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DESTAQUE

A ESCRAVIDÃO NA BÍBLIA.

Este texto e parte integrante  de um artigo maior postado neste blog: A TEOLOGIA PRESENTE NOS DISCURSOS DA IGREJA CATÓLICA       NO FIN...

25/12/2014

A MULHER ADÚLTERA

A mulher adúltera de João 7:53-8:11

Objetivos:

            A presente pesquisa pretende estudar a passagem de João 7:53-8:11 basicamente em duas direções:

1.                   O adultério dentro da cultura religiosa judaica.
2.                   A originalidade do texto de  João 7.53-8:11.

             “7:53 Depois disso, cada um foi para a sua casa.
1-Entretanto, Jesus seguiu para o monte das Oliveiras. 2Ao amanhecer, Ele voltou ao templo, e todo o povo achegava-se ao seu redor. Então, Ele se assentou e lhes ensinava. 3Os escribas e fariseus trouxeram até Ele uma mulher surpreendida em adultério. Forçaram-na a ficar em pé no meio de todos, 4e disseram a Ele: “Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante ato de adultério. 5Assim sendo, Moisés, na Lei, nos mandou que tais mulheres sejam apedrejadas. Todavia, tu, que dizes a este respeito?” 6Eles falavam assim para prová-lo e terem alguma coisa de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia na terra com o dedo, como se não tivesse ouvido. 7Porque insistiram na pergunta, Ele se levantou e lhes disse: “Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro a lhe atirar uma pedra.” 8E, novamente, inclinou-se e escrevia na terra. 9Então, aqueles que ouviram isso, sendo convencidos por suas consciências, foram se retirando um por um, começando pelos mais velhos até o último. Jesus foi deixado só, e a mulher ficou em pé onde estava. 10Quando Jesus se ergueu, não vendo a ninguém mais, além da mulher, disse a ela: “Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?” 11Disse ela: “Ninguém, Senhor.” E assim lhe disse Jesus: “Nem Eu te condeno; podes ir e não peques mais.” Jesus defende seu testemunho” (João 7:53-8:11 BKJA).


Conceitos e etmologias

Strong's Concordância

“moicheia”: “adultério”   
Palavra Original: μοιχεία, ας,
Definição gramatical: substantivo, Feminino                      
Transliteração: moicheia
Orotografia fonética: (moy-khi'-ah)                        
Definição curta: adultério
Definição: adultério.

 1)-O ADULTÉRIO DENTRO DA CULTURA RELIGIOSA JUDAICA

                 Adultério é a relação sexual entre uma pessoa casada e outra que não é seu cônjuge. O pecado era perdoado nas culturas pagãs, particularmente quanto à parte do homem que, embora fosse casado não era acusado de adultério a não ser que coabitasse com a esposa de outro homem ou com uma virgem que tivesse noiva. O adultério é proibido tanto no Primeiro Testamento (conf. Ex. 20:14; Deut. 5:18, punível com pena de morte por apedrejamento,Lv. 20: 10 e Deut. 5:22ss) quanto ao Segundo Testamento (Rm 13:9; Gal. 5: 19; Tg 2:11); O senhor Jesus estendeu a culpa do pecado de adultério como fez com outros mandamentos incluindo o propósito ou desejos de cometê-los ao próprio ato em si.

 Eu, porém, vos digo que todo aquele que olhar para uma mulher para cobiçá-la, já em seu coração cometeu adultério com ela” (Mat. 5:28 ARA).

            Na Bíblia a palavra adultério (em hebraico adultério é “na’aph” e em grego “moichia”) muitas vezes é usada de forma metafórica para representar a idolatria ou apostasia do povo de Israel comprometido com Deus (Jer. 3:8, 9).  
            A diferença entre adultério e fornicação é que este a relação sexual entre pessoas.  A palavra grega “pornéia” uniformemente traduzida como “formicação” inclui tanto lascívia e irregularidade sexual (cf. MM; Vine; EDNTW);
           
