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A ESCRAVIDÃO NA BÍBLIA.

Este texto e parte integrante  de um artigo maior postado neste blog: A TEOLOGIA PRESENTE NOS DISCURSOS DA IGREJA CATÓLICA       NO FIN...

13/10/2018

O ADULTÉRIO NA BÍBLIA.

O ADULTÉRIO NA BÍBLIA  


José Maria V. Rodrigues. 





Objetivos:


      1.            O adultério dentro da cultura religiosa judaica.

Justificativa: 
     O assunto adultério na bíblia é bem antigo. Já no primeiro livro, Gênesis, encontramos passagens que tratam desse assunto. Portanto os povos antios tinham especial atenção com este relacionamento humano. Abrão foi teve que conviver com vizinhos que cobiçavam sua bela mulher Saraí, embora muito idosa. E por todo o Antigo Testamento encontramos passagens reveladoras de homens que cederam à fraqueza da carne e a beleza de mulheres sedutoras. Sendo assim, o problemas de muitos homens e mulheres da Bíblia são também o problemas de muitos da atualidade. Por esta razão o estudo desse assunto é bastante proveitoso e pertinente. 

Problema.
      As Sagradas Escrituras (Bíblia) é a unica regra de fé e patica para os Cristãos. Fonte reveladora da vontade do Pai para a humanidade e principalmente para os seus filhos. São muitos textos que revelam que Deus não é a favor do adultério e deseja que seus filhos se afaste desse drama humano, porque sua prática deixa os praticantes fora do Reino de Deus, condição necessária para a salvação.  Isto é, sua pratica leva a condenação.   Neste termos, o problema reside  numa forte conscientização que leve obediência de seus filhos. .  

Texto Base: João 7:53-8:11.

         “7:53 Depois disso, cada um foi para a sua casa.
1-Entretanto, Jesus seguiu para o monte das Oliveiras. 2Ao amanhecer, Ele voltou ao templo, e todo o povo achegava-se ao seu redor. Então, Ele se assentou e lhes ensinava. 3Os escribas e fariseus trouxeram até Ele uma mulher surpreendida em adultério. Forçaram-na a ficar em pé no meio de todos, 4e disseram a Ele: “Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante ato de adultério. 5Assim sendo, Moisés, na Lei, nos mandou que tais mulheres sejam apedrejadas. Todavia, tu, que dizes a este respeito?” 6Eles falavam assim para prová-lo e terem alguma coisa de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia na terra com o dedo, como se não tivesse ouvido. 7Porque insistiram na pergunta, Ele se levantou e lhes disse: “Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro a lhe atirar uma pedra.” 8E, novamente, inclinou-se e escrevia na terra. 9Então, aqueles que ouviram isso, sendo convencidos por suas consciências, foram se retirando um por um, começando pelos mais velhos até o último. Jesus foi deixado só, e a mulher ficou em pé onde estava. 10Quando Jesus se ergueu, não vendo a ninguém mais, além da mulher, disse a ela: “Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?” 11Disse ela: “Ninguém, Senhor.” E assim lhe disse Jesus: “Nem Eu te condeno; podes ir e não peques mais.” Jesus defende seu testemunho” (BKJA, João 7:53-8:11).


CONCEITOS E ETIMOLOGIAS

Segundo Strong's Concordância a palavra “adultério” é traduzida do grego “moicheia”  (μοιχεία, ας, ). 
Definição gramatical: substantivo, Feminino. 
Ortografia fonética: (moy-khi'-ah). 
Do latim: Adulteriun.  
O Dicionário Michaelis define a palavra como: “Infidelidade evidenciada por relação sexual com outrem que não seja o(a) companheiro(a) estável” (MICHAELIS).

