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DESTAQUE

A ESCRAVIDÃO NA BÍBLIA.

Este texto e parte integrante  de um artigo maior postado neste blog: A TEOLOGIA PRESENTE NOS DISCURSOS DA IGREJA CATÓLICA       NO FIN...

11/01/2015

EVANGELHO DE MARCOS: O FINAL DO EVANGELHO DE MARCOS 16:16-20

por José V. Rodrigues

EVANGELHO DE MARCOS:  O FINAL DO EVANGELHO MARCOS 16:9-20

As Adição/interpolação/inserção  ao texto  א  e Β  são quatro:
  
(Forma:   Ψ-“psi”)... ”Mas noticiaram-no de passagem a Pedro e ao que com eles estavam, de tudo quanto lhe tinha sido dito. E após isso, o próprio Jesus enviou por meio deles, do oriente para o ocidente, a sagrada e imperecível proclamação da salvação eterna[i]”,

(Forma tradicional[ii]-  TR) – “9-E Jesus, tendo ressuscitado na manhã do primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete demônios. 10-E, partindo ela, anunciou-o àqueles que tinham estado com ele, os quais estavam tristes, e chorando. 11-E, ouvindo eles que vivia, e que tinha sido visto por ela, não o creram. 12-E depois se manifestou de outra forma a dois deles, que iam de caminho para o campo. 13-E, indo estes, anunciou-no aos outros, mas nem ainda estes creram.14-Finalmente apareceu aos onze, estando eles assentados juntamente, e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem crido nos que o tinham visto já ressuscitado”.
           
(Forma   W) “Este se exauriram dizendo Esta era de impiedade e incredulidade está sob Satanás o qual não permite que a verdade e o poder de Deus prevaleçam sobre as imundícias dos espíritos (ou não permite que o que jaz sobre os espíritos imundos entenda a verdade e o poder de Deus), Portanto revela agora a tua justiça – assim falavam a Cristo. E Cristo lhe replicou; o poder de anos de Satanás de cumpriu, mas outras coisas terríveis se aproxima. E por Aquiles que pecaram eu fui entregue a morte, para que retornem a verdade e não mais pequem, a fim de que herdem a gloria espiritual e incorruptível da justiça que há nos céu”[iii],

(Forma tradicional- TR-cont.)- “15-E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. 16-Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado. 17-E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; 18-Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão. 19-Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus. 20-E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram”. Amém.  Marcos 16:9-20.[iv]

Introdução

            O final do Evangelho de Marcos é sem dúvida, o mais polemico e controvertido texto do Primeiro Testamento. Biblitas modernos tem se perguntado por que o autor sagrado Marcos terminou seu evangelho de forma abrupta no 16:8?
            São quatros os finais existentes no evangelho de Marcos. A “forma tradicional" (TR) mais conhecida consta em todas as versões em português. Em algumas Bíblias o final tradicional (TR - sem as interpolações W, Ψ) tem indicação entre parêntese ou com nota de rodapé informando que o mesmo “não fazem parte dos manuscritos mais antigos”.

             Quem teria acrescentado este final e por quê?

Marcos 16:9-20 no banco dos réus.

            A “forma tradicional” (TR), 16:9-20, é a mais comumente aceita pelas igrejas de um modo geral vamos analisar e julgar sua forma. Filólogos, doutores, biblistas, estudiosos, pesquisadores, Ministro do evangelho e membros de igreja compõem a mesa julgadora que define o destino do “apêndice do evangelista Marcos. A principal testemunha que deveria elucidar o caso não está presente: Marcos jaz em alguma parte do mundo antigo.

            A acusação, na realidade, é que todos estes textos não pertencem ao autografo. Foram acréscimos e interpolações ao texto original por escribas, possivelmente, no sec. I e II.
            Devemos considerar este final mais longo como inspirado por Deus, mesmo não vindo do autor? Se a “forma tradicional” (TR) é Palavra de Deus inerrante, por que não constam dos mss (manuscritos) mais antigos?
             Para os defensores da forma mais tradicional e consequentemente. apaixonados pelo “Textus Receptus” (TR), do qual pertence à maioria dos mss mais recene, como lidariam? Já que nesta parte está a promessa mais fascinante dos evangelhos? 17-E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; 18-Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão”.  
               