1.a) Adultérios nas culturas antigas

            O adultério era pratica comum nos cultos cananeus de adoração ao Baalins que incluía prostituição nos templos (Wiclife, p.35)
            Na cultura grego-romana o adultério, prostituição, as orgias era parte da cultura. O adultério, conseqüentemente, era permitido pelos deuses. Na mitologia grega Afrodite (a deusa do amor) e Dionísio eram as principais divindades do sexo e do prazer:  Patridge relata no livro A História das Orgias, que Afrodite, a deusa do amor, “se entrega às delícias ilícitas do amor com Ares, o deus da guerra. O marido dela, Hefesto, convoca todos os outros deuses para testemunhar o adultério”.
            A prática da imoralidade sexual nos templos gregos com sacerdotisa era parte do culto. Não havia nenhuma restrição na lei sobre adultério para os homens. O adultério não era tolerado quando se tratava de mulheres. Elas deveriam cuidar da casa e filhos, mas os homens estavam livres da obrigação da fidelidade. Semelhantemente na cultura romana. As orgias eram verdadeiro bacanal de muita bebedeira e sexo com mulheres solteiras, as chamadas “heteras”. Escravas ou livres “treinadas” que serviam aos seus senhores e convidadas na pratica do sexo e divertimento; a homossexualidade era pratica comum. Os filósofos gregos do sec. IV e V a.C. já condenavam tanto a idolatria como a imoralidade. E, foi nessa cultura promiscua que o evangelho encontrou terreno fértil.

1.b) Adultério no Primeiro Testamento: Abraão e Davi

            A relação sexual nas culturas antigas tinha uma conotação distinta de uma cultura para outra.  As mulheres casadas assumiam a responsabilidade da casa e filhos. Estavam “sujeitas” ao marido devendo a ele fidelidade; a traição não era tolerada. Enquanto que os homens estavam livres para, inclusive ter mais de uma mulher. Respeitava-se o marido da mulher casada, mas não a mulher. Não se tomava por mulher a do outrem. Na Bíblia temos o caso de Abraão e Sara (Cerca de 2200 a.C). Abraão teve medo de revelar que Sara era sua esposa, pois temia pela vida[1]. Tomar uma viúva como mulher não estava errado.
            Outro caso bastante conhecido, o de Davi (1000 a.C) que tomou a mulher de Urias e depois planejou a morte dele. Natã, o profeta, disse que Davi poderia ter qualquer mulher do reino, mas não a de Urias, pois esta era casada. Davi deveria ser punido pela Lei com morte de apedrejamento, mas como rei estava imune a punição, todavia recebeu do Senhor devida punição.  O pecado de Davi tornou-se notório e deu aos inimigos de Deus ocasião para blasfemar.

Agora, pois, não se apartará a espada jamais da tua casa, porquanto me desprezaste, e tomaste a mulher de Urias, o heteu, para ser tua mulher. Assim diz o SENHOR: Eis que suscitarei da tua própria casa o mal sobre ti, e tomarei tuas mulheres perante os teus olhos, e as darei a teu próximo, o qual se deitará com tuas mulheres perante este sol. Porque tu o fizeste em oculto, mas eu farei este negócio perante todo o Israel e perante o sol. (...) Todavia, porquanto com este feito deste lugar sobremaneira a que os inimigos do SENHOR blasfemem, também o filho que te nasceu certamente morrerá.( 2 Samuel 12:10-12.14)

            Davi foi protagonista desta macabra narrada no AT. Pagou preço alto por esta aventura; quatro de seus filhos morreram a espada. Sua filha foi estuprada pelo irmão dentro de sua própria casa Teve que fugir de Jerusalém por causa de seu filho Abssalão o qual se deitou com as mulheres de seu Pai.
            No Primeiro Testamento encontramos referencia a essa lassidão moral como em Jó 24.15; 31.4; Prov. 2.16-19; 7.5-22; Jer. 2:10-14

1.c) Adultério no Segundo Testamento: a mulher adultera.

