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DESTAQUE

A ESCRAVIDÃO NA BÍBLIA.

Este texto e parte integrante  de um artigo maior postado neste blog: A TEOLOGIA PRESENTE NOS DISCURSOS DA IGREJA CATÓLICA       NO FIN...

30/03/2020

O TABERNÁCULO DE MOISÉS - TIPOS E SÍMBOLOS - LIÇÃO 2

xtraído da revista O Tabernáculo no Deserto  
Autor: José Maria Vieira Rodrigues

  LIÇÃO 02

SÍMBOLOS E TIPOS


 Texto para memorizar
 Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder como a sua divindade, se entendem e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, que eles fiquem inescusáveis” (Rm. 1:20).

Textos básicos
“O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens, 25 Nem tampouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas; 26 e de um só fez toda a geração dos homens para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados e os limites da sua habitação, 27 para que buscassem ao Senhor, se, porventura, tateando, o pudessem achar, ainda que não esteja longe de cada um de nós;” (At. 17:24-27).

 “Perseverai em oração, velando nela com ação de graças; 3orando também juntamente por nós, para que Deus nos abra a porta da palavra, a fim de falarmos do mistério de Cristo, pelo qual estou também preso: 4 para que o manifeste como me convém falar.” (Col. 4:2-4).

Comentários

Introdução
          Deus na sua imensa sabedoria planejou tudo: desde a Criação do mundo até a eternidade. O tempo, o espaço e a matéria tudo foi criado por Deus. Antes não havia nada. Eis que surge o universo! Seguindo a um propósito e desígnio. O Tabernáculo tem um propósito específico, como já vimos anteriormente, o de ensinar e revelar verdades espirituais de Deus (Pai, Filho (Jesus) e Espirito Santo), a Igreja e nossa relação com Deus. Como Pai, Deus deseja ensinar seus filhos em como se apresentar ante Ele e como deve ser seu viver diário.  Assim como esperava de Adão ‘o pensar’ e ‘o raciocinar’; assim, os filhos de Israel deveriam pensar o significado daquelas figuras que estavam diante deles. Assim, nós devemos sair de nossa ‘casinha’ e pensar no significado de nossas vidas e no plano de salvação que Deus fez para nós.  Como professor, Deus usou um método de ensino: a tipologia e simbologia; da mesma forma quando Jesus usou de parábolas para transmitir verdades espirituais. Além disso, usou a forma prática, proporcionando experiências aos levitas e aos filhos de Israel que ali serviam e compareciam: Aos levitas os serviços ministeriais com zelo e aos filhos de Israel a adoração responsável com santidade e obediência. Na Torá (Lei, ensinos, estatuto, preceitos), o manual deles, contêm orientações do Senhor que eles deveriam seguir; assim como, o Novo Testamento (NT) é o manual da Igreja para hoje. Nesta lição analisaremos os símbolos e tipos; seus significados e objetivos. Depois falaremos das ‘sombras e substâncias’ que nos fala o Tabernáculo. E finalmente sobre o segredo que Deus manteve oculto pelos séculos até ser revelado no NT.