            O fato é que tem surgido inúmeras resposta e até especulações em torno desse tema, vejamos algumas:

ü  Marcos não encerrou a narrativa devido a uma possível Morte, prisão ou outra circunstância que o impedira de formalizar o final do seu escrito canônico;
ü  A última pagina se perdeu ou extravio-se no tempo.
ü  O final tradicional (16:9-20) foi acrescentado por um copista cristão numa data posterior que entendeu ser insatisfatória a narrativa ate o v.8;
ü   Deixou em suspense a narrativa da ressurreição.  Termina seu evangelho no tumulo vazio. Assim alguém insatisfeito e temendo uma possível argumentação para as seitas gnósticas, deu cabo a narrativa;
ü  Todos os outros evangelhos teen um encerramento, o evangelho de Marcos ficaria sem um final?
ü  Marcos o fez de propósito, pois para ele evangelho do Senhor Jesus ainda continua sendo escrito;
ü  Deixou uma pagina em branco no final com que propósito?

            Contra o texto de Marcos 16:9-20 rezam a seguintes acusações:

              Os últimos doze versículos do texto comumente recebido e as interpolações se fazem ausentes nos dois mais antigos mss. gregos {_א (Alef) e Β (Vaticanus) [v]}, no codéx Bobiensis em Latim Antigo (it k) no manuscrito Siriaco Sinaitico, em cerca de cem mss armênios e nos dois mais antigos mss gergicos (escrito em 897 e 913 d.C).”
.  “Clemente de Alexandria e Orígenes não demonstravam conhecer a existência desses versículos. Euzébio e Jerônimo atestam que a passagem não aparece em quase todas as copia gregas de Marcos que conheciam (...) Não são poucos os mss que contem a passagem e que trazem motas escribais declarando que às copias gregas mais antigas faltam esses versículos; e , em outros testemunhos, a passagem é assinalada por asterisco[vi] ou obeli, os sinais convencionais usados pelos copistas para indicar uma adição espúria a um documento”. .

            Advoga a favor de Marcos 16:9-20 a ampla maioria: a Igreja:

            A “forma tradicional” (TR) de Marcos, mais familiar da cristandade, está presentes na versão King James e nas versões que são fruto dos “Textus Receptus” (TR), que é uma critica textual originário da maioria dos mss gregos do tipo Bizantinos a partir do sec. V.
            Contem o “Textus Receptus” as Bíblias versões em português Almeida (ARA, ARC, ACF) e na Bíblia Trinitariana, bem como a versão inglesa King James (KG), todas contem o final na “forma tradicional” no evangelho de Marcos.
            A “forma original”, isto é, até Marcos 16.8, não é reconhecida pela cristandade, como sendo o texto válido mais próximo do original. O texto preferido para eles “que consta da maioria dos manuscritos!”, isto é, o que ficou conhecido com “Textus Receptus”, produzido por Erasmo de Roterddan em 1525. Famoso erudito cristão a serviço do Papa (grifo meu).

            O “caso”. O  final de Marcos 16:9-20 é “denunciado ” por inúmeros manuscritos que neles contem quatro finais para Marcos;    que complica mais a situação e embaraça a mente  da cristandade leiga  colocando  em duvida a inspiração bíblica, a inerrância das Escrituras e a confiabilidade dos escritores sagrados.

Quatro são as formas do final do Evangelho de Marcos:

1.       “Forma extensa ou longa”: após o vs8, segue a interpolação (PSI Ψ  ), acrescido do restante dos vs. 16:9-20, sem a interpolação W. Entre os vs 14 e 15;[vii]
2.       “Forma expandida” ou “final Freer” (w): com interpolação, ao “final tradicional”, entre o vs 14 e 15;[viii].
3.       A “forma tradicional” (TR), do vs 9-20, sem os acréscimos psi e W  [ix].
4.       Forma original “(א  Β): termina o vs-8;[x];

            Se verdadeiramente quisermos justiça devemos considerar  os manuscritos mais antigos que são vistos  por alguns críticos textuais de pouca expressão, como sendo “lixo” dos manuscritos.

