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DESTAQUE

A ESCRAVIDÃO NA BÍBLIA.

Este texto e parte integrante  de um artigo maior postado neste blog: A TEOLOGIA PRESENTE NOS DISCURSOS DA IGREJA CATÓLICA       NO FIN...

25/12/2014

MARCIÃO E O CANON DO NOVO TESTAMENTO.

MARCIÃO E O CANON DO NT. 
José V. Rodrigues
Cursando Bacharel em Teiologia

Introdução

            Marcião, evidentemente, é o personagem  celebrado: “classificado por muitos como herege” odiado pelos “detentores da verdade cristã”, todavia fez mais pelo cristianismo  do  “muitos que apenas repetiram com papagaios os conceitos  que lhe foram passados”. “Sua admirável coragem em expressar sua fé, convicções, ponto de vista cristológico, responsável por provocar uma revolução na cristandade acomoda de sua época conquistando seguidores que perduraram até o séc. VII. . Os  que sabemos sobre sua vida e obra são  conhecidas através de obras de terceiro que foram seus opositores como  Justino Mártir (110-165 d.C), Irineu ( 120-202 d. C.), Epifânio (ca. 315-403) e Tertuliano que escreveu uma obra “refutando as teses marcionitas”


[i]. Faleceu em 165 d. C., todavia foi o responsável por estimular os pais da igreja a formalizar o credo e uma lista de “livros autorizados”.
É senso comum que ele tenha nascido em Sinopse, no Ponto, Ásia Menor. Convertido ao cristianismo, filho do bispo cristão do lugar. “Rico proprietário de navios que abandonou os negócios para se dedicar toda sua vida e atenção à fé religiosa”.
            Apareceu em Roma (ca. 140)  apresentando sua cristologia aos presbíteros da igreja que logo as classificaram com herética e prejudicial à fé. Expulso da igreja em 144 d.C. abriu sua própria igreja com seus bispos, cultos e culturas. Seus seguidores poderiam ser encontrados até o séc. VII.

            OS  principais posicionamentos e questionamentos de Marcião foram:
ü  Rejeitava o Antigo Testamento[ii];  
ü  O cristianismo não substitui o judaísmo[iii].  Para ele “O cristianismo deveria ser algo totalmente inovador”. O evangelho representava a essência do amor incondicional e absoluto e contrapunha fundamentalmente à Lei.
ü  Negava encarnação de Cristo[iv], o docetismo[v].
ü  Sua cristologia herética baseada num conflito de dois deuses. Um mau e ignorante (“demiurgo[vi]) responsável por crucificar Jesus; o outro Deus, o Pai, mais elevado e bondoso enviou Jesus a fim de redimir a raça humana,
ü  A redenção acontece, porque o deus “demiurgo” se equivocou ao crucificar Cristo[vii].
ü  Pregava total rejeição ao “deus” do Primeiro Testamento.[viii].
ü  Paulo foi o único e verdadeiro apóstolo[ix]; os demais eram judaizantes.
ü  A igreja não era mais fiel às diretivas paulinas, por isso se apresentava com um “reformador”.
ü   Pregava o ascetismo[x].
ü  Propôs uma lista de “livros autorizados[xi]” (cânon) em substituição ao Primeiro Testamento.
ü  Fez ataques às epistolas pastorais  paulinas as quais não usou no seu cânon[xii].
ü  Tinha sua própria Igreja que concorria com a igreja principal[xiii];
ü  Praticava o “Batismo pelos Mortos” [xiv].
ü  Afirmava que Jesus desceu ao Hades para libertar os espíritos que eram considerados maus e deixou os crentes fiéis, lá[xv].
ü  Negava a criação, a encarnação, a ressurreição final e julgamento final[xvi].

            O Cânon de Marcião consistia do Evangelho de Lucas, condensado, a narrativa do nascimento de Jesus foi suprimida; continha as dez epistolas paulinas, editada ao seu modo. Ficam de fora as cartas pastorais de I e II Timóteo e Tito.  “Tertuliano (ca. 350) afirma que ele fez interpolações[xvii] às cartas de Paulo e que páginas inteira são suprimidas (Contra Marcião 5, 18,1), expurgando todas as referências positivas ao judaísmo” [xviii]. Ignorava as epístolas pastorais, Tertuliano afirma que ele  as conhecia muito bem.

