José V. Rodrigues
(cursando Bacharel em Teologia)
DOM
DE LÍNGUAS
INTRODUÇÃO.
O dom de línguas aparece na igreja
primitiva como evidencia do batismo do Espírito Santo, inaugurado no dia de
Pentecoste com a descida do Espírito Santo. A Igreja vem tendo muitos problemas
ao lidar com esse dom. Desde os tempos
mais remotos da Igreja parece que o dom de línguas tem despertado muitos
interesses e competições no seio do povo de Deus.
O apostolo Paulo, fiel literato do
Senhor, dedicou grande parte de sua Carta aos Coríntios no assunto dom de
línguas. Os crentes da Igreja de Corinto não sabiam lidar bem com o dom e o
faziam de forma desorganizada, em competição
e sem o fim de aproveitá-lo bem para a edificação da comunidade cristã
naquele local.
A primeira carta aos coríntios dos
capítulos 12 a 14 trata dos dons espirituais e pretende por fim a discussão
sobre dons espirituais e dedica boa parte
em como deve se organizar a Igreja e seus interlocutores afim de receber este
tão maravilhoso dom de línguas no interior da igreja durante os cultos.
O apóstolo Paulo nos ensina que o
dom de línguas no individuo serve apenas para sua própria edificação, porém
associado ao dom de interpretação de línguas se torna uma ferramenta para a
edificação da Igreja. Embora este assunto seja muito extenso esta pesquisa
pretende mostrar a partir de uma abordagem restrita ao dom de línguas na Igreja
como devemos lidar com o dom.
Basicamente fundamentaremos a
pesquisa em dois grande autores e escritores, o teólogo e enciclopedista o Dr.
Russel.Norman Champlin [1]
(Ph.D) e o pastor americano Dr. Tomas Evans (Th.M., Th.D.). Nossa abordagem não
será ampla e exaustiva, mas o suficiente para dar uma base de como devemos agir
com o dom de línguas.
Em breves momentos falaremos do
Espírito Santo, pois falar sobre o “dom de línguas” sem falar do Espírito Santo
é quase impossível, pois o dom é do Espírito Santo que é dado gratuitamente ao
crente nascido de novo que está desejoso de tem um relacionamento profundo com
o Senhor Jesus.
No final citamos um documentário da
Rede Globo de Televisão e usaremos as falas dos personagens e faremos uma
analise das falas do documentário.
1) CONCEITOS
Segundo o Dr. Champlim, os termos “dons” e “línguas”
vem do grego “charismasta” e “glossai” e esta dentro da lisa de
dons espirituais de I Coríntios 12:4-11,
sendo o oitavo dos nove dons do Espírito Santo. (Champlin, Vol. 3. p.850
2) DOM
DE LÍNGUAS NA VISÃO DE UM TEÓLOGO.
Inicialmente,
como o Dr. R.N. Champlim que nos fala sobre o tema começando pelo livro de Atos no
tocante ao batismo nas águas e batismo do Espírito Santo com o falar em línguas. A primeira grande exibição
desse dom aconteceu em Jerusalém dez dias após a ascensão de Nosso Senhor, no
dia de Pentecostes, quanto marcou a
fundação virtual da Igreja, narrada no segundo capítulo de Atos. Nesta
descrição de Atos parece não deixar margem a qualquer mal-entendido. Todos os
crentes reunidos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras
línguas – idiomas estrangeiros – que os discípulos nunca haviam estudado,
embora compreensíveis para os peregrinos judeus, reunidos em multidão, que
tinham vindo visitar Jerusalém provenientes de vários países: “cada um os ouvia falar na sua própria
língua” (v.6). Champlim salienta
também que “é evidente que esta manifestação se deu de maneira diferente
daquilo que ocorreu em todas as outras ocasiões em que o fenômeno é descrito ou
explicado”. A diferença capital, diz Dr;
Champlim, está “na menção ao “... som, como de um vento impetuoso ...”(bastante
ruidoso para atrair uma multidão), e também devido ao fato de que, entre a
multidão, houve aqueles que confundissem o fenômeno com o mero balbuciar de
embriagados” (vs.13) e que já nos dias
de Paulo as “línguas” só podiam ser
compreendidas por quem tivesse o dom paralelo da “interpretação de línguas” (I
Co.14:5 ss). Também, afirma que “a multidão reunida no dia de Pentecoste não
pensou estar ouvindo línguas de anjos, conforme Paulo parece dar a entender que
pode ocorrer, quando , agora, alguém fala em “línguas”” (I Co. 13:1). Champlim (vol.03, p. 850,851) também chama atenção para uma diferença
marcante entre as “línguas” de Pentecostes e as modernas manifestações de glossolalia;
lá ouve mais um milagre de “audição” do que um milagre de “fala”, atualmente
temos o milagre de “fala” e menos (ocorrência) do “dom de interpretação de
línguas” manifestado em algum crente e não no incrédulo. Não que aqueles judeus
incrédulos tenham recebido o dom de interpretação. Algumas perguntas o Dr.
Champlim tenta responder no que diz respeito ao vinculo do falar em línguas com
o batismo do Espírito Santo e com o batismo nas águas. Isto é, o dom de línguas
é sempre a evidencia indispensável do
batismo do Espírito Santo? O dom de línguas acompanha sempre o batismo
em águas? No primeiro caso ele afirma que tanto os relatos neotestamentários quanto
a experiência Cristã negam isso. Quanto
ao batismo do Espírito Santo, sem acompanhamentos das línguas, cita como
exemplo, o caso do recém converso Saulo de Tarso (At.9:17, 18) e o caso dos
convertidos de Samaria (At.8:17ss) e lembra que o autor de Atos pode ter deixado de mencionar, embora tenha ficado
subentendido. Depois pergunta: Paulo recebeu as línguas mais tarde, ou falou em
línguas no instante em que Ananias lhe impôs as mãos e as escamas lhe caíram dos
olhos?
No que diz respeito à segunda
pergunta se o dom de línguas acompanha o batismo nas águas? A afirmação do Dr.
Champlim com base no livro de Atos é: “não
há qualquer vinculação entre o batismo
em águas e o batismo no Espírito Santo (sem se importar se este ultimo é
sempre acompanhado ou não pelo falar em línguas)”. Exemplifica dizendo que quando
aqueles crentes do dia de Pentecostes
falaram em “outras línguas” já haviam sido batizados a pelo menos uns três anos
e meio atrás e que receberam o Dom do
Espírito somente depois que o ministério terreno de Jesus ter sido terminado. (“eles esperavam pela promessa que do alto haveria de
vir” - acréscimo meu). Já em Cesaréia (At.10-11: 1-18), o batismo do Espírito
Santo e o falar em línguas (At.10:45, 46) ocorreram antes do batismo em águas e
este foi o fato do batismo (em águas) daqueles crentes (At.10:47, 48). Em Samaria (At.8:14-17, “após serem batizados” - nas águas) o Espírito Santo veio como uma
espécie de “confirmação”, demonstrando que aqueles eram crentes autênticos. (Champlin,
Vol. 3. p.851).