Codex Sinaiticus (Alef  א )
            Conteúdo e importância: (360 d C.) Manuscrito Uncial (letra maiúscula) do tipo Alexandrino, considerada a copia mais antiga existente das Escrituras Sagradas contendo o Novo Testamento (com exceção de Marcos 16:9-20 e João 5: 58-8: 11), havendo acréscimo dos apócrifos: as Epistolas de Barnabé e grande porção do Pastor de Hermas; quanto ao Velho Testamento contém porções do livro de Genesis, Números, I Crônicas, II Esdras, os livros poéticos, Ester, Judite, Tobias e os livros proféticos, excetuando, Oséias, Amós, Miquéias, Ezequiel e Daniel, também estão incluídos I e IV Macabeus.
Descoberto por Tischendorf[xi] na biblioteca do mosteiro de Santa Catarina, situado no sopé do Monte Sinai, em 1844. Quando lá esteve patrocinado pelo Kzar Russo.  Em 1933 a Biblioteca Nacional da Rússia vendeu a obra à Biblioteca Britânica por £100,000 (libras esterlinas). Em 1975,  neste mesmo mosterroi, durante a reforma em um comodo debaixo da capela foram encontrados 12 copias do Antigo Testamento do Códex Sinaiticus[xii]  
  
Códice Vaticanus (B).
            Este codéx está preservado na Biblioteca do Vaticano desde 1475 e considerado por Westcot e Hort (críticos textuais de erudição)  como o melhor manuscrito grego do tipo Alexandrino do Novo Testamento. Escrito em letras gregas maiúsculas (Unciais) sem espaços entre as palavras concorda com o tipo de texto da LXX.  Faltando algumas porções como segue: Genesis 1-45, uma porção de II Reis (II Samuel), alguns dos Salmos. No Novo Testamento faltam as epistolas pastorais, Hebreus 9:15 em diante e Apocalipse[xiii].



Textus Receptus – TR
É possível traçar um caminho para saber como surgiu o chamado Textus  Receptus(TR). Descrevo “resumidamente” como Philip W. Confort, R.N. Champlim e outros esclarecem:

“Com a latinização das escrituras (as primeiras versões latinas remonta 150 dC.), pois a Vulgata de Jerônimo já foi uma tentativa de unificar ou padronizar as versões latinas existentes. Jerônimo “queixou-se ante ao Papa que havia quase tantas versões quanto havia manuscritos”, Naquela época, Sec. III começava a surgir um texto grego popular das escrituras. Jerônimo chega a dizer que este texto foi instigado por Luciano de Antioquia[xiv]. O texto de Luciano foi produzido antes da perseguição imposta pelo Imperador Diocleciano (303d. C. a ultima e mais sangrenta) durante o qual milhares de copias das Escrituras foram confiscadas ou destruídas. A popularização do Cristianismo por Constantino a partir de 310 d.C trouxe a necessidade de copias do Novo Testamentos para distribuir para as igreja ao redor do Mediterrâneo. Bispos da escola de Antioquia saíram para diversos lugares levando copias produzidas por Luciano e seu ajudantes. O texto de Luciano seria uma edição intencional criada diferente do tipo de textos alexandrinos. Em pouco tempo o texto de Luciano tornou-se um padrão para as igrejas orientais e constituiu a base para o texto bizantino que posteriormente deu origem ao Textus Receptus. Enquanto os textos alexandrinos estavam chegando a sua forma final os de Luciano estava tomando forma. Houve menos adulteração nos textos alexandrinos do que de Luciano, e os manuscritos básicos para aquele tipo de texto eram superiores do que aos usados por Luciano “[xv].

“Os textos alexandrinos só não reproduzem o texto original, mas “todavia o texto alexandrino é quase puro, talvez com a percentagem de 2% ou 3% de erro. Em Alexandria (Egito), centro de erudição, copias dos originais, contemporâneos dos próprios originai, receberam certa modificações gramaticais e de estilo, alem de pequena dose de interpolações (adição de algo) escribas (texto alexandrino).  Ao redor de Roma , antes de 150 d.C., já tinha lugar uma modificação mais radical do texto (texto ocidental). Muitas  Excisões e adições foram feitas, bem como algumas declarações e incidentes da vida de Jesus e dos apóstolos, além de informações topográficas. Enquanto que o texto cesaréanos (de Cesareia) parece ter-se desenvolvido originalmente por combinação dos texto alexandrinos e ocidental e teve seu surgimento nos fins do sec. II , desenvolveu-se essencialmente no sec. III.. Não é meramente uma mescla daqueles dois, mas foi se tornando menos homogêneo dentre os grupos de texto. Esta forma de texto (cesareano) foi apenas um estágio para o desenvolvimento na direção do texto bizantino “[xvi].