Conseqüências.
            Os pais da igreja afirmavam que a fé cristã de Marcião era defeituosa e que sua rejeição das Escrituras judaicas e das raízes históricas da igreja no judaísmo era equivocada. Todavia, sua mensagem ganhou popularidade, pois parecia bastante lógica. Surge uma igreja concorrente e organizada, com missionários, cultos e cultura e com literatura definida: o Cânon de Marcião.

Situação da igreja do segundo século.
 Sucessão apostólica e as perseguições.  
            A igreja viveu um período denominado de “vácuo de autoridade”. Após a morte dos apóstolos uma grande quantidade de teologias e heresias invadiu o cristianismo. A igreja sofria fortes perseguições inibindo sua organização sob uma liderança única. O lideres eram os principais alvos das denúncias e falsas acusações. Perseguições externas e heresias internas surgem a necessidade de uma liderança forte. Diante da pretensão dos hereges que diziam serem os detentores do verdadeiro evangelho, e possuidores da certa revelação secreta, se diziam serem os sucessores dos apóstolos. Havia necessidade, portanto que a igreja tivesse autoridade de dizer quem tinha razão.
            Inácio de Antioquia, martirizado em 107 d.C. foi o primeiro a externar esta necessidade. A caminho do martírio escreveu sete cartas que se tornaram o maior registro sobre sua vida.  “Elas refletiam tanto as perseguições quanto as heresias que se enfiltravam nas igrejas e propunha a atribuição de mais poder ao bispo para enfrentá-las[xix].

Necessidade da igreja.
            “Na igreja do segundo século, devido a circunstancias, surgem necessidades internas e externas que exigiu dos pais da igreja certa mobilização a fim de suprir essas necessidades:
ü  “Padrão para o culto e modelo de orações, liturgia e sermões”.
ü  “Material de leitura para as devoções publicas particulares”.
ü  “Patrão teológico para responder aos críticos não cristãos e para resolver disputas teológicas dentro de suas próprias fileiras.”
ü  Necessidade de um texto fixo a ser utilizado dentro  do mundo latino e grego e  ser traduzido para outras línguas.
ü  Um texto normativo da vida de Jesus (evangelho) e do significado de sua obra[xx]
            A necessidade de saber quais livros deveriam ser lidos nas igrejas; e quais livros deveriam ser traduzidos para as línguas estrangeiras das pessoas convertidas”. Já circulava entre as igrejas os evangelhos e as cartas de Paulo, todavia sem uma formalização e unificação dos livros comuns.

Reações e conseqüências:  A resposta da igreja.
             O Cânon[xxi].  A Escritura lida na igreja,  o Primeiro Testamento,  os evangelhos e as epistolas, não estavam claramente definidos; cada igreja lia o que achava melhor ou o que dispunha.. Os escritos dos apóstolos não estavam reunidos todos em único volume como conheceram hoje, e também não eram considerado Escritura.  Somente no final do século II que começaram a ser reconhecidos como Escrituras dos cristãos. Com Marcião a igreja  se motivou a organizar uma lista de livros que deveriam ser lidos nas igrejas. Esta compilação não foi realizada de modo formal, mas foi acontecendo até ser concluída e definitivamente definida em 397 no Concilio de Catargo.   “Após a morte de Marcião, 160,  Irineu, acompanhado do apologista Justino Mártir e seu discípulo Taciano saíram em defesa  de  um quádruplo evangelho: Mateus, Marcos, João e Lucas na sua forma integral”. Somente após do séc. II que o processo de canonização das Escrituras se tornou mais rápida[xxii].
            O credo. A igreja se viu obrigada a desenvolver  um credo. O primeiro credo foi denominado “Credo Apostólico” com objetivo de refutar as heresias marcionistas e o gnosticismo. O primeiro texto do credo remonta o ano 150 d.C. e foi sendo aperfeiçoado e melhorado no decorrer do tempo até chegar sua texto final. No concilio de Nicéia, em  325 d.C.,  desenvolveram o  “Credo Niceno” com objetivo de combater as heresias de Ário.
            A sucessão apostólica. “Inicialmente no séc. II as principais sedes episcopais, Roma, Antioquia, Éfeso e outras possuía  certa lista dos bispos que sucederam aos apóstolos. Esta lista servia para unir o presente com o passado, embora a exatidão dessas listas tenha sido contestada. Embora o problema maior do segundo século  fosse a “unidade da doutrina”: que essas doutrinas haviam sido repassadas pelos apóstolos ou eram as mesmas dos apóstolos;  desta forma haveria uma unidade da fé. Enquanto os hereges diziam ter uma “doutrina secreta que só eles conheciam igreja apontava sua doutrina”, abertamente ensinada por todos”. Enquanto os hereges tinham suas doutrinas baseadas em segredos de um ou de outro apóstolo, a igreja pratica a doutrina universal de todos os apóstolos “[xxiii].

