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A ESCRAVIDÃO NA BÍBLIA.

Este texto e parte integrante  de um artigo maior postado neste blog: A TEOLOGIA PRESENTE NOS DISCURSOS DA IGREJA CATÓLICA       NO FIN...

07/07/2017

A CABEÇA BEM FEITA - EDGARD MORIN - RESUMO

RESUMO:
A CABEÇA BEM FEITA:  REFORMAR A REFORMA, REFORMAR O PENSAMENTO.
Por José Maria V. Rodrigues, 
7o. S. Bacharel em Teologia
INTRODUÇÃO 
O presente resumo tem como objetivos destacar os principais pensamentos teóricos contido no livro “A cabeça bem feita: reformar a reforma, reformar o pensamento” de Edgar Morin.  
Iniciamos com  uma breve biografia do autor, destacando sua vida publica,  suas graduações e livros publicados; não tanto sua vida na época da 2ª Guerra quando serviu a França.  Posteriormente  segue uma síntese do livro.
O resumo do livro se inicia com o prefacio seguido dos 09 capítulos, anexo I e anexo II.  Ainda que seja um pequena obra ( 128 paginas), o autor para dar sustentação às suas teses o faz elaborando uma vasta dissertação de acontecimentos históricos, científicos, literários e filosóficos os quais para não se estender procuramos deixar de lado, buscando apenas o núcleo de seus pensamentos.
Fizemos uma separação por capitulo para melhor localizar os assuntos.

BREVE BIBLIOGRAFIA  DE  EDGAR NOHOUM (MORIN)
Edgar Morin, pseudônimo de Edgar Nahoum (Paris, 8 de Julho 1921), é um antropólogo, sociólogo e filósofo francês judeu de origem sefardita  Pesquisador emérito do CNRS (Centre National de la Recherche Scientifique). Formado em Direito, História e Geografia, realizou estudos em Filosofia, Sociologia e Epistemologia. Autor de mais de trinta livros, entre eles:O método (6 volumes),  Introdução ao pensamento complexo, Ciência com consciência e Os sete saberes necessários para a educação do futuro.   É considerado um dos principais pensadores contemporâneos e um dos principais teóricos da complexidade
            Entre 1942 e 1944, participou da Resistência, como tenente das forças combatentes francesas, adotando o codinome Morin, que conservaria dali em diante [1].

SÍNTESE DO LIVRO.
            Seu  livro  “A cabeça vem feita .  Repensar, reformar o pensamento” Lançado em 1999 é composta de Prefacio , nove capítulo que são ligados entre si e dois anexos. O autor acredita na necessidade de uma reforma do pensamento para que haja uma reforma no ensino.  A construção de uma educação plurateísta, difundindo todos os setores da educação. Assim o conhecimento de todos reunidos obteria melhor resultado para toda a humanidade. ,Morin  tem também como objetivo encorajar  o  aluno ao autodidatismo e favorecer a autonomia do espírito. Ele ressalta a questão do que é a cabeça bem feita é aquela que em vez de acumular saber  precisa dispor ao mesmo tempo de uma aptidão geral de colocar e tratar os problemas tendo princípios organizadores que permitam ligar os saberes e lhes dar sentido.

PREFÁCIO
            Edard Morin no seu prefacio afirma que por dez anos desenvolveu uma linha de ideias sobre a necessidade de “reformar o pensamento”  e  uma reforma no ensino. E que por sugestão de Jack Lang, então Ministro da Educação na França apresentou  algum pré projeto sobre o assunto.  Nas suas palestra de honoris causa em faculdades estrangeiras sempre introduzia suas ideias. Em meados de 1997 começou a formular seu ponto de vista  quando foi convidado por Le Monde L’education para ser seu correspondente chefe, depois foi convidado  pelo ministro Claude Allegre a prsidir o  “Conselho Cientifico” sobre a reforma dos saberes e por fim afirma que enfrentou muitas oposições sobre suas ideias.  Este livro, segundo Morin é o resultado de seu trabalho. Diz tencionado começar pelos problemas pro julgar ser importantes, seguido pelas finalidades e mostrar como o ensino (primário, secundário e superior, poderia servir a essas finalidades.  Dedica seu livro a “educação e ao ensino, a um só tempo”.  Conceitua educação como a “Utilização  de meios que permitem assegurar a formação e o desenvolvimento de um ser humano; esses próprios meios”.  Afirma que o termo “formação” com sua conotações de moldagem e conformação, tem o defeito de ignorar que a missão do didatismo é encorajar o autodidatismo, despertando, provando, favorecendo a autonomia do espírito. O “ensino” é a arte  ou ação de transmitir os conhecimentos a um aluno, de modo que ele os compreenda e assimile, tem um sentido mais  restrito, porque é apenas cognitivo. Afirma que vai decorrer sobre  este dois temas ensino e educação, sendo que a primeira para ele é não basta e a segunda  demonstra excesso e uma carência.
            A missão desse ensino, segundo  Morin  é que transmita não apenas saberes, mas uma cultura compreender nossa condição e nos ajude a viver e que nos forneça um modo de pensar aberto e livre ao mesmo tempo. Termina citando Kleist: “ O saber não nos torna melhores nem mais felizes”, mas a educação  pode ajudar a nos terminarmos melhores, se não mais felizes, e nos ensinar a assumir a parte presente e viver a parte poética de nossas vidas (p. 9-11).
Capitulo 01. OS DESAFIOS
            Para Morin há muitas inadequações cada vez mais ampla, profundas e graves  na forma dos saberes separados, fragmentados, compartimentados entre as disciplinas, por outro lado problemas cada vez mais polidisciplinares, globais, planetários, etc. que impede de ver “os conjuntos complexos”. Há três desafios que, segundo Morin tornam-se invisíveis  
ü    as interações e retroações entre a parte e todo;
ü    as entidades multidimencionais e
ü    os problemas essenciais.

            As hiperespecializaçõe s impedem de ver o global (que está fragmentado em parcelas), a concepção de  conjunto da qual ela apenas considera um aspecto ou uma parte (p.13).  O desafio é a compreensão as partes dentro de seus contextos. O retalhamento das disciplinas torna-se difícil aprender “o que é tecido junto”, isto é o complexo. Há desafios na complexidade na globalidade, quando os componentes que compõe o todo (como o econômico, o político, o sociológico, etc.) são  inseparáveis e existe um tecido interdependente, interativo e inter-retroativo entre as parte e o todo, o todo e as partes.  A inteligência esta acostuma a fragmentar o complexo do mundo  e atrofia a possibilidade de compreensão e de reflexão, eliminando assim as oportunidade de um julgamento corretivo ou de uma visão de longo prazo(p.14).  As vantagens do desenvolvimento         disciplinares da ciência só promoveu a divisão de trabalho e as especializações o confinamento e o despedaçamento do saber. Em vez de corrigir esses desenvolvimentos, nosso sistema de ensino obedece a eles.  Nas escolas (desde as primárias) nos ensinam a isolar os objetivos (do  meio ambiente), a separa as disciplinas (em vez de reconhecer suas correlações) . dissociar  os problemas, em vez de reunir e integrar.  Reduzindo o complexo ao simples, assim os jovens perdem suas aptidões naturais para contextualizar os saberes e integrá-los em seus conjuntos. Sendo o conhecimento pertinente é aquele capaz situar  qualquer informação em seu contexto. Por que quanto mais a crise progride, mais progride a incapacidade de pensar a crise; quanto mais planetário torna-se o problema, mas inseparáveis elas se torna. (p.15). Como exemplo, Morin cita a ciência econômica, a mais sofisticada e a mais formalizada, no entanto frequentemente se vê fazendo predições errôneas porque está isolada  das outras dimensões humanas. A expansão descontrolada do saber ou.o crescimento ininterrupto do conhecimento torna-se o   desafio do global e da complexidade. Em meio a tantas informações perdemos conhecimento (p.16). O especialista mais restrito da disciplina não chega a tomar conhecimento das informações concernentes a sua ária, assim o conhecimento fragmentado só serve para usos técnicos. Não consegue conjugar-se para alimentar um pensamento capaz de considerar a situação humana no âmago da vida, na terra,  no mundo e de enfrentar os grandes desafios de nossa época.
            Morin afirma que há  três desafios resultantes da complexidade do saber:
 O desafio cultural. A cultura daqui por diante, segundo Morin, esta separada em dois blocos, cultura da humanidade e cultura científica, iniciada no século passado (i.e.  no retrasado) e agravada neste  século XX (i.e. no século passado).  A cultura humanística é genérica, que faz uso da filosofia, do ensaio, do romance, alimenta a inteligência geral  e enfrenta as grandes interrogações humanas, estimula reflexão sobre o sabre e favorece a integração  pessoa dos conhecimentos.  A cultura científica separa as áreas dos conhecimentos; produzindo teorias e descobertas incríveis, mas não uma relfexão sobre o destino humano e sobre o futuro da própria ciência (p. 17).  A cultura humanas não faz uso da ciência para compor suas reflexão sobre seus problemas gerais e globais limitando sua funções, enquanto que a cientifica vê  na cultura humana apenas uma espécie de  ornamento ou luxo estético ao passo que ela favorece a inteligência que a mente humana aplica aos casos particulares.

