xtraído da revista O Tabernáculo no Deserto
Autor: José Maria Vieira Rodrigues
SÍMBOLOS E TIPOS
“Porque as suas
coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder como a
sua divindade, se entendem e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas,
que eles fiquem inescusáveis” (Rm. 1:20).
Textos
básicos
“O Deus que fez o mundo e tudo que nele
há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de
homens, 25 Nem
tampouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma
coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas;
26 e de um só fez
toda a geração dos homens para habitar sobre toda a face da terra, determinando
os tempos já dantes ordenados e os limites da sua habitação, 27 para que buscassem ao Senhor,
se, porventura, tateando, o pudessem achar, ainda que não esteja longe de cada
um de nós;” (At. 17:24-27).
“Perseverai
em oração, velando nela com ação de graças; 3orando
também juntamente por nós, para que Deus nos abra a porta da palavra, a fim de
falarmos do mistério de Cristo, pelo qual estou também preso:
4 para que o manifeste como me convém falar.” (Col. 4:2-4).
Comentários
Introdução
Deus na sua imensa sabedoria planejou
tudo: desde a Criação do mundo até a eternidade. O tempo, o espaço e a matéria
tudo foi criado por Deus. Antes não havia nada. Eis que surge o universo!
Seguindo a um propósito e desígnio. O Tabernáculo tem um propósito específico,
como já vimos anteriormente, o de ensinar e revelar verdades espirituais de
Deus (Pai, Filho (Jesus) e Espirito Santo), a Igreja e nossa relação com Deus. Como
Pai, Deus deseja ensinar seus filhos em como se apresentar ante Ele e como deve
ser seu viver diário. Assim como
esperava de Adão ‘o pensar’ e ‘o raciocinar’; assim, os filhos de Israel
deveriam pensar o significado daquelas figuras que estavam diante deles. Assim,
nós devemos sair de nossa ‘casinha’ e pensar no significado de nossas vidas e no
plano de salvação que Deus fez para nós. Como professor, Deus usou um método de ensino:
a tipologia e simbologia; da mesma forma quando Jesus usou de parábolas para
transmitir verdades espirituais. Além disso, usou a forma prática, proporcionando
experiências aos levitas e aos filhos de Israel que ali serviam e compareciam:
Aos levitas os serviços ministeriais com zelo e aos filhos de Israel a adoração
responsável com santidade e obediência. Na Torá (Lei, ensinos, estatuto,
preceitos), o manual deles, contêm orientações do Senhor que eles deveriam
seguir; assim como, o Novo Testamento (NT) é o manual da Igreja para hoje. Nesta
lição analisaremos os símbolos e tipos; seus significados e objetivos. Depois falaremos das ‘sombras e substâncias’
que nos fala o Tabernáculo. E finalmente sobre o segredo que Deus manteve
oculto pelos séculos até ser revelado no NT.
1) Conceitos e definições: Simbologia e tipologia
Simbologia: Segundo o Dicionário Wicliffe, é
aquilo que se coloca no lugar de alguma coisa, ou a representa. Um objeto
visível ou a representação desse objeto, seja processo, ideias ou outro objeto.
No grego, a palavra símbolo, tem o sentido de ‘lançar ou juntar’ com a
finalidade de fazer comparações. Como a moeda que tem os lados separados que
dão a ideia de um sinal ali cunhado. Por exemplo, a moeda em si não vale 1
real, mas vale por que representa o valor de 1 real, pois ali está impressa. Os
símbolos sugerem ideias e conceitos em vez de declará-los (p. 1818).
Tipologia:
Segundo o Dr. R. N. Champilin (Vol. 6, p.423) é uma técnica de
interpretação pela qual pessoas, instituições, e objetos passam a ilustrar ou a
simbolizar a pessoa de Jesus Cristo, ou aspectos da fé, das doutrinas, das práticas,
das instituições cristãs, etc.” A epístola aos Hebreus relata vários desses
tipos que se cumpriram em Cristo. Geralmente traduzido pelas palavras:
‘figuras’ e ‘sombra’ (Hb. 8:5, 9:23, Rm. 5:14; 1Co. 10:6, 11). O ‘tipo’ é um
objeto no VT que tem sua revelação ou significado no NT (o antítipo. Ex. o Sumo
Sacerdote é o tipo e Jesus Cristo é o antítipo (Hb. 9:23, 24) (ibidem, p. 438).
