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DESTAQUE

A ESCRAVIDÃO NA BÍBLIA.

Este texto e parte integrante  de um artigo maior postado neste blog: A TEOLOGIA PRESENTE NOS DISCURSOS DA IGREJA CATÓLICA       NO FIN...

26/01/2015

A ORIGEM DA RELIGIÃO


A ORIGEM DA RELIGIÃO
José M. V. Rodrigues

Capitulo I

Introdução
  
 “A historia da religião acompanha a historia da humanidade. Onde estiver o ser humano, ali estará, igualmente, a religião” (Champlim. Vol.5. 2011. p638).

a)     O homem é um ser religioso

“O homem tornou-se um ser supersticioso ou religioso pelo simples fato de que ele era um ser mais inteligente do que os outros” (Guyau, p.39).

Deste os primórdios da humanidade vemos os homens e as mulheres com seres religiosos, realizando algum tipo de culto. Seja para pedir bênçãos, colheitas fartas, amores felizes ou o afastamento de calamidades e doenças, seja para agradecer a vida, para louvar as belezas das coisas, para comunicar-se com o sagrado o ser humano fala à divindade e presta-lhe homenagens. (p 12). Guyau afirma que “a religiosidade humana remonta a Idade da Pedra Polida, indo mais longe desde os tempos quaternários – há talvez 250 mil anos, o homem já nutria alguma foram  superstição vaga e elementar embora não parecesse sentir por seus mortos algum respeito suficiente para cavar um sepultura e embora não tenha sido encontrados os seus fetiches”(Guyau, p.39). Historicamente a religião sofreu considerável evolução. Inicialmente ela deve se “extrair de ideias simples e vagas, acessíveis às inteligência mais primitivas. É daí que ela deve ter se elevado, por uma evolução gradual, ás concepções muito complexas e muito precisas que a caracterizam hoje em dia”(p.40).
Nos ritos mais antigos (e em alguns atuais) sacrificam seres vivos, como cordeiro, touros ou aves (antigamente como acontecias com os astecas e os celtas, seres humanos chegavam a ser sacrificados), para oferecê-los aos deuses.
            No catolicismo romano, oferece-se, no sacrifício da missa, a hóstia o vinho que é corpo de cristo transubstanciado que em toda missa é sacrificado pelos pecados das pessoas. No istã, oferece o jejum como sacrifício de purificação. Sangue de animais e outros elementos são utilizados nas cerimônias de purificação e de iniciação de muitas religiões pagãs.  Aliás, o que é paganismo?

“É  um termo “que adquire reverberações religiosas e culturais depreciativas. Um uso da palavra é aquele que declara pagãos  todos quantos não seguem as grandes fés monoteísta, o judaísmo, o islamismo e o cristianismo. “Por outro, lado os judeus podem ser considerados pagãos aos seguidores de todas as outras religiões e nisso serem secundados por islamitas e pelos cristãos” (Champlin. 2011; p 10)

Pagão vem do latim  pagus, “país” derivando a idéia de algo “cru, não civilizado”

b)     Os lugares sagrados
Deste o principio a humanidade, para prestar culto à divindade, orar e comunicar-se com os céus, o homem desenvolveu seus lugares sagrados. Altares de pedra, santuários, templos, construções que eram dedicadas à divindade e ao culto. Os  índios brasileiros, por exemplo,  tem a sua casa de oração. A arqueologia tem testemunhado  construções milenares que foram lugares sagrados de culturas que hoje estão extintas. A religiosidade do homem na atualidade é um reflexo do que era no passado. Sua “psique” permanece o mesmo, o que alterou foi o seu conhecimento. Os católicos e os evangélicos têm suas igrejas. Os budistas e os hinduístas têm seus templos. Os judeus, suas sinagogas,  os muçulmanos suas mesquitas. Nos templos, a comunidade religiosa se encontra, ora em conjunto e fortalece a fé.  No principio da religião foi à mesma coisa para desenvolver a sua religiosidade o homem produz um sistema arcaico de adoração conforme seu entendimento primitivo. Uma  pedra poderia se tornar um altar. Era o que a sua concepção religiosa permitia realizar conforme o seu conhecimento e revelação do divino.

c)     A arte na religião
Uma das formas mais antigas de o homem exprimir sua religiosidade é por meio da arte. Por isso religião e arte sempre tiveram intimamente ligados. Deste os tempos mais remotos, o homem expressou suas crenças através da arte. O ser humano  é um ser artístico. O sentimento de religiosidade já produziu belíssimas obras artísticas às catedrais cristãs, a estatua de Buda, as pirâmides do Egito, as esculturas gregas, a arte decorativa islâmica e judaica. A literatura mística da islâmica ou crista. Há séculos a religião ser de inspiração para os artistas. Na arte religiosa, o ser humano exprime sua busca pelo divino.  Onde tivesse pincel e tinta e um religioso sua expressa artístistica de divindade estavam presente. .  As musicas sacras de Handel, Bach, Vivaldi ou Beethoven em contraste com o primitivo religioso  nos dão uma idéia de como deveriam ser os primeiros homens de fé.
“Os  homens das cavernas” registraram  sua fé, seu medo, suas superstições   em parede de   pedras.  Estereotipou   seus conhecimentos na medida do seu tempo, deixando suas “vozes”, suas marcas, um documento precioso para a História.
            Os  antropólogos e os sociólogos reconhecem que nas sociedades humanas sempre houve princípios religioso. Supõe-se  que até  mesmo as pinturas nas cavernas, que datam de 20 mil anos, tiveram algum sentido religioso.          
            No  politeísmo os deuses são retratados e forma artística. Os egípcios retratavam seus deuses em estatuas. Os mesopotâmicos, os babilônicos e assírios construíam templos. Retratavam como deveria ser a vida após a morte e produziam estatuas de seus deuses. Entre esses povos o deus principal era representado por um senhor velho e de barbas longas. Os gregos erguiam templos suntuosos para abrigar as imagens divinas. Varias religiões modernas também fazem imagens e ídolos representativos de suas divindades.
            Na religião monoteísta esta questão é mais delicada. Ver seu único Deus representado por um ídolo ou por uma imagem parece ser um assunto delicado. Pois acredita que se deva evitar a idolatria, que é a adoração de imagens. Argumentam que não podemos conhecer a verdadeira natureza de Deus. No judaísmo e no islamismo é proibida a produção de imagens representando Deus. Nessas religiões a arte é apenas a decorativa e a arquitetônica. Já entre os católicos é permitindo a produção de imagens, pois para eles não se está adorando imagens. Elas serviriam apenas como inspiração e para estimular a lembrança de Deus ou dos santos.