O desafio sociológico. Os desafios supra citado     se estende-se intensamente com o crescimento das características cognitivas das atividades econômicas, técnicas, sociais, políticas,  associados ao desenvolvimento dos múltiplos sistemas de pensamentos artificiais denominado informática que se inter-relaciona com nossas atividades. Assim  a informação é matéria prima que o conhecimento deve dominar e integrar; o conhecimento deve ser constantemente revisados e revistos;  o pensamento o capital mais precioso para o individuo e a sociedade.

O desafio cívico.  Para Morin, quando se perde a percepção global há um enfraquecimento do senso de responsabilidade e cada um tende a ser responsável apenas por sua tarefa enfraquecendo a solidariedade. O  saber torna-se cada vez mais restrito e o conhecimento da mesma forma; reservado aos especialistas que não estão sozinhos, acompanhado de uma incompetência quando é incomodada por influências externas. O cidadão tem o direito de adquirir um saber especializado por meio do estudo, mas ele é privado. Como exemplo cita Se era possível acompanhar a segunda guerra mundial pelas bandeirinhas fixadas nos mapas, com o avanço da tecnologia não é possível entender os planos de uma guerra futura simulada que executam por meio dos computadores. “A arma atônica tornou o cidadão desprovido da possibilidade de pensar e controlá-la,  a sua utilização e decisões estão entregues ao chefe de Estado sem consulta democrática.” Interdependente o conceito que rege as relações entre os indivíduos onde uns únicos individuam é capas, através de seus atos causar efeito positivo ou negativo em toda a sociedade. Ao  mesmo tempo pode ser influenciável por um todo (p.18-19).
O Desafio dos Desafios. A reforma do pensamento permitiria o pleno emprego da inteligência, para responder estes desafios a respeito de unir duas culturas dissociadas.  Todas as reformas giram em torno desse buraco negro que se encontra a profunda carência de nossas mentes e de nossa sociedade. A reforma do ensino deve levar á reforma do pensamento, e a reforma do pensamento deve levar a reforma do ensino (p.20). 
Capitulo  02.  A CABEÇA BEM-FEITA
            Segundo Morin, foi Montaigne quem formulou a primeira finalidade do ensino onde: Mais vale uma cabeça bem-feita que bem cheia. Considerando-se que cabeça bem cheia é aquela que acumula o saber, amontoando-o sem uma organização que lhe dê sentido. Ou seja, o mais importante é a capacidade geral para colocar e tratar os problemas, organizando e ligando os saberes para lhes dar sentido.
 A Educação deve favorecer a habilidade natural da mente para colocar e resolver problemas estimulando, ao mesmo tempo, a total aplicação da inteligência geral.
 Para Morin, para que essa inteligência geral se desenvolva o seu exercício deve estar ligado à dúvida, de onde provém toda critica, e cita a frase de Juan de Mairena como expressão dessa atividade crítica: “Repensar o pensamento”, onde compartilha também “a duvida de sua própria dúvida”, fazendo uso da lógica, da dedução, da indução, da arte da argumentação e da discussão.
 Sobre filosofia Morin afirma:

A Filosofia deve contribuir eminentemente para o desenvolvimento do espírito problematizador. A filosofia é, acima de tudo, uma força de interrogação e de reflexão, dirigida para os grandes problemas do conhecimento e da condição humana. A filosofia, hoje retraída em uma disciplina quase fechada em si mesma, deve retomar a missão que foi a sua- desde de Aristóteles a Bergson e Husserl- sem, contudo, abandonar as investigações que lhe são próprias. Também o professor de filosofia , na condução de seu ensino, deveria estender seu poder de reflexão aos conhecimentos científicos, bem como á literatura e à poesia, alimentando-se ao mesmo tempo de ciência e de literatura”. (p.23)
            Segundo Morin, uma cabeça bem feita é uma cabeça capaz de organizar os conhecimentos e evitar acumulação improdutiva.
O conhecimento se dá em relação de inseparabilidade com seu meio ambiente, cultural, social, econômico, político e natural. Incitando a perceber como este meio modifica ou explica os acontecimentos de outra maneira, trata-se de procurar sempre as relações entre cada fenômeno e seu contexto, as relações de reciprocidade todo/partes. Trata-se de reconhecer a unidade dentro do diverso, o diverso dentro da unidade, ou seja, a unidade humana em meio as diversidades individuais e culturais, as diversidades individuais e culturais em meio a unidade humana. Finalmente, um pensamento unificador abre-se de si mesmo para o contexto dos contextos e este para o contexto planetário. Isto é, transformar o que gera fronteiras entre as disciplinas, com princípios organizadores do conhecimento.
Um Novo Espírito Cientifico. A segunda revolução científica do século XX, Pode contribuir atualmente, para formar uma cabeça bem- feita. Nos anos 60, essa revolução inicia grandes desdobramentos que levam a ligar, contextualizar e globalizar os saberes até então fragmentados, articulando as disciplinas de modo mais produtivo.  
 Ecologia.  A ecologia, tem um ecossistema como objeto de estudo, recorrendo a várias disciplinas físicas para entender o biotopo e as disciplinas biológicas (zoologia, botânica, microbiologia) para estudar a biocenose. Também, precisa-se recorrer às ciências humanas para analisar as interações entre o mundo humano e a biosfera, neste caso, disciplinas distintas são associadas na ciência ecológica.
Ciências da Terra. O desenvolvimento das ciências da terra e da ecologia revitalizam a geografia, que abrange a física terrestre, a biosfera e as implantações humanas. A geografia amplia-se em ciências da terra dos homens.  
Cosmologia.  Com o telescópio Hubble, descobriu-se a dispersão das galáxias e o conceito de um cosmo único, em evolução. A observação astrofísica é associada aos resultados das experiências microfisicas, isto é, a disciplina do infinitamente grande à disciplina do infinitamente pequeno. Cosmólogos, refletindo sobre a situação humana entre esses dois infinitos, tentam introduzir a possibilidade da vida e da consciência em sua idéia de cosmo (princípio antrópico).
É com esse pensamento que se deve investir, no propósito de favorecer a inteligência geral, a aptidão para problematizar, a realização da ligação dos conhecimentos.
A educação para cabeça bem-feita, que acabe com a disjunção entre as duas culturas, daria capacidade para responder aos desafios da globalidade e da complexidade na vida quotidiana, social, política, nacional e mundial. 
Capitulo 03. A  CONDIÇÃO HUMANA
Para Morin, o estudo da condição humana depende do ponto de vista das ciências humanas, depende da reflexão filosófica e das descrições literárias, depende também das ciências naturais renovadas e reunidas, que são: a cosmologia, as ciências da terra e a ecologia. Tais ciências organizam um saber anteriormente disperso e compartimentado. Ressuscitam noções que nunca deixaram de provocar questionamento e despertam questões fundamentais: o que é o mundo, o que é a nossa terra, de onde viemos? Essas questões nos permitem situar a condição humana no cosmo, na terra, na vida.