Este fator histórico, por volta de 750 dC, os centros de erudição no Egito e Ásia Menor já estavam sob a dominação muçulmana, todo o norte da África (incluindo Alexandria, centro de erudição), palestina e parte da Ásia Menor (Cesárea e Antioquia, outro centro de erudição ) que de certa forma causaram o prejuízo a literatura escriturística. Bizâncio ou Constantinopla, capital do império, continuou reinando soberana produzindo as literaturas para as igrejas.

Philip W. Confort, então, conclui:

 “Á medida que os anos iam passando, houve cada vez menos manuscritos alexandrinos e mais e mais manuscritos bizantinos. Somente naquelas igrejas de fala grega e de Bizâncio continuaram sendo feitas copia do texto grego (...). Dos séculos VI e XIV - a grande maioria dos manuscritos do NT foi produzida em Bizâncio, todos trazendo o mesmo tipo de texto (...). Quando o primeiro NT em grego foi impresso (c 1525), foi baseado em um texto grego que Erasmo tinha compilado, utilizando-se de alguns manuscritos bizantinos tardio. Esse texto impresso, com poucas revisões, tornou-se o Textus Receptus[xvii]”.
.
 A respeito dos manuscritos utilizados para a produção da referida critica textual R.N. Champlin acrescenta que:

 “Erasmo fez uso do manuscrito Codex 1 (pertencentes ao sec. XII a XIV), mas não se utilizou grandemente do mesmo, pois com grande freqüência diferia dos manuscritos bizantinos. Erasmo classificou este texto de errático, preferindo mss bizantinos Códex 2. Nos dias de Erasmo havia uma ignorância geral sobre os valores comparativos dos mss, como também a falta de mss mais antigos. Erasmo não contava com nenhum mss Uncial sequer, nem um único papiro. Preferiu contar com aqueles textos que existiam na maioria dos manuscritos ou em maior numero e que concordavam entre si” [xviii].
            A luta por manter o Textus Receptus no trono, por pessoas honestas, mas equivocadas, que usualmente lêem deficientemente o grego e pouco ou nada conhecem no campo da critica textual, é essencialmente a luta por reter a bagagem que o texto foi adquirido através de séculos de transição. Tais pessoas ignoram o fato de que o texto bizantino (na sua forma posterior  se acham no Textus Receptus) nem ao menos existia senão já no século IV.  Nenhum manuscrito grego ou versão traz essa forma antes disso, e nem se acha nos escritos de qualquer dos pais da igreja.  Aqueles que consideram o Novo Testamento um documento inspirador não deveriam ansiar por reter as notas feitas por escribas medievais, negligenciando ignorantemente os papiros. Os quais usavam um Novo Testamento mais puro do que qualquer coisa de texto bizantino. Tudo isto é uma questão de registro histórico “[xix].

            Após os testemunhos de eruditos confiáveis podemos chegar a uma conclusão da originalidade textual  do final do  evangelho de Marcos?
           
            O texto critico do evangelho de Marcos, como conhecemos hoje nas versões em Português, é o “TEXTUS RECEPTUS” produzido por Erasmo. Como vemos Erasmo não dispunha dos melhores manuscritos que só se tornaram conhecido após o sec. XVI.
Abaixo podemos verificar quais foram a fones que Erasmo fez uso:
               
Manuscritos usados na compilação do Texto Receptus (TR) foram:

Ms 1. Datado do sec. X d.C. Esse mss pertence ao tipo de texto cesareano .
Ms 2, datado do séc. XII, o principal mss usado por Erasmo, representa o estágio mais corrompido do tipo de texto bizantino (nos evangelhos).
Ms 2 (Atos e Paulo), data do séc. XII e representa o texto bizantino posterior.
Ms 1 (Apocalipse), data do séc. XII, E vem do texto bizantino posterior.
            Além dos mss gregos, Erasmo dependeu da Vulgata Latina quanto a algumas formas, especialmente no caso dos vss finais do Apocalipse, para os qual ele não dispunha de qualquer ns grego. Deve-se notar que ele não contava com qualquer papiro, que agora testifica sobre mais de ¾ do Novo Testamento, fazendo-nos retroceder ao séc. II.  Também não tinha qualquer ms grego uncial, dos quais agora possuímos cerca de 250, datados do séc. IV ao IX. Infelizmente, Erasmo não fez melhor utilização nem mesmo dos mss que tinha, porquanto o ms 1, do grupo cesareano, é muito superior aos demais, que ele mais usou. Ele evitou esse texto, por causa da sua suposta natureza errática, pois o citado mss faltava as anotações, modificações e harmonizações, além de outras espécies de erros fitos pelos escribas medievais, que tinham produzido um texto imensamente mesclado e expandido “[1].