1)                Conceitos e definições: Simbologia e tipologia


Simbologia: Segundo o Dicionário Wicliffe, é aquilo que se coloca no lugar de alguma coisa, ou a representa. Um objeto visível ou a representação desse objeto, seja processo, ideias ou outro objeto. No grego, a palavra símbolo, tem o sentido de ‘lançar ou juntar’ com a finalidade de fazer comparações. Como a moeda que tem os lados separados que dão a ideia de um sinal ali cunhado. Por exemplo, a moeda em si não vale 1 real, mas vale por que representa o valor de 1 real, pois ali está impressa. Os símbolos sugerem ideias e conceitos em vez de declará-los (p. 1818).
Tipologia: Segundo o Dr. R. N. Champilin (Vol. 6, p.423) é uma técnica de interpretação pela qual pessoas, instituições, e objetos passam a ilustrar ou a simbolizar a pessoa de Jesus Cristo, ou aspectos da fé, das doutrinas, das práticas, das instituições cristãs, etc.” A epístola aos Hebreus relata vários desses tipos que se cumpriram em Cristo. Geralmente traduzido pelas palavras: ‘figuras’ e ‘sombra’ (Hb. 8:5, 9:23, Rm. 5:14; 1Co. 10:6, 11). O ‘tipo’ é um objeto no VT que tem sua revelação ou significado no NT (o antítipo. Ex. o Sumo Sacerdote é o tipo e Jesus Cristo é o antítipo (Hb. 9:23, 24) (ibidem, p. 438). A diferença básica entre ‘símbolo’ e ‘tipo’ é que o ‘tipo’ tem sua correspondência/representação concreta no NT (Sumo Sacerdote – Jesus) e a símbolo abre a opção de ser apenas uma ideia, um raciocínio abstrato inexistente materialmente e não necessariamente tem a ver com Cristo. Por exemplo, as tábuas unidas por travessões do Tabernáculo representam a união que o Espirito dá entre os irmãos na Igreja.  ‘Igreja’ e ‘união’ existe; a igreja é algo concreto e palpável, mas a ‘união’ algo abstrato, não palpável que está presente na Igreja.  

2)                2)       Sombra e substância


Moisés caminhava na ‘sombra’ das coisas, nós caminhamos na substância. A velha Aliança caminhava na ‘sombra’ das coisas, a Nova Aliança na substância das coisas. Nada deveria ser feito de acordo com o critério do povo ou de Moisés. Tudo deveria ser segundo ‘o modelo’ mostrado por Deus. “Conforme tudo o que eu te mostrar para modelo do Tabernáculo  e para modelo de todos os seus móveis, assim mesmo o fareis” (Ex. 25:9). Perceba que agora porque tudo deveria seguir o modelo revelado? Se fizessem algo diferente do informado, além de configurar desobediência passível de punição. Assim como ocorreu com Adão, o qual não atendeu ao resultado esperado. Porque Adão não fez conforme as ordens divina, isso causou atraso no desenvolvimento do plano de Deus em sua vida. Toda as vezes que não fazemos “conforme Deus ordenou” as consequências são incalculáveis. Deus disse ‘tenha o cuidado de fazer conforme’, porque aquele ‘tipo’ representaria o ‘antitipo’ que era Cristo. Assim, se a forma original estivesse em desacordo com o informado, as representações seriam imperfeitas, não serviria ‘tipos’ que expressassem as verdades espirituais. Se as artesãs colocasse verde em vez de vermelho carmesim, por exemplo. O que o verde tem a ver com Cristo? Na Igreja, algo que é feito diferente do que está na Bíblia é heresia. Moisés não poderia se dar o luxo de fazer interpretação própria. Siga o modelo que dá certo!  

3)                Tipos e Antítipos


 Todos os objetos, cores, formas e ritos, etc., era um “tipo” ou ‘modelo’ representativo daquilo que haveria de acontecer no tempo certo. O “tipo” é a ‘sombra’ e anuncia o “antítipo” que é a ‘substância’.  O antítipo (do grego: αντιτυπος antítipos), segundo esclarece Strong: “é uma coisa formada a partir de um modelo; uma coisa semelhante à outra, sua contraparte”. Por exemplo:
 
Tipos
Antítipos
Referências
Dilúvio
Batismo
1 Pe. 3.21
Tabernáculo
Cristo
Hb.   8.2
Tabernáculo
Igreja
Col.  1:25-27
        
         Esta primeira morada que estamos estudando era simplesmente, um “tipo” de Cristo. O ‘tipo’ é aquilo que fala de alguma coisa, o “antítipo” é aquilo de quem se fala.  Neste caso, o tipo é o Tabernáculo e o antítipo é Jesus Cristo, Senhor e Salvador.