d)     Religião um fenômeno da humanidade
A   religião como fenômeno da humanidade está intimamente ligada à origem do homem, portanto, estudando a origem do homem chegaremos bem próximo, senão no ponto exato, da origem da religião. Este  estudo  requer muitas informações  e avaliação se levarmos  em conta, o assunto,  sob dois pontos de vista da historia: da historia  natural e o da historia bíblica.  A sociologia da religião define religião como “um empreendimento humano que estabelece um cosmo sagrado” (Berger, p.38). Onde por “sagrado se entende alguma qualidade de poder mistérios e temeroso, distinto do homem”, mas  “relacionado  com ele, que se acredita residir em certos  objetos da experiência”. Segundo Berger

essa qualidade pode ser atribuída  a objetos naturais e artificiais, a animais, ou a homens, ou às objetivações da cultura humana. Há rochedos sagrados, instrumentos sagrados, vacas sagradas (...) A qualidade pode finalmente encarnar-se em seres sagrados, desde os espíritos eminentemente locais ás grandes divindades cósmicas. Estas últimas podem, por sua vez, ser transformadas em forças ou princípios supremos que governam o cosmo, e não mais concebidas em termos pessoais, mas ainda investidas do status de sacralidade (Berger, 38,39).

Para Berger “a religião representa o ponto Maximo da auto – exteriorização do homem pela infusão, dos seus próprios sentidos sobre a realidade“ (p.41), isto é a religião é puramente uma criação humana que por ele foi exteriorizada a partir de suas realidades e experiências precárias  empíricas que por ele mesmo foi legitimada na sociedade. A relação homem-religião-sociedade produz uma ordem social aceitável e legitimante.  Guyau afirma que
religião é um sociomorfismo universal (...)é uma explicação física, metafísica e moral de todas as coisas por analogia com a sociedade humana, sob uma forma imaginativa e simbólica (...) uma explicação sociológica universal, em forma mítica..(p.3,4). ”  
 Schleiermacher[i] afirma que a essência da religião consiste no sentimento que nós todos temos da nossa dependência absoluta. Essas potências das quais nos sentimos dependentes, nós a chamamos de divindades. Feuerbach[ii] quanto a origem, a própria essência da religião é o desejo: se o homem não tivesse necessidade e desejo, ele não teria deuses. Harmann[iii] diz se a dor e mal não existisse não haveria religião. Darmesteter[iv]: A religião abarca todo o saber e todo  o poder não cientifico(ipud Guyau, p.4,5). A  dependência não é física  ela é uma dependência psíquica, moral e definitivamente social..
Essa dependência é recíproca e solidária, tanto pode o homem influenciar sobre as potencias. Se ele está nas mãos dos deuses tanto o homem pode fechar a mão como abrir a mão. A própria divindade depende do homem, podendo sofrer ou gozar por causa dele (Guyau, p.8).    

e)     A crença vem de onde?

 Todos os povos acreditam em alguma coisa. A religião é a forma mais antiga do conhecimento humano. Antes de existir a filosofia, antes que a ciência fosse praticada, antes que o direito político fosse estabelecido, os seres humanos já possuíam práticas de devoção aos deuses e aos espíritos, rituais de devoção e adoração das forças da natureza. Nunca houve uma cultura que não tivesse alguma forma de religiosidade.
            No inicio  as culturas são fundadas nas tradições orais, sem o uso da escrita, os rituais, as crenças, os valores vão sendo passado de geração em geração, dos mais velhos para os mais novos, posteriormente a civilização inventa a escrita, aos poucos varias religiões passaram a  basear-se em livros.
            Alguns dizem, de forma muito simplória, que todas as religiões são iguais. Outros, afirmam que, não!.  Principalmente  se for para defender a sua religião. Mas em algumas coisas todos aceitam: a) que adoram uma divindade. “Ate mesmo os budista, que não acreditam num Deus criador,  veneram Buda e os seres que já atingiram a iluminação”.. b) ensinam valores positivos que fazem bem ao ser humano, com a fraternidade  e a solidariedade, ou o que é mais comum entre as religiões, c) que (na maioria) acredita nos espíritos e na vida após a morte.
            Certo  estudioso desse assunto chamado Mircea Eliade (1907-1986),  afirmou: 

a essência da religião é a idéia do sagrado”.

“Segundo, ele  a um mundo além do mundo cotidiano, real que é o mundo sagrado, constituídos de ritos, templos e muitos deuses”. ”(INCONTRI, DORA-BIGHETO, C.ALEXANDRO- ATICA: 2013. P 10).  Para  Durkhein (1958-1917). a “origem da religião  reside na distinção entre o profano e o sagrado”.

Trata-se de uma tarefa difícil definir religião, pois “qualquer definição de religião é fatalmente uma simplificação, uma vez que não pode designar muito mais do que determinado tipo de crença ou de comportamento religioso” (Enciclopédia, p 9762) 
 Melville Jean Herskovits  definiu,  de forma genérica, mas que se torna relativamente vaga. : “crença em, ou identificação com uma força ou poder maiores”.
 E.B. Taylor (1871) propôs uma definição mínima para religião a “crença em seres espirituais”. Fez esta observação quando estava observando tribos mais atrasadas. Denominou esta manifestação de religião de animismo.   

