apesar de sua
autonomia não conseguiu recuperar
a vida espiritual do povo. Para ele “a grande massa de nosso povo é totalmente se
qualquer educação religiosa”. Todavia, em relação ao restante da América Latina
Braga faz este comentário: “Em contraste com as outras Republicas da América do Sul, o Brasil é menos afetado
pela atitude irreligiosa dos intelectuais de um lado e pelo clericalismo
extremo do outro”. E conclui que “essa ausência de fanatismo de ambos os lado
pode ter sido perfeitamente um dos motivos por que o evangelho espalhou-se mais
depressa no Brasil do que em qualquer das outras republicas”.
Cairns
(p. 402) com relação às outras religiões informa que a primeira sociedade
Espirita fundada em 1873 foi a Allan Kardec que por volta de 1920 havia 102 sociedades com 10.666 membros e 280.864 seguidores
e que esse número passa em 1930 para 308 sociedades uma pequena legião
de seguidores reunindo-se em casas particulares. O candomblé em sua forma de Umbanda
conquistou a mente popular e difundiu-se rapidamente em todo Brasil. O Candomblé
é o sucessor das Confrarias e o meio básico de divulgação da religião africana.
A Umbanda fundada como religião em
1920 tornou-se a forma de magia branca,
embora se faça sentir que a linha divisória nem sempre exista entra a magia
branca e negra.
As
formas de cultos africanos readaptados no Brasil foram assimiladas pelos
crioulos e aceita por uma vasta proporção do povo brasileiro que tende a crer
nas forças magicas do sobrenatural. Os
ritos católicos propriamente ditos são
visto como ritos mágicos (ex opere operatum) e não como forma simples de
adoração.
REAVIVAMENTO, MISSOES E
MODERNISMO 1789-1914.
A implantação do protestantismo
na América Latina. Págs. 402-426.
Segundo Cairns (p. 402) a presença do protestantismo na América Latina
dependeu, em termos humanos, das
pressões econômicas aplicadas extremamente pela Inglaterra e Estados Unidos,
assim como pressões ideais liberais e anticlericais internas.
Teve inicio auspicioso com a
chegada do educador de James (Diego) Thompson em 1819 na Argentina e com a
liberdade de culto aos estrangeiros em 1823.
O crescimento foi bastante demorado e a oposição católica foi grande
durante todo o sec. XIX. Somente depois da 2ª.
Guerra o protestantismo teve
influencie começou a colher a colheita tão diligentemente semeada no ultimo
século.
Cairns (p. 404) informa que se
fizeram esforços internacionais para
discutir a evangelização na América Latina como a conferencia de missões
em Edimburgo (1908) que considerou a
América Latina evangelizada presumindo que já fosse cristã devido a presença
maciça do catolicismo. O Congresso Protestante Pan-Americano (Panamá -1916),
Montevideo (1925) e Havana (1929) todos
para tratarem da evangelização no continente. Na ocasião, pouco evangélicos
admitiam que a forma de Catolicismo encontrada na América Latina fosse cristã em
qualquer sentido, senão de nome. Nesse
sentido, esse protestantismo reflete o mesmo tipo de cristianismo predominante
quando as igrejas foram enviadas. Existe muito mais enfase nas doutrinas
corretas e no compromisso pessoal do individuo. Os que colocaram maior ênfase na
evangelização, junto com o compromisso pessoal (mudança comportamental),
cresceram mais rapidamente.
As primeiras denominações que
começaram seu trabalho na América Latina no sec. XIX foram as seguintes:
anglicanos, luteranos, os irmãos (Plymouth) congregacionais, presbiterianos,
metodistas, batistas, maronitas e adventistas (Sétimo Dia). Os anglicanos, luteranos e menonitas
trabalharam quase que exclusivamente junto aos imigrantes. Os demais trabalham
om os nativos em sua própria língua e cultura, embora houvesse uma imposição
inconsciente do lastro cultural e da expectativa do missionário.
O catolicismo não aceitaram de
bom grado o avanço missionário protestante. Os três séculos de Padroado não se
prestaram a introdução do pluralismo religioso. A intolerância, acompanhada de
perseguição, era, porém a regra. Os
protestantes encontraram aliados e até protetores entre os políticos liberais,
mas isso provocou uma reação ainda mis forte entre os ultramontanizas do
clero. Especialmente no Brasil onde se
temia que houvesse um protestantismo do
país através da imigração.