 1)-O ADULTÉRIO DENTRO DA CULTURA RELIGIOSA JUDAICA

          Adultério é a relação sexual entre uma pessoa casada e outra que não é seu cônjuge. O pecado era perdoado nas culturas pagãs, particularmente quanto à parte do homem que, embora fosse casado não era acusado de adultério a não ser que coabitasse com a esposa de outro homem ou com uma virgem que tivesse noiva. O adultério é proibido tanto no Primeiro Testamento (conf. Ex. 20:14; Deut. 5:18, punível com pena de morte por apedrejamento,Lv. 20: 10 e Deut. 5:22ss) quanto no Segundo Testamento (Rm 13:9; Gal. 5: 19; Tg 2:11); O senhor Jesus estendeu a culpa do pecado de adultério, como fez com outros mandamentos, incluindo o propósito ou desejos de cometê-los ao próprio ato em si. “Eu, porém, vos digo que todo aquele que olhar para uma mulher para cobiçá-la, já em seu coração cometeu adultério com ela” (BIBLIA-ARA. Mat. 5:28).

        Na Bíblia a palavra adultério (co hebraico “na’aph” e do grego “moichia”) muitas vezes é usada de forma metafórica para representar a idolatria ou apostasia do povo de Israel comprometido com Deus (Jer. 3:8, 9).  
        A diferença entre adultério e fornicação é que este a relação sexual entre pessoas não casadas ou uma das partes não casada.  A palavra grega “pornéia” uniformemente traduzida como “formicação” inclui tanto lascívia e irregularidade sexual (cf. MM; Vine; EDNTW);
       
1.a) Adultérios nas culturas antigas

        O adultério era pratica comum nos cultos cananeus de adoração aos Baalins (plural de Baal; ídolos)  que incluía prostituição nos templos (Wiclife, p.35)
        Na cultura greco-romana o adultério, a prostituição e as orgias eram parte da cultura. O adultério, conseqüentemente, era permitido pelos deuses. Na Mitologia grega Afrodite (a deusa do amor) e Dionísio eram as principais divindades do sexo e do prazer:  Patridge relata no livro 'A História das Orgias', que Afrodite, a deusa do amor, “se entrega às delícias ilícitas do amor com Ares, o deus da guerra. O marido dela, Hefesto, convoca todos os outros deuses para testemunhar o adultério”.
        A prática da imoralidade sexual nos templos gregos com sacerdotisa era parte do culto. Não havia nenhuma restrição na lei sobre adultério para os homens. O adultério não era tolerado quando se tratava de mulheres. Elas deveriam cuidar da casa e filhos, mas os homens estavam livres da obrigação da fidelidade. Semelhantemente na cultura romana. As orgias eram verdadeiros bacanais (Baco, deus romano do vinho e da festa) de muita bebedeira e sexo com mulheres solteiras, as chamadas “heteras”. Escravas ou livres “treinadas” que serviam aos seus senhores e convidadas na pratica do sexo e divertimento; a homossexualidade era pratica comum. Os filósofos gregos do séc. IV e V a.C. já condenavam tanto a idolatria como a imoralidade. E, foi nessa cultura promiscua que o evangelho encontrou terreno fértil.

1.b) Adultério no Primeiro Testamento: Abraão e Davi
      A relação sexual nas culturas antigas tinha uma conotação distinta de uma cultura para outra.  As mulheres casadas assumiam a responsabilidade da casa e filhos. Estavam “sujeitas” ao marido devendo a ele fidelidade; a traição não era tolerada. Enquanto que os homens estavam livres para, inclusive ter mais de uma mulher. Valorizava-se o marido da mulher casada, mas não a mulher. Não se tomava por mulher a do outrem, mas por respeito ao marido. Na Bíblia temos o caso de Abraão e Sara (Cerca de 2200 a.C). Abraão teve medo de revelar que Sara era sua esposa, pois temia pela vida[1]. Tomar uma viúva como mulher não estava errado.
        Outro caso bastante conhecido é o de Davi (1000 a.C) que tomou a mulher de Urias e depois planejou a morte dele. Natã, o profeta, disse que Davi poderia ter qualquer mulher do reino, mas não a de Urias, porque esta era de Urias. Davi deveria ser punido pela Lei com morte de apedrejamento, mas como rei estava imune a punição, todavia recebeu do Senhor a devida punição.  O pecado de Davi tornou-se notório e deu aos inimigos de Deus ocasião para blasfemar.