f)        Monoteísmo e politeísmo
Entende-se por monoteísmo as religiões que possuem um único Deus, como por exemplo,  o  cristianismo, judaísmo e o islamismo. Já o politeísmo são aquelas que possuem muitos deuses. Há aqueles estudiosos desta área que afirme  que  politeísmo pode-se identificar uma unidade, mesmo que haja vários deuses. Ou seja, para os politeístas  mesmo entre muitos deuses há sempre um Deus supremo (por exemplo: Zeus, dos gregos; Brama, dos hindus). Os estudiosos desse assunto afirmam que  “curioso é que neste sistema politeísta mesmo que não se possa identificar o Deus supremo existe um “principio” unindo todas as coisas”.   Os críticos politeístas vêem no monoteísmo  uma religião que deseja ver seu Deus único por toda parte. O culto a alguma divindade é a característica principal entre toas as religiões antigas e modernas.  Mortos e antepassados também são cultuados em muitas religiões em todas as épocas.
            Ma antiguidade, as divindades  eram representados  por estátuas e em pintura.  Um fenômeno das primeiras religiões  foi a idolatria. Havia “deus” de todas as formas: totens, estátuas de pedra, de pau, de palha e de barro. Os ídolos  eram deuses que possuíam “espírito”, “vida”, “desejos”, isto se chama:  animismo, que trataremos separadamente mais adiante.
            Neles a sociedade (a tribo, o clã, a família ou o individuo)   confiava como seus protetores,  provedor de suprimentos, boas colheitas, caça e a cura de enfermidades. Atribuía-se   à divindade a vitória na guerra e as almas dos mortos, aos deuses ofereciam a virgindade das mulheres e virilidade dos homens. . Os deuses eram responsáveis pelo mal e pelo bem. Á divindade cultuada atribuía-se a origem das pragas e as doenças  que deveriam ser “apaziguados” com oferendas ou presentes, algumas vezes com vidas humanas (p.e. os astecas). Os ritos e costumes religiosos  chegam  a ser incontáveis.  A sociedade primitiva se identificava com os seus deuses. As divindades era o espelho de suas culturas.  Conhecendo suas religiões era possível conhecer seus hábitos e medos.
            A história, palavra que definiremos  mais adiante, tratou de nos informar o sistema de vida religiosa  de muitos  antigos moradores da terra;  por onde viveram deixaram sua arte nas paredes das cavernas, seus objetos manufaturados, seus deuses, ou seja,  suas “vozes”  que são compreendidas pela arqueologia.
O   monoteísmo é considerado ,por muitos estudiosos, como um progresso da religião. Fontes históricas, uma delas a Bíblia,  nos informam que  no principio da humanidade o homem era monoteísta e que com o crescimento e desenvolvimento da humanidade ele se tornou politeísta. Somente  milhares de anos mais tarde uma fração da humanidade é “chamada por Deus para serem novamente monoteísta (Genesis 2-3, 11-12). 
Capitulo II

1)     A importância da historia
Marc Bloc, um importante estudioso francês, definiu historia como o estudo  da vida humana ao longo do tempo.  De acordo com essa definição historia  pode ser entendida  como o estudo de todos os tipos de sociedades desde as origens da humanidade até os dias de hoje. O estudo da historia nada mais é dos que lembranças de acontecimentos e situações passadas. Não se trata de lista de fatos, datas e personagens. Não se aprende historia decorando ou memorizando acontecimentos. Para entendermos a sociedade do passado e tentar formular explicações,  para isso é necessário recolher informações. O estudo se tornará interessante se mais profundas forem as explicações e mais precisas forem as informações.  Por exemplo, é importante compreendermos como surgiu a religião ou as religiões. Para isso, não basta saber a época e seu fundador. Para compreendê-la precisamos saber as condições históricas que permitiram o seu surgimento e as razões que explicam o aumento e a diminuição de seus seguidores.

2)     As fontes históricas
Texto, pintura, construções, jóias, objetos, desenhos, roupas, escultura, monumentos. Tudo que os seres humanos produziram em sua longa trajetória é importante para tentar reconstruir a vida do passado.  São sinais que permitem tentar entender como elas estavam organizadas, como era sua produção de riquezas, quais eram as características de suas crenças religiosas, quais eram suas classes sociais e quais eram os jogos que praticavam.  Esses vestígios são denominados “documentos históricos”. É com base nesses sinais que começamos a elaborar as explicações e a compreensão dessas sociedades e como viviam religiosamente.  Todo documento histórico é uma “representação” da sociedade em que está inserido. O autor de um texto escrito  apresenta suas idéias, suas crenças, seus interesses políticos e sociais. O autor de uma pintura ao registrar uma cena do cotidiano, também apresenta seus valores sociais. A humanidade na caminhada pelo tempo deixou seu rastro pela estrada e deixou marcas por onde passou. 

3)     O conflito entre a história secular e a narrativa bíblica
Há um conflito na narrativa histórica  entre estes dois pontos de vista. A  ciência  natural afirma que o homem veio de uma evolução que duraram milhares de anos, Na tentativa de validade a teoria da evolução, o texto de Genesis sobre a criação que levou seis dias, afirmam que são eras e não dias como tal conhecemos hoje.  Analisando-se pela ciência natural, da qual faz parte a antropologia física,   teríamos que considerar o evolucionismo como parte integrante do estudo da origem do homem,  a formação dos clãs, as cidades  e,  conseqüentemente,  a sociedade que impõe as condições de religiosidade. Se considerarmos o evolucionismo como possibilidade de origem do homem, então não teríamos que analisá-la a segunda, pela teologia antropológica, pois estaríamos negando o criacionismo.  Portanto, não vamos considerar como valido a teoria da evolução para o surgimento do ser humano, mas o criacionismo. Todavia, apresentaremos, quanto for conveniente,  algumas evidencia da ciência natural com intuito de comparação entre as duas. Por exemplo, em que região do planeta surgiu os primeiros “hominídeos” ou os primeiros clãs?  Partindo do seguinte pressuposto que “onde surgiu o homem também, ali, surgiu a religião”, pois a religião é inerente ao homem. 

Face às significativas descobertas no campo cultural e principalmente nas ciências, o conflito entre religião e ciência reaparece, sobretudo quanto interpretação da origem, da natureza e do destino. homem, assim com há diferentes cosmogamias  (Enciclopédia, p 9766)

            A história secular afirma que os primeiros hominídeos surgiram no centro-norte da África, pois ali foi encontrado o crânio fóssil que segundo a ciência se trata do mais antigo  hominídeo. Afirmando que a evolução durou milhares de anos até chegar na versão humana como conhecemos hoje. 
  
No centro-norte da África, na floresta tropical das imediações do Chade, hoje desértica, foi encontrado o crânio fóssil do mais antigo hominídeo conhecido ate agora, com idade entre 6 e 7 mil. Pertencia ao gênero humano   Sahelanthropus tchadenssis e foi batizado de Toumai. Na região que atravessa a Etiópia, o Quênia e a Tanzânia foram encontrados outros fosseis de ancestrais humanos, como os do gênero Australopihecus (do latim australis, “do sul”, e do grego pithekos, “macaco”), que viveu no continente desde pelo menos 4 milhões de anos atrás e se diferenciava de outros primatas pela dentição semelhante à dos humanos atuais, andar bípede e postura ereta. Também foram encontrados fosseis do gênero Homo, especialmente da espécie mais evoluída do Homo habilis (mais de 3 milhões de anos).  Ali viveram, portanto diversas linhagens paralelas de nossos ancestrais, que se entrelaçaram até o surgimento do homem moderno. (Vicentino-Dorico, p33).