A diferença básica entre ‘símbolo’ e ‘tipo’ é que o ‘tipo’ tem sua correspondência/representação
concreta no NT (Sumo Sacerdote – Jesus) e a símbolo abre a opção de ser apenas
uma ideia, um raciocínio abstrato inexistente materialmente e não
necessariamente tem a ver com Cristo. Por exemplo, as tábuas unidas por
travessões do Tabernáculo representam a união que o Espirito dá entre os irmãos
na Igreja. ‘Igreja’ e ‘união’ existe; a
igreja é algo concreto e palpável, mas a ‘união’ algo abstrato, não palpável
que está presente na Igreja.
2) 2) Sombra e substância
Moisés
caminhava na ‘sombra’ das coisas, nós caminhamos na substância. A velha Aliança
caminhava na ‘sombra’ das coisas, a Nova Aliança na substância das coisas. Nada deveria ser feito de acordo com
o critério do povo ou de Moisés. Tudo deveria ser segundo ‘o modelo’ mostrado
por Deus. “Conforme tudo o
que eu te mostrar para modelo
do Tabernáculo e para modelo de todos os seus
móveis, assim mesmo o fareis” (Ex. 25:9). Perceba que agora porque tudo
deveria seguir o modelo revelado? Se fizessem algo diferente do informado, além
de configurar desobediência passível de punição. Assim como ocorreu com Adão, o
qual não atendeu ao resultado esperado. Porque Adão não fez conforme as ordens divina,
isso causou atraso no desenvolvimento do plano de Deus em sua vida. Toda as vezes
que não fazemos “conforme Deus ordenou” as consequências são incalculáveis.
Deus disse ‘tenha o cuidado de fazer
conforme’, porque aquele ‘tipo’ representaria o ‘antitipo’ que era Cristo.
Assim, se a forma original estivesse em desacordo com o informado, as representações
seriam imperfeitas, não serviria ‘tipos’ que expressassem as verdades
espirituais. Se as artesãs colocasse verde em vez de vermelho carmesim, por
exemplo. O que o verde tem a ver com Cristo? Na Igreja, algo que é feito diferente
do que está na Bíblia é heresia. Moisés não poderia se dar o luxo de fazer interpretação
própria. Siga o modelo que dá certo!
3) Tipos e Antítipos
Todos os objetos,
cores, formas e ritos, etc., era um “tipo”
ou ‘modelo’ representativo daquilo
que haveria de acontecer no tempo certo. O “tipo” é a ‘sombra’ e anuncia o “antítipo”
que é a ‘substância’. O antítipo (do
grego: αντιτυπος antítipos), segundo esclarece Strong: “é uma coisa formada a partir de um modelo; uma
coisa semelhante à outra, sua contraparte”. Por exemplo:
Tipos
|
Antítipos
|
Referências
|
Dilúvio
|
Batismo
|
1 Pe. 3.21
|
Tabernáculo
|
Cristo
|
Hb. 8.2
|
Tabernáculo
|
Igreja
|
Col. 1:25-27
|
Esta primeira morada que estamos
estudando era simplesmente, um “tipo” de Cristo. O ‘tipo’ é aquilo que fala
de alguma coisa, o “antítipo” é aquilo de quem se fala. Neste caso, o tipo é o Tabernáculo e o antítipo
é Jesus Cristo, Senhor e Salvador.