Outra pergunta de Champlim é se quando a pessoa se
converte automaticamente recebe o batismo
do Espírito Santo? Responde dizendo que isto “não sucedeu senão no caso de
Cornélio e seus amigos” e que o mesmo não aconteceu com apóstolos nem com os
Samaritanos (At. 8:15, 16) e com os crentes de Éfeso quando Pedro os encontrou (At.19:2-7).
Para Champlim é “patente” ter o Espírito Santo e isto “ocorre
quanto o crente se converte; ele é
batizado no Corpo de Cristo e não é a mesma coisa que receber o batismo do Espírito Santo (e que, na
esmagadora maioria dos casos, ocorre algum tempo depois da conversão” – (como
exemplo os apóstolos, os Samaritanos e os crentes de Éfeso - acréscimo meu. (Champlin,
Vol. 3. p.852).
Champlim faz menção da importância
dos dons do Espírito Santo, mas enfatiza
que não são necessários para a salvação.
O batismo no Espírito Santo, o falar em línguas
e quaisquer outros dons carismáticos são bênçãos extras da graça divina em
Jesus Cristo. Nenhuma dessas coisas é necessária à salvação, e nem todos os
crentes a recebem. Mas, se uma apreciável parcela de crentes não recebe essas
bênçãos extras, isso em nada diminui a realidade desses fenômenos que,
reiterando, nos são dados como manifestações extraordinárias da graça
divina. Cabe aqui o esclarecimento
apostólico: ‘Mas um só e o mesmo Espírito realiza todas estas cousas, distribuindo-as,
com lhe apraz, a cada um individualmente.
I Cor. 12:11) (CHAMPLIN, Vol. 3. p.850,851).
Sob o titulo “dons
espirituais”, o apostolo Paulo em 1 Co 12-14 relaciona nove dons entre eles o
“dom de línguas”; no dizer do Dr. Champlim
“a leitura dessa e de outras passagens neotestamentaris indica que esse e
outros dons espirituais eram manifestações tão familiares para os crentes
primitivos, que os apóstolos dos gentios nunca
sentiram a necessidade de explicar com precisão o que está envolvido
nesses fenômenos”. Ele afirma também que
estes dons não se limitavam apenas a igreja de Corinto. Porque os dons
espirituais, inclusive o dom de línguas é abordado justamente nas duas
epistolas dirigida a igreja mais problemática moralmente é como se somente os
crentes carnais ou imorais recebessem essas manifestações e, por isso, o dom é diminuído por alguns escritores
modernos. Se isso fosse verdade, continua Champlim, Paulo não teria regulamentado o emprego das
línguas, antes teria proibido totalmente as línguas. No entanto o apóstolo Paulo recomenda: “procurai com zelo o dom de profetizar,
e não proibais o falar em outras línguas” (I Co. 14:39). Revelando algo de sua
vida particular: “Dou graças a Deus,
porque falo em outras línguas mais que tos vós” (I Co. 14:18). Na concepção de
Champlim, o apóstolo não iria se
vangloriar com um dom espiritual que fosse prova de pouco desenvolvimento
espiritual ou de imoralidade e que a ideia de que os dons espirituais se
destinam a infantis espirituais e não a maduros espirituais está errada. Os crentes
que receberam essas operações do Espírito cabem cultivá-la cada vez mais,
apoiados sobre as instruções
regulamentadoras da Bíblia Sagrada.
Outra importante instrução paulina,
especialmente acerca das línguas, ocorre em 1 Co. 14:4: “o que fala em outra
língua a si mesmo se edifica, mas o que
profetiza edifica a Igreja”. este versículo estabelece dois pontos fundamentais,
no pensamento do Dr. Champlin:
1. Há uma
clara distinção entre o dom de língua e o dom de profecia; e
2. É destacado
o grau de utilidade ou serventia de cada um desses dois dons, posto em
contrastes. Alguns críticos modernos dos dons espirituais indagam: para que
serve o dom de línguas, se ninguém entende o que é dito: Paulo responde: “O que fala em línguas a si mesmo se
edifica...”. O tipo de edificação
recebido por aquele que fala em línguas só pode ser experimentado por quem as
fala. Outra instrução paulina necessária
é a questão da boa ordem (I Co.14:27ss).
Uma congregação
numerosos onde muitos irmãos falam em línguas ao mesmo tempo, em meio a gritos
quase histéricos de ‘Aleluia’ é
espetáculo pouco edificante. Melhor seria
ás igrejas atenderem á instrução paulina que diz: “no
caso de alguém falar em outra língua, que não sejam mais do que dois ou quanto
muito três, e isso sucessivamente, e
haja quem interprete. Mas, não havendo intérprete, fique calado na igreja,
falando consigo mesmo e com Deus”. (I Co. 14:27,28) (CHAMPLIN,
vol.03.p.852).
‘ Champlim chama atenção para a
necessidade dos crentes estarem atentos a essas instruções e explicações
paulinas, para cair não em diversos erros, como por exemplo, o exibicionismo e
que pensa que quem fala em línguas já chegou ao ápice da experiência cristã. O
Novo Testamento coloca o dom de línguas como sendo inferior ao “Don de profecia”:
“...quem profetiza é superior ao que fala em outras línguas, salvo se as
interpretar, para que a igreja receba edificação” (I Co.l14:5). Champlim
resalta que o versículo mostra que o critério de avaliação do dom espiritual é o alcance da edificação e que o
falar em línguas é menos importante que a pregação e o ensino cristão, embora
alguns praticantes da glossolalia não se deixam convencer disso: “...prefiro
falar na igreja cinco palavras com o meu entendimento, pra instruir outros, a
falar dez mil palavras em outra língua” (II Co.14:19),
Historicamente falando, Champlin
afirma que com a crescente institu-cionalização da igreja, o dom de línguas e
outros dons espirituais foram diminuindo
ou não se ouvia falar muito. Apenas
entre os grupos não considerados como formadores do centro do cristianismo,
como o caso dos montanistas que foi
acompanhado de grande desequilíbrio teológico, o que contribuiu ainda mais para
seu descrédito. Perto do século IV d.C., o dom de línguas deve ter desaparecido
virtualmente e que os pais da igreja se sentiam embaraçados quanto iam falar
dos dons espirituais.. Durante a Reforma Protestante, os reformadores fizeram
silencio não somente sobre os dons
espirituais, mas dos temas escatológicos e da profundidade do Reino de Deus,
pois estavam envolvidos em temas muito mais fundamentais como a justificação
pela fé, separação do Estado e Igreja, etc.
No século XVIII outro grupo parece ter praticado os dons. Os Morávios tiveram grandes influencia na vida de Wesley
numa viagem que fizera à América do Norte. Somente a partir do sec. XX
reacendeu, notavelmente, o interesse pelo batismo no Espírito Santo, pelos dons
espirituais, pela glossolalia, etc., nem sempre com entendimento real do que
está envolvido (Champlin, Vol.03, p.853). Champlim indaga que “é trágico que
tantos crentes estejam tentando por em pratica os dons espirituais, de mistura
com tantos erros e simulações”. . Ainda acrescenta que à medida que se aproxima a
volta do Senhor Jesus, mais se intensificarão as manifestações do Espírito (“...
o que ocorre é o que foi dito por intermédio do profeta Joel: E acontecerá que
nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda
carne... ”)(At.2:16, 17).
