A mulher adúltera de
João 7:53-8:11
Objetivos:
A presente pesquisa pretende estudar
a passagem de João 7:53-8:11 basicamente em duas direções:
1.
O adultério dentro da cultura religiosa
judaica.
2.
A originalidade do texto de João 7.53-8:11.
“7:53
Depois disso, cada um foi para a sua casa.
1-Entretanto, Jesus seguiu para o
monte das Oliveiras. 2Ao
amanhecer, Ele voltou ao templo, e todo o povo achegava-se ao seu redor. Então,
Ele se assentou e lhes ensinava. 3Os
escribas e fariseus trouxeram até Ele uma mulher surpreendida em adultério.
Forçaram-na a ficar em pé no meio de todos, 4e
disseram a Ele: “Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante ato de
adultério. 5Assim
sendo, Moisés, na Lei, nos mandou que tais mulheres sejam apedrejadas. Todavia,
tu, que dizes a este respeito?” 6Eles
falavam assim para prová-lo e terem alguma coisa de que o acusar. Mas Jesus,
inclinando-se, escrevia na terra com o dedo, como se não tivesse ouvido. 7Porque
insistiram na pergunta, Ele se levantou e lhes disse: “Aquele que dentre vós
estiver sem pecado seja o primeiro a lhe atirar uma pedra.” 8E,
novamente, inclinou-se e escrevia na terra. 9Então,
aqueles que ouviram isso, sendo convencidos por suas consciências, foram se
retirando um por um, começando pelos mais velhos até o último. Jesus foi
deixado só, e a mulher ficou em pé onde estava. 10Quando
Jesus se ergueu, não vendo a ninguém mais, além da mulher, disse a ela:
“Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?” 11Disse
ela: “Ninguém, Senhor.” E assim lhe disse Jesus: “Nem Eu te condeno; podes ir e
não peques mais.” Jesus defende seu testemunho” (João 7:53-8:11 BKJA).
Conceitos
e etmologias
Strong's Concordância
“moicheia”: “adultério”
Palavra Original: μοιχεία, ας, ἡ
Definição gramatical: substantivo, Feminino
Definição gramatical: substantivo, Feminino
Transliteração: moicheia
Orotografia fonética: (moy-khi'-ah)
Orotografia fonética: (moy-khi'-ah)
Definição curta: adultério
Definição: adultério.
Definição: adultério.
1)-O
ADULTÉRIO DENTRO DA CULTURA RELIGIOSA JUDAICA
Adultério é a relação sexual entre uma pessoa casada e outra que não é
seu cônjuge. O pecado era perdoado nas culturas pagãs, particularmente quanto à
parte do homem que, embora fosse casado não era acusado de adultério a não ser
que coabitasse com a esposa de outro homem ou com uma virgem que tivesse noiva.
O adultério é proibido tanto no Primeiro Testamento (conf. Ex. 20:14; Deut.
5:18, punível com pena de morte por apedrejamento,Lv. 20: 10 e Deut. 5:22ss)
quanto ao Segundo Testamento (Rm 13:9; Gal. 5: 19; Tg 2:11); O senhor Jesus
estendeu a culpa do pecado de adultério como fez com outros mandamentos
incluindo o propósito ou desejos de cometê-los ao próprio ato em si.
“Eu, porém, vos digo que todo
aquele que olhar para uma mulher para cobiçá-la, já em seu coração cometeu
adultério com ela” (Mat. 5:28 ARA).
Na
Bíblia a palavra adultério (em hebraico adultério é “na’aph” e em grego “moichia”)
muitas vezes é usada de forma metafórica para representar a idolatria ou
apostasia do povo de Israel comprometido com Deus (Jer. 3:8, 9).
A
diferença entre adultério e fornicação é que este a relação sexual entre
pessoas. A palavra grega “pornéia”
uniformemente traduzida como “formicação” inclui tanto lascívia e
irregularidade sexual (cf. MM; Vine; EDNTW);
1.a) Adultérios
nas culturas antigas
O
adultério era pratica comum nos cultos cananeus de adoração ao Baalins que incluía
prostituição nos templos (Wiclife, p.35)
Na
cultura grego-romana o adultério, prostituição, as orgias era parte da cultura.