Conclusão.
            Evidentemente que Marcião causou grandes problemas em sua época devido a sua teologia  parcial e herética, levando após si seguidores que deram sua vida em prol a causa de cristã,  todavia ele se revelou determinado e apaixonado pela causa, entregando-se totalmente e negando o mate-rialismo. Este acontecimento revelou a fragilidade da igreja em combater as heresias e evitar a entrada de “lobos”  no rebanho de Cristo.  Por outro lado, levou a igreja a se mobiliar em defesa da verdade e da doutrina cristã providenciando mecanismo  para combater futuros ataques à vinha de Cristo.
            Marcião, sem duvida atingiu a “canela” dos primeiros apologétas, mas viriam outros com mais força e violência que deixariam “hematomas” mais graves no corpo de Cristo.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ROCHA, Ruth. Minidicionário da Língua Portuguesa. São Paulo: Scipione. 2005..
MCDONALD, Lee Martin. A Origem da Bíblia. Trad. Euclides L, Calloni, são Paulo: Paulus, 2013.  
GONZÁLEZ, Justo L. Uma história ilust, do Cristianismo. Trad. Key Yuasa. São Paulo: Vida Nova. Vol. 1. 1995
 CHAMPLIN, R.N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. 10ª. Ed..  São Paulo: Agnus, vol 4, 2011.  
 CHAMPLIN, R.N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. 10ª. Ed..  São Paulo: Agnus, vol 1, 2011. 