3) O
DOM DE LINGUA NA VISÃO PASTORAL.
O Dr. Tony Evans[2],
pastor americano, apresenta duas boas
razões sobre o que a Bíblia ensina sobre o “Dom de línguas”:
A primeira é que
compreenda como o dom de línguas está associado á sua vida espiritual. A
segunda é que possa dar um motivo bíblico
a seu ponto de vista. Uma coisa é concordar ou discordar com um ensino e
outra completamente diferente é saber por que você tem essa convicção. (EVANS.p.315).
O primeiro enfoque do Pr. Evans,
com base na passagem bíblica de I Co. 12-14 é que precisamos primeiramente correr atrás do “amor” e não deste ou daquele dom espiritual e
que não há na Bíblia nenhum mandamento para procura um determinado dom, exceto
o amor e nem mandamento dizendo para exibir suas habilidades ou dons, mas há
diversas ordens para amar seu próximo. O apostolo Paulo diz: “Procurai, com
zelo, os melhores dons” (I Co. 12:31) e
depois diz: “Procurai, com zelo, os dons espirituais” (I Co.14.1) e a partir
desse verso começa a discussão de um dom que estava literalmente dividindo a
igreja: o dom de línguas, o qual estava provocando caos no corpo. O Pr.
Evans complementa que o capitulo 14 não foi escrito para ampliar o uso desse
dom, mas para restringi-lo, porque havia exibição do dom e não com expressão de
amor.
Ele não está afirmando que todos devem falar em
línguas, mas, sim, dizendo à igreja de corinto: Vocês tem um numero excessivo
de pessoas falando em línguas. – Isso é
justamente o oposto da ênfase dada às línguas hoje, com evidenciada pela
pergunta: ‘Você já recebeu o dom? .(EVANS, p.318)
Pr. Evans descreve sete questões
cruciais a respeito do dom de línguas. Descrevemos de forma resumida cada uma
delas, pois se tratam de entendimento muito importante para a Igreja atual numa
visão pastoral:
3.1) Questão de definição. Na concepção do Pr.
Evans a palavra grega ‘glossa’
significa ‘linguagem’ , isto é linguagem
humana tal como o inglês, Frances, (português) e pergunta se Paulo tinha em
mente algum tipo de linguagem celestial? Por isso não devemos nos surpreender que nos
dias de Pentecostes, cada um dos judeus reunidos em Jerusalém tivesse ouvido a
mensagem de Deus “na sua própria língua” (At.2:6), isto é, no seu próprio
dialeto. Esta afirmação pode, inclusive,
ser confirmada pelo Dr. Champlim:
A palavra traduzida
aqui por “...língua...” pode significar
idioma ou dialeto, e é fora de duvida que houve ambas as coisas, posto
que tanto os frígios como os panfílios, por exemplo, falavam o grego, ainda que
em dialetos diferentes; e os partos, medos e elamitas falavam todo a língua
persa, ainda que com variações provinciais. (CHAMPLIN.Vol.3.1986.p.48).
Dr. Evans explica que
‘inteligibilidade do Espírito Santo em promover aquele alvoroço era a
evangelização’, isto é, “o propósito era
enviar a mensagem de Jesus Cristo ao mundo, porque Jerusalém estava cheia de
pessoas de todas as partes da terra”. Inclusive em I Co. 14:22, Paulo faz uso
da profecia de Isaias 28:11 que fala sobre o idioma dos Assírios para mostrar
que as línguas eram um sinal que faria os judeus ouvirem a mensagem de Cristo, e foi isso que aconteceu em
Pentecostes, ou seja, os Judeus foram evangelizados pelos cristãos pelo dom de
línguas em seu idioma ou dialeto de origem. (EVANS. p.319-321).
Segundo Pr. Evans nas outras
duas passagens de Atos (10:46 e 19:6) onde
a experiência das línguas foi repetida em nenhum caso é nos dada qualquer razão
para crer que elas fossem qualquer outra coisa além de linguagens humanas que
podiam ser interpretada por alguém que conhecesse o idioma ou tivesse o dom de interpretação.
(p.319).
O Pr. Evans é categórico ao analisar
I Co. 13.1 o quê Paulo quis dizer com
falar “línguas dos anjos”? Para isso faz duas observações: a primeira é que
sempre que anjos falavam com alguém na Bíblia era no idioma do ouvinte e que
“não há qualquer referencia bíblica a um dialeto angélico celestial”. E a
segunda observação é que “para identificar uma linguagem angélica teríamos de
ter ouvido anjos falarem”. A terceira é que Paulo está usando uma hipérbole[3],
isto é exagero no falar. Assim como
faz para falar da fé que “remove montanhas”(v.2b). O emprego da hipérbole
(línguas dos homens ou dos anjos) é para confirmar sua opinião de que exercer dons sem amor é um
perda de tempo e que de forma nenhuma esta passagem contradiz sua “definição da
palavra língua[1]
como uma linguagem humana anteriormente desconhecida do orador” (EVANS. p 321).
.
3.2) Questão de ordem. Sintetizando esta
questão levantada pelo Dr. Evans e partindo de sua tese que Paulo estava restringindo o dom e não promovendo devido a inúmeros
problemas na igreja de Corinto (ver I Co. 14:26,33,35,40) e por isso o trabalho
estava sendo realizado num ambiente conturbado. Alguém pregava a palavra outro
começava a cantar, outro revelação, ainda outro falava em línguas e a justificativa
deles era: “ O Espírito me impeliu” e o de outro dizia: “Foi o Espírito Santo”.
Como saber se foi mesmo o Espírito Santo? Então, Dr. Evans conclui dizendo que no dizer de
Paulo (v.6-9) as línguas são praticamente inúteis quando o individuo não tem
certeza do que está sendo dito. Assim
como os instrumentos musicais e a trombeta precisam produzir sons inteligível e cognoscível para alcançar
seus objetivos, assim também o dom de línguas precisa ser corretamente
empregado para alcançar o objetivo que é o de edificar a igreja. No
pensamento do Dr. Evans “se for
realmente uma obra do Espírito Santo, a manifestação de línguas ocorrerá sob
condições claramente definidas e restritas”. (EVANS. p.323).
3.3) Questão de Prioridade. A argumentação do Dr.