            No Segundo Testamento a imoralidade  generalizada permaneceu e pode ser claramente observada em Marcos 8.38 Jesus afirma “geração adultera e pecadora”. Em  Lc. 18:11 na parábola do “Fariseu justo” que orava em pé, “não sou como os outros homens: ladrões, corruptos, adúlteros...”. Os adultero consta da relação dos excluídos do reino de Deus, conforme 1 Co. 6.9: “... nem adúlteros,... não herdarão o reino de Deus”.  A “imoralidade sexual” (porneia),.juntamente com “impureza” (akatharsia) e “libertinagem” (aselgeia) todas relacionadas ao sexo .estão classificadas como “obras da carne” passível de condenação e exclusão do reino de Deus em Gálatas. 5:19: ; Heb. 13:4 e
Segundo afirmou o Senhor Jesus a fonte de todo mau, inclusive os desejos sexuais indevidos é o coração:

Porque do coração é que procedem os maus intentos, homicídios, adultérios, imoralidades, roubos, falsos testemunhos, calúnias, blasfêmias”. (Mat. 5:19 ARA).

Os fariseus não queriam demonstrar amor a Deus, pureza  e santidade  no cumprimento da Lei e fazer justiça, mas pretendiam confundir Jesus, forçá-lo a dizer alguma palavra ou frase que pudesse servir de base para sua prisão, condenação e morte. Confirma que a religião de algumas pessoas  parece consistir de ódio em ver punidos os pecados do outros. O inferno, para muitos religiosos, só existe para o semelhante e jamais para si.  O caráter dos fariseus é digno de lastima, foram capas de se armar com tal sutileza para pegar Jesus em alguma falta. Devemos identificar que os romanos tiram do judeus o poder de condenar alguém à pena de morte (Jo. 18.28-31). O objetivo deles era fazer com que Jesus infligisse  algum estatuto da Lei ou alguma lei dos romanos.
            Na concepção do Senhor Jesus os escribas e fariseus que surpreenderam a Mulher adulteram que procurou fazer tudo bem escondido, todavia não esperava ser surpreendida (“pega em flagrante delito”) estavam em mesmo pé de igualdade que a adultera. Seus corações estavam cheio de toda sorte de más intenções e maus desejos escondidos (“quem não tiver pecado que atire a primeira pedra”).  Interessante paradoxo: Os olhos que tudo vê flagrou os justos escribas e fariseus em seus pecados.

“A verdade que estava nele, repreendeu a mentira dos escribas e fariseus. A pureza que estava nele condenou a lascívia que estava nela” (Wiclif, CPAD.2008. p 35, ipud  Mission and Message of Jesus, p 795)

            Finalizando esta questão do adultério devemos citar o texto de Romanos 13:19 ora mencionado como referencia no inicio desta nossa escrita, o qual resumirá perfeitamente o que Jesus pretendia ensinar aos escribas e fariseus e que ficou bastante claro quando absolveu a mulher adultera e fez a ela aquela recomendação: “vai e não tornes a pecar”. Vejamos, portanto o ensinamento da passagem joanina nas palavras do apostolo Paulo:

2)-A ORIGINALIDADE DO TEXTO DE  JOÃO 7.53-8:11.

            O texto  de João 7:53-8:11 parece não encontrar “descanso” dentro da autoria joanina. Muitas são as probabilidade  contrarias da autoria do mesmo pelos punhos de autor sagrado.  A perícope sobra a mulher adultera  não encontra lugar nos mais antigos manuscritos. Noutros nss estão inseridos em locais diferente de após João 7:52. Os mss da Fam13   coloca-a  depois de  Lc.21:38 , a fam l  poe-na no final do Evangelho de João, enquanto que o mss 255 situa-a após João 7.36 (CHAMPLIM, Vol.01, p.90)..  Champlin salienta que “todas essas diferenças na localização serve para nos mostrar que a localizaçao exata desse relato não teve lugar definitivo durante muitos seculos” (CHAMPLIN,  Vol.05,  p 395)
            Analisando os manuscritos que contem tal  passagem e relacionados por  Champlin em sua obra Novo Testamento Interpretado, os mss da relação mais antigos  data do sec. V/VI do tipo ocidental denominado “D” (Bazae), seguido pelo “F” (Boreelinanus) do tipo Bizantino do séc. XI. Todos os demais (GHKU, etc) são posteriores ao séc X.  Ja o mss ”E” que aponta a passagem como duvidosa é do séc.VII do tipo Bizantino (Champlim, Vol.01, p.90).  Certamente aqueles mss que omitem a passagem são os mais antigos e portanto, considerado pelos estudiosos como importante fonte para analisar a originalidade dos escritos sagrados.. Vejamos, por exemplo o papiro  P66,75      que datam do séc.II e III. Codéx Alef e B, séc. V do tipo Alexandrino considerando os pais dos manuscritos também não traz tal passagem.