Cairns (p. 405) relata as três tentativas de implantar
colônias protestantes no Brasil.
Em 1555 a 1560 conhecidas com
“Invasão Francesa” quanto calvinista huguenotes
patrocinados pelo rei da França
comandados por Villegaignon tentaram estabelecer uma colônia na Baia de
Guanabara. Como herança da missão
huguenotes temos a Confissão Fluminense
redigida pelo pastor calvinista Jeam Du Bordel em resposta ao
questionário preparado pelo vice-almirante.
No nordeste o estabelecimento dos
calvinistas holandeses (1630-1654)
quando dominaram uma área que vai do Maranha a Sergipe. Embora missionários e Escolas fossem
colocados em pontos estratégicos a fim de alcançar os ameríndios; pouco dentre
eles foram convertidos e um numero ainda menor de habitantes locais aceitou o
evangelho calvinista.
A colônia Welser na Venezuela
(1529-1550) de confissão luterana também não deixou herança espiritual e se extingui sem resultado permanente.
Segundo Cairns (p. 407) Justos
Gonzáles afirma que “a única presença realmente efetiva que pode ser citada a
respeito dos protestantes durante esse período, do séc. XVI ao principio do
XVIII é a dos morávios em São Tomé e
Suriname, os metodistas no Caribe inglês e os anglicanos (e mais tarde os
morávios) na costa atlântica da América Central (especialmente Honduras e
Nicarágua)”. A colônia Moravia foi
estabelecida nas Guianas em 1735. Por
volta de 1900m essa colônia contava com 9.000 membros registrados.
Na América do Sul são dois os incidentes que se destacam com
rompimento posterior ao monopólio
católico-romano: a pressão da Inglaterra
para a liberdade culto no inicio do sec. XIX
e a nomeação de Diogo Thomson em 1819 como diretor de educação primaria
na Argentina.
No século oitocentista a
Inglaterra era soberana no controle dos mares e economia na América Latina e então forçou o governo português, então no Brasil, a abrir
os portos brasileiros ao comércio mundial. Como condição contratual assinado em
1810 foi que Portugal permitia a construção de casa de adoração para os
estrangeiros, contanto que não tivessem aparência de igreja. Porem o
proselitismo era estritamente proibido.
Na Argentina (p. 408) James (Diego)
Thompson pastor batista em 1818 foi ali com o objetivo de fundar escolas usando
o método pedagógico Lancaster. Esse
método usava dois pontos positivo: usava o melhores alunos para ensinar
principiantes. Segundo, utilizava-se de passagens bíblicas como texto para o ensinar gramatica e
alfabetizar. Thompson foi acusado de usar seu cargo para encobrir seu
verdadeiro objetivo: proselitismo. Não era esse seu plano, pelo contrario,
estava convicto que com somente a leitura das Escrituras promovia a conversão e
a auto reforma da Igreja.
Na América Latina a implantação
do protestantismo dependia da um avanço duplo: a imigração e missionários. A imigração ocorria em primeiro lugar e
de forma real e preparava o caminho para
a força tarefa missionário. No entanto, o protestantismo de imigração
pouco ou quase nada fez para a
evangelização da América do Sul.
A imigração de estrangeiros vinda
em diversas ondas não tinha o objetivo missionário, mas de exploração da terra
e de crescimento econômico. No entanto, sua presença contribui para a secularização
dos cemitérios, tolerância religiosa, o casamento civil e forçar uma nova
legislação e contribuiu para a separação entre Igreja e Estado. A hierarquia
viu essa invasão como preludio da protestantização do Brasil. A presença
protestante serviu como um catalizador
para o surgimento da Questão Religiosa (1972-1975) e para apressar o
nascimento da Republica (1889) como a separação entre Igreja e Estado.
Cairns (p. 410,411) informa
que quase toda a igreja imigrante, senão todas
permaneceram mortas e sem resultado positivo permanecendo no seu casulo
na sociedade em que foram enxertadas no que diz ao missionário. A priori
os imigrante se preocupavam apenas a preservar sua própria identidade
cultural. Visto que a religião tornou-se
a ferramenta para a realização desses proposito, não havia interesse em
estender-se a fim de incluir os habitantes da terra.