“ Estamos em um planeta minúsculo, satélite de um sol de subúrbio, astro pigmeu perdido entre milhares de estrelas da Via-Láctea, ela mesma galáxia periférica em um cosmo em expansão, privado de centro. Somos filhos marginais do cosmo, formados de partículas, átomos, moléculas do mudo físico. E estamos não apenas marginalizados, como também perdidos no cosmo, quase estrangeiros, justamente porque nosso pensamento e nossa consciência permitem que consideremos isso...” (p. 35)
             Abrir-se ao cosmo é entrar na aventura desconhecida, onde talvez sejamos, ao mesmo tempo, desbravadores e desviantes. Abrir-se para a vida é abrir-se para as nossas vidas. A antropologia que exclui a vida de nossa vida privada é uma Antropologia privada de vida.
 Conhecer o ser humano, não é separá-lo do universo, mas situá-lo nele. Quem somos nós? É inseparável de “onde estamos, de ode viemos, para onde vamos?”
 Para morin a pré-história torna-se, mais e mais, ciência fundamental da hominização. Esta traz em si animalidade/humanidade. O processo de hominização de 6 milhões de anos
permite-nos imaginara emergência da humanidade a partir da animalidade. A hominização é uma aventura ao mesmo tempo descontínua.
            Ao longo dessa aventura a condição humana foi autoproduzida pelo desenvolvimento do utensílio, pela domesticação do fogo, pela linguagem de dupla articulação e, finalmente pelo surgimento do mito do imaginário... Assim a nova pré-história tornou-se a ciência que permite a ressurreição do humano que fora eliminado pelas fragmentações disciplinares.
O ser humano em sua complexidade é ao mesmo tempo totalmente biológico e totalmente cultural. O cérebro, por meio do qual pensamos, a boca, pela qual falamos, a mão, com a qual escrevemos, são órgãos totalmente biológicos e, ao mesmo tempo,totalmente culturais. Da mesma forma, o sexo, o nascimento, a morte são também biológicos e culturais ao mesmo tempo etc.
 As ciências humanas atualmente estão desligadas, fragmentadas e compartimentadas, oferecendo, assim, no momento atual, a mais fraca contribuição ao estudo da condição humana.
Morin diz que Lévi-Strauss acreditava que o fim das ciências humanas não é revelar o homem, mas dissolvê-lo em estruturas. Séria preciso conceber uma ciência antropossocial religada, que coubesse a humanidade em sua unidade antropológica e em suas diversidades individuais e culturais.
            É de fundamental importância a contribuição da cultura da humanidade para o estudo da condição humana. O estudo da linguagem, que é a forma literária e poética, que nos leva ao caráter mais original da condição humana, pois, como disse Yves Bonnefoy, “são as
palavras, com seu poder de antecipação, que nos distinguem da condição animal”.
 A literatura nos revela que “todo o individuo, mesmo o mais restrito à mais banal das vidas, constitui, em si mesmo, um cosmo. As artes levam-nos à dimensão estética da existência. Enfim, toda grande obra de literatura, de cinema, de poesia, de música, de pintura, de escultura, há um pensamento profundo sobre a condição humana.
Daí em diante, tornar-se-ia possível chegar a uma tomada de consciência da coletividade do destino próprio da nossa era planetária, onde todos os humanos são confrontados com os mesmos problemas vitais e mortais. 

Capítulo 4.  APRENDER A VIVER
A Educação tem como objetivo reformar o pensamento, mostrando que ensinar a viver precisa não apenas de conhecimentos, como também da transformação do conhecimento adquirido em sapiência (sabedoria e ciência), em seu próprio ser mental, e da incorporação dessa sapiência para a vida como um todo. Assim, se transforma informações em conhecimento, e conhecimento em sabedoria para a orientação da vida.
            A cultura, em seu sentido antropológico, fornece os conhecimentos, valores, símbolos que orientam e guiam as vidas humanas. A cultura das humanidades foi e é uma preparação para a vida apenas para uma elite, mas a partir de agora deverá ser para todos.
            A literatura, poesia e cinema devem ser considerados verdadeiras escolas de vida, em seus múltiplos sentidos:
·                    Escolas da língua, que através das obras dos escritores e poetas, revela ao adolescente as qualidades e possibilidades para expressar-se plenamente em suas relações com o outro;
·                    Escolas da qualidade poética, da emoção estética e do deslumbramento da vida;
·                    Escolas da descoberta de si, onde o adolescente reconhece a sua vida subjetiva (manifestação de suas aspirações, seus problemas, suas verdades) na dos personagens de filmes, livros de ideia, e até mais profundamente em romances ou poemas;
·                    Escolas da complexidade humana, onde o seu conhecimento faz parte do conhecimento da condição humana. Começamos a viver com seres e situações complexas através do conhecimento da condição humana. O ensino sobre a condição humana pode adquirir forma vivida e ativa, através da literatura, para esclarecer cada um sobre a sua própria vida;
·                    Escolas de compreensão humana, onde podemos compreender o que não compreendemos na vida comum. Na tela e nas páginas do livro, percebemos os outros em todas as suas dimensões, subjetivas e objetivas, mas na vida comum, os percebemos apenas exteriormente. Explicar não basta para a compreensão humana, pois é o mesmo que utilizar meios objetivos de conhecimento, que são, porém, insuficientes para compreender o ser subjetivo. É preciso sentir e conceber os humanos como sujeitos, nos tornando abetos a seus sofrimentos e suas alegrias. É a partir da compreensão que se pode lutar contra o ódio e a exclusão.

A dificuldade da compreensão humana precisa ser enfrentada não com ensinamentos separados, mas com uma pedagogia conjunta que agrupasse filósofo, psicólogo, sociólogo, historiador, escritor, que seria ligada a uma iniciação à lucidez.
A iniciação à lucidez dar-se-á no:
·                    Ensino primário onde é necessário que, partindo de terminais sensoriais, a percepção seja uma tradução reconstrutora realizada pelo cérebro, e que nenhum conhecimento possa dispensar interpretação;
·                    Ensino secundário, progressivamente, com destaque à oposição entre a racionalização, sistema lógico de explicação, mas privado de fundamento empírico, e a racionalidade que procura unir a coerência à experiência;
·                    Ensino superior, onde deverá ser tratado dos limites da lógica e das necessidades de uma racionalidade não somente crítica, mas também auto-crítica.
O aprendizado da auto-observação está contido no aprendizado à lucidez. Continuamente deve-se ensinar como cada um produz a mentira para si mesmo, exemplificando como o egocentrismo autojustificador e a transformação do outro em bode expiatório levam a essa ilusão, e como a memória elimina o que nos incomoda e ressalta o que nos favorece. Esse aprendizado nunca é concluído, e deve ser continuamente recomeçado.
Não somos apenas possuidores de ideias, mas somos também possuídos por elas. Nós as alimentamos com nossas crenças ou fé, assim elas ganham consistência e poder. Somos capazes de morre ou matar por uma ideia.
            Assim, seria preciso ajudar as mentes adolescentes a instaurar o convívio com suas ideias, mantendo-as em seu papel mediador, impedindo que sejam identificadas com o real, e também não se tornem meios de ocultação.
O ensino da filosofia deve ser revitalizado para o aprendizado da vida, pois oferece dois indispensáveis produtos da cultura europeia: a racionalidade crítica e a autocrítica, que permitem a auto-observação e a lucidez; e por outro lado, a fé incerta. A filosofia não é uma disciplina, mas uma força de interrogação e de reflexão dirigida não apenas aos conhecimentos e à condição humana, mas também aos grandes problemas da vida.