PESQUISA NA INTERNET 

REFERÊNCIAS



[1] http://reflexaobiblica.spaceblog.com.br/173582/MARCIAO-E-O-CANON-DO-NT/0.[ii] Pare ele o Deus do A. T. era um “demiurgo” um deus justo e iracundo, chamado Jeová que criou um mundo mau e tudo nele é mau. Enquanto que o Deus do Primeiro Testamento era um Deus bom. O deus do A. T. deveria ser destingido do Deus mais alto e Desconhecido revelado no N. T. “Na sua obra  Antítese, Marcion, argumento que o Antigo Testamento não somente contradiz o Novo Testamento, mas também entra em contradição consigo mesmo”. Champlin, R.N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. 10ª. Ed..  São Paulo: Agnus, vol 4, 2011. pp 120.
 Esta rejeição pode ser em conseqüências das perseguições empreendidas em diversos lugares pelos judeus aos cristãos que cresciam em números.  Os judeus eram responsáveis pelas “denuncias” às autoridades, pois a religião cristã não era “religião autorizada” pelo estado romano. Policarpo (Ca. 155), bispo de Esmirna, foi vítima dessas denúncias. Por outro lado, os judeus estavam em decadência  principalmente devido ao fracasso na revolta do messiânico Bar  Kabeka contra os romanos(132-135).  Mcdonald, Lee Martin. A Origem da Bíblia. Tradução Euclides Luiz Calloni, são Paulo: Paulus, 2013. pp 166, 167.
[iii] ). O Cristianismo era uma revelação independente em tudo do Judaísmo. Estava numa graduação completamente acima e não deveria conter nada daquela antiga e ultrapassada. Marcelo acusa os presbíteros de judaizar o Cristianismo fazendo analogias com o Primeiro Testamento.
[iv] Sugere o docetismo que afirma que Cristo não se encarnou, parecia de vindo em carne. Champlin, R.N. Enciclopédia de Biblia, ibid.,. pp 120.  O mesmo conceito pode ser visto na obra. Mcdonald, Lee Martin. Ibid.,. pp 162.[v] Docetismo, do grego “dokeo” – “eu pareço” ou “apareço”.  “Segundo o qual Jesus pareceu ter um corpo físico. Os docetas negavam a humanidade plena de Jesus”. Mcdonald, Lee Martin. Ibid., pp 162[vi] “Demiurgo”, do grego 'dimiourgo', significa “artesão”, palavra usada por Platão para descrever o Criador do universo.
[vii] Após a ressurreição Jesus acusa o deus “demiurgo” requerendo as almas humanas para serem redimidas, pois ele havia cumprido a Lei e fora crucificado injustamente. Desta forma ele se torna o cabeça da humanidade, pois se havia identificado com eles e os comprara por meio de sua morte. Champlin, R.N. Enciclopédia de Bíblia, ibid.,. pp 120.[viii] O “deus” do VT deveria ser rejeitado e nisto se consistia a salvação em que devirá crer no Deus da graça revelado no Segundo Testamento.
[ix] Champlin, R.N. Enciclopédia de Biblia, ibid.,. pp 120.[x] Ascetismo, do grego “askesis”, exercício, pratica, treinamento. Algumas vezes usado com exercício da autonegação de uma ou de outra forma.  O conceito por trás da pratica consistia em negar o direito ao corpo, ou mesmo castigá-lo.  Champlin, R.N.  ibid, , vol. 1,  2011. pp 338.
 Para Marcião, os homens  enganam a si mesmo quando se tornam do mundo  esperando que se possa  ao mesmo tempo derrotar a carne. O homem deveria manter-se casto, ficar longe da sensualidade e não se  casar.  Champlin, R.N. Enciclopédia de Bíblia, ibid.,. pp 120.[xi] “Marcião  é a primeira pessoa conhecida que produziu uma coleção bem definida que mais tarde veio a ser conhecida como Escritura”. Para substituir, na sua igreja,  o Canon judaico amplamente usado pelas Igrejas. Isto quer dizer que não produziu o primeiro Canon cristão, mas um Canon para sua religião. .. Mcdonald, Lee Martin. Ibid., pp 164-166[xii] Nol, Mark A.  Momentos decisivos na Historia do Cristianismo. Trad. Alderi S. de Matos. Editora Cultura Cristã. São Paulo:2000. pp. 39
[xiii] Ele tinha sua própria igreja, credo, missionário e cultura. Muitos deles morreram como mártires de sua causa. Champlin, R.N. Enciclopédia de Bíblia, ibid.,. pp 120.[xiv] Champlin, R.N. Enciclopédia de Bíblia, ibid.,. pp 120.[xv] Demonstra total oposição ao judaísmo. Os espíritos dos crentes são dos patriarcas, profetas, etc., pois estes haviam sido considerados infiéis por Cristo. Champlin, R.N. Enciclopédia de Bíblia, ibid.. pp 120.[xvi] González, Justo L. Uma história ilustrada do Cristianismo. Tradução Key Yuasa. São Paulo: Vida Nova. Vol. 1. 1995.  pp. 99.
[xvii]  Interpolar: por uma coisa entre outras; intercalar  palavras ou frases em um escrito. Rocha, Ruth. Minidicionário da Língua Portuguesa. São Paulo: Scipione. 2005. pp404.
[xviii] González, Justo L.  ibid., pp.105.
[xix] Mcdonald, Lee Martin.  Ibid., pp 162
[xx] Nol, Mark A.  Momentos decisivos na Historia do Cristianismo. Trad. Alderi S. de Matos. Editora Cultura Cristã. São Paulo:2000. pp. 38  Mcdonald, Lee Martin. Ibid., pp 167;
[xxi] Nos primórdios do cristianismo a palavra “cânon” significava “regra de fé”, escritos normativos (i.e. as Escrituras autorizadas). Por volta de 350 d.C. o conceito de cânon na época de Atanásio, o conceito de cânon já estava bem definido. Cânon no sentido ativo é a Bíblia, pela qual tudo o mais deve ser julgado. No sentido passivo, “cânon” é a regra padrão pelo qual um escrito deveria ser julgado inspirado ou dotado de autoridade. A palavra “cânon” deriva se da palavra grega “kanôn” (cana, régua) e da palavra hebraica “kaneh”, palavra do Primeiro Testamento que significa “vara” ou “cana de medir” (Ez. 40:3). No NT emprega o termo em sentido figurado referindo-se ao padrão ou regra de conduta (Gl. 6:16)[xxi].
[xxii] Nol, Mark A. ibid., pp. 39
[xxiii] González, Justo L.  ibid., pp. 106, 107.
 