4) O novo plano e seu segredo
A. O plano: No Novo
Testamento (NT) |, Deus revela o modelo da Igreja aos Apóstolos. As escrituras,
todavia, afirma que “Deus não habita em
casas construída por mãos humanas” (At.7.48). No entanto, aquela construção
foi feita por mãos humanas e construída com madeira, ouro, prata, cobre e
outros materiais doados pelo povo, porém partiu do Senhor a ordem e a
orientação para a edificação e deveria ‘ser
conforme o modelo’ por ele apresentado (modelo vem do grego: τυπος – typos=tipo). O ‘tipo’ ou modelo representava as futuras
revelações de seu plano e o segredo seria mantido. Quando se revelasse o ‘antítipo’/substância
os filhos de Israel entenderiam o plano de Deus. Para nós fica uma lição: Determinadas
pessoas constroem uma casa por iniciativa própria e de acordo com seu modelo e querem
ainda que Deus habite ali. Determinando até a forma que o Senhor deve
agir. No NT estão “as formas” as quais
devemos construir a morada do Senhor em nosso meio. Em Mateus 16:18 Jesus afirma
que o construtor e a pedra fundamental da Igreja é Ele mesmo. Em Atos 2:42-47 encontramos como deve ser o
“modelo” da Casa que o Senhor deseja habitar entre nós.
B. O Segredo de Deus
Cristo foi o segredo/mistério de Deus mantido até
que chegasse a ‘plenitude dos tempos’ e ser revelado à humanidade. “Perseverai
em oração, velando nela com ação de graças; 3 orando também juntamente por nós, para que Deus nos abra a
porta da palavra, a fim de falarmos do mistério de Cristo, pelo qual estou
também preso; 4 para que o manifeste, como me
convém falar.”
(Col. 4:2-4).
Jesus Cristo é o segredo revelado: “aos quais, Deus quis fazer conhecer
quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo
em vós,[1]
esperança da glória; ” (Col.
1:27). No entanto, a revelação progressiva continuará como afirma Romanos 8:18.
Abraão foi
peregrino na terra, porque ela aina não lhe pertencia (Gn. 15:16), mas quando
os seus descendentes entraram nela já não eram peregrinos, mas cidadãos. A
cidadania se deu quando Deus veio habitar no meio deles. Em Jesus, o verdadeiro
Tabernáculo, deixamos de ser peregrinos (sem herança e sem sua glória), mas Ele
nos fez cidadãos dos céus e temos sua glória, presença, lei e mandamentos
escritos no nosso coração (Ef. 2:19-22).
O propósito de seu habitar em nós é para nos
levar àquela cidade. Ver seu rosto e sentir as Suas mãos (Ap. 21:3-7). Porém, hoje
podemos experimentar ‘Sua água’ correndo, jorrando em nós. Só é preciso crer
nele! “Mas aquele que beber da
água que eu lhe der nunca terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der
se fará nele uma fonte de água que jorre para a vida eterna” (Jo. 4:14).
Considerações
finais
Você é sua
morada. O lugar onde Deus habita e do seu interior Ele falará contigo! Quando o
Senhor ordenou que construíssem aquela tenda, Ele queria que ela servisse de
lição palpável. Através de símbolos e tipos: e também como lembrança contínua
aos israelitas da preciosa verdade da habitação de Deus entre eles. Além disso,
a tenda da habitação foi uma das sublimes verdades preliminares ensinadas por
Deus a Seu povo na expectativa da encarnação de Seu Filho Jesus. Em Êxodo,
desceu e habitou entre os homens numa casa feita de madeira e ouro. 1500 anos
mais tarde viria, não a ‘sombra/figura’, mas a substância ou a Verdade que
anteriormente se prefigurava por meio dos tipos e símbolos e habitaria entre os
homens por trinta e três anos e meio. Desta vez não em casa de madeira e ouro,
mas em carne e osso, o corpo do Senhor Jesus: “O verbo se fez carne e habitou
entre nós” (João 1:14). Cristo era Deus encarnado, e para que
Ele (Deus) pudesse realmente habitar conosco (Emanuel), deveria ser conforme a
imagem e semelhança do homem. O nome de Deus “EMANUEL”,
literalmente significa “Deus conosco”.
Questionário.
1)
Qual
é o manual da Igreja?
2)
O
que é ‘tipo’? Cite um exemplo.
3)
O
que é substância?
4)
Explique
com suas palavras sobre o segredo/mistério de Deus?