O adultério, conseqüentemente, era permitido pelos deuses. Na mitologia grega
Afrodite (a deusa do amor) e Dionísio eram as principais divindades do sexo e
do prazer: ”Patridge relata no livro A História
das Orgias, que Afrodite, a deusa do amor, “se entrega às delícias ilícitas do
amor com Ares, o deus da guerra. O marido dela, Hefesto, convoca todos os
outros deuses para testemunhar o adultério”.
A
prática da imoralidade sexual nos templos gregos com sacerdotisa era parte do
culto. Não havia nenhuma restrição na lei sobre adultério para os homens. O
adultério não era tolerado quando se tratava de mulheres. Elas deveriam cuidar
da casa e filhos, mas os homens estavam livres da obrigação da fidelidade.
Semelhantemente na cultura romana. As orgias eram verdadeiro bacanal de muita
bebedeira e sexo com mulheres solteiras, as chamadas “heteras”. Escravas ou
livres “treinadas” que serviam aos seus senhores e convidadas na pratica do
sexo e divertimento; a homossexualidade era pratica comum. Os filósofos gregos
do sec. IV e V a.C. já condenavam tanto a idolatria como a imoralidade. E, foi
nessa cultura promiscua que o evangelho encontrou terreno fértil.
1.b) Adultério no Primeiro Testamento:
Abraão e Davi
A
relação sexual nas culturas antigas tinha uma conotação distinta de uma cultura
para outra. As mulheres casadas assumiam
a responsabilidade da casa e filhos. Estavam “sujeitas” ao marido devendo a ele
fidelidade; a traição não era tolerada. Enquanto que os homens estavam livres
para, inclusive ter mais de uma mulher. Respeitava-se o marido da mulher
casada, mas não a mulher. Não se tomava por mulher a do outrem. Na Bíblia temos
o caso de Abraão e Sara (Cerca de 2200 a.C). Abraão teve medo de revelar que Sara
era sua esposa, pois temia pela vida[1].
Tomar uma viúva como mulher não estava errado.
Outro
caso bastante conhecido, o de Davi (1000 a.C) que tomou a mulher de Urias e
depois planejou a morte dele. Natã, o profeta, disse que Davi poderia ter
qualquer mulher do reino, mas não a de Urias, pois esta era casada. Davi
deveria ser punido pela Lei com morte de apedrejamento, mas como rei estava
imune a punição, todavia recebeu do Senhor devida punição. O pecado de Davi tornou-se notório e deu aos
inimigos de Deus ocasião para blasfemar.
Agora, pois, não se apartará a espada jamais da tua casa, porquanto me
desprezaste, e tomaste a mulher de Urias, o heteu, para ser tua mulher. Assim diz o SENHOR: Eis
que suscitarei da tua própria casa o mal sobre ti, e tomarei tuas mulheres
perante os teus olhos, e as darei a teu próximo, o qual se deitará com tuas
mulheres perante este sol. Porque tu o fizeste em oculto, mas eu farei este negócio
perante todo o Israel e perante o sol. (...) Todavia, porquanto com este feito
deste lugar sobremaneira a que os inimigos do SENHOR blasfemem, também o filho
que te nasceu certamente morrerá.( 2 Samuel 12:10-12.14)
Davi
foi protagonista desta macabra narrada no AT. Pagou preço alto por esta
aventura; quatro de seus filhos morreram a espada. Sua filha foi estuprada pelo
irmão dentro de sua própria casa Teve que fugir de Jerusalém por causa de seu
filho Abssalão o qual se deitou com as mulheres de seu Pai.
No
Primeiro Testamento encontramos referencia a essa lassidão moral como em Jó
24.15; 31.4; Prov. 2.16-19; 7.5-22; Jer. 2:10-14
1.c) Adultério no Segundo Testamento: a
mulher adultera.