            A ciência afirma que  o homem não tem origem em Deus, mas no macaco e se desenvolveu físico e culturalmente no decorrer de milhões de anos. Inicialmente, surgiu na áfrica e se espalhou pelo planeta substituindo outras versões existentes naqueles locais até chegar  à versão homo sapiens sapiens,  a cerca de 200 a 130 mil anos atrás.

É da  ciência a chamada hipótese de origem única  ou monogenismo.”
Pesquisas realizadas no campo da genética, apoiados nos estudo de DNA,  afirma que todos os indivíduos estudados descendem de um mesmo ancestral – de uma única Eva – que viveu na África  ente 143 mil e 285 mil anos, tendo migrado para fora do continente e substituído as populações de outras categorias de hominídeos existentes na Ásia e Europa. A teoria da origem humana suscita muitas divergências entre os estudiosos. Desde a determinação da rota migratória e das datas, quanto a esta ultima polemica, há aqueles que afirmam que a Eva africana surgiu a cerca de 500 mil anos[v]”.

4)     A origem  do homem: o criacionismo.
            A ciência tem contribuído para provar a veracidade da Bíblia, porém no que tange, a origem do homem,  ambas caminham em sentidos opostos. Os  cientistas e estudiosos evolucionistas ainda não se convenceram ou converteram à narrativa bíblica.

Esta é a historia da origem dos céus e da terra, no tempo em que foram criados (...) então o Senhor Deus formou o homem do pó da terra e soprou em suas narinas o fôlego de vida, então o homem se tornou um ser vivente. [vi]  

            Segundo o texto sagrado, Deus criou Adão e Eva  colocou-os  no paraíso  chamado Jardim do Éden (“Éden”, sig. “lugar de prazer e alegria”). Devido a sua desobediência foram postos fora desse paraíso. Fora do paraíso se desenvolveram, tiveram filhos que vieram a povoar a Terra até que sua maldade atingiu o céu e Deus resolveu por cabo aos habitantes da Terra por meio do dilúvio. 

Capitulo III

a)     As primeiras manifestações de religiosidade na Bíblia.

            A primeira referencia bíblica à adoração a Deus na Bíblia  termina com uma desgraça. Abel ofereceu ao Senhor o melhor do seu rebanho. Um sistema de adoração baseado em sistema sacrificial e oferendas.    Sacrifício   de animais e cereais oferecidos em altares era  um fenômeno das religiões antigas. Isto significa que a historia da religião dentro do conceito bíblico era monoteísta, sacrificial, não templos  e sem mediadores, isto é, não era necessário de sacerdotes. Um sistema simples.

 “Caim trouxe do fruto da terra para oferecer ao Senhor. Abel, por sua vez, trouxe das partes gordas do seu rebanho para oferecer ao Senhor” (4:3, 4)

            Não temos como saber quanto tempo levou o período que compreende da criação do homem até o dilúvio. Durante este período não temos muita informação da religiosidade das pessoas a não ser por algumas informações no texto de Genesis como segue. “Também a Sete nasceu um filho, a quem deu o nome de Enos”  Nessa época começou-se a invocar o nome do Senhor” (4:26).  
            Caim e seus descendentes podem afirmar que foram envolvidos com a ciência.  assassino, artistas, cientistas e inventores. Caim construiu uma cidade (ostentação) ao filho Enoque[vii], de Irade, Meujael e Metusael  não temos nenhuma informação. Enquanto que sobre Lameque e seus  descendentes: Jabal, Jubal e Tubalcaim[viii] temos:  de Lamenque  foi o primeiro polígamo e  assassinou duas pessoas, Lameque teve dois filhos:  os descendentes de seu Jabal foram pecuaristas (riquezas); os descendentes de Jubal  foram músicos (diversão);  e os descendentes de Tubalcaim   foram os inventores de instrumentos de ferro e bronze (armas e ferramentas, podendo significar guerra e tecnologia).  
            Ainda sobre os descendentes de Caim, ou seja, “os filhos dos homens”   tiveram ”filhas eram formosa a vista”  e que os “filhos de Deus”,  isto é,  os descendentes de Sete,  casaram-se com elas. O resultado foi uma geração que desagradou ao Senhor. Significa  que a família de Sete deixou de adorar o Senhor quando contraíram matrimonio com a família de Caim. “Por causa da perversidade do homem” (6:3). O texto agora trata as duas descendências com um homem, ou seja: o homem (Adam).  As gerações posteriores aos casamentos das duas famílias foram gigantes na terra, heróis daqueles dias, os “refilins” que em hebraico significa  “caído”. Aos olhos dos homens eram heróis e famosos, mais aos olhos do Senhor eram pecadores[ix]. Destarte, concluímos que novamente a civilização se afastou do Senhor.  Ficamos sem saber qual tipo de religião praticada pelos descendentes de Caim no período pré-diluviano. Todavia, podemos ter uma idéia através da palavra do Senhor exposta no texto: “por causa da perversidade do homem”, isto inclui não só comportamento sexual, violência, desonestidade, etc., mas também uma religião pagã, baseado em idolatria, feitiçaria e magia negra.

            Entretanto, Deus achou ‘graça  na família de Noé’  e resolveram contar-lhe seu intento de destruir a humanidade, devido á suas maldades.  Deu-lhe um plano de salvação, através da construção da arca poupando a família de Noé, juntamente com centenas de animais. A família de Noé (oito pessoas ao todo) foram os remanescentes que povoaram a Terra. Os filhos de Noé, Sem, Cam, e Jafé deram origem à humanidade. O texto sagrado de Genesis capítulo 10  registra a descendência de família de Noé.  Foram  70 os descendentes que provavelmente deram origem a 70 nações:  “as 14 nações que provinha de Jafé mais as 30 e Cam e as 26 de Sem”. Do   numero 70 são múltiplos o 10 e 7 duas cifras que significam “perfeição”[x].