4)                O novo plano e seu segredo


A.     O plano: No Novo Testamento (NT) |, Deus revela o modelo da Igreja aos Apóstolos. As escrituras, todavia, afirma que “Deus não habita em casas construída por mãos humanas” (At.7.48). No entanto, aquela construção foi feita por mãos humanas e construída com madeira, ouro, prata, cobre e outros materiais doados pelo povo, porém partiu do Senhor a ordem e a orientação para a edificação e deveria ‘ser conforme o modelo’ por ele apresentado (modelo vem do grego: τυπος typos=tipo). O ‘tipo’ ou modelo representava as futuras revelações de seu plano e o segredo seria mantido. Quando se revelasse o ‘antítipo’/substância os filhos de Israel entenderiam o plano de Deus. Para nós fica uma lição: Determinadas pessoas constroem uma casa por iniciativa própria e de acordo com seu modelo e querem ainda que Deus habite ali. Determinando até a forma que o Senhor deve agir.  No NT estão “as formas” as quais devemos construir a morada do Senhor em nosso meio. Em Mateus 16:18 Jesus afirma que o construtor e a pedra fundamental da Igreja é Ele mesmo.  Em Atos 2:42-47 encontramos como deve ser o “modelo” da Casa que o Senhor deseja habitar entre nós.

B.     O Segredo de Deus


       Cristo foi o segredo/mistério de Deus mantido até que chegasse a ‘plenitude dos tempos’ e ser revelado à humanidade. Perseverai em oração, velando nela com ação de graças; 3 orando também juntamente por nós, para que Deus nos abra a porta da palavra, a fim de falarmos do mistério de Cristo, pelo qual estou também preso; 4 para que o manifeste, como me convém falar.”
(Col. 4:2-4).
Jesus Cristo é o segredo revelado: “aos quais, Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós,[1] esperança da glória; ” (Col. 1:27). No entanto, a revelação progressiva continuará como afirma Romanos 8:18.
      Abraão foi peregrino na terra, porque ela aina não lhe pertencia (Gn. 15:16), mas quando os seus descendentes entraram nela já não eram peregrinos, mas cidadãos. A cidadania se deu quando Deus veio habitar no meio deles. Em Jesus, o verdadeiro Tabernáculo, deixamos de ser peregrinos (sem herança e sem sua glória), mas Ele nos fez cidadãos dos céus e temos sua glória, presença, lei e mandamentos escritos no nosso coração (Ef. 2:19-22).
      O propósito de seu habitar em nós é para nos levar àquela cidade. Ver seu rosto e sentir as Suas mãos (Ap. 21:3-7). Porém, hoje podemos experimentar ‘Sua água’ correndo, jorrando em nós. Só é preciso crer nele!  “Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que jorre para a vida eterna” (Jo. 4:14).

Considerações finais
         Você é sua morada. O lugar onde Deus habita e do seu interior Ele falará contigo! Quando o Senhor ordenou que construíssem aquela tenda, Ele queria que ela servisse de lição palpável. Através de símbolos e tipos: e também como lembrança contínua aos israelitas da preciosa verdade da habitação de Deus entre eles. Além disso, a tenda da habitação foi uma das sublimes verdades preliminares ensinadas por Deus a Seu povo na expectativa da encarnação de Seu Filho Jesus. Em Êxodo, desceu e habitou entre os homens numa casa feita de madeira e ouro. 1500 anos mais tarde viria, não a ‘sombra/figura’, mas a substância ou a Verdade que anteriormente se prefigurava por meio dos tipos e símbolos e habitaria entre os homens por trinta e três anos e meio. Desta vez não em casa de madeira e ouro, mas em carne e osso, o corpo do Senhor Jesus: “O verbo se fez carne e habitou entre nós” (João 1:14).  Cristo era Deus encarnado, e para que Ele (Deus) pudesse realmente habitar conosco (Emanuel), deveria ser conforme a imagem e semelhança do homem. O nome de Deus “EMANUEL”, literalmente significa “Deus conosco”.

 Questionário.
1)    Qual é o manual da Igreja?
2)    O que é ‘tipo’? Cite um exemplo.
3)    O que é substância?
4)    Explique com suas palavras sobre o segredo/mistério de Deus?