Capítulo 5.  ENFRENTAR A INCERTEZA
O conhecimento dos limites do conhecimento foi a maior contribuição de conhecimento do século XX. A indestrutibilidade das incertezas foi a maior convicção que nos foi dada, não somente na ação, mas também no conhecimento. Aparentemente são dois defeitos, mas na verdade são verdadeiras conquistas do espírito humano, que por consequência nos pôs em condição de enfrentar as incertezas e, mais globalmente, o destino incerto de cada indivíduo e de toda a humanidade.
Para ensinar a enfrentar a incerteza, convém fazer a convergência de diversos ensinamentos e mobilizar diversas ciências e disciplinas:

A incerteza física e biológica. O presente século foi marcado por revoluções científicas (descobertas) que mudaram completamente nossa concepção do mundo, pondo fim às certezas até então confirmada por diversas ciências. A ordem do mundo, antes vestígio da divina perfeição, foi substituída por uma relação de diálogo entre ordem e desordem, onde o calculável e o mensurável deu lugar a uma dependência do incalculável e do imensurável, provocando um questionamento da racionalidade científica afirmada até então.
Quanto à biologia, há profunda insegurança quanto ao caráter inevitável ou imprevisto (ao acaso), necessário ou miraculoso, do aparecimento da vida, sobre o qual não deixam de ser elaborados roteiros; e essa incerteza se reflete claramente no sentido de nossas vidas humanas. A aventura da vida se deu em meio a catástrofes que provocam extinções em massa entre as espécies e o surgimento de novas espécies, onde o homem talvez não tivesse se desenvolvido se não lhe fosse preciso responder a tantos desafios mortais.

A incerteza humana.            Duas grandes incertezas marcam a condição humana: a incerteza cognitiva e a incerteza histórica.
            A incerteza no conhecimento ou cognitiva possui três princípios:
·                    Princípio cerebral: o conhecimento é sempre tradução e construção, e nunca um reflexo do real, isto é, comporta risco e erro;
·                    Princípio físico: o conhecimento dos fatos está sempre à mercê da interpretação;
·                    Princípio epistemológico: surge da crise dos fundamentos da certeza, em filosofia (a partir de Nietzsche), depois em ciência (a partir de Bachelard e Popper).
“Conhecer e pensar não é chegar a uma verdade absolutamente certa, mas dialogar com a incerteza.”
A incerteza histórica está ligada ao caráter intimamente desordenado da história humana. A História está sujeita aos acidentes, às perturbações e, por vezes, às terríveis destruições maciças de populações e civilizações.
“O curso seguido pela história da era planetária desgarrou-se da órbita do tempo reiterativo das civilizações tradicionais, para entrar, não na via garantida do progresso, mas em uma incerteza insondável.”
            Todos os grandes acontecimentos do século foram inesperados, ninguém pode predizer o amanhã. Assim, a consciência da História não só nos mostra como o destino humano é determinado e aleatório, como também que devemos nos abrir à incerteza do futuro, nos preparando para o nosso mundo incerto e aguardando o inesperado.