O avanço missionário na América
Latinas começou a ter êxito após a segunda metade do se. XIX, depois que as
mudanças sócios politicas terem
aberto as portas para o testemunho evangélico.
As primeiras tentativa de evangelização foi com os
ameríndios pelo anglicano Capitão Allem Gariner na Bolívia. Em 1844 ele estabeleceu uma sociedade missionaria
em bases inglesas na Terra do Fogo. Mais tarde serviu de apoio ao
avanço do anglicanismo no Paraguai, Argentina, Chile e Peru.
Segue-se O ministério de
capelania junto aos marinheiros americanos no Rio. Em 1836 com Obadiah M. jonson e mais tarde com
Justim Spaulting e Daniel Kidder continuaram esse ministério. Estes
missionários metodistas, pioneiros na América Latina, na distribuição de bíblias e folhetos pelo
litoral do Brasil.
“Em 1848 estava recebendo 10.000 marinheiros e
sociedade América Seamen’s Friend
Society” procurou restabelecer a
capelania enviando Morris Pease que ficou só algum tempo. Substituído em 1851 por James Cooley
Fletecher que ocupou o cargo por três anos. Fletecher ficou obcecado por uma única ideia ganhar o Brasil
ao Protestantismo. Fleteher foi um dos primeiro missionários das Sociedade Bíblica
junto a elite brasileira .
Protestantismo alavancou-se com a
chegada de Dr. Robert Reid Kalley ao Rio de Janeiro em 1855 que veio prestar
assistência à igreja congregacionais anglo-saxões. Em 1868 a igreja
congregacional contava com 360 membros a maioria brasileira. Seguido pelos presbiterianos no Rio de
Janeiro (1859); os batistas em Salvador (1881).
A igreja Episcopal chegou ao México em 1853, os Presbiterianos na Colômbia
em 1856, Guatemala em 1882. Nas ultimas duas décadas do sec. XIX a
presença de denominações protestantes na América Latina se assentou.
No Brasil, três situações prepararam o
cenário para a forma de
desenvolvimento do protestantismo no
Brasil. Kalley e os congregacionais; siontom e os presbiterianos e Bagby e os
batistas. Os metodistas adotaram o evangelismo indireto dedicando-se a educação
como um substituto para a evangelização
direta. Kalley (1855) começou seu
trabalho junto aos estrangeiros em Petrópolis. Em 1859 foi acusado de proselitismo e impedido
de exercer medicina. O Dr. Kalley sempre encontrava grandes plateias quando
fazia as suas palestras sobre a Terra Santa.
Seus artigos escritos na imprensa
secular eram lidos pela elite e os argumentos ali discutidos eram
debatidos pelos parlamentares sobre a mateia ali discutida.
Pedro Nolasco de Andrade em 1858
foi o primeiro brasileiro batizado no Brasil que foram registrados nos
cadastros da Primeira Igreja Fluminense
fundado por Kalley.
Ashbel Greem Simonton foi enviado
pela Igreja Presbiteriana em Maio de 1859 para que viesse ao
Brasil e
fizesse um levantamento das condições de riscos e possibilidade de
evangelização no país. Logo começo a colher os frutos do seu trabalho promovendo estudos
bíblicos e reuniões nos lares, até pessoas batizadas.
Willian Buck Bagby e sua esposa
Anne passaram por Santa Barbara em 1881, mas resolveram radicar-se em Salvador.
Ali com Zachariah C. Taylor e Antônio
Teixeira de Albuquerque fundaram a primeira
igreja Batista em outubro de 1882. Logo os batistas se espalharam pelo Brasil. Bagby se mostrou um
missionário incansável que viajava por todos os lados do país. Em 1900 os batistas tinham alcançado 2.000 membros.
A distribuição de Bíblias foi o que
caracterizou o inicio da evangelização na América Latina. Do México a Terra do
Fogo, colportores patrocinados pelas Sociedades Bíblicas saíram distribuído
bíblias tanto pelo litoral Atlântico como pelo
lado Pacifico. A distribuição de
bíblia era o meio de evangelização e de diferenciação entre católicos e
protestantes (p.418).
Francisco G. Penzoti, pastor Valdense, se destaca como missionário no Uruguai (1876) e principalmente no Peru como agente em Callo
pela Sociedade Bíblica.