A MULHER ADÚLTERA

A mulher adúltera de João 7:53-8:11

Objetivos:

            A presente pesquisa pretende estudar a passagem de João 7:53-8:11 basicamente em duas direções:

1.                   O adultério dentro da cultura religiosa judaica.
2.                   A originalidade do texto de  João 7.53-8:11.

             “7:53 Depois disso, cada um foi para a sua casa.
1-Entretanto, Jesus seguiu para o monte das Oliveiras. 2Ao amanhecer, Ele voltou ao templo, e todo o povo achegava-se ao seu redor. Então, Ele se assentou e lhes ensinava. 3Os escribas e fariseus trouxeram até Ele uma mulher surpreendida em adultério. Forçaram-na a ficar em pé no meio de todos, 4e disseram a Ele: “Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante ato de adultério. 5Assim sendo, Moisés, na Lei, nos mandou que tais mulheres sejam apedrejadas. Todavia, tu, que dizes a este respeito?” 6Eles falavam assim para prová-lo e terem alguma coisa de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia na terra com o dedo, como se não tivesse ouvido. 7Porque insistiram na pergunta, Ele se levantou e lhes disse: “Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro a lhe atirar uma pedra.” 8E, novamente, inclinou-se e escrevia na terra. 9Então, aqueles que ouviram isso, sendo convencidos por suas consciências, foram se retirando um por um, começando pelos mais velhos até o último. Jesus foi deixado só, e a mulher ficou em pé onde estava. 10Quando Jesus se ergueu, não vendo a ninguém mais, além da mulher, disse a ela: “Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?” 11Disse ela: “Ninguém, Senhor.” E assim lhe disse Jesus: “Nem Eu te condeno; podes ir e não peques mais.” Jesus defende seu testemunho” (João 7:53-8:11 BKJA).


Conceitos e etmologias

Strong's Concordância

“moicheia”: “adultério”   
Palavra Original: μοιχεία, ας,
Definição gramatical: substantivo, Feminino                      
Transliteração: moicheia
Orotografia fonética: (moy-khi'-ah)                        
Definição curta: adultério
Definição: adultério.

 1)-O ADULTÉRIO DENTRO DA CULTURA RELIGIOSA JUDAICA

                 Adultério é a relação sexual entre uma pessoa casada e outra que não é seu cônjuge. O pecado era perdoado nas culturas pagãs, particularmente quanto à parte do homem que, embora fosse casado não era acusado de adultério a não ser que coabitasse com a esposa de outro homem ou com uma virgem que tivesse noiva. O adultério é proibido tanto no Primeiro Testamento (conf. Ex. 20:14; Deut. 5:18, punível com pena de morte por apedrejamento,Lv. 20: 10 e Deut. 5:22ss) quanto ao Segundo Testamento (Rm 13:9; Gal. 5: 19; Tg 2:11); O senhor Jesus estendeu a culpa do pecado de adultério como fez com outros mandamentos incluindo o propósito ou desejos de cometê-los ao próprio ato em si.

 Eu, porém, vos digo que todo aquele que olhar para uma mulher para cobiçá-la, já em seu coração cometeu adultério com ela” (Mat. 5:28 ARA).

