Origem do batismo.
“O batismo cristão mantém certa relação com (1) as cerimônias de purificação dos judeus, (2) com as cerimônias de iniciação dos convertidos gentios ao judaísmo (mas jamais se confunde com elas) e (3) com o batismo de João. Aquelas cerimônias de purificação estavam associadas á purificação cerimonial (certa qualificação para ser relacionarem com o povo e para participarem do culto no templo) e também ao arrependimento de pecados. Semelhante ao batismo de João, embora este apontasse para alguém que “viria após ele” e que “estavam prestes a receberem o Reino de Deus”. Na cerimônia do prosélito convertido ao judaísmo, no inicio da era cristã - eles deveriam submeter-se à circuncisão, a um banho ritual e oferecer sacrifício. Sobre Cerimônia de purificação ver: Lv. 12.7; 14.8; 15.5,8, 10,13.
Maria submeteu-se a cerimônia de purificação após o parto conforme ordenava a Lei (Lc. 2.22-24). Jesus pediu ao leproso curado para cumprir a lei sobre cerimônia de purificação (Mat. 8.1-4).
O modo usual de purificação consistia em banhar o corpo e lavar as roupas: “... lavará suas roupas e se banhará em águas correntes e ficará puro” (Lv. 15.13). Em seguida oferecia duas ofertas de sacrifício (uma em holocausto, outra em oferta pelo pecado, tudo falavam de arrependimento e comunhão com Deus). Israel foi chamada para ser santa (Lv. 11.44,45) e separada de toda impureza. A impureza cerimonial falava de pecado. A higiene corporal eram exigidas em sua sociedade. As leis do asseio eram seguidas pelos observantes ao se aproximarem de Deus. A pessoa “limpa” era aquela que podia aproximar-se de Deus para adorá-lo (Ex.19.10; 30.18-21. Js 3,5). “Limpo” era aquele que não contaminava cerimonialmente. O termo “limpo” era empregado para animais (Gn. 7.2), lugares (Lv. 4.12), objetos (Is. 66.20) ou pessoas que não estivessem cerimonialmente contaminadas (1 Sm 20.26).
Pelo visto, o batismo cristão mantém uma relação, embora remota, com a cerimônia de purificação, com o batismo dos prosélitos e com o batismo de João. Não pense que isso é tudo tem outros aspectos que serão vistos mais adiante. Vimos também que as pessoas obedeciam as ordenanças e faziam isso voluntariamente.
O batismo de João.
O batismo de João pressupunha o arrependimento. O arrependimento era a condição imposta por João para ser batizado (Mt. 3.11). Era ministrado por João, por isso batismo de João, que não queiria fazê-lo aos fariseus e saduceus por não darem nenhuma demonstração de arrependimento (7,8). O batismo de João era a mesma cerimônia de iniciação ao judaísmo aplicada aos prosélitos.
João Batista inaugurou um novo capítulo na História da Salvação, estava “preparando o caminho para o Salvador-Messias prometido (Mc. 1.2-5; Jo 1.30, 31; At.1.22, 10.37; 13.24). As pessoas eram imersa (batizada) na água barrenta do Jordão, ato que falava da cruz, morte e ressurreição de Cristo. João pregava ao povo sobre “aquele que haveria de vir”. O batismo de João olhava em direção daquele que haveria de vir. Jesus vem e pede o batismo das mãos de João.
O batizado de Jesus – Mt. 3.13-17
Jesus Cristo, feito homem e membro da família humana, procurou agir como deveriam agir os pecadores, embora não tivesse pecado algum, mesmo assim Jesus compareceu voluntariamente ao Jordão. Procurou o batismo de João Batista explicando a ele que seu agir tinha como propósito “cumprir toda a justiça”:
1) Ele precisava identificar-se com a humanidade pecaminosa, que viera salvar; e (2) Seu sepultamento batismal na água, e Sua saída da mesma, haveriam de dramatizar Sua vindoura morte, sepultamento e ressurreição. Ler Marcos 1:9-11; Mateus 3:13-17 e Lucas 3.21-23 (§ 24). Apesar Dele não ter pecado nenhum a confessar não foi desobrigado de deixar de cumprir aquele ato justo de obediência. Jesus estava sancionando o batismo de João e acrescentando mais sentido ao simbolismo do batismo, p.e., o da consagração a Deus. Jesus deixou exemplo aos seus seguidores. Se o Mestre e Senhor se submeteu ao batismo, porque que seus seguidores não haveriam de fazer o mesmo?
Vemos todos os três membros da Triunidade participando da cena batismal de Jesus: o filho submeteu-se ao batismo; o Pai O identificou; e o Espírito O ungiu para Sua tarefa oficial. As palavras ditas pelo Pai procedem do A. T., identificando a Jesus tanto como o Messias davídico ("Tu és o meu Filho amado", declaração extraída de Salmos 2:7, um salmo real) quanto como o Servo do Senhor ("em ti me comprazo", declaração extraída de Isaías 42:1, um dos "cânticos do Servo", na última porção do livro de Isaías).
Novo nascimento – Jo 3.