No fim do sec. XIX o
protestantismo já tem uma boa aceitação na América Latina e começa a dar formas
e identidade às Repúblicas e Monarquias, mas somente após 1940 que o
protestantismo avançou rapidamente na América Latina, especialmente no Brasil.
Cairns (421) afirma que a
contribuição do protestantismo nesse período
combateu o vazio deixado pela
crise do mundo religioso, pelo surto da ciência e o avanço do espiritismo. A irreligiosidade
ameaçava as republicas do sul, assim o vácuo deixado pela incredulidade e indiferença
religiosa é preenchido pelo fervor evangélico.
Ao contrario do catolicismo que
foi moldado pelos negros de acordo com sua fé africana, o protestantismo
exerceu um papel formativo. Embora haja afetividade entre o protestantismo brasileiro
da raça negra, não há diferença do protestantismo dos brancos – puritano,
dogmático legalista, etc.
O protestantismo pentecostal como
mudança mais dramática chega ao continente inicio do sec. XX. Vindo dos Estados Unidos ela chega à América
Latina em dois modelos: sueco e italiano.
O modelo da Assembleia de Deus chegou ao Brasil com Gunnar Vingren e
Daniel Berge que aportaram em Belém (Pará) em junho 1911.
Louis Francescon, um
ítalo-americano, foi para São Paulo no mesmo ano que Vingre e Berge iniciaram
seu ministério. Através de seu ministério teve inicio uma das maiores
denominações do país a Congregação Cristã
no Brasil. Franciscon também
esteve na Argentina onde iniciou uma obra ali junto aso italianos de Buenos
Aires.
Houve reavivamento entre os
metodistas no Chile com Willis Hoover
fazendo surgir a Igreja Metodista
Pentecostal que continuou a crescer notadamente, apesar de grupos que se
afastaram dela na década de 1930.
O desenvolvimento do
protestantismo até 1930 começou a acelerar à medida que as Igrejas começaram a
possuir caráter nacional. Surgem novas
igrejas dissidentes como a Igreja Presbiteriana Independente (1903). A proporção de protestantes em 1930 era: batista 30%, presbiterianos 24%,,
metodistas 11%, presbiterianos independentes
10% e pentecostais 9,5 %. Em termos de estatística é impossível dar mais do que
rápida indicações sobre o crescimento da Igreja nesse período. Em 1935 já havia
cerca de 1,5 milhão de pessoas sob a influencia das igrejas evangélicas. Comparando com o catolicismo que possua 2.876
paroquias, 76 curadorias, 30 capelas, segundo dados oficiais de 1934, enquanto
que em 1935 existiam 1.231 igrejas protestantes e 645 ministros, sem contar as
igrejas e ministros das comunidades colonizadoras.
Segundo Cairns (p.425) a
principal característica do protestantismo que trouxe o evangelho à América
Latina foi ao mesmo tempo dogmático, puritana e, num certo sentido,
legalista. Um cristianismo que exigia
uma decisão transformadora do estilo de vida, envolvendo inúmeras implicações
éticas e sociais. Embora envolvesse uma
interiorização da fé, ela também resultou na criação de uma nova comunidade com
múltiplos relacionamentos interpessoais.
No aspecto puritano do novo convertido era exigidas modificações de comportamento compatível com
a nova vida obtida em Cristo. Na verdade
é que ao longo de todo esse período de formação do protestantismo latino, os
missionários introduziram uma teologia conservadora baseado nas Escrituras com
norma de fé. Onde “a Palavra é o centro
do culto e da vida, a razão de ser da Igreja”.
A simplicidade e espontaneidade,
em contraste com a rígida liturgia da
Igreja Católica, era outro fator característico. As diversidades de
hinos, a liberdade de adoração no templo, na residência ou ao ar livre, contrastava decididamente com o catolicismo
que haviam abandonado.
A formação de uma mentalidade de
separação entre Igreja e Mundo, separando da sociedade que impõe condições e restrições
sócio- econômicas impedindo a mobilidade do crente.
Fone bibliográfica:
CAIRNS E.
EALE. O cristianismo através dos Séculos
(Trad. Israel Belo de Azebedo e Valdemar Kroker). São Paulo: Vida Nova, 3ª. Ed.
2008, pp. 383-426.
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