Agora, pois, não se apartará a espada jamais da tua casa, porquanto me desprezaste, e tomaste a mulher de Urias, o heteu, para ser tua mulher. Assim diz o SENHOR: Eis que suscitarei da tua própria casa o mal sobre ti, e tomarei tuas mulheres perante os teus olhos, e as darei a teu próximo, o qual se deitará com tuas mulheres perante este sol. Porque tu o fizeste em oculto, mas eu farei este negócio perante todo o Israel e perante o sol. (...) Todavia, porquanto com este feito deste lugar sobremaneira a que os inimigos do SENHOR blasfemem, também o filho que te nasceu certamente morrerá.( BÍBLIA – ARA. 2 Samuel 12:10-12.14)

        Davi foi protagonista desta macabra narrativa no Antigo Testamento. Pagou preço alto por esta aventura; quatro de seus filhos morreram a espada. Sua filha foi estuprada pelo irmão dentro de sua própria casa. e teve que fugir de Jerusalém por causa de seu filho Absalão o qual se deitou com as mulheres de Davi. Neste caso, Absalão cometeu adultério ao deitar-se coma as esposas de seu pai. 
        No Primeiro Testamento encontramos referencia a essa lassidão moral como em Jó 24.15; 31.4; Prov. 2.16-19; 7.5-22; Jer. 2:10-14

1.c) Adultério no Segundo Testamento: a mulher adultera.

        No Segundo Testamento a imoralidade  generalizada permaneceu e pode ser claramente observada em Marcos 8.38 onde Jesus afirma “geração adultera e pecadora”. Em  Lucas. 18:11 na parábola do “Fariseu justo” que orava em pé dizendo: “Não sou como os outros homens: ladrões, corruptos, adúlteros [...]”. Os adúlteros consta da relação dos excluídos do reino de Deus, conforme a carta de 1o. Coríntios 6.9: “[...] nem adúlteros,[...] não herdarão o reino de Deus”.  A “imoralidade sexual” (porneia), juntamente com “impureza” (akatharsia) e “libertinagem” (aselgeia) todas relacionadas ao sexo. estão classificadas como “obras da carne” passível de condenação e exclusão do Reino de Deus em Gálatas. 5:19 e Heb. 13:4 ss. 
Segundo afirmou o Senhor Jesus a fonte de todo mau, inclusive os desejos sexuais indevidos é o coração: “Porque do coração é que procedem os maus intentos, homicídios, adultérios, imoralidades, roubos, falsos testemunhos, calúnias, blasfêmias”. (Mat. 5:19 ARA).


A mulher adultera do Evangelho de João.        
        Na passagem analisada de João os fariseus não queriam demonstrar amor a Deus, pureza  e santidade  no cumprimento da Lei ao fazer justiça, mas pretendiam confundir Jesus, forçá-lo a dizer alguma palavra ou frase que pudesse servir de base para sua prisão, condenação e morte. Confirma que a religião de algumas pessoas  parece consistir de ódio e ver punidos os pecados dos outros e não ver os seus próprios pecados. O inferno, para muitos religiosos, só existe para o outro e jamais para si.  O caráter dos fariseus é digno de lastima, foram capaz de se armar com tal sutileza para pegar Jesus em alguma falha. Devemos identificar que os romanos tiraram do judeus o poder de condenar alguém à pena de morte (Jo. 18.28-31). O objetivo deles era fazer com que Jesus infligisse  algum estatuto da Lei ou alguma lei dos romanos.
        Na concepção do Senhor Jesus os escribas e fariseus, ao surpreenderam a Mulher adultera, a qual procurou fazer tudo bem escondido; todavia não esperava ser surpreendida (“pega em flagrante delito”) estavam em mesmo pé de igualdade que a adultera. Seus corações estavam cheio de toda sorte de más intenções e maus desejos escondidos (“quem não tiver pecado que atire a primeira pedra”).  Interessante paradoxo: Os olhos que tudo vê flagrou os justos escribas e fariseus em seus pecados!. “A verdade que estava nele, repreendeu a mentira dos escribas e fariseus. A pureza que estava nele condenou a lascívia que estava nela” (WICLIFFE, CPAD.2008. p 35, ipud  Mission and Message of Jesus, p 795).