Os três viáticos.
·                    A ecologia da ação – seu primeiro princípio consiste em quando uma ação é iniciada, ela pode ter um resultado contrário ao que se esperava, devido às interações e retroações do meio em que é realizada, sendo desviada de seus fins; o segundo princípio diz que os resultados ou consequências últimas da ação são imprevisíveis;
·                    A estratégia – opõe-se ao programa (determinadas ações com um objetivo) mesmo contendo elementos programados. O programa funciona quando as condições externas são estáveis, determinadas com segurança, do contrário, a execução do programa é interrompida. A estratégia é semelhante ao programa, pois tem um objetivo, porém procura reunir sem cessar as informações colhidas e os acasos encontrados durante o percurso;
·                    O desafio – uma estratégia traz em si a consciência da incerteza que vai enfrentar, por isso mesmo, integra a incerteza à fé ou à esperança fazendo uma aposta. Deve estar plenamente consciente da aposta, para não cair em uma falsa certeza. Ela diz respeito aos envolvimentos fundamentais de nossas vidas.
“Todo o nosso ensino tende para o programa, ao passo que a vida exige estratégia e, se possível, serendipidade e arte.” 
Capítulo 6.  A APRENDIZAGEM CIDADÃ
            O cidadão, em uma democracia, é definido por sua solidariedade, e responsabilidade em relação a sua pátria, fixando sua identidade nacional. Ele conta com a contribuição da educação para sua autoformação (ensinar a assumir a condição humana, ensinar a viver) e ensinar como se tornar cidadão.
            Morin aborda o problema das questões capitais essenciais que não são respondidas em nenhum programa ou manual, mas deveriam ser obrigatoriamente tratadas.
            O Estado-Nação é uma realidade pouco compreendida e pensada que dominou o planeta. O Estado-Nação completo é um serão mesmo tempo territorial, político, cultural, histórico, místico, religioso. É uma sociedade territorialmente organizada, complexa em sua dupla natureza, onde se opõe e associa a noção de “comunidade” (gemeineschaft) e “sociedade” (gesellschaft). A nação é uma sociedade, em suas relações e interesses, competições, rivalidades, ambições, conflitos sociais e políticos. Mas é, igualmente, uma comunidade de identidade, de atitudes e de reações ante o estrangeiro e, sobretudo, ante o inimigo.
            A Comunidade de Destino torna-se presente devido à própria identificação com o passado, pois tem caráter cultural/histórico. É cultural por seus valores, usos e costumes, normas e crenças comuns; é histórica pelas transformações e provações sofridas ao longo do tempo. Esse destino comum, transmitido de geração a geração pela família, e depois pela escola, que integra o passado nacional às mentes infantis. A comunidade de destino é mais profunda quando selada por uma fraternidade mitológica.
            A relação matripatriótica com o Estado-Nação desperta o sentimento de fraternidade mística dos “filhos da pátria”.
A mitologia matripatriótica suscita uma verdadeira religião do Estado-Nação, que inclui cerimônias de exaltação, objetos sagrados (bandeira, monumento aos mortos), o culto de adoração à Mãe-Pátria, os cultos personalizados aos heróis e mártires. Como toda religião, ela se alimenta do amor, que é capaz de inspirar fanatismo e ódio.
            O mito não é a superestrutura da nação: é o que gera a solidariedade e a comunidade, e numa sociedade complexa, é o antídoto contra a pulverização individual e a destruidora deflagração de conflitos. Hoje podemos conceber ao mesmo tempo:
1.                  Uma comunidade de destino, no sentido de que todos os humanos estão sujeitos às mesmas transformações, catástrofes, problemas e perigos, e sobretudo, a ameaça mundial polimorfa que retoma e produz a aliança entre duas desumanidades: de destruição e morte, que vem do fundo das eras, e a desumanidade anônima e fria do mundo técnico-econômico.
2.                  Uma identidade humana comum: o Homo sapiens tem uma identidade comum a todos os seus representantes independente das inúmeras diferenças (genes, comunidades, ritos, mitos, ideias), pertence a uma unidade genética de espécie que os tornam fecundos independente da raça, essa unidade genética prolonga-se em unidade morfológica, anatômica , psicológica; a unidade cerebral manifesta-se na organização singular de seu cérebro, tornando-o diferente dos outros primatas.
3.                  Uma comunidade de origem terrestre, a partir de nossa ascendência e identidade antropoide, mamífera, vertebrada, que nos torna filhos da vida e filhos da Terra.
A consciência e o sentimento de pertencermos à Terra e de nossa identidade terrena são vitais atualmente. A progressão e o enraizamento  desta consciência de pertencer a nossa pátria terrena é que permitirão o desenvolvimento, por múltiplos canais e em diversas regiões do globo, de um sentimento de religação e intersolidariedade, imprescindível para civilizar as relações humanas.
Somos verdadeiros cidadãos quando nos sentimos solidários e responsáveis. Solidariedade e responsabilidade vem de um profundo sentimento de filiação, sentimento matripatriótico que deveria ser cultivado sobre todo o planeta. 
Capítulo 7 . OS TRÊS GRAUS
Morin expõe, muito resumidamente, como dividir as finalidades mencionadas nos capítulos anteriores, para os três graus de ensino.
No Ensino Primário, destaca-se a importância de partir das interrogações primeiras, sem destruir as curiosidades naturais ao despertar de toda consciência, sendo um programa interrogativo que partisse do ser humano. Assim, se descobriria sua dupla natureza, a biológica e a cultural. A partir deste ponto, será discernido o aspecto físico e químico da organização biológica e a inserção do ser humano no cosmo pelas ciências físicas, também seriam descobertas as dimensões psicológicas, sociais, históricas da realidade humana.
Desde o início, ciências e disciplinas estariam ramificadas umas às outras, e o ensino poderia ser o veículo entre os conhecimentos parciais e o conhecimento global (planetário e contextualizado). Inicia-se um percurso que ligaria a indagação sobre a condição humana à indagação sobre o mundo. Para Morin, à medida que as matérias são diferenciadas e ganham autonomia, é preciso aprender a conhecer, isto é, a separar e unir, analisar e sintetizar, ao mesmo tempo. Assim, sendo possível aprender a considerar as coisas e as causas para formar uma consciência capaz de enfrentar complexidades.
A aprendizagem da vida será realizada por duas vias: a interna, que passa pelo exame de si, a auto-análise e a auto-crítica; e a externa, que seria a introdução ao conhecimento das mídias. O ensino da língua, da ortografia, da história, do cálculo seria totalmente mantido ao longo do primeiro grau.
No Ensino Secundário, seria o momento da aprendizagem do diálogo estabelecido entre a cultura das humanidades e cultura científica, levando a uma reflexão s obre as conquistas e o futuro da s ciências, e considerando a Literatura como escola e experiência de vida. A História deveria desempenhar um papel chave, desenvolvendo um conhecimento que aprenda as características multidimensionais ou complexas das realidades humanas. Os professores deveriam fazer uso de guias de orientação em substituição aos programas, para situar as disciplinas em seus novos contextos: o Universo, a Terra, a vida, o humano.
O ensino das humanidades deve ser otimizado, pois as humanidades introduzem, ao mesmo tempo, à condição humana e ao aprender a viver. A Filosofia deveria ter a reflexão sobre o conhecimento científico e não científico, e sobre o papel da tecnociência, maximizado em nossas sociedades. Os professores, tem por dever educar-se sobre o mundo e a cultura dos adolescentes.
A Universidade é conservadora, regeneradora e geradora. Tem uma missão e uma função transeculares, que vão do passado ao futuro, passando pelo presente; conservou uma missão transnacional, apesar da tendência ao fechamento nacionalista das nações modernas. Dispõe de uma autonomia que lhe permite executar essa missão.
A dupla função da Universidade é adaptar-se à modernidade científica e integrá-la; responder às necessidades fundamentais de formação, mas também, e  sobretudo, fornecer um ensino metaprofissional, metatécnico, isto é, uma cultura.
A Universidade convoca a sociedade a adotar sua mensagem e suas normas. Ela deve, ao mesmo tempo, adaptar-se às necessidades da sociedade contemporânea e realizar sua missão transscular de conservação, transmissão e enriquecimento de um patrimônio cultural, sem o que não passaríamos de máquinas de produção e consumo.
A reforma de pensamento exige a reforma da Universidade. Essa reforma incluiria uma reorganização geral para a instauração de faculdades, departamentos ou institutos destinados às ciências que já realizaram uma união multidisciplinar e em torno de um núcleo organizador s 

Capitulo 08. A REFORMA DO PENSAMENTO.
            “O Iluminismo depende da educação e a educação depende do iluminismo”(Kant). Depois de citar Knat Morin  recorda o segundo e terceiro principio do “Discurso sobre o Método” que em  resumo é dividir cada uma das dificuldades e examinar cada parcela quanto possível a fim de resolvê-las e conduzir o pensamento por ordem começando com o assunto mais simples e fácil, como um degrau, até o assunto mais difícil.  Afirma que no segundo encontra o principio de separação e no terceiro, o principio de redução que vão reger a consciência cientifica (p.87).
            No principio de redução comporta  duas ramificações: a redução do conhecimento do todo ao conhecimento adicional de seus elementos. Hoje se admite  cada vez mais a ideia de Pascal, embora se admita uma concepção sistemática que  o todo não é redutível às partes. Na segunda ramificação  do principio da redução tende a limitar o conhecimento no plano do que é mensurável, quantitativo, etc. conforme Galileu que afirma: “os fenômenos só devem ser descritos com ajuda de quantidades mensuráveis”. Condenando qualquer conceito a uma medida, logo nem o ser, nem a existência e nem o sujeito podem ser medido por uma expressão matemática. Hoje esses princípios revelam  suas limitações e é preciso recorrer ao principio de  Pascal: “como todas as coisas são causadas e causadoras, ajudadas e ajudadoras, mediatas e imediatas e são sustentadas por um elo natural e imperceptível, que liga as mais distantes e as mais diferentes, considero  impossível  conhecer as partes sem conhecer o todo, tanto quanto conhecer o todo sem conhecer as partes.
            É necessário que se compreenda:
ü  O conhecimento das partes depende do conhecimento do todo e o conhecimento do todo depende do conhecimento das partes;
ü  Que se reconheça e se examine os fenômenos multidimencionais, em vez de isolar cada uma de suas dimensões (p.88);
ü  Que reconheça e trate as realidades que são concomitantementes solidáris e conflituosas;
ü  Que respeite as diferenças, enquanto reconhece a unicidade..

           É preciso substituir um pensamento que isola e separa por um pensamento que distingue e une. A reforma do pensamento não partiria do zero, mas tem seus antecedentes na cultura das humanidades, na literatura, na filosofia e preparada nas ciências (p.89).
Morin discorre como af Ciências, a literatura e a filosofia se desenvolveram e como cada uma pode contribuir para a reforma do pensamento (p. 89-92).

A reforma em todos os níveis. A exigida reforma do pensamento vai gerar um pensamento do contexto e do complexo.  Vai gerar um pensamento que liga e enfrenta incerteza.
O pensamento que une substituirá aquele que é causal linear pelo causal em circulo e mutilinear, corrigirá a rigidez da lógica clássica  pelo diálogo capaz de conceder noção ao mesmo tempo complementares e antagônicos, e completará conhecimento da interação  das partes em um todo, pelo reconhecimento da interação do  todo na interior das partes.  Ligará a explicação à compreensão em todos os fenômenos humanos.  A explicação é necessária para compreensão intelectual ou objetiva, mas é insuficiente para a compreensão humana. Compreensão é sempre intersubjetiva, necessita de abertura e generosidade (p.93).