b)     A religião no período pré-diluviano
             Não temos como saber quanto tempo levou o período que compreende da criação do homem até o dilúvio. Durante este período não temos muita informação da religiosidade das pessoas a não ser por algumas informações no texto de Genesis como segue. Também a Sete nasceu um filho, a quem deu o nome de Enos”  Nessa época começou-se a invocar o nome do Senhor” (4:26).
            É possível que  por um período após a queda que  a raça humana se afastou do Senhor.  A família de sete parece ser a família de Deus, pois, Enoque[xi]  um descendente de Sete,  “andou com Deus e Deus; e já não podia ser encontrado, pois Deus o havia arrebatado” (5:24).
            No Genesis percebemos que as primeiras manifestações com o sagrado.  Aconteceu  no campo com  Abel e Caim. Quanto à religião, monoteístas; quanto à atividade, agro-pastoril.  Abel com a atividade pastoril e Caim um agricultor. A atividade religiosa no campo não favorece seu crescimento. O fato é que a religião tende a formar comunidade. É natural que pessoa que professam a mesma fé se aglomere em torno da divindade ou da crença. Este fato “impede que o sentimento religioso se dissolva em sentimentalismo individual  e incoerente[xii]”  É fato histórico que a vida dos primeiros seres humanos começou no campo, viviam da caça e da pesca e coleta de alimentos. Andavam  em grupos de 20 ou 30 pessoas. ,´pois, eram nômades, isto é, não se fixava no mesmo lugar. Caim foi “vagabundo” na terra até que resolveu se fixar.  

c)     A urbanização da religião
            Observando o texto de Genesis 6 e 11 encontramos a formação das primeiras cidades, os primeiros pólos sociais, as cidades-estados, com  leis, governo e cultura social.  Caim  construiu a primeira cidade  e possivelmente outras foram construídas antes do dilúvio. Após  o dilúvio muitas cidades foram edificadas.
            A civilização pós-diluviana se estabeleceu na Mesopotâmia, região que hoje é a Síria, Jordânia e Iraque. A Mesopotâmia é o berço da civilização pós-diluviana.  Desta região do planeta encontramos uma riqueza incontável de achados arqueológicos de civilização anterior há 5 000 anos a. C. Os mais antigos habitantes da Mesopotâmia foram os sumérios (Sinear na bíblia). Esta civilização construíram grandes cidades-estados (cada cidade  possui sua própria administração e governo) poderosas e independentes. Dentre as grandes cidades com a ajuda da arqueologia temos: Quis, Laraque, Acade, lagas, Ereque e Ur. (Gn. 10.10).Saindo os homens do oriente, encontraram uma planície em Sinear e ali se fixaram” [xiii]  
            Os sumérios é a mais antiga civilização que podemos identificar; Descobertas arqueológicas atestam isso. Foi nesta região, a Mesopotâmia,  que a narrativa bíblica diz que aquela civilização construiu uma torre com objetivo de religiosidade: “que toques os céus”. Possivelmente um  esforço humano de alcançar a Deus. Esta torre pode ser os templos mesopotâmicos tem a forma dos Zigurates  com uma escadaria que ia do solo ate o cume.  Esta construção ficou conhecida na escritura como “Torre de Babel” pode ser a primeira construção com fins místico que já fora registrado.
A urbanização favorece a religião.
A aparição e o desenvolvimento das grandes religiões universais estão associados à aparição e desenvolvimento da cidade, sendo que a  oposição entre a cidade e o campo marca uma ruptura fundamental na  história da religião e, concomitantemente, traduz uma das divisões religiosas mais importantes em toda a sociedade afetada por esse tipo  de oposição morfológica (BOURDIEU, 1992, p. 34).

            A forma de vida, a dependência e o contato com a natureza, o isolamento propiciado pela vida no campo são fatores contrários a uma racionalização das práticas religiosas, nas quais a sazonalidade das atividades e as características já citadas dificultam as trocas econômicas e, em conseqüência, um contato com outras pessoas, contribuindo para o não desenvolvimento de uma consciência coletiva e os benefícios que esta traria.
Os centros urbanos, ao contrário, possibilitam maior contato entre  pessoas, com aumento das atividades econômicas, políticas e sociais e de crenças, no  caso da religião. As atividades urbanas, no caso do artesanato, independem da  sazonalidade do campo e, por outro lado, possibilitam uma convivência com um  número maior de pessoas que, pelas atividades desenvolvidas e modo de vida, se livram  das tradições e vigilância para cumprimento daquelas atividades. Desta forma,  propiciam atitudes mais racionais para as demais atividades, incluindo a religiosa.[xiv] [xv]


d)     As primeiras formas religiosas

         I.            Animismo:  filosofia primeira da religião.
            O animismo [xvi] parece ser o mais antigo sistema religioso.  Como animismo se entende:
1.    Os objetos físicos possuiriam vida ou espíritos próprios, não havendo tal coisa como matéria inanimada.
2.    Os objetos físicos possuiriam espíritos, mesmos inanimados, e quando estes objetos fossem destruídos os espíritos continuariam vivos.
3.    Os espíritos manifestam-se esporadicamente por meio das pessoas, ou por meio dos objetos físicos ou  de lugares específicos. Podendo tratar-se de “puros espíritos” , podendo ser espíritos não humanos, espíritos de antepassados e espíritos de pessoas que já  faleceram.

            O teórico pioneiro deste assunto, animismo, foi  Edward Burnett. Taylor[xvii]  (1832-1917) antropólogo, que definiu religião como “crença em seres espirituais”. Ao fazer esta definição observando crenças de  tribos atrasadas na indonésia e nos arquipélagos indico,  cuja expressão religiosa denominou animismo. Para ele o animismo é a mais remota forma de expressão religiosa que fala de uma continuação histórica e cultural que ascende e envolve  “até chegar à cultura moderna”  Taylor considerou o animismo ser a primeira fase  do desenvolvimento das religiões. . Para Taylor  “o homem desejando compreender os sentidos dos sonhos, da alucinação e da morte, cria a idéia de uma alma ou de uma personalidade interior  e projeta sobre os animais, plantas e objetos inanimados, adorando uma concepção animista de seres espirituais.   Taylor desenvolveu a teoria da sobrevivência que resumidamente descrevo:
‘processo, costumes e opiniões, e assim por diante, que foram desenvolvidas pela força do habito para um novo estado de sociedade diferente daquela em que eles tiveram na sua terra de origem, e, portanto, permanecem como provas e exemplos de uma condição mais antiga de cultura de que um mais novo tem evoluído’

            O estudo da sobrevivência auxilia os etnógrafos  na reconstrução das caracteristicas culturais anteriores e possivelmente reconstruir a evolução da cultura. ( o curioso que Taylor “acreditava que "a investigação sobre a história e pré-história do homem .. . poderia ser usado como uma base para a reforma da sociedade britânica”)   