            Se  texto final de Marcos 16.9-20 “não faz parte do texto considerados originais ou  manuscritos mais antigos”, porque consta da maioria da Escrituras Sagrada?  Seu texto não é considerado inspirado por Deus?

O Códice Sinaitico (א), juntamente com o Códice Vaticanus (B), formam os dois mais importantes manuscritos do tipo alexandrinos. Os mss alexandrinos são:  a maioria dos papiros do séc.I e II (que Erasmo não conhecia), Alef (א), B, C, L, 33 e Copta)[xx].
O Códice Vaticanus (B) e Alef são muito semelhante quanto ao texto do Novo Testamento, embora o primeiro seja muito superior no conjunto da obra.
Com a descoberta dos papiros, a maioria próxima do manuscrito Vaticano e seu texto tipo alexandrino, demoliu a teoria da autoridade dos chamados ‘maioria dos textos’.  

            Agora que conhecemos a origem do final de Marcos.  O que decidimos?
            A favor do “Textus Receptus”, para que não caia no descrédito, pois muitos crentes se valeram da fé lendo as Bíblias Almeidista, ainda devemos destacar o seguinte:

ü  Essa sobrecarga (nos textos bizantinos), cerca de 15% a mais, não conseguiu prejudica a mensagem, nem mesmo nas minúcias. Aqueles que se apegam a inspiração verbal deveriam ser os mais ansiosos por restaurarem o texto e eliminarem a bagagem de 15%, ainda que de modo geral, nenhuma questão doutrinária importante esteja envolvida.
ü  De 1516 a 1750, o Textus Receptus (TR) reinou sozinho, devido à ausência da competição, para reconhecer o valor comparativo dos manuscritos[xxi].”.
ü  Os críticos textuais sabem que foram os mss posteriores e inferiores e não os melhores e mais antigos, que foram grandemente multiplicados. É impossível chegar-se ao texto original meramente com a contagem do número de manuscritos que concordam com as variantes. Foram os mss mais recentes e inferiores que foram grandemente multiplicados durante a Idade Média.
ü  É um exercício de futilidade, supor, apenas pela força do argumento ou do preconceito que os mss posteriores (bizantinos) foram copiados de mss mais antigos.
ü  O poder que o Textus Receptus obteve se deveu ao fato de que não teve competidores na forma de texto impressos por longo tempo, e, por causa disso, à medida que novas traduções do Novo Testamento nos idiomas vernáculos se consumavam o TR se solidificava[xxii].

            Desta forma isentamos a critica textual “Textus Receptus” do Padre. Erasmo. Nas sobre ele pesa a culpa de ter se tornado “verdugo” dos textos mais antigos o qual desprezou.

            Avaliando o final do Evangelho de Marcos pelos princípios utilizados para determinar a originalidade do texto.

            Na obra de Champlin, ele estabelece princípios utilizados na determinação do texto original do Novo Testamento. Relacionei alguns para verificarmos se o texto de Marcos 16:9-20 com suas variantes estão dentro destes princípios:
1.       É impossível chegar-se ao texto original, meramente com contagem dos números dos manuscritos que concordam com as variantes;
2.       A contagem dos mss mais antigos, por exemplo, o unciais dos primeiros séculos, é que mais freqüentemente nos fornecerá a forma original, e não o método acima mencionado, mas essa também não é a forma correta de determinar o original;
3.       Um ou dois mss unciais, apoiados por um papiro, mais provavelmente terão a forma original do que aquela variante apoiada por uma dúzia de mss do sec. V ou VI;
4.       Dar preferência as formas mais breves, já que era natural o copista torná-los longo;
5.       As formas difíceis, usualmente, representam o original, já que foram sujeitas a simplicidade ou aclaramento, atividade esta que produziram variantes;
6.       Deve-se verificar qual a variante que foi a causa da mudança do texto;
7.       Julgar o estilo e os hábitos do autor original. Se tal estilo literário ou palavra é comum do autor bem provável que seja do próprio autor[xxiii].
           
            __ No caso, o texto específico julgado não passa pelo crivo dos princípios avaliadores de texto originais. Desta forma, Marcos não é definitivamente o autor do final do evangelho.