Os sete princípios. Do pensamento que une podemos
1.                  O principio sistêmico ou organizacional:  que liga conhecimento das Prates ao conhecimento do todo. Como  Pascal  afirma ser necessário conhecer as partes para conhecer o todo e vise-versa. A ideia sistêmica, oposta à reducionista, é que “o todo é mais do que a soma das partes”.  Porque a organização de um todo produz qualidade ou propriedades novas, em relação às partes  consideradas isoladamente: as emergências.
2.                  O principio hologrânico. Não apenas a parte esta no todo, como o todo está inserido na parte.
3.                  O principio do circulo retroativo.  A causa age sobre o efeito e o efeito age sobre a causa, rompendo com a causa linear (p.94).
4.                  Principio do circuito recursivo.  É um circuito gerador em que os produtos e os efeitos são, eles mesmos, produtores e causadores daquilo que os produz. Como exemplo cita o principio da sociologia o individuo humanos  pela sua ação produz a sociedade,   mas a sociedade pela sua ação produz a humanidade desses indivíduos.
5.                  Principio  da autonomia/dependência (auto-organização). Os seres vivos são auto organizadores, que não param de auto produzir e por isso depende de energia para auto se produzir. Este principio de auto-ecoorganização é valida também para os homens(p.9).
6.                  O principio dialógico.  Este une dois princípios ou noções que deveriam se repelir reciprocamente, mas são indissociáveis.  Onde sob diversas formas deve haver dialógica entre as partes concordantes  ou conflitantes. Exemplifica  citando quando consideramos espécie e sociedade, o individuo desaparece e quando consideramos o individuo a espécie e a sociedade desaparece.  O pensamento deve assumir dialogicamente os dois termos, que tende a excluir um ao outro (p.96).
7.                  O principio da reintrodução do conhecimento em todo o conhecimento. Este princípio opera a restauração do sujeito e revela o problema cognitivo central:  da percepção à teoria  cientifica, todo conhecimento é um reconstrução/tradução feita por uma mente/cérebro, em  uma cultura e época determinada.

            Segundo Morin, a reforma do pensamento e de natureza não programática, mas paradigmática, porque concorre à nossa aptidão para organizar o conhecimento (p.96). esta aptidão é essencial é que permitiria a adequação  à finalidade da cabeça bem feita, isto é permitira o pleno uso da inteligência.
            Na concepção de Morin o humanismo seria regenerado. Afirma que o humanismo  europeu não tem como únicas fontes, a herança ateniense ( a soberania dos cidadãos sobre a cidade), e a herança judaico-cristã ( o homem à imagem de Deus, Deus que adquire a carne e a forma humana). Mas que recebeu a influencia de quatro descobertas oriundas da ciência, que situa o ser humano no mundo destruindo qualquer antropocentrismo: Copérnico que retira do homem o privilegio de ser o centro do universo; Darwin que o torna descendente antropoide, e não criatura a imagem de Deus;  Freud que descentraliza o espírito humano e  Huble que nos exila nas periferia mais afastada do cosmo.  Tornando o  humanismo, essencialmente, o portador da solidariedade entre os homens.  Para Morim o humanismos seria capaz de se desdobrar em uma ética de união e da solidariedade entre os humanos. Um pensamento capaz de não fechar no local e no particular, mas de conceber os conjuntos. Estaria apto a favorecer o senso de responsabilidade e o da cidadania.  A reforma de pensamento teria, pois, consequência existencial, ética e cívica. ( p. 97).  : 

Capitulo 09. PARA  ALÉM DA CONTRADIÇÕES.
            Morin neste capitulo situa a problemática da educação  atual onde  tendem a ser reduzido  a termos de quantidades: mais creditos, mais  ensinamentos, menos rigidez, menso matérias programadas, menos carga horária. Afirma ser tudo necessário, mas afirma ser necessário respeitar o “optimum” ( o melhor) demográfico da sala para que o professor possa conhecer melhor os alunos na sua singularidade. Reformar a organização do sistema sozinha seria apenas medidas  que não passa de reformazinhas que camuflam, seria necessário mesmo a reforma do pensamento.  Seque reforçando sua opinião de que  “não se pode reformar a instituição sem uma prévia reforma das mentes, mas não se podem reformar as mentes sem uma prévia reforma das instituições”.  Segundo Morin há resistências inacreditáveis a essa reforma; a imensa maquina educacional, inflexível, fechada e burocrática. O professores fechados em  hábitos e autonomias disciplinares (p.99). O próprio pensamento  fechado em seu modelo da especialização, um conhecimento para além de suas especializações parece ser insensata.    Bloqueio em reformar as mentes para reformar a instituição  aumenta a medida acrescenta a relação sociedade e a escola que é de holograma e recorrência. Ou seja, a escola em sua singularidade possui a presença da sociedade como um todo. Morim já havia dito no capitulo 07 a relação entre escola e sociedade como um circuito (p.100) uma produz a outra – qualquer intervenção que modifique  um de seus termos tende a provocar uma modificação na outra.  A reforma para Morin deve ser periférica, marginal,  pela minoria,  as vezes incompreensiva e perseguida.  Depois a ideia é disseminada e quando de difunde torna-se uma força atuante.
            A missão. “Quem educará os educadores?” Morin afirma que serão aqueles que estão imbuídos  e animados pela fé  na necessidade de reformar o pensamento e de regenerar o ensino. São os educadores que já tem, no intimo, o sentido de sua missão. Para Morin,  educar deve tornar a ser uma missão.  Que é mais que profissão e função.  O caráter profissional e funcional reduz o professor a funcionário e especialista e deve voltar a ter um caráter de  saúde publica:  uma missão.  Que deve assumir um caráter platônico de Eros: desejo, prazer e amor (p.101) pelo conhecimento e amor  e pelos alunos. Morin propõe certo tipo de missão que envolve ao mesmo tempo, arte, Fe e amor. Eros + missão + Fe constitui o circulo recorrente da trindade laica, onde cada um dos termos alimenta o outro.
Morim apresenta cinco pontos essências da missão de ensinar que envolve  o ensino da condição humana no mundo;  aprender a viver preparando as mentes para as incertezas da vida; uma educação cidadã de amor a pátria  que foram discutidas nos capítulos anteriores (p.102).
            Reencontro as missões. A cinco finalidade supra citadas estão ligadas entre si e devem alimentar umas as outras tendo em vida a cabeça bem feita como aptidão para organizar o conhecimento e reformar o ensino. No caso da França, Morin propõe uma reforma  inseparável da regeneração cultural e inseparável de uma regeneração da laicidade. A   laicidade originaria do Renascimento que problematiza e  interroga, o mundo, a natureza, a vida, Deus; e que dá vida a cultura europeia moderna não é suficiente para hoje, pois é preciso problema o progresso, a ciência, a técnica e a razão.  Propõe uma nova laicidade que criasse condições para um novo renascimento. Morim apresenta o pensamento como uma necessidade democrática fundamental que forme cidadão capazes de  enfrentar  os problemas  desta época reprimindo os formadores de opinião  na política, os experts, a expansão da autoridade que reprime a competência dos cidadãos.  Esta democracia cognitiva só é possível com uma organização do saber.
            A reforma do pensamento é uma necessidade histórica fundamental, pois hoje há dois tipos de pensamentos fechados:
1.  O pensamento fechado da tecnociência burocrática que corta como fatia o salame o complexo tecido do real;
2.  O pensamento fechado voltado para a etnia ou a nação, que recorta como “um quebra-cabeça” (puzzle) o tecido da terra-pátria.
A necessidade emergente de intelectuais rearmados que comessem a pensar a complexidade da agonia/nascimento neste entre dois milênios  e tentar pensar os problemas da humanidade na era planetária(p.104).  