[1] 1.27  - Rm 8.10; Ef 3.17. Cristo em vós: Outras traduções possíveis: Cristo, que habita em vós ou Cristo, pregado entre vós.

Extraído da Revista O Tabernáculo no Deserto 
Autor: José Maria Vieira Rodrigues.


BIBLIOGRAFIA CONSULTADA.

BEARA. Bíblia de Estudo Almeida Revista e Atualizada. Ed. Eletr. São Paulo: SBB.    2005.
BEARC. Bíblia de Estudo Almeida Revista e Corrigida. Ed. Eletr. São Paulo; SBB. 2005.
 BETESTA, Faculdade T. Doutrina de Cristo, Curso 02. São Paulo: Editora Betesda. NA.
BHS. A Revised Version of Biblica Hebraica Stuttgartensia. Stuttgart: German Bible     Society;             Westminster Seminary. 1990..
BI. Bíblia Interlinear. Bíblia em português: disponível no site         tp://bibliaportugues.com/        interlinear.
CHAMPLIN, R.N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia (10ª. Ed.) São Paulo;     Hagnos. Vol. 5 e 6; 2011.
CORNER, Kevin, J. Os segredos do Tabernáculo de Moisés. Belo Horizonte: Atos. 2004.
EASTON, M. G. No dicionário da Bíblia de Easton. Nova Iorque: Harper & Brothers.   1893.
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JFB - JAMIESON, R., FAUSSET, A. R., & BROWN, D. (1997). Comentário Crítico e             Explicativo sobre a Bíblia Inteira (Vol. 1, p. 68). Oak Harbor, WA: Logos Research    Systems,Inc.
KASCHEL, W. & Zimmer, R. Dicionário da Bíblia de Almeida, 2a ed. São Paulo: SBB,           1999.
KASCHEL, Werner; ZIMMER, Rudi. Dicionário da Bíblia de Almeida. 2ª. Ed. (versão             eletrônica) Barueri:  SSB, 2005
 KIENE, Paul. F. Das Heiligtum Gotees in der  Wuste Sinai. Zurique/Alemanha: Beröa –           Verlag Zürich. 1986,  diversas fotografias.
KJA, Bíblia King James Atualizada. Disponível no site: http://bibliaportugues.com /kja/ john/6.htm
 MOUNCE, Willian D. Léxico Analítico do Novo Testamento Grego. São Paulo: Vida. 2013.
 OLIVEIRA, Oséias G. Concordância Exaustiva Joshua. Rio de Janeiro: Central Gospel.           2012.
PFEIFER, C.F; VAS, H. F;  REA, J. Dicionário Bíblico Wicliff (Trad. Degmar R. Junior).         Rio de             Janeiro: CPAD. 2010.
 ROW, Jan. Casa de Ouro. Diadema. Dep. Literatura Cristã. 2004.
SHED, R. P. O Novo Dicionário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, Vol. II, pp.1553;
SHED, R.P. O Novo Dicionário da Bíblia.  São Paulo: Vida Nova, vol. I, pp. 110, 111;
SOUTER, A. A Pocket Lexicon to the Greek New Testament, Oxford: Clarendon Press,           1917, p. 236.
STOTT, John. A cruz de Cristo (Trad. João Bastista). São Paulo: Editora Vida, 2006.
STRONG, J.  Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong. São Paulo: SBB. 2002.
TURNBULL, M. Ryerson. Estudando o Livro de Levíticos e a Epístola aos Hebreus. São         Paulo: Casa Publicadora Presbiteriana. 1981,  pp 19;
VIRKLER, Henry A. Hermenêutica Avançada. Princípios e processos de Interpretação Bíblica (Trad. Luiz A. Caruso). São Paulo: Ed. Vida. 1992.

WERREN, Rick. Uma Igreja com propósitos (Trad. Carlos de Oliveira). São Paulo. Vida. 