Evans para esta parte é que muitos tratam o dom de língua como sendo um dom
universal, ou seja que todos devem falar em línguas e vinculam espiritualidade
com o dom; havendo certos preconceitos com aqueles que não fazem
uso do dom. Ele pergunta se o dom de língua é uma experiência prioritária? Apesar de Paulo falar em I Co. 14.5 que: “Eu quisera que vós todos falásseis em
outras línguas”. Ele está apenas expressando um desejo assim com em outra parte
disse que gostaria que todos fossem celibatários (I Co.7:7). Todavia, não
espera que todos se mantivessem celibatários como também que todos falassem em
línguas. A prioridade em I Coríntios
14, diz Evans é: “Segui o amor”. E nos
vss.14:5-6 Paulo afirma que o dom de profetizar é um dom muito mais
proveitoso ao de línguas. Nos vss
14:18-19 Paulo se coloca com exemplo, pois falava mais em línguas do que todos
e nem por isso dava preferência ao dom de línguas preferindo o profetizar[4]
afim de edificar a igreja:
Contudo, prefiro
falar na igreja cinco palavras com o meu entendimento, para instruir outros, a
falar dez mil palavras em (outra)[5]
língua. (v.19 - ARA)
Fica
claro, diz Evans, que a prioridade para a igreja é a comunicação da Palavra de
Deus(dom de profetizar). Paulo esperava que os coríntios amadureçam (vs.20) em
sua maneira de pensar, superando sua paixão pelas línguas e resume seu
argumento dizendo:
Portanto, meus irmãos, procurai com zelo o dom de
profetizar e não proibais o falar em outras línguas. (I Co 14:39 BÍBLIA ARA).
A
conclusão a respeito da questão de prioridade segundo Dr. Evans é:
Creio que o dom de
línguas continua sendo um dom viável, mas não deve ser nosso enfoque
prioritário. Note que Paulo não diz em
parte alguma: “Insista no exercício das línguas”. Não, ele apenas permite. Não
nego então a validade do dom de línguas, mas também não promovo seu uso. Essa é
uma opção soberana do Espírito Santo.
(EVANS. p.325)
3.4) Questão de propósito. Com base em 1 Co. 14:21-22[6]
e 1 Co. 14:2,4,5[7] o
Dr. Evans entende que o dom de línguas inicialmente teve o propósito de
evangelismo à povos estrangeiros, um sinal para os incrédulos e no Corpo de
Cristo, a Igreja, a edificação. Na Igreja, quando ocorrer precisa que alguém
com “dom de interpretação de línguas” faça a tradução “para que a igreja receba edificação”:
A palavra edificar
significa construir e podemos concluir que qualquer coisa que não construa a
igreja é ilegítima. O dom de línguas é dado pelo Espírito Santo para edificar o
corpo reunido dos cristãos.(...) O dom
de línguas não foi dado apenas para seu benefício espiritual.(...) ...todos os
dons do Espírito são para beneficio de outros e não para fazer que a pessoa que
possui o dom se sinta especialmente mais espiritual. (EVANS. p. 326,327).
O Dr. Evans é categórico em
afirmar ”o dom de línguas tem que ter um fim proveitoso e cujo principio é o
amor; assim como os instrumentos
musicais, tocados sem nenhuma harmonia, só provoca barulho e de nada se aproveita”
(v.7) e portanto, visam seus próprios
interesses.(1 Co 13:5). Isto não quer dizer que as línguas foram proibidas pelo Apóstolo, mas ele orientou qual é o seu propósito e no que os crentes da Igreja
de Corinto deveriam se concentra, isto é, no “dom do amor”. Na Igreja; “se não houver interprete o
individuo deve fica em silêncio” (v.28). Evans garante que o dom de língua como
instrumento particular na oração nada
tem a ver com Romanos 8:26 que diz que “o
mesmo Espírito intercede por nós
com gemidos inexprimíveis”.
3.5) Questão de procedimento.
No caso de alguém falar em outra
língua, que não seja mais do que dois ou quanto muito três, e isto sucessivamente, e haja quem interprete,
(1 Co, 14:27; BIBLIA RA).
O Dr. Evans afirma que no culto
“onde todos falam, cantam ou oram em línguas ao mesmo tempo, esses cultos
falharam no teste do vs.27”. E mais que não se trata apenas de números de
pessoas que deve falar em línguas, mas que cada um deve falar “sucessivamente”;
isto é, um de cada vez, pois o foco não deve ser o “orador”, mas o “corpo”.
Segundo Dr. Evans “o corpo não pode receber edificação se houver caos”.
O Dr. Evans conta um fato bastante curioso, mas muito corriqueiro em
nossas igrejas brasileiras. Num culto em
sua igreja um homem começou a falar “no que pretendia ser línguas”. Teve de
permitir e deixar terminar desde que não estava interrompendo. Em seguida, diz
o pastor, esperou por uma interpretação que edificasse o corpo, “pois ninguém
compreendera suas palavras”. Como não
houve interpretação ele se levantou e disse: “O que vocês acabaram de
experimentar foi ilegítimo” e completa:
isso não fez aquele
homem sentir-se bem, mas eu estava na obrigação de tratar com a experiência de
uma estrutura bíblica de referencia. Havia ali uma congregação inteira
perguntando-se o que estava acontecendo. A questão é: quando alguém fala em
línguas na igreja, não esta falando para si mesmo. está falando para o corpo e
deve haver intérprete.(Evans. p.329)
3.6) Questão de Orgulho. Para o Dr. Evans se
ideias daqueles que pensam em constituir
uma verdadeira adoração forem diferentes
do que a Bíblia ensina, é preciso
corrigir a ideias e não se orgulhar delas. Muitos cristãos tem se vangloriado
de experiências que tiveram e acusam
outros de serem menos espirituais. O fato é que “o Espírito Santo não dá seus
dons para elevar alguns cristãos sobre outros, ou fazer com que eles comparem
experiências para ver quem é mais
espiritual” (Evans. p. 330).
3.7)
Questão
de permanência. Baseado em 1 Co.13.8-12, o
Dr. Evans afirma que para muitos “o dom de línguas já cessou”, no entanto, Paulo, aqui, estava projetando o “acabamento da Escritura”.
No inicio da igreja houve manifestação dos dons milagrosos como línguas, pois
era necessário uma vez que a igreja não possuía toda a revelação de Deus. “Quando vier o que é perfeito” tudo o que estávamos
vendo em parte, “como que por espelho” será “aniquilado”. “Porque agora vemos como em espelho, obscuramente;
então, veremos face a face. Agora, conheço em parte, então conhecerei como também
sou conhecido”. (1 Co. 13:12 BÍBLIA
ARA). Os carismáticos afirmam que
o “Ser Perfeito é Jesus, portanto, até que Jesus volte, o dom de línguas é
válido e permanece em operação”. No entanto, Dr. Evans propõem uma terceira
opinião sobre esse texto. Segundo ele a
palavra “perfeito” (teleios, em
grego) usada pelo apóstolo, quer dizer “maduro, completo” (1 Co.2:6; 14:20. 2
Co. 7:1) como esta escrito em 1 Co 1:28, onde
Paulo afirma que “o objeto do seu ministério é ver todo
cristão tornar-se um discípulo espiritualmente maduro”. Paulo no vs.11 contrasta a infância com a idade adulta e a diferença entre as
duas é o conhecimento que leva à percepção espiritual. Segundo Evans quanto mais amadurecido o individuo for, tanto mais perto estará de Cristo, mas para isto, precisam conhecer Sua Palavra.