        II.            O totemismo
            Vamos tomar como exemplo, o totemismo, analisado-a sob o ponto de vista sociológico. Posteriormente  analisaremos a origem da religião sob o ponde de vista antropológico teológico.
            O totem é qualquer objeto, animal ou planta que seja cultuado como deus ou equivalente por uma sociedade organizada em torno de um símbolo ou por uma religião, a qual é denominada totemismo. Os clãs identificam-se com um totem, que é a representação da divindade de que se dizem descendentes. O totem costuma ter a figura de um animal, uma planta ou um objecto, que não podem ser mortos, comidos ou destruídos, porque são sagrados. Em suma é o culto a natureza.
            O grande estudioso dessa matéria foi o sociólogo Emile Durkhein (1958-1917). Segundo, o este teórico, “o totemismo é a religião mais simples “(Aron, 2008  p 504), isto não significa ser a religião mais antiga.  Estudando a religião  existente entre os aborígenes australiano, formulou sua teoria “segundo o qual a origem da religião  reside na distinção entre o profano e o sagrado, e segundo a qual as forças anônimas, difusa, superior aos indivíduos e próxima dele e, na verdade, o objeto de culto”.   Segundo ele, esta motivação pelo sagrado é imposta e provocada pelo clã, no caso das religiões primitivas, ou pela sociedade no caso das religiões atuais. Sobre clã  e totem Durkheim define:  

 O clã é um grupo de parentesco não  constituido  por laços de sangue. É um grupo, talvez o mais simples de todos que exprime sua identidade tomando como referencia uma planta ou animal. Nas tribos australianas estudadas por Durkhein, cada totem tem seu emblema e seu brasão. Em quase todos os clãs encontramos seus objetos, pedaços de madeira ou de pedra polida, que representa ficugradamente o totem e participam do seu carater sagrado. (Aron. 2008, p 505),

            Champlin,  assim define o totemismo:
A palavra totem vem de uma língua primitiva da America do Norte, algonquiana,   da tribo dos Ojibwa. Nesse  idioma a palavra é  ototeman. que provavelmente, significa “ele é um parente meu” (...) “parentesco fraternal”. (...)“Encontraram-se provas e evidencias de totemismos em muitos lugares do mundo, onde houvesse povos primitivos; mas as manifestações mais dramáticas e ricas ocorriam entre os aborígenes   australianos.  Essas tribos representavam as culturas mais primitivas que o homem moderno já conheceu (...) Referem –se a objetos como plantas, animais(embora este ultimo muito raro) e outros objetos naturais que , segundo aqueles ameríndios acreditavam tinham significado para sua tribo. Todas elas estavam relacionadas a laços ancestrais e eram coisas importantes para o clã, a família e para a sociedade em geral, conforme dá a entender o vocábulo básico, literal (Champlin, vol.6, 2011. p 459, 460)..

Na pratica os objetos totemicos provocam  comportamento tipicos da religião nos individuos como abster-se de comer ou tocar no totem, ou demonstrar devoção pelo objeto sagrado.  O sagrado é o principio do totemismo. O objeto totemico  é o “objetivo palpavel” representativo da divindade. A fé no “que acreditam estar por traz” deste objetos é “subjetivo abstrato”. Acretitam existir uma uma força sobrenatural e impessoal  formada consciente religioso de cada individuos, motivada pela crença coletiva da sociedade que de alguma forma de traduz em experiencia  cotidiana com o sagrado.  Para durkheim o totem não se trata do objeto em si. Nao se trata da adoração de certas imagens,
            Eles creem numa força absolutamente destinta de todas as forças materiais, que agia de multiplas maneiras, seja para o bem , seja para o mal, e que o homem tem o maior interesse de ter nas maõs e dominar. É um forma, de ordem imaterial e num certo sentido sobrenatural ; mas é na materia que ela se manifesta. Não se fixa sobre um objeto determinado , embora possa ser levado sobre qualquer tipo de coisa, seja para proveito proprio, seja para proveito de outrem.

“mas uma especie de força anonima e impessoal que encontramos em cada um destes seres, sem que se confundam com  nenhum deles. Ninguem a possui interamente, e todos dela participam. É de tal forma independent dos sujeitos particulares em ue se manifeta, que  os prece e sobrvive a eles.  Os individus morrem, as geraçoes passam, os individuos são substituidos por outros. Mas esa força permanece atual, viv e semelante a sim mesma.  Anima a geraçao presente como animou a de outrem  e como dará vida à de amanhã .(...) mas é um deus impessoal, sem nome, sem histoia, imanente ao mundo, difuso numa plualidade inumeravel de coisa”. (Aron. 2008, p 507). 

            Para Champlin esta matéria, totemismo,  “foi objeto de estudo entre o mais renomado   enciclopedista, antropólogos, teólogos e estudante de religião, como Robtson Smith, Émilie Durkhein,  J.G. Frazer, e até Segmund Freud, prosseguindo ate a década de 1920”.   Sendo que para estes estudiosos, diz Champlin, “no totemismo australiano havia unidade orgânica entre os elementos constitutivos dos padrões culturais ali encontrados, havendo duas seqüências intimamente relacionadas entre si 1. A necessidade de encontrar explicações teóricas para as diferenças, por ventura encontrada em outros lugares; e 2 o conceito de certo “estagio” dentro da evolução religiosa, de onde deve ter derivado todos os elementos constitutivos  que podem ser encontrados isoladamente ou em combinação, em qualquer parte do mundo”

               Analisando  os estudos de Durkhein,  Raymon Aron, afirma que  houve uma evolução na religião:
Se Durkhein afirma que o totemismo é a religião mais simples e elementar, admite implicitamente que há um processo de desenvolvimento  da religião a partir de uma origem única (...).a experiência bem escolhida, no caso o totemismo,  revela o fenômeno comum a toda a sociedade (...) A teoria da religião de Durkhein não foi elaborada a partir do estudo de um grande numero de fenômenos religiosos. A essência de um fato religioso é aprendida em um caso particular,  supostamente revelador do que é essencial em todos os fenômenos  do mesmo gênero (...).  No estudo de Durkhein, cada totem tem seu emblema e seu brasão ao lado de cada totem foram encontrados objetos sobre os totens australianos  um totem poderia representar um individuo, clã, ou grupo social (Ibid, p.505)

            O estudo conclui, a partir da analise dos elementos constitutivos do totemismo,  que as religiões primitivas em muito se assemelhavam entre sim. A teoria totêmica deixou de lado as diversidades de culturas religiosas e estabeleceu certo padrão para a origem da religião, ou seja: “a busca pelo sagrado”. Onde a sociedade é a responsável e produtora  do profano e do sagrado impondo ao individuo  religiosidade. O qual se vê quase que obrigado  a contribuir com a vontade dessa sociedade. Resumidamente a religião tem origem na sociedade. 