        Finalizando esta questão do adultério devemos citar o texto de Romanos 13:9 ora mencionado como referencia no inicio desta nossa escrita, o qual resumirá perfeitamente o que Jesus pretendia ensinar aos escribas e fariseus e que ficou bastante claro quando absolveu a mulher adultera e fez a ela aquela recomendação: “vai e não tornes a pecar”. Vejamos, portanto o ensinamento da passagem joanina nas palavras do apostolo Paulo:
"Com efeito: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás falso testemunho, não cobiçarás; e se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo".

Sobre a originalidade do texto de João ver postagem neste mesmo blog

2)- CONSIDERAÇÕES FINAIS.
        Muito embora o texto não faça parte do original, todavia podemos estar grato pela sua preservação; porque nos ilustra muitas coisas que precisamos compreende sobre o perdão e amor.  O texto exala muito bem o espírito dos escribas e fariseus  com sua brutalidade para com o ser considerado por eles sem esperança de salvação, também o desembaraço deles em encontrar um álibe para condenar o Senhor. Ou seja se a narrativa não cumpre a originalidade ela está perfeitamente dentro do contexto da lei judaica e bem demonstra o espirito do Senhor quanto à forma de tratamento para com o pecador. Se não fosse pelas provas textuais não seria difícil aceitar como texto sagrado.
        A total ausência de misericórdia dos religiosos para com a pessoa desgraçada e o grande amor de Deus através da pessoa do Senhor Jesus, na nova oportunidade de sobrevida concedia ao pecador são característica da graça de Deus.

3)- REFERÊNCIAS.

   
BARKER, Kenneth (org). Bíblia NVI de estudo. São Paulo. Ed. Vida. 2003
CHAMPLIN, R.N. Novo Testamento Interpretado. São Paulo: Milenium. Vol.2. 1985
CHAMPLIN, R.N. Novo Testamento Interpretado. São Paulo: Mileniun. VOL.1. 1985
GRADNON, C. R. O evangelho de João. São Paulo: Casa Ed. Presbiteriana.  1965. http://bibliaportugues.com/jfa/matthew/5.htm. Acesso em 15/04/2015.
JFA–Bíblia Sagrada–King Jones Atualizada. Disponível no site:
LIMA, Maria de L. C. Exegese Bíblica. Teoria e Pratica. São   Paulo.Paulinas. 2014.
MICHAELIS, Dicionario Brasileiro de língua portuguesa. Melhoramentos:Disponivel no site: https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/adult%C3%A9rio%20%20/. Aceso em out. 2018.
WICLIFE, F.S. Dicionário wiclife. trad. Trad. Degmar Rigas Junior, Rio de Janeiro:         CPAD.2008



[1] “E será que, quando os egípcios te virem, dirão: Esta é sua mulher. E matar-me-ão a mim, e a ti te guardarão em vida. Gênesis 12:12

Um comentário:

Unknown disse...

Muito interessante o texto. Nunca tinha ouvido falar sobre a seguinte questão citada no texto: "Se tal passagem foi adicionada ao texto copiado por um monge há de se perguntar qual(ais) foi(ram) a(s) razão(ões). de tê-lo(s) feito a partir do seculo VI?. São questões que ficarão no campo da especulação."
Mas, o mais revelador de tudo é a explanação de como Jesus perscrutava os corações e denunciava o pecado por trás das ações. A raiz do mal que habita no coração do ser humano e que o leva a destruir sua própria vida. Isto deve ser ensinado com profundidade nas igrejas. Faz parte do trabalho que Deus nos deu o privilégio de fazer parte, o trabalho de pregar o verdadeiro evangelho e colaborar com Deus na salvação do homem. Quanto mais os pastores se preocuparem com isso, mais poderão ajudar vidas, que além de ganharem a salvação, poderão minimizar o sofrimento nesta terra.