            O “Costume e a tradição”  da igreja é o único apelo a favor do vernáculo grego.

            O povo se acostumara com essa forma, e suspeitava de quem ousasse pronunciar-se contra ele. Aquilo que nos é familiar, ao que já temos certa lealdade, e que é aceito por nós. O cérebro estabelece certa cadeia de reação com o que é familiar, rejeitando ou reagindo com o que não é familiar.  Essa rejeição causa impaciência e é tomada como se fosse uma reação espiritual contra algo.     É comum ver pessoas dizerem não gosto desta versão, preferindo a de linguagem mais difícil, todavia não entende nem uma nem outra.

            A conclusão, Senhores, qual é?

1.                   “Forma extensa ou longa”: após o vs8, segue a interpelação (psi –Ψ ), acrescido do restante dos vs. 16:9-20, sem a interpolação W. Entre os vs 14 e 15:
            Esta forma mais longa não pode ser própria de Marcos, devido à grande variedade de palavras que não são próprias de Marcos, nem tão pouco, o estilo literário simples apresentado no evangelho pelo autor sagrado.

2.                     “Forma expandida” (w): com interpolação entre o vs 14 e 15.
            Esta forma carece de mais testemunho, pois tem base apenas em um único mss. W do sec. IV. A incisão certamente não é própria de Marcos.
3.                  A “forma tradicional” mais conhecida e amada pela igreja (TR), do vs 9-20, sem os acréscimos:
            Muitos são os argumentos desfavoráveis a este termino em Marcos. Toda a exposição e argumentação anterior foram para concluirmos que Marcos encerrou sua obra no versículo oito do capítulo dezesseis.   Vamos deixar que Dr Champlin  dê a sua opinião:

Ainda que o final familiar esteja presente na maioria dos mss. Atualmente existente Jerônimo diz-nos que o oposto que era a verdade nos seus dias. Existem 17 palavras estranhas ao evangelho de Marcos nesta seção. (...) Um mss armênio de 989 dC. , contem uma nota que indica que essa seção foi escrita pelo presbítero Ariston, o que alguns tem considerado ser uma referencia a Aristion, contemporâneo de Papias, no inicio do sec. II, e tradicionalmente discípulo do Apostolo João. Mas bem poucos historiadores consideram esta nota digna de confiança
Os mais antigos manuscritos omitem esta parte do texto em poucos dos pais da igreja até o sec. IV conheciam estes versículos. Não haveria necessidade de certos escribas terem omitido estes versículos se realmente eles fizeram parte do evangelho de Marcos. O fato dos escribas mais antigos terem omitido é porque não constava do original “[xxiv].

            Qualquer um de nós, leigos e usuários das traduções Almeidista, poderíamos dar testemunho, de quantas bençãos recebemos confiando neste texto apócrifo, afinal está na  Bíblia que  é a Palavra de Deus que  tantas vezes nos inspirou. O que diríamos?

“Parece tratar de um sumario de acontecimentos, feito à base de outros evangelhos e adicionados a Marcos, para que este evangelho terminasse de modo muito mais natural[xxv].”

“Os leitores atento notarão nesses VV. Alguns temas diferentes de tudo que viram antes no Evangelho de Marcos. Talvez reconheçam neles ecos de cenas conhecidas dos outros Evangelhos reunidas para completar o final  abrupto de Marcos.(por exemplo, Maria Madalena encontra sozinha Jesus  no Evangelho de João 20:11-18; a aparição aos dois discípulos lembra a aparição no caminho de Emaús do Evangelho de Lucas 24:13-35; e a missão “sairam a pregar por toda parte” , soa como o fim do Evangelho de Mateus 28:16-20.”[xxvi]

4.       Forma original “(א Β): termina o vs8;
Chegamos ao objetivo principal desta pesquisa, a defesa do texto original.
Anteriormente expomos a historicidade dos manuscritos mais antigos, sua origem e importância nos quais Marcos se encontra sem os acréscimos. Bem como, a origem do Textus Receptus de Erasmo onde Marcos aparece com os acréscimos.
Toda esta argumentação é para concluímos que era natural dos escribas cristãos adicionarem, fazer interpolação, omitirem texto quando faziam suas copias dos textos sagrados. O final do Evangelho de Marcos é a grande evidencia disso.