Quanto mais perto de Cristo, tanto mais seu relacionamento com Ele
determinará seu discernimento espiritual
e tanto menos precisará de depender dos dons milagroso para amadurecer. Para
Evans o amadurecimento espiritual
capacita os cristão a ouvirem a voz de Deus por si mesmo mediante a
Palavra, desde que possuem a mente de Cristo revelada nas Escritura
(1Co.2:15-16). “quando você é maduro,
não precisa das coisas que precisava quanto era imaturo”.
Irmãos, deixem de pensar
como crianças. Com respeito ao mal, sejam crianças; mas, quanto ao modo de
pensar, sejam adultos. (1 Co, 14:20 BÍBLIA NVI)
O Dr. Evans , também resalta
a necessidade da pessoa crescer
espiritualmente pelo resultado natural do seu andar com Deus; em vez de fazê-lo através da procura de manifestações
milagrosas mediante o dom de outros para capacitá-lo. Não é o dom de línguas que devem procurar, ou
qualquer dom, mas olhar para Jesus Cristo, por que quando o vir face a face,
terá tudo de precisam. Porque o Espírito quer que o busquemos e não às suas
mercadorias. Assim como o Espírito Santo concebeu uma criança no útero de Maria
e ela “achou-se grávida pelo Espírito Santo” e pode mudar a equação porque nada é impossível para Deus. Também pode produzir um milagre em nossa vida
interrompendo o curso natural dos acontecimentos e produzir um resultado
poderoso e/ou invulgar que não teria
ocorrido de outra forma. O milagre é algo extraordinário é o poder
surpreendente de Deus em ação. E seus milagres são segundo os seus propósitos;
jamais opera como propósitos só para exibir.
Seu propósito sempre é o evangelho
4) ENTENDIMENTO
ERRADO SOBRE O DOM DE LÍNGUAS.
.
Nesta seção vamos apontar
alguns erros de entendimento e interpretação por parte de evangélicos (pentecostais
e neo-pentecostais) e carismáticos
católicos. Para isto, usaremos um documentário extraído da internet que foi
exibido em um programa de televisão,
cujo apresentador foi Pedro Bial da Rede Globo.
Pedro Bial nesta reportagem
televisiva e postada na internet narra desta
forma o que os católicos acham: “Os católicos carismáticos acreditam que nessas
celebrações recebem os dons do Espírito
Santo. É o que eles chamam de o dom de orar em línguas estranhas”
(Enquanto aparecem cenas de pessoas falando em línguas incompreensíveis, semelhantes, senão iguais à dos evangélicos).
O Sr. Bezerra dos Reis (Membro do
Comitê Internacional da Renovação Carismática) aparece explicando o que é falar
em línguas:
Esse tipo de
exaltação na fala permite você ficar até horas e horas louvando e exaltando a
Deus. É uma linguagem que não tem tradução, ela não tem interpretação. Você não pensa você não
articula. Não se trata de uma linguagem identificável. Em caso de
linguística ela não tem uma estrutura
que possa analisar e traduzir. Isso é a
oração em línguas. (grifo meu)
O pastor evangélico da Igreja
Assembleia de Deus Betesda também se apresenta e dizendo:
Quando eles estão
falando em línguas estranhas eles estão falando com Deus numa língua que para
eles é mistério. Ela é um fenômeno de
transbordamento. Nós dizemos que é ultrapassar a barreira da linguagem (Pr.
Ricardo Gondin).
“Mas
qual é o fundamento desta pratica religiosa?” Pergunta o repórter.
A resposta vem em forma de narrativa e com exibição de imagens e
figuras:
“Conta a Bíblia que
antes de subir ao céu Jesus Cristo prometeu enviar aos seus apóstolos o
Espírito Santo. Na celebração de pentecostes, cinquenta dias depois da páscoa
judaica. Em Jerusalém o Espírito Santo desceu sobre os discípulos de Cristo,
inclusive a virgem Maria na forma de línguas de fogo. Então ocorreu o
fenômeno das línguas: os apóstolos falavam em sua própria língua,
provavelmente o aramaico, e ainda assim muitas testemunhas que não conheciam o
aramaico, porque eram de outras regiões entendiam o que os apóstolos diziam”.
(grifo meu).
Novamente, o Pastor Ricardo Gondin complementa: “Aquele
fenômeno que se deu no dia de Pentecostes não ficou restrito ao dia de
Pentecostes. Essa promessa irá se repetir em outras ocasiões”.
O repórter continua narando: “O pastor Ricardo cita uma
frase do Apostolo Paulo: “As línguas estranhas são os gemidos inexprimíveis
do espírito que em mim ora ao Pai” (grifo meu).
Em seguida passa a narrar a história do pentecostalismo
moderno:
“Um pastor americano negro, quase cego inaugurou a era
moderna do movimento pentecostal. Seu nome Wiliam Simon. No inicio do século 20
este homem promovia cultos barulhentos. Com muito canto, muita dança, gritos,
línguas estranhas. Êxtase espiritual dentro de um templo numa rua que se
tornaria celebre: A Rua Azuza, em Los Angeles. Em abril de 1906 repórteres do Los Angeles Daly Times assistiram as
celebrações do pastor Simon e puseram na primeira pagina do jornal: “Espantosa
babel de línguas”. “Nova seita de
fanáticos a solta”. “Cenas impressionantes na noite da Rua Azuza”. Foi assim a quase cem anos que o movimento
pentecostal voltou. Primeiro, nas igrejas evangélicas, mais recentemente nos
anos 60, também na Igreja Católica”.
Raquel
Bergamin, estudante dá o seu testemunho: “Todas
as vezes que nos estamos orando em línguas é o próprio Espírito que vem e nos
conduz a esse momento de oração”. Para Lilian dos Santos “é uma experiência com Deus” e outras pessoas evangélicas e católicas dão o seu
testemunho sobre suas experiências com o dom de línguas. O programa finaliza com a fala do Pastor Ricardo
e do Sr. Bezerra dos Reis.
“O Êstaxe, que nos
entendemos como êxtase é esse momento em que as minhas emoções ficam tocadas
pela presença e pelo contato com o sobrenatural e com um Deus que nos
acreditamos que é vivo e verdadeiro”(Pr.Ricardo Gondin).