ANEXO 1
            Para Edgar Morin a disciplina é uma  categoria organizadora dentro do conhecimento científico, ela institui a divisão e a especialização do trabalho  e responde a diversidade de áreas que as ciência abrangem.  Sua constituição é histórica a medida que a ciência foi desenvolvendo suas teorias dos saberes. A organização disciplinar foi instituída no sec. XIX nas universidades  modernas e no sec. XX com os impulsos dados pelas pesquisas cientificas (p.105).
            Virtude da especialização e risco da hiperespecialização.  A fecundidade das disciplinas na historia produziu meios sem o qual seria intangível; proporcionando meios para o estudo científico. O objeto da disciplina será percebido como uma coisa auto- suficiente; não havendo ligação e solidariedade de objeto com outro objeto estudado de outra disciplina. A fronteira disciplina, sua linguagem e eu conceitos próprios vão isolar a disciplina em relação as outras e em relação aos problemas que se sobrepõem as disciplinas.   A mentalidade hiperdisciplinar torna a propriedade que proíbe qualquer incursão de pensamento em seu objeto de  estudo, assim aquele que se aventura a entrar no seu domínio das ideias  que o especialista
            O olhar  extradisciplinar.  Morin afirma que o olhar para dentro da disciplina para resolver uma problema  não pode ser ingênuo, pois o obstáculo que a própria teoria existente levantara tornara a visão impossível(p.106). Cita  Proust: “ Uma verdadeira viagem de descobrimento não é encontrar novas ter um olhar novo”. E Jacques Labeyrie que sugeriu o teoroema:  “quando não se encontra solução em uma disciplina, a solução vem de fora da disciplina” .
            Invasões e migrações interdisciplinares.  Aqui Morin  afirma que a historia das ciências não restringe  à da constituição e proliferação das disciplinas, mas abrange, ao mesmo tempo, a da rupturas entre as fronteiras disciplinares, da invasão de um problema de uma disciplina  por outra, de circulação de conceitos, de formação de disciplina hibridas que acabam tornando-se autônomas, enfim, é a historia da formação dos complexos onde diferentes disciplinas vão ser agregadas e aglutinadas (p.107).
            Migração.  Que há migração de informação cruzando as fronteiras de forma não formal.  Contrariando a ideia de que uma noção pertence apenas ao campo disciplinar em que nasceu, algumas noções migradoras fecundam um novo terreno, onde vão enraizar-se, ainda que a custa de um contra senso.  B. Mandelbrot afirma que o contra-senso é a maior ferramenta da ciência manejado por um pesquisador de talento (p.108). para Morin  o mais importante não é a transposição de  esquema cognitivo de uma disciplina para outra, mas as interações entre os teóricos; como exemplo cita  Lévi-Straus e R. Jakobson para formar a antropologia estrutural. Os grandes acontecimentos históricos (p.e. 2ª.  Gerra Mundial)  são poderoso antídoto contra o fechamento e o imobilismo das disciplinas .
            Objetos e projetos inter-poli-trnsdiciplinares.  Fala da constituição de um objeto  e de um projeto pode ser ao mesmo tempo interdisciplinar e transdisciplinar,  assim permite o intercambio, a cooperação, a policompetência (p.110).
            Os esquemas cognitivos reorganizadores.  Morin  cita a ciência ecológica como constituída sobre um objeto e um projeto multi e interdisciplinar unido nicho ecológico com ecossistema conseguir articular conhecimentos  diversos (geográfico, geológicos, bacteriológicos, zoológico e botânicos).  Cita Hansom  que chamou de ‘reprodução’ quando há ruptura de fechamento de disciplinas, de avanço ou de transformações de disciplinas pela constituiçao de um novo esquema cognitivo, mas . também,  há caso bem fecundos de hibridação (p.112); como o ocorrido entre os engenheiros  e matemáticos  ocorridos nos ano 40 e 50, inaugurada por  Churk-Turing,   para criação de maquinas autogovernadas, como Wiener chamou de cibernética, integrando a teoria da informação concebida por Shannon e Weave para a companhia de telefonia Bell. Esse corpo ciência (engenharia e matemática)  uniram para criar o novo reino da informática da inteligência artificial.  Sua irradiação atingiu todas as ciências, naturais e sociais.
            Para além das disciplinas. Para Morin estes poucos exemplos são clara demonstração que quando se rompe os isolamentos das disciplinas o quanto se pode progredir as ciências. Seja pela circulação de conceitos ou pela invasão de interferências,  seja pela complexificação de disciplina, seja pela exigências de novos esquemas cognitivo  (p.112).   Para Morin as disciplinas, só serão plenamente justificáveis se reconhecerem e conserve a visão da  existência de ligações  e das solidariedades. E só serão plenamente justificáveis se não ocultarem realidades globais.  Igualmente necessária se estabeleça  a interdependência de ‘facto’ das diversas ciências (p.113). 
            O problema paradigma. O paradigma impera sobre as mentes porque institui os conceitos soberanos e sua relação lógica (disjunção, conjunção, implicação),  que governa, ocultamente, as concepções e as teorias cientificas, realizadas sob seu império.   Afurna que a missão da ciência não é mais afastar a desordem de suas teorias, mas estudá-las. Não é abolir a ideia de organização, mas concebê-las e introduzi-la para englobar disciplinas parciais (p.114).
            Ecodisciplinar e metadisciplinar.  Os termos interdisciplinar, multidisciplinar e polidisciplinar são difíceis de definir, pois são polissênicos e imprecisos.  A inter pode significar troca e cooperação que faz com que a interdisciplinaridade  possa ser alguma coisa orgânica.  A multi  constitui-se em uma associação de disciplinas, por conta de um projeto  ou de um objeto que lhe sejam comum.  A trans  já é um esquema de cognitivo que podem atravessar as disciplinas, as vezes com tal virulência, que a deixam em transe. Para Morin são os complexos de inter-multi-trans-disciplinaridade  que realiza e desempenham um fecundo papel  na historia das ciências. Deve-se ecologizar  as disciplinas,isto é levar em conta tudo que lhe é contextual, inclusive as questões culturais e sociais (p. 115).  As muitas disciplinas e saberes parciais nos serve para formar uma configuração que responda aos nossos expectativas,  desejos, nossas interações  cognitivas.  O que está alem das disciplinas é necessário à disciplina. Finaliza citando Pascal come se tivesse nos ensinando a respeito de um conhecimento em  movimento de vai e vem  em sua teoria: “Uma vez que todas as coisas são causadas e causadoras, ajudadas e ajudantes, mediatas e imediatas, e todas estão presas por um elo natural e imperceptível, que liga as mais distantes e as mais diferentes, considero impossível conhecer as partes sem conhecer o todo, tanto quanto conhecer o todo sem conhecer, particularmente, as partes” (p. 116).