Capitulo V

1)     UNIDADE  DA RAÇA HUMANA.

        I.            Quem somos?
            A antropologia teológica afirma que  o homem descende de um único casal.[xviii]  O   apostolo  Paulo fundamentou sua doutrina na unidade orgânica  da raça  humana. [xix]
            Na antropologia[xx] , dentre as suas muitas subdivisões, principalmente a antropologia cultural[xxi],  esta ciência,  aponta a origem do homem para uma família comum. Concorrendo com  conceito bíblico da originalidade do homem. 

Dentro da antropologia cultural o que interessa para a Teologia gira em torno da ética. Muitos dos antropólogos defendem o chamado relativismo cultural, isto é, a idéia de que cada cultura desenvolveu os seus próprios conceitos éticos, dependendo das forças que atual ali (Champlim, vol.1. 2011. p 199).

            A dificuldade reside no fato de que no decorrer dos séculos a humanidade  se espalhou ao redor  globo terrestre, se desenvolveu culturalmente e estabelecendo-se  em diversos lugares e formando  famílias, clãs, tribos e reinos ou países. Conseqüentemente, hoje,   chegar a um veredicto da origem da religião  destas comunidades desenvolvida e espalhada pelo mundo, sem dúvida, será uma tarefa exaustiva e inconclusa do ponto de vista da ciência natural; embora , teologicamente seja  mais palpável e conclusiva.
            O  desenvolvimento sócio-cultural foi fator determinante para o surgimento de miríades  religiões  em diversas sociedades  ao redor do mundo no decorrer da história. E muitas destas religiões se extinguiram por motivos diversos: cataclismo[xxii] ambiental, conquistas territorial por outros povos impondo-lhes outras religiões, por extinção epidemiológica, etc.. Através da antropologia social,  que  faz um estudo comparativo  dos costumes tradições, organização social, moral, governo, família,  comunidade e economia nas diferentes culturas,  compreendemos porque qualquer padrão discernível de certo ou errado se perde.  Partindo do  principio que cada cultura estabelece o seu padrão ético, desenvolve seus valores morais, seus próprios  hábitos e sua forma de  crença, o que é bom para uma não é bom para a outra. Destarte, “terminamos com muitos padrões de conduta moral, sendo aprovados até mesmo os sacrifícios humanos enquanto que o adultério e a promiscuidade são sancionados” (Champlim. 2011. vol.1. p199).
            Strong cita quatro argumentos apresentados aqui que fundamentam  as declarações das Escrituras sobre a origem do homem:
1.       A historia: Até onde se podem delinear a historia das nações e tribos dos dois hemisférios, as evidencias apontam uma única origem e uma só ancestral  ma  Ásia Menor. Reconhece-se que as nações européias surgiram de sucessivas ondas migratórias vindas da Ásia Menor.   Há um consenso entre os etnólogos modernos que as raças de índios das Américas derivam de fontes mongólicas da Ásia Oriental, ou da Polinésia ou das ilhas Aleutes.
2.       A língua:   A filologia comparativa aponta para uma única  origem comum de todas as línguas mais importantes e não descarta  a possibilidade que as línguas menos importantes também  não sejam derivadas delas.
3.       A psicologia:  A existência de características mentais e moral  comum entre as famílias da humanidade, tendências e capacidade na predominância de tradições semelhantes e na aplicabilidade universal de uma filosofia e religião, explica-se mais facilmente com base na teoria de uma origem comum.
4.       A fisiologia:  É juízo comum entre os fisiólogos que o homem é uma só espécie. E as diferenças existentes entre as varias famílias humanas devem ser consideradas como variedades dessas espécies. Assim podemos afirmar:
a.       As inúmeras gradações intermediariam que estabelecem conexão entre as assim chamadas raças umas com as outras.
b.       A identidade ascencial de todas as raças  nas características cranianas, osteológicas e dentais.
c.       A fertilidade de uniões entre indivíduos dos mais diversos tipos e a continua fertilidade do produto destas uniões. (STRONG, 2003 p.37)
O apostolo Paulo diz com razão que Adão é “o primeiro homem” [xxiii]  
                                                                                                                                                       Através da antropologia social, que faz um estudo comparativo dos costumes tradições, organização social, moral, governo, família, comunidade e economia nas diferentes culturas, compreendemos porque qualquer padrão discernível de certo ou errado se perde.  Partindo do principio que cada cultura estabelece o seu padrão ético, desenvolve seus valores morais, seus próprios hábitos e sua forma de crença, o que é bom para uma não é bom para a outra. Destarte, “terminamos com muitos padrões de conduta moral, sendo aprovados até mesmo os sacrifícios humanos enquanto que o adultério e a promiscuidade são sancionados” (Champlim. vol.1.2011.p199).

 “A historia da religião acompanha a historia da humanidade. Onde estiver o ser humano, ali estará, igualmente, a religião” (Champlim. Vo. 5. 2011. p638).

2)     Evidencias bíblicas das primeiras religiões
            No Primeiro Testamento parece haver alguma evidencia dessa forma religiosa

“Caim fundou uma cidade ...chamou Enoque”.[xxiv]  “Por causa da perversidade do homem meu espírito não contenderá com ele para sempre [xxv]”“Eles foram os heróis do passado, homens famosos”[xxvi]. Vamos construir uma cidade com uma torre que alcance os céus “Esta pedra que hoje coloquei como coluna servirá de santuário Deus...” “Enquanto Labão tinha saído para tosquiar suas ovelhas, Raquel roubou de seu pai os ídolos do clã (Gn. 28:22a, 31:19) [xxvii]

            Jacó e Labão viviam em contado com a religião herdada dos sumérios, logo seria natural que trouxessem traços daquela religião. Analisando  pela teoria do totemismo de Durkhen e da  substituição de Taylor  a pedra que serviu de coluna e o ídolo do clã são testemunhos que havia  naqueles dias uma religião com essas características e que tal forma era oriunda de outra mais primitiva.
             “A cristandade, em alguns aspectos, exibe  vestígios dessa filosofia na veneração de lugares sagrados ou dos espíritos ou santos que residem nesses lugares, ou pelo menos que se manifestam ocasionalmente no mesmo” (Champlin. Vol. 1., 188)

3)     A origem da religião
A origem da religião foi durante muito tempo , o problema dominante da historia das religiões. Como vimos anteriormente, a religião sofreu evolução no decorrer da história, porem traçar um caminho evolutivo não é uma tarefa fácil.
            Muitos teóricos tem traçado uma linha evolutiva das diferentes formas de religião. J. Lubdock (1870) propõe como linha evolutiva  a de fetichismo, totemismo, antropomorfismo (idolatria), monoteísmo (Deus Criador). E.B.Taylor (1872) propõe a seqüência animismo, manismo, fetichismo, politeísmo, monoteísmo  E. Durkhein coloca a religião dentro de um sistema de necessidade e destaca sua função integradora. Neste sentido,  o ritual religioso age em oposição às forças do medo, do desanimo, da doença e oferece meios sociais e morais de reintegração do grupo.