“O que é certo é que
nos estamos em um ambiente de fé pedido por isso e Deus realiza e Deus é
glorificado” (Bezerra dos Reis - grifo meu),
4.1) Comentário sobre o documentário: Êxtase
Podemos verificar alguns erros de
entendimento sobre o dom de línguas e de
interpretação das Escrituras neste
documentário exibido pela Rede Globo. O Sr.Bezerra dos Reis (Membro do Comitê
Internacional da Renovação Carismática) disse que esta linguagem “não tem
interpretação”. Mesmo que Paulo tenha
afirmado quem fala em línguas estranha “ninguém
entende, e em espírito fala em mistério”(1Co.14:2), todavia neste mesmo capitulo
ele afirma “Há, por exemplo, tanta espécie de vozes no mundo, e nenhuma
delas é sem significação” (vs.10). A fim de organizar o culto na Igreja de Corinto ele
termina: “E, se alguém falar em língua desconhecida,
faça-se isso por dois, ou quando muito três, e por sua vez, e haja intérprete”. (vs.27). Desta forma. o Sr. Reis pode
entender que a oração em línguas serve apenas para edificação pessoal e que
aquelas línguas não tem significado desprezando do dom de profecia e não
atingindo o objetivo principal: a edificação da Igreja. Esquece que o dom de
línguas precisa de um segundo dom, o de interpretar, para edificar a Igreja e
assim alcançar o seu objetivo pleno. No entanto, Champlim afirma que “um crente
pode falar em línguas consigo mesmo quanto tempo quiser, quando ele sentir
necessidade de tal louvor de sua alma a Deus” (CHAMPLIN. Vol. 04. p.227). Na
concepção de Champlim, atrelar o dom de
línguas ao dom de interpretar “limitaria
a atividade das línguas”, pois interprete de línguas é mais raro na Igreja. Outro enfoque do doutor é que o dom de
línguas é “controlado pela inteligência”, sobre quando deve ser exercido,
pois Paulo proíbe o falar em línguas em
massa, todos ao mesmo tempo, mas apenas uma pessoa de cada vez”. Isto mostra
que as línguas podem ser controladas e que a pessoa pode refrear-se quando estão
falando em línguas:
“mas, se não houver interprete, esteja calada na igreja, e fale consigo
mesma, e com Deus” (vs 28).
4.2) Formas de língua de fogo
O
repórter diz que o Espírito Santo veio na “forma de línguas de fogo”. O
Pentecostes é representado por um quadro onde mostra pequenas línguas de fogo
sobre as cabeças das pessoas. “línguas
repartidas como de fogo as quais pousaram sobre eles”. (At, 2:3).
Champlin
afirma que duas formas de interpretação não pode se admitidas de jeito nenhum neste
texto (grifo meu):
1) a interpretação
mitológica que diz que a igreja primitiva inventou esses relatos a fim de
aumentar a importância dos primórdios da religião crista”. 2) a interpretação
alegórica e simbólica, que afirma serem
esses e outros episódios mera explicações de reavivamentos religioso, mas sem
qualquer base histórica nos acontecimentos reais (CHAMPLIN, p.44).
Podemos
concluir que a narrativa esta repleta de palavras metafóricas para
descrever como a descida do Espírito Santo ocorreu. Champlim conclui desta forma:
a ocorrência da
descida do Espírito Santo foi acompanhada de elementos auditivos, sensitivos e
visuais, criados pela presença do Espírito divino, os discípulos ouviram e
sentiram a força que tomou conta da casa inteira, como se a mesma tivesse sido
invadida por um vendo forte e impetuoso. Na realidade, não foi um mero vento,
mas uma manifestação na forma de vendo, o que nos indica que essa foi a melhor
comparação que os crentes primitivos puderam encontrar para descrever o
fenômeno (ibid).
4.3)
Falaram outras línguas
O
reporte Pedro Bial se engana ao narrar esta parte do acontecimento. Veja:
“os
apóstolos falavam em sua própria língua, provavelmente o aramaico, e ainda
assim muitas testemunhas que não conheciam o aramaico, porque eram de outras
regiões entendiam o que os apóstolos diziam”.
Não é assim que o livro de Atos
descreve. O milagre não estava em os estrangeiros ouvir uma língua diferente e
entender, mas em os cristãos falarem uma língua desconhecida para eles, mas
conhecida dos estrangeiros que estavam ali naquele dia para adoração.
Todos ficaram cheios do Espirito Santo e passaram a
falar em noutras línguas segundo o Espírito lhes concedia que
falassem. Ora estavam habitando em
Jerusalém judeus, homens piedosos, vindos de todas as nações debaixo do céu. Quando,
pois, se fez ouvir aquela voz, afluiu a
multidão; que se possui de perplexidade, porquanto cada um os ouvia falar na
sua própria língua. (At. 2:4-6 BÍBLIA ARC. grifo meu)
4.4)
Orar em línguas e o orar do Espírito.
O repórter diz que o pastor Ricardo
Gondin define o orar em línguas como sendo os “gemidos inexprimíveis do espírito
que ora ao Pai”. Se o pastor estiver falando do espírito do homem não é o
mesmo de Romanos 8:26-27, então ele
cometeu um equivoco, Vamos ao texto de Romanos:
“Da mesma forma o Espírito
nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos como orar, mas o próprio Espírito
intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações
conhece a intenção do Espírito, porque o Espírito intercede pelos santos de
acordo com a vontade de Deus”(BIBLIA NVI).
Na carta do Apóstolo Paulo aos Romanos não faz mensão
á orar em línguas, mas da intercessão do Espírito (note que está com inicial
maiúscula) por aquele que ora a Deus. No texto da primeira carta aos Coríntios tem pelo menos duas observações a fazer: “Pois, se oro em uma língua, meu espírito ora, mas a minha
mente fica infrutífera” (vs.14
grifo meu). “Meu espírito ora (...) a
mente fica infrutífera”. Em primeira de Coríntios é o espírito (do homem) quem
ora; podendo ser uma oração em línguas ou quando se ora em línguas, enquanto que em Romanos é a intercessão do Espírito quem intercede
e geme. Infelizmente o pastor Ricardo
fez interpretação errada da Escritura (Salvo se houve erros no texto da produção do documentário). Muito comum no meio evangélico é o
misturar trechos de um texto com outro sem fazer a devida exegese.
4.5) Os exageros
No
documentário o Sr. Bezerra dos Reis faz um comentário sobre o ambiente que
envolve quanto às pessoas se reúnem para orar:
Ele afirma: ..”.estamos em um ambiente de fé pedido por
isso...” . Este parece ser o grande problema nas ou das reuniões de oração e concentrações de fé e
vigílias. Quando dirigidas por pessoas que não tem conhecimento e não ensinam
devidamente seu rebanho e elas se tornam
lugares de “Êxtase” e de exageros.
O ato corajoso do Pastor Evans que preferir orientar-se pelas
Escrituras ao invés de seguir “o modismo evangélico”, quando houve
uma manifestação do dom de línguas em sua igreja e disse à congregação: “O que vocês acabaram de experimentar foi
ilegítimo”. Deveria ser o comportamento de qualquer líder que desejasse uma
manifestação real do Espírito. Segundo Evans essa atitude não deixou aquele
homem muito bem, mas ele “estava na obrigação de tratar com a experiência de
uma estrutura bíblica de referencia. Havia ali uma congregação inteira
perguntando-se o que estava acontecendo ”.
O Pastor Evans completa: “ A questão é: quando alguém fala em línguas na
igreja não está falando para si mesma. Está falando para corpo e deve haver
intérprete” (EVANS. p.329).