A declaração que ele proferiu, no sentido de ser Jesus um "Mestre vindo da parte de Deus" (3:2), estabelece o contraste de Jesus como operador de milagres com os teólogos puramente acadêmicos, que saiam das escolas rabínicas. E a réplica dada por Jesus, de que a pessoa deve "nascer de novo", deu a entender a insuficiência da fé somente em milagres. A fé salvatícia deve forçosamente envolver a entrega moral e espiritual mais profunda, que efetue uma renovação comparável a um novo começo de vida, com uma nova natureza, outorgada desde os céus, lá no alto. Somente então é que um indivíduo pode ver e entrar no reino de Deus. De modo preliminar, entretanto, agora mesmo o crente começa a desfrutar da vida eterna que faz parte do governo divino.
Por si mesma, a fé não produz renovação espiritual. Antes, no momento da fé genuína em Jesus Cristo, o Espírito Santo purifica o coração ("Nascer da água e do Espírito"), simplesmente alude à operação purificadora do Espírito, na regeneração. Comparar com Tito 3:5 e Ezequiel 36:25-27. Era com base naquele trecho de Ezequiel, e na comparação rabínica entre um prosélito e uma criança recém-nascida que Jesus esperava que Nicodemos compreendesse as Suas palavras. Existem outras comparações, das quais equiparam a água com o batismo, com o nascimento natural, com o próprio Espírito e com a Palavra. Jesus compara as operações invisíveis do Espírito com o vento. O vento mesmo não pode ser visto, mas seus efeitos são perfeitamente evidentes. Ao estabelecer a comparação, Jesus estava criando um jogo de palavras, ante o duplo sentido do termo usado, o qual significava tanto "vento" quanto "espírito". A obra renovadora do Espírito se fundamenta sobre a descida de Jesus, desde os céus, e sobre Sua ascensão de volta aos céus, por meio da cruz. Nesta altura, Jesus compara Sua vindoura crucificação com a ocasião em que Moisés levantou a serpente no deserto (3:13, 14; vide Números 21:8, 9). Ser batizado é antes ser batizado em Cristo (Tt. 3.5) e envolve todo o plano de Deus na obra de Cristo.
Batismo em Atos.
Quando ouviram isso, os seus corações ficaram aflitos, e eles perguntaram a Pedro e aos outros apóstolos: "Irmãos, que faremos? “Pedro respondeu: "Arrependam-se, e cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos seus pecados, e receberão o dom do Espírito Santo. Pois a promessa é para vocês, para os seus filhos e para todos os que estão longe, para todos quantos o Senhor, o nosso Deus chamar". Com muitas outras palavras os advertia e insistia com eles: "Salvem-se desta geração corrompida! “Os que aceitaram a mensagem foram batizados, e naquele dia houve um acréscimo de cerca de três mil pessoas” (Atos 2.37-41 NVI-Grifo meu). Ver Atos 8.30-39.
O fraseado de Atos 2:38 - "Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados" - parece dar a entender que o batismo em água seja necessário para que se receba o perdão de pecados. Mas visto que muitas outras passagens requerem tão somente o arrependimento e a fé em Jesus Cristo, é melhor considerarmos o batismo como a maneira usual de demonstrar o arrependimento e a fé. O problema de crentes não-batizados jamais surgiu nas páginas do Novo Testamento. (Alternativamente, poderíamos traduzir: "cada um de vós seja batizado... em resultado da remissão dos vossos pecados". Comparar com Mateus 3:11; 12:41; Lucas 12:32).
Em Éfeso: discípulos de João Batista recebem o batismo cristão(19:141). Foram rebatizados, porque só no batismo de arrependimento de Joao nao envolvia a obra de Cristo.
O desconhecimento - Apolo – At. 18.24-28. Com o fim de preparar os leitores para o relato do ministério de Paulo em Éfeso, Lucas insere um parágrafo a respeito da pregação de Apolo em Éfeso. Esse eloqüente judeu alexandrino pregava a Jesus, mas conhecia apenas o batismo de João Batista, o batismo condicionado ao arrependimento. Noutras palavras, Apolo não batizava os seus em nome de Jesus. E depois que Priscila e Áquila informaram-no melhor sobre a doutrina e a prática cristã, Apolo se dirigiu para Acaia (Grécia). Agora compreendendo melhor o significado do Batismo em Cristo.
Batismo nas epistolas de Pedro – 1 Pe 3.18-21. Ao comparar o batismo com o dilúvio, Pedro indica cuidadosamente que o contato do batizando com a água não remove o pecado ("não sendo a remoção da imundícia da carne"); antes, a atitude interna de arrependimento e fé, que se exibe mediante a submissão ao rito batismal ("a indagação de uma boa consciência para com Deus” (v-21)), é que conduz à remissão de pecados. Ao se conduzir ao batismo a pessoa já demonstra certa submissão a Deus.
O batismo em Romanos – Rm. 6:1-14. Apresenta o batismo como símbolo da união do crente com Cristo, em Sua morte, no tocante ao pecado, e a sua nova vida, no tocante à justiça.