4)       O Destino do homem.
“Ao homem está ordenado morrer uma só vez, vindo em seguida o juízo’. Hebreus 9:27.

            O destino do homem é um assunto que a ciência natural não consegue resolver, a não ser pelo simples fato de afirmar que o homem é finito e que tudo está relacionado a esta vida.
A ideia da eternidade da alma  não é concebível pela ciência natural, pois vê o homem apenas como um ser material. A explicação para o destino do homem só pode ser respondido pela Antropologia teológica:
O estudo da antropologia teológica  é o estudo do homem, no que tange a Deus, à sua origem , à sua natureza presente, atividades, deveres e destinos. A teologia nos ensina que o homem foi criado para relacionar-se com Deus, para participar de seu propósito, e finalmente para compartilhar de sua natureza divina (II Pe. 1:4), tal como originalmente foi criado à imagem de Deus. O homem desfigurou a essa imagem e a redenção tem por finalidade restaurá-la, mas também maximizá-la,  por meio da criação do homem espiritual, uma realização das dimensões espirituais.  Na antropologia teológica o homem é um ser transcendental, ou pelos menos, está destinado a sê-lo. (Champlim.2011.p199).


CONTINUA- FALTA COMPLETAR.


5) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.


ARON, Raimond. As etapas do pensamento sociológico. 7ª.Ed. são Paulo: Martins fontes.200.
BERGER, Peter L. O dossel sagrado: elementos para uma sociológica da religião.(Trad.Jose C.             Barcellos) São Paulo: Paullus, 2013.
BERKER, K. (org). Bíblia  nova versão internacional. São Paulo. Vida. 2003
CHAMPLIN, R.N. Enciclopédia de bíblia, teologia e filosofia. 10 Ed. São Paulo: Agnus. Vol.1. 2011
CHAMPLIN, R.N. Enciclopédia de bíblia, teologia e filosofia. 10 Ed. São Paulo: Agnus. Vol.6. 2011.  
CHAMPLIN, R.N. Enciclopédia de bíblia, teologia e filosofia. 10 Ed. São Paulo: Agnus. Vol.5.  2011.
ENCICLOPEDIA MIRADOR, p. 9726-9767
GUYAU, Jean-Marie, A irreligião do futuro.  São Paulo: Martins Fontes. 2014.
http://br.answers.yahoo.com/question/index?Qid=20060725102129AA4Yze5
http://en.wikipedia.org/wiki/Edward_Burnett_Tylor
STRONG, Augustus Hopkins. Teologia sistemática. São Paulo: Hangus,  Vol.2. 2003
VICENTINO, C e Dorico, G. História geral de do Brasil. São Paulo. Spione. 2010.
WILGES, Irineu. Cultura religiosa. 18 ed. Petrópolis: Vozes. 2008

6)- REFERÊNCIAS


[i] Fruedrucg Scgkeuernacger *1768-1834), teologo e pregador alemão tido com fundador da moderna teologia protestante (apud, Guyau, p4);
[ii] Ludwig Feuerbach (1804-72) Filósofo alemão lembrado principalmente por sua influencia sobre a obra de Karl Marx (ibid);
[iii] Eduard Von  Harmann  (1842-1906), filósofo metafísico alemão nascido em Berlim (ibid, p.5);
[iv] James Darmesteter (1849-94), orientalista francês (ibid, p.6)
[v] Conforme citado por HERNANDEZ, Leila  Leite. A Africa na sala de aula: visita a historia contemporânea. São Paulo. Selo Negro. 2005. P58.
[vi] Genesis 2:4, 7 versão NVI.
[vii] Este nome significa “instruído, iniciado, dedicado”  Existem quatro Enoque  na Biblia .
[viii] Os significados dos nomes Jabal é “nestre”, Juba é “Riacho” e Tubalcaim é “Ferreiro”.
[ix] Comentário Bíblia NVI de Estudo, p 15  sobre Gn.6.4
[x]  Comentário bíblia NVI ESTUDO P 22
[xi] Este nome significa “instruído, iniciado, deidicado”  Existem quatro Enoque  na Biblia.
[xii] Wilges, IRINEU, 2008. P 16
[xiii] Gn. 11:2
[xiv]http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1300481474_ARQUIVO_RELIGIOESALGUMASQUESTOESTEORICAS.pdf
[xv] Flamarion Laba da Costa  Professor do Departamento de História da Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO. Guarapuava – PR
[xvi] O termo vem do “anima” (alma, fôlego) . Tendo sido usado pela primeira vez por Sthal (1720) para expressar um conceito filosófico da alma do mundo. Mas foi introduzida na filosofia e na antropologia comparada pro Taylor
[xvii] http://en.wikipedia.org/wiki/Edward_Burnett_Tylor
[xviii] Gn. 1.27, 28; 2:7, 22; 3:20; 9:19; At. 17; 26
[xix] Rm. 5:12,19
[xx]  “A palavra significa “O estudo do homem”. Como ciência estuda o homem como organismo biológico  e como um ser cultural. Há duas divisões  principais na antropologa: 1)-Antropologia física que aborda o que o homem era e é como um animal; e 2) a antropologia cultural, que trata sobre o que o homem tem descoberto e inventado, aprendido e transmitido como um ser social”. (Champlim. 2011. p.198, 199)
[xxi] A antropologia cultural subdivide em: lingüística, tecnologia, arqueologia da pré-história e antropologia social.
[xxii] "Cataclismo" é uma forma popular.  Ao nos comunicarmos usando a língua culta, devemos dizer "cataclismo" (com "O"): deriva-se da palavra grega "cataclismos" que significa "inundação", "dilúvio”. (http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20060725102129AA4Yze5)
[xxiii] 1Co. 15:45
[xxiv] Gn.  4.17
[xxv] Gn. 6.3
[xxvi] Gn.6.4
[xxvii] , Gn. 28:22a, 31:19,

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