EVANGELHOS APÓCRIFOS: O QUE SÃO?
Por José Maria V. Rodrigues
(Bacharel em Teologia)
O que é?.
E quais foram os evangelhos apócrifos e porque não foram incluídos no
cânon do Segundo Testamento?
Definição:
““ apócrifo vem do grego “apokrufe”, “oculto”; “secreto”, “misterioso”. Termo
aplicado a certos livros que são tidos como sagrados, mas cuja validade é
negada por muitos. Pode se dizer que foram livros que tiveram canonicidade
temporária e local. Que haviam aceitado por um numero de cristão por algum
tempo limitado, mas nunca tiveram reconhecimento amplo e permanente..
Muitos
motivos variados estão por detrás da produção dessas obras posteriores (aos dos apóstolos), muitos das quais escritas em nome
de um dos apóstolos ou de alguns outros cristãos primitivos bem conhecidos.
Na
antiga igreja crista o termo era usado para designar livros de autoria incerta,
escritos sob pseudônimos, aqueles de validade canônica dúbia. “Visto que a
maioria dos livros apócrifos não lidos na igreja embora muitos deles foram
aceitáveis para leitura individual”. A palavra
chegou a ser definida como “espúrio”, “herético”, mas no séc. V passou a designar os livros “
não-canonicos”
O
grande número de obras apócrifas se deve ao fato de que a pessoa de Cristo
mostrou-se impactante e é natural que despertasse a imaginação e interesse de
muitos homens que produziram escritos após a era apostólica. Muitos desses
escritos foram produzidos para preencher o espaço histórico da vida de Jesus
que não foram narrados nos evangelhos pelos autores sagrados. Desta forma,
apareceram muitos evangelhos que “supostamente” nos dão detalhes dos períodos
de vida de Jesus que não conhecemos[1]".
Existem
os evangelhos “pseudepigrafos” ou
“escritos falso”. “Eusébio os
chamou de livros totalmente absurdos e ímpios[2]”.
Eles nunca fizeram parte de nenhum cânon, nenhum concilio declarou que um
desses livros seria canônico. Os pais da igreja também não os utilizavam. Seu
conteúdo de ensino é herético, “eivado”
de interesse gnóstico, docéticos e ascéticos[3]”.
Geralmente estes livros estão ligados a
alguma seita herética e de conotação cristã do primeiro séculos do
cristianismo.
Evangelho
segundo os hebreus: “(70-100 d.C.).
Provavelmente seja o
evangelho não-canônico mais antigo que existe. Pouquíssima semelhança com o
Evangelho de Mateus. Em alguns aspectos é muito mais pseudepigráfica do que
apócrifo. Provável mente os pais da igreja
o usavam mais como fonte homilética; e não como livro bíblico canônico[4]”.
“Era bem conhecido de alguns pais da igreja com Clemente de Alexandria,
Orígenes , Hegésipo, Eusébio e Jerônimo.
Apesar desses evangelhos parecer terem algum valor nunca foi admitido em nenhum cânon da igreja”.
Evangelho
dos egípcios: “(130-150 d.C.)
É
uma espécie de dialogo ascético entre Cristo e Salomé. Foi usado por alguns
gnósticos para repudiar as relações sexuais. Clemente de Alexandria fez algumas
citações ao mesmo em “Stromateis””.
Evangelho
de Tomé: “(100)
O
evangelho de Tomé é o único
evangelho apócrifo completo descoberto
até o momento. Uma copia desse evangelho foi achada entre os mss descobertos em Nag-Hammadi. As 114 logia ou declarações atribuídas a Jesus
supostamente escrito pelo apostolo Tomé, podem ter sido emprestada de outros
evangelhos ou fontes desconhecidas.
“Este documento é importante testemunho do desenvolvimento da cristologia
gnóstica”.
Evangelho
de Pedro: “(inicio sec.II)
“Contem
elementos gnósticos e implicações docéticas. Reduz a culpa de Pilatos e aumenta
a culpa de Herodes e dos judeus – possivelmente uma concessão ao governo romano
dominante.”
Evangelho
de Nicodemos: “(séc.II ao V)
“Produzido
por um autor piedoso que salienta a deidade de Cristo, a apresenta algumas declarações
vividas, possivelmente forjadas, usando os evangelhos canônicos como base, além
do chamado Atos de Pilatos”. Narra uma “colorida descida ao inferno” que “copia
idéias gregas do submundo”. Exalta a “santidade de Pilatos”.
Evangelho
da infância- “Proto-evangelho de Tiago (II a.)
“Foi
escrito em defesa de certas teorias a respeito da virgindade perpetua de Maria
e narra muitas historias fabulosas da vida de Maria”.
Evangelho
de Tomé – “sobre a infância de Jesus.
Contém
narrativas fabulosas sobre Jesus na sua infância. Nas fabulas Jesus é mais um “santo executor” do que um suave
Salvador. As crianças que o ofendiam eram mortas miraculosamente e ele não se
arrependia disso. “Um espécie de Herry
Potter sem os óculos e a varinha mágica”.
“Muitos
outros evangelhos foram escritos pelos gnósticos com interesses secundários
para apoiar as suas crenças” [5].
‘Houve
outras obras gnósticas apócrifas como o apócrifo
de João, dando doutrinas secretas (gnósticas) supostamente ensinadas pelo
Senhor Jesus. Foi encontrado entre os mss. de Nag-Hammadi. Data de 180 d.C.
Apocrifon de Tiago, também encontrado no mesmo lugar. Data de 125 d. C’.
Por que não foram incluídos no cânon do Segundo Testamento?
Estes
evangelhos apócrifos não estão no Canon do Primeiro Testamento por que não
preenche os requisitos necessários para considerá-los sagrados ou inspirados
por Deus. Porque os pais da Igreja não os utilizavam e alguns nem
comentaram. Nem sequer foram indicados
como canônico em algum concilio da igreja. Tem conteúdo herético, duvidoso e de
conotação gnóstica. Tem origem duvidosa.
Bibliografia
Champlin, R.N. Encicl. de Bíblia, Teol. e Fil.. 10ª. Ed.. São Paulo: Agnus, vol. 3, 2011. pp 876-877
Geisler, Norma; Nix Willian. Introdução Bíblica. .
Trad. Oswaldo Ramos. São Paulo: Editora Vida. 2012. pp-110.112,121,122
[1] Champlin, R.N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. 10ª.
Ed.. São Paulo: Agnus, vol 3, 2011. pp 877
[2]
Geisler, Norma; Nix Willian. Introdução Biblica, Como a bíblia chegou até nós.
Trad. Oswaldo Ramos. São Paulo: Editora Vida. 2012. pp-110
[3] “Os
docéticos ensinavam a divindade de Cristo, mas negavam sua humanidade. Diziam
que ele só tinha aparência humana. Os monófitas ascéticos ensinavam que Cristo
tinha uma única natureza, uma fusão do
divino com o humano.” Geisler, Norma; Nix Willian. Ibid.,. pp-112
[4] Geisler, Norma; Nix Willian. Ibid.,. pp-121,122
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