A Escritura sagrada tem o direito de defesa. Quanto a  inerrância das Escrituras e seus autógrafos destacamos:

“Em virtude de sua origem divina, são integralmente confiáveis e infalíveis (v. I Tm.1:15; 3:1; 4:9; 2 Tm.2:11; Tt. 3:8; Hb.2:3; 2 Pe.1:19), de modo que por meio delas poderemos distinguir entre o que é verdadeiro e o que é falso (v.1 Ts. 5:21; 1 Jo.4:1). As escrituras sagradas são modelo de confiabilidade (Lc. 1:1-4) e jamais os desapontarão, tão pouco nos confundirão(Is. 28:16; Jo.19:35; 20:31; Rm.9:33; 1 Pe. 2:6; 1 Jo.1:1-3) Sua precisão se estende a cada detalhe mínimo, como disse nosso Senhor – à menor “letra” e ao menor “traço”  (Mt. 5:18)  - de tal forma que a solidez da mínima porção encontra respaldo no todo (v. Is.40:8; Mt. 24:35; 1 Pe. 1:24,25). Cada uma das palavras da Bíblia é, por sua própria definição, infalivelmente verdadeira. Deus mesmo disse: “Eu, o Senhor, falo a verdade; eu anuncio o que é certo (Is. 45:19)”[xxvii].

As razões porque Marcos não finalizou seu evangelho nunca sabemos com certeza. Podemos especular afirmando que:
§  Não finalizou por sua própria conta.
§  Finalizou-se, se perdeu ou extraviou logo no inicio e nenhuma copia foi produzida com um termino.
§  Algum acontecimento o impediu de terminar: morte, prisão, compromisso, etc.
§  O evangelho de Mateus assumiu maior importância que de Marcos, por ser mais completo deixando de lado Marcos, somente mais tarde, no final do sec II, com a formação do Canon de quatro evangelhos que novamente foi lembrado, e não contava com muitas copias.

            Marcos deixou um pagina em branco no final do seu evangelho, por que Senhores?

Pagina em branco

            Aquele que não faz nada errado, inspirador  dos autores sagrados. Promotor dos melhores textos, Juiz do universo, julgador de todas as causas impossíveis se levanta na tribuna e diz;

É “... fato que Marcos é o evangelho não terminado. Porquanto, o evangelho do Senhor Jesus Cristo, o filho do Deus Vivo sempre será um fato ainda não concluído. Trata-se de uma narrativa continua que deve ter prosseguimento na vida do Crente. Paulo acrescenta a sua pagina, ao mesmo, ao dizer: “... e afinal, depois de todos, foi visto também por mim” (I Co.15:8).
Existe uma pagina em branco reservada para cada um de nós fazer ali os seus assentamentos, o nosso registro daquilo que Jesus fez por nosso intermédio “(Halford E. Loockok, in loc) [xxviii].



BIBLIOGRAFIA

BABNSEN, Greg L. A importância dos Autógrafos (GEISLER, Norman(Org). A inerrancia da Bíblia) Trad. Antivam G. Mendes. São Paulo. Vida, 2007.
BERGANTE, D; Karris, Robert J.Comentário Bíblico.Trad.Barbara T. Lambert. São Paulo: Loyola. Vol.III, 2012.
CHAMPLIN, R.N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. 10ª. ed..São Paulo: Hagnos. Vol.4, 2011.
CHAMPLIN, R.N. Novo Testamento Interpretado. 5ª Ed.. São Paulo: Mileniu. Vol. I, 1985.  
CONFORT, W. Philip. A origem da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD. 1998.
GEISLER, Norman(Org). A inerrancia da Bíblia(Trad. Antivam G. Mendes). São Paulo. Vida, 2007.  
 http://pt.wikipedia.org/wiki/Codex_Sinaiticus