            Na Bíblia a palavra adultério (em hebraico adultério é “na’aph” e em grego “moichia”) muitas vezes é usada de forma metafórica para representar a idolatria ou apostasia do povo de Israel comprometido com Deus (Jer. 3:8, 9).  
            A diferença entre adultério e fornicação é que este a relação sexual entre pessoas.  A palavra grega “pornéia” uniformemente traduzida como “formicação” inclui tanto lascívia e irregularidade sexual (cf. MM; Vine; EDNTW);
           
1.a) Adultérios nas culturas antigas

            O adultério era pratica comum nos cultos cananeus de adoração ao Baalins que incluía prostituição nos templos (Wiclife, p.35)
            Na cultura grego-romana o adultério, prostituição, as orgias era parte da cultura. O adultério, conseqüentemente, era permitido pelos deuses. Na mitologia grega Afrodite (a deusa do amor) e Dionísio eram as principais divindades do sexo e do prazer:  Patridge relata no livro A História das Orgias, que Afrodite, a deusa do amor, “se entrega às delícias ilícitas do amor com Ares, o deus da guerra. O marido dela, Hefesto, convoca todos os outros deuses para testemunhar o adultério”.
            A prática da imoralidade sexual nos templos gregos com sacerdotisa era parte do culto. Não havia nenhuma restrição na lei sobre adultério para os homens. O adultério não era tolerado quando se tratava de mulheres. Elas deveriam cuidar da casa e filhos, mas os homens estavam livres da obrigação da fidelidade. Semelhantemente na cultura romana. As orgias eram verdadeiro bacanal de muita bebedeira e sexo com mulheres solteiras, as chamadas “heteras”. Escravas ou livres “treinadas” que serviam aos seus senhores e convidadas na pratica do sexo e divertimento; a homossexualidade era pratica comum. Os filósofos gregos do sec. IV e V a.C. já condenavam tanto a idolatria como a imoralidade. E, foi nessa cultura promiscua que o evangelho encontrou terreno fértil.

1.b) Adultério no Primeiro Testamento: Abraão e Davi

            A relação sexual nas culturas antigas tinha uma conotação distinta de uma cultura para outra.  As mulheres casadas assumiam a responsabilidade da casa e filhos. Estavam “sujeitas” ao marido devendo a ele fidelidade; a traição não era tolerada. Enquanto que os homens estavam livres para, inclusive ter mais de uma mulher. Respeitava-se o marido da mulher casada, mas não a mulher. Não se tomava por mulher a do outrem. Na Bíblia temos o caso de Abraão e Sara (Cerca de 2200 a.C). Abraão teve medo de revelar que Sara era sua esposa, pois temia pela vida[1]. Tomar uma viúva como mulher não estava errado.
            Outro caso bastante conhecido, o de Davi (1000 a.C) que tomou a mulher de Urias e depois planejou a morte dele. Natã, o profeta, disse que Davi poderia ter qualquer mulher do reino, mas não a de Urias, pois esta era casada. Davi deveria ser punido pela Lei com morte de apedrejamento, mas como rei estava imune a punição, todavia recebeu do Senhor devida punição.  O pecado de Davi tornou-se notório e deu aos inimigos de Deus ocasião para blasfemar.

Agora, pois, não se apartará a espada jamais da tua casa, porquanto me desprezaste, e tomaste a mulher de Urias, o heteu, para ser tua mulher. Assim diz o SENHOR: Eis que suscitarei da tua própria casa o mal sobre ti, e tomarei tuas mulheres perante os teus olhos, e as darei a teu próximo, o qual se deitará com tuas mulheres perante este sol. Porque tu o fizeste em oculto, mas eu farei este negócio perante todo o Israel e perante o sol. (...) Todavia, porquanto com este feito deste lugar sobremaneira a que os inimigos do SENHOR blasfemem, também o filho que te nasceu certamente morrerá.( 2 Samuel 12:10-12.14)

            Davi foi protagonista desta macabra narrada no AT. Pagou preço alto por esta aventura; quatro de seus filhos morreram a espada. Sua filha foi estuprada pelo irmão dentro de sua própria casa Teve que fugir de Jerusalém por causa de seu filho Abssalão o qual se deitou com as mulheres de seu Pai.
            No Primeiro Testamento encontramos referencia a essa lassidão moral como em Jó 24.15; 31.4; Prov. 2.16-19; 7.5-22; Jer. 2:10-14

1.c) Adultério no Segundo Testamento: a mulher adultera.