Paulo estribado na doutrina da união do crente com Cristo, o que se vê dramatizado no batismo cristão. No batismo, o crente confessa a sua morte para o pecado através da sua identificação com Jesus Cristo, em Sua morte, além de confessar que reviveu para a justiça, mediante a sua identificação com Cristo e a Sua ressurreição. Até onde Deus está envolvido na vida do convertido? Por conseguinte, o crente morreu quando Cristo morreu, e ressuscitou quando Cristo foi soerguido dentre os mortos. Esse fato coloca o crente debaixo da obrigação de viver para a retidão. Assim sendo, compete-lhe conformar sua auto-imagem de conformidade com a perspectiva divina (Ler Romanos 6 – 8).
O batismo ilustra a nossa morte para o pecado e o nosso reviver para a retidão (vide o capítulo 6).
As ordenanças à Igreja.
O Senhor Jesus estabeleceu o batismo e a ceia como os dois ritos ou cerimônias a serem observadas pela sua igreja. Essas duas instituições são chamadas de ordenanças, porque foram ordenadas por Jesus (Mt. 28.19 Mc. 16.16). Os discípulos cumpriram a ordem de Jesus, batizando os novos crentes conforme o mandamento que haviam sido deixados (Mc. 16.20; At. 2.41; 8.12-13,36-39; 10.47).
Batismo nas águas.
“Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt. 28.19). “Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado” (Mc. 16.16). Para ser condenado basta “não crer”. Entre crer e ser salvo tem um caminho a percorrer: ser batizado. O batismo, por sim só, não salva, não lava pecados e não complementa a salvação. Esse batismo aqui não é apenas o batismo na água em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, mas um estado de constante batismo (imersão permanente em Cristo). Para alguns teólogos o Batismo é uma iniciação, porém é algo mais profundo, é um testemunho público da nova vida em Cristo assumida pelo batizando, que agora vive em Cristo e para Cristo, portanto a forma e as condições são importantes.
A Forma.
-Com água, pois fala de lavar, limpar, purificar. Refresca e saciar a sede. Que também simboliza o Espírito Santo, no qual fomos batizados no corpo de Cristo: “Pois em um só Espírito fomos todos nós batizados em um só corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos quer livres; e a todos nós foi dado beber de um só Espírito” (i.e. Fomos imerso no Espirito Santo, ao intergrar-se ao Corpo pelo batismo na água. 1Co. 12.13)
-Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo: a triunidade está envolvida no batismo nas águas. Fazer “em nome de”, significa representar, com a mesma autoridade, aquele que ordenou ou mandou, por não poder fazê-lo pessoalmente ou não querer fazê-lo. O mesmo que fazer por procuração. É como se Deus tivesse batizando o crente, com água simbolizando a Cruz (Mt. 28.18-20). Afinal, toda obra de convencimento e regeneração é obra do Senhor.
Condição.
Uma vez que o batismo, como já foi salientado, é um símbolo exterior do relacionamento entre o crente, Cristo e sua Igreja; geralmente concorda-se que apenas é o crente que é capaz de tomar uma decisão voluntária e racional pela fé e uma condição adequada para o batismo. Ou seja, aquele que está convicto da salvação em Cristo, então é “batizado em Cristo”.
Significado.
O batismo bíblico, portanto, é a identificação pública e externa com Cristo e a Igreja, por aquele que já exerceu fé salvadora. “O batismo é uma expressão exterior de uma realidade interior”.
Crer implica em atender.
“Quando ouviram isso, os seus corações ficaram aflitos, e eles perguntaram a Pedro e aos outros apóstolos: "Irmãos, que faremos? Pedro respondeu: Arrependam-se, e cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos seus pecados, e receberão o dom do Espírito Santo. Pois a promessa é para vocês, para os seus filhos e para todos os que estão longe, para todos quantos o Senhor, o nosso Deus chamar. Com muitas outras palavras os advertia e insistia com eles: Salvem-se desta geração corrompida!Os que aceitaram a mensagem foram batizados, e naquele dia houve um acréscimo de cerca de três mil pessoas” (Atos 2.37-41 NVI-Grifo meu). Ver Atos 8.30-39.
O batismo nas águas vem após crer no Evangelho. Quem diz que crê em Jesus, ou no evangelho, mas não toma a decisão pelo batismo é porque não creu de fato e não se arrependeu realmente, e assim sendo, continuará perdido.
“Eu lhes disse que vocês morrerão em seus pecados. Se vocês não crerem que Eu Sou, de fato morrerão em seus pecados”... “Aquele que pertence a Deus ouve o que Deus diz. Vocês não ouvem porque não pertencem a Deus". (Jo. 8.24,47NVI)
O crente convicto deve dizer como o eunuco Etíope: “Olhe aqui a água. O que me impede de ser batizado?” (At. 8.36).
Fonte de pesquisa:
NVI, Bíblia de Estudo, Comentários e Notas, São Paulo, Editora Vida, 2003, div. pg.
Warem, Rick, Uma Vida com propósito, Editora vida, 2011, div. Pg;
Mock, Denis. J. Panorama da doutrina Bíblica, Manual do Curso, 2002, pg 207-214;
Hodge, Sharles, Teologia Sistemática, Ed. Hagnos, 2001, pag. 1410-1530.
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