No
Segundo Testamento a imoralidade generalizada permaneceu e pode ser claramente
observada em Marcos 8.38 Jesus afirma “geração
adultera e pecadora”. Em Lc. 18:11
na parábola do “Fariseu justo” que orava em pé, “não sou como os outros homens: ladrões, corruptos, adúlteros...”. Os
adultero consta da relação dos excluídos do reino de Deus, conforme 1 Co. 6.9: “...
nem adúlteros,... não herdarão o reino de Deus”. A “imoralidade sexual” (porneia),.juntamente
com “impureza” (akatharsia) e “libertinagem” (aselgeia) todas relacionadas ao
sexo .estão classificadas como “obras da carne” passível de condenação e
exclusão do reino de Deus em Gálatas. 5:19: ; Heb. 13:4 e
Segundo afirmou o Senhor Jesus a
fonte de todo mau, inclusive os desejos sexuais indevidos é o coração:
“Porque
do coração é que procedem os maus intentos, homicídios, adultérios,
imoralidades, roubos, falsos testemunhos, calúnias, blasfêmias”. (Mat. 5:19
ARA).
Os fariseus não queriam demonstrar
amor a Deus, pureza e santidade no cumprimento da Lei e fazer justiça, mas
pretendiam confundir Jesus, forçá-lo a dizer alguma palavra ou frase que
pudesse servir de base para sua prisão, condenação e morte. Confirma que a
religião de algumas pessoas parece
consistir de ódio em ver punidos os pecados do outros. O inferno, para muitos
religiosos, só existe para o semelhante e jamais para si. O caráter dos fariseus é digno de lastima,
foram capas de se armar com tal sutileza para pegar Jesus em alguma falta.
Devemos identificar que os romanos tiram do judeus o poder de condenar alguém à
pena de morte (Jo. 18.28-31). O objetivo deles era fazer com que Jesus
infligisse algum estatuto da Lei ou
alguma lei dos romanos.
Na
concepção do Senhor Jesus os escribas e fariseus que surpreenderam a Mulher
adulteram que procurou fazer tudo bem escondido, todavia não esperava ser
surpreendida (“pega em flagrante delito”)
estavam em mesmo pé de igualdade que a adultera. Seus corações estavam cheio de
toda sorte de más intenções e maus desejos escondidos (“quem não tiver pecado
que atire a primeira pedra”). Interessante paradoxo: Os olhos que tudo vê
flagrou os justos escribas e fariseus em seus pecados.
“A verdade que estava nele,
repreendeu a mentira dos escribas e fariseus. A pureza que estava nele condenou
a lascívia que estava nela” (Wiclif, CPAD.2008. p 35, ipud Mission and Message of Jesus, p 795)
Finalizando esta questão do
adultério devemos citar o texto de Romanos 13:19 ora mencionado como referencia
no inicio desta nossa escrita, o qual resumirá perfeitamente o que Jesus
pretendia ensinar aos escribas e fariseus e que ficou bastante claro quando
absolveu a mulher adultera e fez a ela aquela recomendação: “vai e não tornes
a pecar”. Vejamos, portanto o ensinamento da passagem joanina nas palavras do
apostolo Paulo:
2)-A
ORIGINALIDADE DO TEXTO DE JOÃO
7.53-8:11.
O
texto de João 7:53-8:11 parece não encontrar “descanso” dentro da autoria joanina. Muitas são as probabilidade contrarias da autoria do mesmo pelos punhos de
autor sagrado. A perícope sobra a mulher
adultera não encontra lugar nos mais
antigos manuscritos. Noutros nss estão inseridos em locais diferente de após
João 7:52. Os mss da Fam13 coloca-a depois de Lc.21:38 , a fam l poe-na no final do Evangelho de João, enquanto
que o mss 255 situa-a após João 7.36 (CHAMPLIM, Vol.01, p.90).. Champlin salienta que “todas essas diferenças
na localização serve para nos mostrar que a localizaçao exata desse relato não teve lugar definitivo durante muitos seculos” (CHAMPLIN, Vol.05,
p 395)
Analisando os manuscritos que contem
tal passagem e relacionados por Champlin em sua obra Novo Testamento
Interpretado, os mss da relação mais antigos
data do sec. V/VI do tipo ocidental denominado “D” (Bazae), seguido pelo
“F” (Boreelinanus) do tipo Bizantino do séc. XI. Todos os demais (GHKU, etc)
são posteriores ao séc X. Ja o mss ”E”
que aponta a passagem como duvidosa é do séc.VII do tipo Bizantino (Champlim, Vol.01,
p.90). Certamente aqueles mss que omitem
a passagem são os mais antigos e portanto, considerado pelos estudiosos como
importante fonte para analisar a originalidade dos escritos sagrados.. Vejamos,
por exemplo o papiro P66,75 que datam do séc.II e III. Codéx Alef e B,
séc. V do tipo Alexandrino considerando os pais dos manuscritos também não traz
tal passagem.