            No Segundo Testamento a imoralidade  generalizada permaneceu e pode ser claramente observada em Marcos 8.38 Jesus afirma “geração adultera e pecadora”. Em  Lc. 18:11 na parábola do “Fariseu justo” que orava em pé, “não sou como os outros homens: ladrões, corruptos, adúlteros...”. Os adultero consta da relação dos excluídos do reino de Deus, conforme 1 Co. 6.9: “... nem adúlteros,... não herdarão o reino de Deus”.  A “imoralidade sexual” (porneia),.juntamente com “impureza” (akatharsia) e “libertinagem” (aselgeia) todas relacionadas ao sexo .estão classificadas como “obras da carne” passível de condenação e exclusão do reino de Deus em Gálatas. 5:19: ; Heb. 13:4 e
Segundo afirmou o Senhor Jesus a fonte de todo mau, inclusive os desejos sexuais indevidos é o coração:

Porque do coração é que procedem os maus intentos, homicídios, adultérios, imoralidades, roubos, falsos testemunhos, calúnias, blasfêmias”. (Mat. 5:19 ARA).

Os fariseus não queriam demonstrar amor a Deus, pureza  e santidade  no cumprimento da Lei e fazer justiça, mas pretendiam confundir Jesus, forçá-lo a dizer alguma palavra ou frase que pudesse servir de base para sua prisão, condenação e morte. Confirma que a religião de algumas pessoas  parece consistir de ódio em ver punidos os pecados do outros. O inferno, para muitos religiosos, só existe para o semelhante e jamais para si.  O caráter dos fariseus é digno de lastima, foram capas de se armar com tal sutileza para pegar Jesus em alguma falta. Devemos identificar que os romanos tiram do judeus o poder de condenar alguém à pena de morte (Jo. 18.28-31). O objetivo deles era fazer com que Jesus infligisse  algum estatuto da Lei ou alguma lei dos romanos.
            Na concepção do Senhor Jesus os escribas e fariseus que surpreenderam a Mulher adulteram que procurou fazer tudo bem escondido, todavia não esperava ser surpreendida (“pega em flagrante delito”) estavam em mesmo pé de igualdade que a adultera. Seus corações estavam cheio de toda sorte de más intenções e maus desejos escondidos (“quem não tiver pecado que atire a primeira pedra”).  Interessante paradoxo: Os olhos que tudo vê flagrou os justos escribas e fariseus em seus pecados.

“A verdade que estava nele, repreendeu a mentira dos escribas e fariseus. A pureza que estava nele condenou a lascívia que estava nela” (Wiclif, CPAD.2008. p 35, ipud  Mission and Message of Jesus, p 795)

            Finalizando esta questão do adultério devemos citar o texto de Romanos 13:19 ora mencionado como referencia no inicio desta nossa escrita, o qual resumirá perfeitamente o que Jesus pretendia ensinar aos escribas e fariseus e que ficou bastante claro quando absolveu a mulher adultera e fez a ela aquela recomendação: “vai e não tornes a pecar”. Vejamos, portanto o ensinamento da passagem joanina nas palavras do apostolo Paulo:

2)-A ORIGINALIDADE DO TEXTO DE  JOÃO 7.53-8:11.

            O texto  de João 7:53-8:11 parece não encontrar “descanso” dentro da autoria joanina. Muitas são as probabilidade  contrarias da autoria do mesmo pelos punhos de autor sagrado.  A perícope sobra a mulher adultera  não encontra lugar nos mais antigos manuscritos. Noutros nss estão inseridos em locais diferente de após João 7:52. Os mss da Fam13   coloca-a  depois de  Lc.21:38 , a fam l  poe-na no final do Evangelho de João, enquanto que o mss 255 situa-a após João 7.36 (CHAMPLIM, Vol.01, p.90)..  Champlin salienta que “todas essas diferenças na localização serve para nos mostrar que a localizaçao exata desse relato não teve lugar definitivo durante muitos seculos” (CHAMPLIN,  Vol.05,  p 395)
            Analisando os manuscritos que contem tal  passagem e relacionados por  Champlin em sua obra Novo Testamento Interpretado, os mss da relação mais antigos  data do sec. V/VI do tipo ocidental denominado “D” (Bazae), seguido pelo “F” (Boreelinanus) do tipo Bizantino do séc. XI. Todos os demais (GHKU, etc) são posteriores ao séc X.  Ja o mss ”E” que aponta a passagem como duvidosa é do séc.VII do tipo Bizantino (Champlim, Vol.01, p.90).  Certamente aqueles mss que omitem a passagem são os mais antigos e portanto, considerado pelos estudiosos como importante fonte para analisar a originalidade dos escritos sagrados.. Vejamos, por exemplo o papiro  P66,75      que datam do séc.II e III. Codéx Alef e B, séc. V do tipo Alexandrino considerando os pais dos manuscritos também não traz tal passagem.