[1] 1.27 - Rm 8.10; Ef 3.17. Cristo em vós: Outras traduções possíveis: Cristo, que habita
em vós ou Cristo, pregado entre vós.
Extraído da Revista O Tabernáculo no Deserto
Autor: José Maria Vieira Rodrigues.
BIBLIOGRAFIA
CONSULTADA.
BEARA. Bíblia de Estudo Almeida Revista e
Atualizada. Ed. Eletr. São Paulo: SBB. 2005.
BEARC. Bíblia de Estudo Almeida Revista e
Corrigida. Ed. Eletr. São Paulo; SBB. 2005.
BETESTA,
Faculdade T. Doutrina de Cristo, Curso 02. São Paulo: Editora Betesda. NA.
BHS.
A Revised Version of Biblica Hebraica Stuttgartensia. Stuttgart: German Bible Society; Westminster
Seminary. 1990..
BI. Bíblia Interlinear. Bíblia em português:
disponível no site tp://bibliaportugues.com/
interlinear.
CHAMPLIN, R.N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e
Filosofia (10ª. Ed.) São Paulo; Hagnos.
Vol. 5 e 6; 2011.
CORNER, Kevin, J. Os segredos do Tabernáculo de
Moisés. Belo Horizonte: Atos. 2004.
EASTON, M. G. No dicionário da Bíblia de Easton. Nova Iorque: Harper & Brothers. 1893.
JENSEN,
Irving. L. Êxodo Estudo Bíblicos.
São Paulo. Mundo Cristão: 1980.
JFB - JAMIESON, R.,
FAUSSET, A. R., & BROWN, D. (1997). Comentário Crítico e Explicativo
sobre a Bíblia Inteira (Vol. 1, p. 68). Oak
Harbor, WA: Logos Research Systems,Inc.
KASCHEL, W. & Zimmer, R. Dicionário da Bíblia
de Almeida, 2a ed. São Paulo: SBB, 1999.
KASCHEL, Werner; ZIMMER, Rudi. Dicionário da
Bíblia de Almeida. 2ª. Ed. (versão eletrônica)
Barueri: SSB, 2005
KIENE,
Paul. F. Das Heiligtum Gotees in der
Wuste Sinai. Zurique/Alemanha: Beröa – Verlag Zürich. 1986,
diversas fotografias.
KJA, Bíblia King James Atualizada. Disponível no
site: http://bibliaportugues.com
/kja/ john/6.htm
MOUNCE,
Willian D. Léxico Analítico do Novo Testamento Grego. São Paulo: Vida. 2013.
OLIVEIRA,
Oséias G. Concordância Exaustiva Joshua. Rio de Janeiro: Central Gospel. 2012.
PFEIFER, C.F; VAS, H. F; REA, J. Dicionário Bíblico Wicliff (Trad.
Degmar R. Junior). Rio de Janeiro: CPAD. 2010.
ROW, Jan.
Casa de Ouro. Diadema. Dep. Literatura Cristã. 2004.
SHED, R. P. O Novo Dicionário da Bíblia. São
Paulo: Vida Nova, Vol. II, pp.1553;
SHED, R.P. O Novo Dicionário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, vol. I, pp. 110, 111;
SOUTER, A. A Pocket Lexicon to the Greek New Testament, Oxford:
Clarendon Press, 1917, p. 236.
STOTT, John. A cruz de Cristo (Trad. João
Bastista). São Paulo: Editora Vida, 2006.
STRONG, J.
Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong. São Paulo: SBB. 2002.
TURNBULL, M. Ryerson. Estudando o Livro de
Levíticos e a Epístola aos Hebreus. São Paulo:
Casa Publicadora Presbiteriana. 1981, pp
19;
VIRKLER, Henry A. Hermenêutica Avançada.
Princípios e processos de Interpretação Bíblica
(Trad. Luiz A. Caruso). São Paulo: Ed. Vida. 1992.
WERREN, Rick. Uma Igreja com propósitos (Trad.
Carlos de Oliveira). São Paulo. Vida.