“Esta sessão é
retida nos mss D F G H K U, gama e muitos manuscritos cursivos de origem
posteriores sendo seguidos pelas traduções AC , F , KJ, Ph e M , sem qualquer sinal de dúvida quanto
a sua autenticidade. Já os manuscritos E
M F, Γ (lambida) e de fam. Pi (familia Pi).. assinalam a passagem de
autenticidade duvidosa. Os mss P(66),
P(75). Alef, B L N T W X, Y. Δ (Delta) Θ (Theta), Ψ(Psi). 33,. 157, 892. 1241, Fam 1424, além
das versões Si, Sah, algumas versões Boh, a versão Arm e a Got. Além dos pais da
igreja Clemente, Irineu, Orígenes, Tertuliano, Cipriano e Nonato omitem o trecho
em sua inteireza (CHAMPLIN, Vol.05, p.395,396).
Champlin também afirma que nenhum
pai da igreja mencionou tal passagem antes dos onze primeiros seculos. Que
a narrativa faz parte da tradição oral
da igreja que ficou “aninhada” em alguns
lugares dentro do evangelho. Embora não faça parte do texto original, para
muitos eruditos trata-se de um incidente
autentico da vida de Jesus Cristo tendo sido preservado no conhecimento de
alguma parte da igreja cristã até que escribas posteriores encaixaram-na em um
dos evangelhos – Lucas ou João. Ele afirma ainda que se essa narrativa for
verdade ela bem pode ter sido uma daquelas muitas outras coisas que Jesus disse
e fez, mas que não foram originalmente registrada no evangelho de João (Jo.
21.25)
“A sesão que se
segue (Jo. 7:53-8:11) é uma das mais notáveis ocorrências de um indubitável
adição ao texto original das narrativas dos evangelhos. Encontraremos razões
para crer que ela pertence á época dos apóstolos , e que preservou para nós
registro de um insidente na vida de nosso Senhor, embora não tenha chegado até
nós através da penado apostolo João”(Ellicott, in loc) (CHAMPLIN, Vol.02. p.400)-
3)- CONCLUSÃO.
Muito embora o texto não faça parte
do original, todavia podemos estar grato pela sua preservação nos ilustra
muitas coisas que precisamos compreende sobre o perdão e amor. O texto exala muito bem o espírito dos
escribas e fariseus com sua brutalidade
para com o ser considerado por eles sem esperança de salvação, também o
desembaraço deles em encontra um álibe para condenar o Senhor. Ou seja se a narrativa
não compõe a originalidade, ela está perfeitamente dentro do contexto da lei
judaica e bem demonstra o espirito do Senhor quanto à forma de tratamento para
com o pecador. Se não fosse pelas provas textuais não seria difícil aceitar com
texto sagrado.
A total ausência de misericórdia dos
religiosos para com a pessoa desgraçada e o grande amor de Deus através da
pessoa do Senhor Jesus, na nova oportunidade de sobrevida concedida ao pecador
são característica da graça de Deus.
4)- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.
BARKER, Kenneth (org).
Bíblia NVI de estudo. São Paulo. Ed.
Vida. 2003
CHAMPLIN, R.N. Novo
Testamento Interpretado. SÃO PAULO: MILENIUM. VOL.1. 1985
CHAMPLIN, R.N. Novo
testamento interpretado. São Paulo: Milenium. Vol.2. 1985
GRADNON, C. R. O
evangelho de João. São Paulo: Casa Ed. Presbiteriana. 1965
5)- PESQUISSA NA INTERNET.
[1]
“E será que, quando os egípcios te virem, dirão: Esta é sua mulher. E
matar-me-ão a mim, e a ti te guardarão em vida. Gênesis 12:12
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