“Esta sessão é retida nos mss D F G H K U, gama e muitos manuscritos cursivos de origem posteriores sendo seguidos pelas traduções AC , F , KJ,  Ph e M , sem qualquer sinal de dúvida quanto a sua autenticidade. Já os manuscritos  E M F, Γ (lambida) e de fam. Pi (familia Pi).. assinalam a passagem de autenticidade duvidosa.  Os mss P(66), P(75). Alef, B L N T W X, Y. Δ (Delta) Θ (Theta),   Ψ(Psi). 33,. 157, 892. 1241, Fam 1424, além das versões Si, Sah, algumas versões Boh, a versão Arm e a Got. Além dos pais da igreja Clemente, Irineu, Orígenes, Tertuliano, Cipriano e Nonato omitem o trecho em sua inteireza (CHAMPLIN, Vol.05, p.395,396).

            Champlin também afirma que nenhum pai da igreja mencionou tal passagem antes dos onze primeiros seculos. Que a  narrativa faz parte da tradição oral da igreja  que ficou “aninhada” em alguns lugares dentro do evangelho. Embora não faça parte do texto original, para muitos eruditos trata-se  de um incidente autentico da vida de Jesus Cristo tendo sido preservado no conhecimento de alguma parte da igreja cristã até que escribas posteriores encaixaram-na em um dos evangelhos – Lucas ou João. Ele afirma ainda que se essa narrativa for verdade ela bem pode ter sido uma daquelas muitas outras coisas que Jesus disse e fez, mas que não foram originalmente registrada no evangelho de João (Jo. 21.25)

A sesão que se segue (Jo. 7:53-8:11) é uma das mais notáveis ocorrências de um indubitável adição ao texto original das narrativas dos evangelhos. Encontraremos razões para crer que ela pertence á época dos apóstolos , e que preservou para nós registro de um insidente na vida de nosso Senhor, embora não tenha chegado até nós através da penado apostolo João”(Ellicott, in loc) (CHAMPLIN, Vol.02.  p.400)-

3)- CONCLUSÃO.

            Muito embora o texto não faça parte do original, todavia podemos estar grato pela sua preservação nos ilustra muitas coisas que precisamos compreende sobre o perdão e amor.  O texto exala muito bem o espírito dos escribas e fariseus  com sua brutalidade para com o ser considerado por eles sem esperança de salvação, também o desembaraço deles em encontra um álibe para condenar o Senhor. Ou seja se a narrativa não compõe a originalidade, ela está perfeitamente dentro do contexto da lei judaica e bem demonstra o espirito do Senhor quanto à forma de tratamento para com o pecador. Se não fosse pelas provas textuais não seria difícil aceitar com texto sagrado.
            A total ausência de misericórdia dos religiosos para com a pessoa desgraçada e o grande amor de Deus através da pessoa do Senhor Jesus, na nova oportunidade de sobrevida concedida ao pecador são característica da graça de Deus. 

4)- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

BARKER, Kenneth (org). Bíblia NVI de estudo. São Paulo. Ed. Vida. 2003
CHAMPLIN, R.N. Novo Testamento Interpretado. SÃO PAULO: MILENIUM. VOL.1. 1985
CHAMPLIN, R.N. Novo testamento interpretado. São Paulo: Milenium. Vol.2. 1985
GRADNON, C. R. O evangelho de João. São Paulo: Casa Ed. Presbiteriana.  1965

5)- PESQUISSA NA INTERNET.

Wiclife, F.S. Dicionário wiclife. trad. Degmar Rigas Ju



[1] “E será que, quando os egípcios te virem, dirão: Esta é sua mulher. E matar-me-ão a mim, e a ti te guardarão em vida. Gênesis 12:12