5) DIFERENÇA ENTRE AS LÍNGUAS DE ATOS E PRIMEIRA DE CORÍNTIOS
Champlim
faz distinção entre as línguas de Atos e as de
primeira de Coríntios. Em Atos
capitulo dois foram faladas idiomas
humanos que tiveram caráter evangelístico e foi um sinal de poder e de prova da
descida do Espírito. Em Atos 8 e 10 no Pentecoste gentílicos na casa de
Cornélio e em Samaria,
As línguas não foram
entendidas e nem interpretadas. Seu intuito não era nem evangelizar e nem
ensinar, mas apenas informar que os gentios também faziam parte do novo plano
de Deus (p.45). Enquanto que em 1 de Coríntios
as línguas são essencialmente didáticas em sua natureza, tanto por aquele que
as fala (pois assim lhe é possível aprender intuitivamente certas realidades
espirituais), como para outras pessoas. Quando algum interprete explicava o que
fora dito (I Co. 14:2) e serviam de sinal para os incrédulos (I Co.12:28-31),
demonstrando a presença do poder espiritual no seio da igreja, onde pode
suceder o que é miraculoso e onde as vidas humanas podem ser transformada.
(CHAMPLIN. p.45).
O que
Champlim pensa e compartilho dessa ideia é que precisa-se resgatar a
originalidade do dom através da obediência ás instruções de Paulo provendo interpretes
para as línguas, pois nelas estão contidas instruções para a igreja como corpo
e para determinado individuo que ali esteja presente. Dar um caráter de
seriedade e organização. A banalização do dom é uma forma que o inimigo
encontrou para trazer moléstias espirituais para o seio da igreja. Os evangélicos
se enganam quando pensa que “barulho” e glosolalia promovem crescimento espiritual. O Espírito e vida estão na Palavra que vem de
Cristo (Jo.6:63).
Poderíamos destacar tantas outras
errôneas interpretações e entendimento a respeito das línguas nos nossos dias,
mas vamos ficar apenas com esses exemplos para também não corrermos o reisco de
cometermos alguns equívocos teológicos.
6) O DOM DE LÍNGUAS E O DOM DE PROFECIA
Neste artigo falamos sobre Dom de
Profecia, mas não temos a pretensão
fazer uma abordagem profunda sobre este tão importante dom, apenas enfatizar a diferença e a relevância
que o mesmo tem sobre o dom de línguas.
No dia de Pentecostes a igreja
recebeu a promessa; a presença do Espírito Santo e com ele os dons espirituais
com o objetivo de edificar a Igreja: “A
manifestação do Espírito é concedida a cada um visando a um fim proveitoso”. (1 Co. 12:7 RA).
Visto que a “edificação” é
a razão mesma pela qual os dons espirituais existem na igreja; as línguas devem
ser limitadas a fim de atender a essa exigência; e só poderão fazê-lo quando
acompanhadas de interpretação. (CHAMPLIN. Vol.04. p.227,228)
O dom de línguas veio a fim de edificar o
crente individualmente e aos demais quanto interpretado e serve como sinal aos
incrédulos ou descrentes (vs.22). Paulo
não nega o dom, pois ele mesmo afirma falar mais em língua do que todos. Porém,
faz uma resalva, prefere o dom de
profetizar ao de línguas. O dom de
profetizar é um sinal para os crentes e tem a ver com o anunciar a mensagem tanto
a um indivíduo quanto à Igreja e neste caso edifica tanto crente como
descrente.
Wayne
Grudem, falando a respeito afirma que no AT a palavra sinal (gr.Seeian)
pode ser tanto positivo como negativo e que pode frequentemente significar “uma
indicação de atitude de Deus. Positivos para quem acredita e negativos para
quem não acredita” (p.189). Segundo Grudem o “sinal” assume um caráter de
julgamento para aquele que não acredita. Quando recebido positivamente “indicam
a presença divina e seu poder no meio do povo para abençoar. A profecia é o
indicio da aprovação e da benção de Deus sobre a congregação porque mostra que
Deus está ativamente presente na igreja reunida” (GRUDEN. p.189, 191).
Para
finalizar Grudem faz uma paráfrase a respeito desta passagem de 1ª Co 12:20-29;
conteúdo que apresentamos na integra:
“quando Deus fala ao povo em uma língua que eles não podem
entender, isso representa a existência da ira divina e resulta no afastamento
ainda maior por parte do povo. Portanto
(v.23), se os de fora ou os descrentes chegam e vocês estão falando em uma
língua que eles não podem entender, vocês irão simplesmente afastá-los – esse é
o resultado inevitável de uma discurso incompreensível. Além do mais, em sua
maneira infantil de agir(v.20), vocês estarão, dando um “sinal” totalmente
errado aos descrentes, porque a dureza do coração deles não chegou a ponto tal
que os torne merecedores de um sinal tão severo de julgamento. Desse modo,
quando vocês se reunirem (v.26), se alguém falar em línguas, tenha certeza de
que alguém interprete (v.27); se não for assim, quem fala em outra lingua deve
permanecer calado na igreja (v.29).
A profecia é uma indicação da presença de Deus na congregação,
visando abençoá-la (v.22). Portanto, (v.23), se alguém de fora chegar e todos
estiverem profetizando (v.24), vocês estarão falando sobre os segredos do
coração de quem é de fora, que pensava que ninguém sabia daquilo. Ele irá
perceber que as profecias são o resultado de obra de Deus e cairá de rosto em
terra, declarando “verdadeiramente Deus está entre vocês” (v.25). dessa
maneira, a profecia será um sinal seguro a vocês de que Deus realmente está
operando”(GRUDEN, p.192,193).
Com verificamos o dom de línguas
carece de um segundo dom para que ele se torne válido e edifique a Igreja, caso
contrário somente a pessoa, o individuo será edificado. Os doutores apresentados concordam com o Apostolo
Paulo que o dom de Profecia é muito mais favorável à edificação da Igreja do
que o dom de línguas. Champlin enumera seis benefícios do dom de profecia que o
faz destacar sobre o dom de línguas. 1) É útil para edificação; 2) É útil para
a exortação; 3) é útil para consolo. 4) é útil para convicção de pecados; 5) a
profecia tem o efeito de perscrutar, de examinar, de chamar à prestação de
contas, e por ultimo: 6) o dom de profecia é útil pelo que vem a seguir no
próximo versículo: “ ...os segredos do
seu coração se tornam manifestos...” (vs.25) (CHAMPLIN. Vol.04.
p. 225).
7) HIPÓTESES
Aquilo que começa errado tem
consequências desastrosas. E se transformam num modelo difícil de mudar. Por
exemplo, se o Corpo de Cristo fosse desde o cedo ensinado corretamente, não
teríamos tanta indisciplina doutrinárias. No ensino de maneira correta das Escrituras o Espírito Santo encontraria terreno fértil
para promover o Dom de forma verdadeira.
As pessoas seriam edificadas pela interpretação e pelo dom de profecia.
Ouviríamos do Espírito o que precisariam
para a direção da Igreja e quiçá
melhores resultados quanto ao progresso do Evangelho. Os autores
disseram que há poucos com dom de interpretar, mas será que a Igreja neste
tempo pós- moderno deseja saber o que o Espírito quer falar? (ver Ap.2:7,11,
17, 29, 3:6, 13, 22[2]). Que paradoxo!