“Esta sessão é retida nos mss D F G H K U, gama e muitos manuscritos cursivos de origem posteriores sendo seguidos pelas traduções AC , F , KJ,  Ph e M , sem qualquer sinal de dúvida quanto a sua autenticidade. Já os manuscritos  E M F, Γ (lambida) e de fam. Pi (familia Pi).. assinalam a passagem de autenticidade duvidosa.  Os mss P(66), P(75). Alef, B L N T W X, Y. Δ (Delta) Θ (Theta),   Ψ(Psi). 33,. 157, 892. 1241, Fam 1424, além das versões Si, Sah, algumas versões Boh, a versão Arm e a Got. Além dos pais da igreja Clemente, Irineu, Orígenes, Tertuliano, Cipriano e Nonato omitem o trecho em sua inteireza (CHAMPLIN, Vol.05, p.395,396).

            Champlin também afirma que nenhum pai da igreja mencionou tal passagem antes dos onze primeiros seculos. Que a  narrativa faz parte da tradição oral da igreja  que ficou “aninhada” em alguns lugares dentro do evangelho. Embora não faça parte do texto original, para muitos eruditos trata-se  de um incidente autentico da vida de Jesus Cristo tendo sido preservado no conhecimento de alguma parte da igreja cristã até que escribas posteriores encaixaram-na em um dos evangelhos – Lucas ou João. Ele afirma ainda que se essa narrativa for verdade ela bem pode ter sido uma daquelas muitas outras coisas que Jesus disse e fez, mas que não foram originalmente registrada no evangelho de João (Jo. 21.25)

A sesão que se segue (Jo. 7:53-8:11) é uma das mais notáveis ocorrências de um indubitável adição ao texto original das narrativas dos evangelhos. Encontraremos razões para crer que ela pertence á época dos apóstolos , e que preservou para nós registro de um insidente na vida de nosso Senhor, embora não tenha chegado até nós através da penado apostolo João”(Ellicott, in loc) (CHAMPLIN, Vol.02.  p.400)-

3)- CONCLUSÃO.

            Muito embora o texto não faça parte do original, todavia podemos estar grato pela sua preservação nos ilustra muitas coisas que precisamos compreende sobre o perdão e amor.  O texto exala muito bem o espírito dos escribas e fariseus  com sua brutalidade para com o ser considerado por eles sem esperança de salvação, também o desembaraço deles em encontra um álibe para condenar o Senhor. Ou seja se a narrativa não compõe a originalidade, ela está perfeitamente dentro do contexto da lei judaica e bem demonstra o espirito do Senhor quanto à forma de tratamento para com o pecador. Se não fosse pelas provas textuais não seria difícil aceitar com texto sagrado.
            A total ausência de misericórdia dos religiosos para com a pessoa desgraçada e o grande amor de Deus através da pessoa do Senhor Jesus, na nova oportunidade de sobrevida concedida ao pecador são característica da graça de Deus. 

4)- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

BARKER, Kenneth (org). Bíblia NVI de estudo. São Paulo. Ed. Vida. 2003
CHAMPLIN, R.N. Novo Testamento Interpretado. SÃO PAULO: MILENIUM. VOL.1. 1985
CHAMPLIN, R.N. Novo testamento interpretado. São Paulo: Milenium. Vol.2. 1985
GRADNON, C. R. O evangelho de João. São Paulo: Casa Ed. Presbiteriana.  1965

5)- PESQUISSA NA INTERNET.

Wiclife, F.S. Dicionário wiclife. trad. Degmar Rigas Ju



[1] “E será que, quando os egípcios te virem, dirão: Esta é sua mulher. E matar-me-ão a mim, e a ti te guardarão em vida. Gênesis 12:12

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