REFERÊNCIAS



 21 Champlin, R.N.  Novo Testamento Interpretado; 5ª Ed. São Paulo. MILENIUN, Vol. I. 1985. p.100;




[i] Esta inserção conta dos manuscritos  gregos unciais ( L Ψ  099  0112 ), dos sec. VII e VIII e IX,  na latina antigo  K, siríaco Hercleano e boaricos, não poucos  manuscritos etiopes. Com exceção no Itk, todas continuam com vs. 9-20
[ii] Esta forma figura em vasto testemunhos  A C D K X W Δ Θ Π Ψ 099  0112  f13  28 33  al . mas bíblias  versão inglesa KJ e na feitas com base no Textus Receptus;
[iii] A citada inserção conta do uncial grego no N.T. Codex Washingtonianus (ou Freerianus) do sec. IV que está preservado na Freer Galery, em Washington, DC;
[iv] CHAMPLIN,  Vol. I. 1985. p.800, 801;
[v]  São manuscritos unciais, do sec. IV, do tipo Alexandrino.  Este mss. não são aceitos por grande parte da cristandade moderna que preferem os “Textus Receptus”
[vi] Asterico (*), Sinal tipográfico em forma de estrela (*), que indica uma remissão ou chamada para citação. (Quando repetido três vezes [***], indica lacuna ou omissão de trecho numa citação ou transcrição. Anteposto a uma palavra, serve para indicar que ela é hipotética, i.e., não documentada.)
[vii] OS ms que consta a forma mais extensa são: Ψ 099 0112, dos sec. VII, VII e IX, latim antigo K, siríaco Hercleano, vários mss sardicos, baricos e etíopes.  
[viii] O único mss que contem esta forma mais longa é Codice FREERIANUS, Uncial grego do sec. IV, também conhecido como Waschingtonianus, preservado na Free Galeri, Waschingon. (BERGANTE, D; Karris, Robert J. Comentário Biblico. Trad.Barbara T. Lambert. São Paulo: Loyola. Vol III. 2012. p.71; ver também  CHAMPLIN, R.N. Novo Testamento Interpretado; 5ª Ed. São Paulo. MILENIUN, Vol. I. 1985. p.91, 802).
[ix] Estas formas estão presentes nos mss, maioria bizantina ( A C D K X W Δ Θ Π Ψ 099 0112 f13 28 38 al), onde somente os o A e C, são do sec. V ou demais de datas posteriores.  Códice D, também conhecido com BEZAE, sec. V/VI único texto ocidental desta lista.
[x]  A forma original consta dos mss Alef (א) e Vaticanus (B) do sec. IV. Embora reconhecidamente pelos filólogos como o “pai” dos manuscritos, não é reconhecido bem vistos pelos amantes do Textus receptus.
[xi] Lobegot Friedrich Constantin Tischendorf (1815-1874) Escreveu mais de 150 livros e artigos a maior parte ligada a critica bíblica. Entre 1841 a 1872 preparou oito edições do seu famoso Novo Testamento Grego, que contem grande massa de evidencia grega, patrísticas e das versões. É lamentável – que ele não tenha tido qualquer acesso aos papiros; pois sua obra até hoje se situaria entre as melhores e mais completa.(CHAMPLIN,  Hagnos. Vol.4,  p.78-79, 100).
[xii]  Ver http://pt.wikipedia.org/wiki/Codex_Sinaiticus
[xiii] CHAMPLIN, Vol. I. 1985.  p.77;
[xiv] Luciano de Antioquia (ca. 240– 312[a]), conhecido também como Luciano, o mártir, foi um presbítero, um teólogo e mártir. Ele era conhecido tanto por sua erudição quanto por piedade acética. Eusébio de Cesárea destaca sua erudição teológica e reporta que ele fundou uma Didaskaleion, uma escola. A teologia de Luciano parece esta rodeada de controvérsias. Foi suspeito de heresia e excomungado. Reconciliou com a igreja no inicio do bispado de Cirilo (Ca. de 285) fonte:  http://pt.wikipedia.org/wiki/Luciano_de_Antioquia
[xv] CONFORT,  1998, p.219-222;
[xvi] CHAMPLIN,Vol. I. 1985 , p.97;
[xvii] CONFORT, Ibid,. p.221;
[xviii] CHAMPLIN, ibid. p.99, 100;
[xix]  Ibid,. Vol.4, 2011.  p.86,87; ibid, Vol. I. 1985. p. 91, 801-804;
[xx]  Ibid., Vol. 4, 2011  P.97;
[xxi]  CHAMPLIN,  Ibid,  Vol.4, 2011, p. 92.;
[xxii] Diversas citações da obra de Champlin, R.N.
[xxiii]  ibid..  Vol. I. 1985,  p.100;
[xxiv]  ibid.  Vol. I. 1985., p.802;
[xxv] Autor desconhecido;
[xxvi] BERGANTE,  Vol.III, 2012, p.71;
[xxvii] BABNSEN, Greg L., 2007. p . 186;
[xxviii]  CHAMPLIN, Vol. I. 1985., p.805;

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