ANEXO 2.  A NOÇAO DE SUJEITO.
z\A noção de sujeito par Moin parece  ambígua. Pergunta ele: Será uma aparência secundara ou uma realidade fundamental?  Cita o exemplo de Moises e Deus no Sinai onde Deus afirma: “Eu sou aquilo que é”, significando de o Deus de Moises é a subjetividade absoluta (p.117). Considerando a sociedade de forma determinista, então o sujeito desaparece. Conforme duas maneiras que olhamos de forma reflexiva e compreensiva,  de modo determinista e  científica; o sujeito aparece na reflexão de si mesmo e de modo de conhecimento intersubjetivo, de sujeito a sujeito que chama de compreensão. Desparece quanto de modo determinista, reducionista sobre o homem e sociedade.  O sujeito foi expulso da psicologia, expulso da historia e expulso da sociologia e pode se dizer (citando Altusser, Lacan, Lévi-Strauss) que houve desejo de liquidar o sujeito humano.    
Propõe uma definição do sujeito com base biológica e não afetiva.
Com base na ‘autonomia inseparável da ideia de auto - organizaçâo.  Não uma autonomia absoluta, mas dependente do meio ambiente, seja biológico, cultural e social. A autonomia não é possível em termos absolutos, mas em termos relacionais e reativos. A noção de indivíduo não é absolutamente fixa e estável (p.118)..
            1).  Conceito de autonomia do individuo. Como sabemos houve duas tendências contrárias na história do pensamento biológico: numa delas vemos o indivíduo (realidade física)  e não a espécie na outra vemos a espécie (como amostra efêmera) e não o individuo.  O individuo produz seu próprio ciclo biológico ao se reproduzir,  e assim é produto e produtor ao mesmo temp.  na sociedade as interações entre os indivíduos produzem a sociedade e a sociedade com sua cultura e normas retroagem sobre o individuo e produz um ser cultural.
 O sujeito para Morin.  a dimensão cognitiva é indispensável à vida (p.119).  cada sujeito é formando biologicamente de forma singular com suas constituições físicas e psíquicas e assumo o controle  de seu mundo em sua defesa e desafios. Logo sua primeira definição é egocentrismos. Assume seu ‘eu’, mas ninguém assume por vecê (p.118).  O Eu permite qualquer tratamento objetivo sobre si mesmo (p.120).  Permite ver o eu objetivo e o eu subjetivo.  Este princípio permite referir-se a si mesmo (auto-referência) e ao mundo externo (exo – referencia). A auto-exo-refefencia significa que posso distinguir entre  eu e o não eu.
            2). O segundo princípio de identidade inseparável é que ‘eu’ continua o que sou a despeito das modificações internas do ‘eu’ (mudança de caráter, de humor), do “si mesmo” (modificações físicas devidas à idade). Ao dizer ‘eu  era criança’ ou ‘eu  estava irado’ sempre se tratará da mesma pessoa.  Aí está o segundo princípio de identidade, esta permanência da auto-referência, apesar das transformações e através das transformações (p.121).
            3).  O princípio de exclusão.  O princípio de exclusão pode ser assim enunciado: se pouco importa quem possa dizer “Eu”, ninguém pode dizê-lo em meu lugar. Portanto o “Eu” é único para cada um. Ex. Os gêmeos onde cada um assume a sua identidade.
            4). O princípio de inclusão é, ao mesmo tempo, complementar e antagônico. eu posso incluir meu “Eu” em um “nós”: posso introduzir, em minha subjetividade e minhas finalidades. Evidentemente, existe antagonismo entre inclusão e exclusão. Temos  todos,  em nós, este duplo princípio que pode ser diferentemente modulado, distribuído; ou seja, o sujeito oscila entre o egocentrismo absoluto e a devoção absoluta (p.122).
            Para Morin existe uma dualidade implícita – em seu ego, o sujeito é potencialmente outro, sendo, ao mesmo tempo, ele mesmo. ‘É porque o sujeito traz em si mesmo a alteridade que ele pode comunicar-se com outrem’ (porque se originou pelo  encontro de dois seres de sexos diferentes, na maioria dos seres vivos),  por isso  ele traz em si a atração por um outro ego. ‘Tanto pode se comunicar com outro ego, ‘ego alter’,  como consigo mesmo, ‘ allter ego’, comungando consigo mesmo.  Morin afirma que a qualidade do sujeito não esta reduzida ao egoísmo, mas permite a comunicação e o altruísmo’ (p.123). Para exemplificar a constituição mental do homem, Morin cita MacLean sobre o cérebro do ser humano. Segundo Maclena o cérebro humano e triuno assim como a Trindade; as instancias são:
ü  É paleocéfalo, que é a sede de nossos impulsos mais elementares: a agressividade, o cio;
ü  Possuímos um cérebro mamífero, com o sistema límbico, que permite o desenvolvimento da afetividade;
ü  Temos  o córtex e, sobretudo, o neocórtex, que desenvolveu incrivelmente o cérebro do Homo sapiens e é a sede das operações da racionalidade. 
Temos, portanto, essas três instâncias que em função dessa constituição cerebral há uma inter-relação  entre as instâncias  que irão formar o caráter do sujeito.        Depois de dissertar a concepção e a origem do ‘eu’ e ‘Eu’  que dá origem a alma. Da alma ele afirma:  “alma”, o “espírito” são maneiras de nomear, de representar a interioridade subjetiva em termos que designam uma realidade objetiva específica”.  Para nós a  alma  não está estritamente limitada ao “Eu” e ao “eu”, mas, justamente nesta dialética entre o “Eu” e o “eu”, assume a forma de alma e de espírito, e ressurge com o que chamamos de a “consciência” (p.125).
A consciência para Morin. “é a emergência última da qualidade do sujeito. É uma emergência reflexiva, que permite o retorno da mente a si mesma, em circuito. A consciência é a qualida-de humana última  (...) a mais preciosa, pois o que é último é, ao mesmo tempo, o que há de melhor e de mais frágil. E, de fato, a  consciência é extremamente frágil e, em sua fragilidade, pode enganar-se muitas vezes.
 A afetividade. A afetividade para Morin está ligada a subjetividade e ligada a ideia de sujeito, mas não é qualidade originaria do sujeito.  A subjetividade não é redutível à afetividade de que ela constitui tanto  quanto não é redutível à consciência.
Sujeito e liberdade.  A liberdade é ao mesmo tempo a capacidade cerebral e intelectual de conceber e fazer escolhas e a possibilidade de operar essas escolhas no dentro do meio exterior.
Principio de incerteza.  Mesmo dispondo da capacidade de escolher quando ‘Eu falo’, quem é que fala? O  ‘eu’ ,  um ‘nos’ coletivo ou um ‘isso’ (uma maquina autônoma dentro de mim). Dando a ilusão de que fala por mim.  Logo  o discurso que faço é pessoal e autônomo, até que ponto ou é apenas repetição de algo impresso dentro de mim. Há dois dogmas em oposição:  o sujeito oscila entre o  tudo  e o nada.  Para mim  o sujeito é tudo, para o universo o sujeito é nada onde sujeito oscila entre o egoísmo e o altruísmo.
As relações intersubjetivas na sociedade. Morin considera a mais importante a mais rica e ardorosa (p.127). Considera fundamental as relações intersubjetivas de interações  no meio da sociedade que tese a própria vida.  A sociedade não esta entregue ao determinismo material, mas  ela é um mecanismo de confronto/cooperação entre individuo sujeito, entre o ‘nos’ e o ‘eu’.
            Edgar Morin finaliza dizendo que “o sujeito não é uma essência, não é uma substância, mas não é uma ilusão. É preciso conceber o sujeito como aquele que dá unidade e invariância a uma pluralidade de personagens, de caracteres, de potencialidades”.
O reconhecimento do sujeito, segundo Morin, “exige uma   reorganização conceptual que rompa com o princípio determinista clássico, tal como ainda é utilizado nas ciências humanas, notadamente, sociológicas. No mundo filosófico, ao contrário, o sujeito torna-se  trans-cendental, escapa à experiência, vem do puro intelecto e não pode ser concebido em suas dependências, em suas fraquezas, em suas incertezas. Em ambos os casos, suas  ambivalências, suas contradições não podem ser pensadas nem sua centralidade e sua insuficiência, seu sentido e sua insignificância, seu caráter de tudo e nada a um só tempo. Precisamos, portanto, de uma concepção complexa do sujeito” (p.128).
  
FONTES BIBLIOGRAFICS

MORIN, Edgar. A cabeça bem feita: repensar a reforma,  repensar o pensamento (Trad. Eloá    Jacobina. 7ª.             Edição. Rio de Janeiro, Bernard Brasil, 2002. 128

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