O dom de interpretação de línguas é maravilhoso. Pois ele transmite o
recado na semelhança dos profetas do Primeiro Testamento. Revela a vontade do
Espírito àquela Igreja ou àquele individuo. Se for uma direção para aquela
Igreja, se for uma resposta de oração àquele grupo, se for uma exortação àquele
rebanho, se uma promessa ou uma mensagem de amor, seja o que for, o interprete
transmitirá sem medo e com ousadia, pois o é o mesmo Espírito que usa no dom de línguas como o que,
usa no dom de interpretar.
8)
CONSIDERAÇOES FINAIS
A
“confusão” sobre o dom de línguas, na
maioria das vezes recai sobre o pouco entendimento que as pessoas tem do Segundo
Testamento (ou Novo Testamento se preferir); preferindo seguir o “modismo
evangélico” às Escrituras Sagradas. A
preguiça cultural, no que diz respeito aos estudos bíblicos do “povo de Deus” , a pouca leitura e acesso a livros explicativos
e a busca pelo chamado “mover” são alguns dos motivos do porquê muitos preferem
esse modelo de cristianismo ao da Igreja primitiva. O “movimento pentecostal” relativizou a cultura evangélica e Escritura Sagradas debaixo
de um mesmo entendimento. Não é tanto o
que a Bíblia ensina, mas como eu entendo o que é ser pentecostal. Não é tanto
pelo modelo das Escrituras, mas é conforme a “visão” que cada um tem. Sob o
signo do preconceito aqueles que não concordam com esse modelo são chamados de
“geladão”, “boca de aço” e estão fora da “visão”. O neo-pentecostais mais
interessados mais em promover o egoísmo individual nos crentes preferindo
negociar o evangelho e as bênçãos não se importa com estudos bíblicos e
explicar corretamente os dons espirituais. Quanto menos as pessoas conhecerem
do assunto melhor, fica mais fácil de manipulá-la e conduzi-las ao proselitismo.
A meu ver há um principio escriturístico,
que aliás, foi o mesmo que Jesus fez
uso. Quase tudo que Jesus falou já estava no Primeiro Testamento só as pessoas
não conseguiram ver. Logo, também se
queremos uma manifestação genuína temos que voltar ao princípio e fazer de
acordo com as orientações dos Apóstolos, ter as escrituras como Palavra de
Deus. Precisamos tomar cuidado com aqueles que se julgam “Apóstolos e
“profetas” e que reivindicam autoridade de Santos homens de Deus, mas tudo isso não passa de usurpação
de poder que pertence a Jesus Cristo e às Sagradas Escrituras.
9) FONTES
BIBLIOGRÁFICAS
BIBLIA NOVA VERSÃO INTERNACIONAL (NVI). São Paulo: Vida, 2003
BIBLIA
SAGRADA, N.T. Ed. Almeida Revista e Atualizada. Barueri : SSB, 2007.
CHAMPLIM,
R.N. Novo Testamento interpretado. São Paulo: Milenium. Vol.3. 1986.
CHAMPLIM,
R.N. Novo Testamento interpretado. São Paulo: Milenium. Vol.4. 1986.
EVANS, Tony. A promessa.
São Paulo. Abba. 2001.
GRUDEM,
Wayne. O dom de profecia: do novo testamento aos dias atuais. São Paulo: Ed.
Vida. 2004.
RUTH, Rocha.
Minidicionário da língua portuguesa. São Paulo: Scipione, 205.
10) PESQUISA
NA INERNET.
<http://www.hagnos.com.br/autores.asp?codigo=175>
, visto em 08/11/2014, 13:44h
<http://sigmundojr.wordpress.com/2012/04/21/abreviacoes-titulos-academicos/>
, visto em 08/11/2014, 13:38h
<http://www.youtube.com/watch?v=NSRLWevjwkg
> , visto em 11/10/2014
<http://www.youtube.com/watch?v=plKqtL0VCS0>
, visto em 08/11/2014. 16:00h
11) REFERÊNCIAS
[1] Dr.
Russell Norman Champlin, nasceu em 1933 em Salt lake City nos EUA. É casado com
Irene Champlin. Eles têm três filhos: Calvin, Charles e Darrell Champlin.
Atualmente mora no interior de São Paulo; Ele
e sua família são de origem Batista. Bacharel
em Literatura Bíblica no Imannuel College, Mestre e Doutor em Línguas Clássicas
e Ph.D.em Novo Testamento e Filosofia pela University of Utah. Foi professor
universitário no Brasil por mais de 30 anos na Universidade Estadual de São
Paulo - UNESP. Lecionou por quatro anos no ITA (Instituto Tecnológico
Aeronáutico) , também na Faculdade de Engenharia de Guaratingueta e na Fundação
Valeparaibana de Ensino. Entre as brilhantes obras publicadas como Antigo
Testamento Interpretado, Novo Testamento Interpretado e Enclopédia de Bíblia
Teologia e Filosofia, também se destacam três publicações em inglês: Family Pi
in Matthew (estudo de 19 manuscritos antigos do Novo Testamento) e Family E and
Its Allies in Matthew, (estudo sobre outro grupo de manuscritos do Novo
Testamento) publicados pela Univertity of Utah Press 1964 e 1966
respectivamente. Texts for Reading Scientific English, publicado pela UNESP,
Guaratinguetá.
[2] Dr. Anthony T.Evans (B.A.,
Carver Bible College; Th.M., Th.D. Dallas Teological Seminary), é o pastor
titular da Igreja Oak Cliff Bible Fellowship ChURCH em Dallas e president da
missão The Urban Alternative (Alternativa Urbana), ministério voltado a
promover e clarear o entendimento e a aplicação relevante das Escrituras a fim
de trazer mudanças na comunidade urbana, através da igreja. Autor de muitos
livros, ele e sua esposa, lois, moram em Dallas, Texas e tem quatro filhos.
[3] Hiperbole.
Figura de linguagem que consiste em exagerar, para produzir maior impacto.
(RUTH,p 372).
[4] Wayne Grudem,
que profecia tem a ver com anunciar uma mensagem que promova basicamente três
funções: “edificação, encorajamento e consolação” (I Co. 14:3). (GRUDEM.
p.178-179)
[5] A palavra ‘estranha’
em algumas versões de texto bíblico,
por exemplo, a King James de I Co. 14:2,4,14,19
é um acréscimo infeliz dos tradutores e não faz parte do texto original.
As edições Almeida ARA traz a expressão
“outras línguas”. (EVANS, p 320)
[6] “Está escrito na lei: Por gente de outras línguas, e
por outros lábios, falarei a este povo; e ainda assim me não ouvirão, diz o
Senhor. De sorte que as línguas são um sinal, não para os fiéis, mas para os
infiéis; e a profecia não é sinal para os infiéis, mas para os fiéis”.1 Coríntios 14:21-22
[7] 2 Porque o que fala em língua desconhecida não fala aos
homens, senão a Deus; porque ninguém o entende, e em espírito fala mistérios”. “4O
que fala em língua desconhecida edifica-se a si mesmo, mas o que profetiza
edifica a igreja”. “5 E eu quero que todos vós faleis em línguas, mas muito
mais que profetizeis; porque o que profetiza é maior do que o que fala em
línguas, a não ser que também interprete para que a igreja receba edificação”.1
Coríntios 14:2,4,5
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