TABERNÁCULO NE MOISÉS - INTRODUÇÃO AO TABERNÁCULO - LIÇÃO 01



TABERNÁCULO, SAÍDA DO EGITO

xtraído da revista O Tabernáculo no Deserto  
Autor: José Maria Vieira Rodrigues



LIÇÃO 01

INTRODUÇÃO AO TABERNÁCULO


Texto para memorizar
“Ali me encontrarei com eles” (Ex. 25:22)

Textos básicos
15 No dia em que foi armada a Tenda Sagrada veio uma nuvem e a cobriu. De noite a nuvem parecia fogo. 16 Era sempre assim: de dia a nuvem cobria a Tenda e de noite parecia fogo” (Nm. 9:15, 16).

“[...] e quando eles uniformemente tocavam as trombetas e cantavam para fazerem ouvir uma só voz, bendizendo e louvando ao Senhor, e quando levantavam eles a voz com trombetas, e címbalos, e outros instrumentos músicos, para bendizerem ao Senhor, porque era bom, porque a sua benignidade durava para sempre, então, a casa se encheu de uma nuvem, a saber, a Casa do Senhor; e não podia os sacerdotes ter-se em pé, para ministrar, por causa da nuvem, porque a glória do Senhor encheu a Casa de Deus” (2 Cr. 5:13, 14).
 “Portanto, eu lhe digo: você é Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e nem a morte poderá vencê-la. 19 Eu lhe darei as chaves do Reino do Céu; o que você proibir na terra será proibido no céu, e o que permitir na terra será permitido no céu” (Mt. 16:18, 19). 
  “Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conforme a imagem de seu filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos”. (Rm. 8:29) 

Comentários

Introdução
         A ordem de Yahweh a Moisés para a construção do Tabernáculo do deserto está descrita no livro de Êxodo nos capítulos 25 aos 40. No alto do Monte Sinai o Senhor entregou à Moisés a “planta física” em uma visão; de como deveria ser a ‘Tenda Sagrada’. O Tabernáculo de Moisés é a figura do Antigo Testamento (AT) que possui mais de revelações a respeito de Deus em sua busca pelos pecadores. Os mistérios, revelações e ensinamentos contidos nessa belíssima construção enriquece nossa alma em busca de conhecer a Deus.
          Segundo Conner (p.23) existem duas formas de abordagem para o estudo do Tabernáculo de Moisés.
        
A primeira abordagem começa pela Porta (27:16), cruzando o Átrio (27:9-19) tendo em sua frente o Altar do Sacrifício (27:1-8) e a Pia de Bronze (30:17-21). Entrando pela cortina que dá acesso ao Lugar Santo (26:26-29 e tendo a esquerda o Candelabro (25:31-40) e à direita a Mesa da Presença (25:23-30) e logo à frente o Altar de Incenso (30:1-10).
Acessa-se o Lugar Santíssimo passando pelo Véu (26:31-35), chegando-se diante da Arca da Aliança (25:10-22). “Esta abordagem está relacionada com a jornada do homem até Deus”.
A segunda abordagem começa pela Arca da Aliança, que ficava no Lugar Santíssimo, passando pelo Lugar Santo e seguindo pelo Átrio até à Porta de entrada. “Esta abordagem está relacionada com a jornada de Deus até o homem, isto é, ‘o caminho da Graça”.  As duas abordagens estão presentes nas Escrituras, resumidas em João 3:16, 17. Essas abordagens resume toda a mensagem do Evangelho. Durante todo o estudo estaremos passando entre uma e outra forma de abordagem, porém vai predominar a primeira: a jornada do crente arrependido até Deus.
Nesta lição vamos analisar o Tabernáculo visto como a Casa de Deus e local de encontro e adoração do povo de Israel e seu paralelo no Novo Testamento (NT) como a Igreja do Senhor Jesus. Iniciaremos pelas razões para a construção do Tabernáculo, seguidos pelos nomes e títulos concedidos ao Tabernáculo e as possíveis representações e intenções de Deus para a construção e finalizamos com a ordem de construção e a forma como deveria ser levantado o Tabernáculo para Deus.

1)    As razões para a construção do Tabernáculo

         As razões divinas para a construção do Tabernáculo se encontram reveladas por toda a Escritura. No entanto, destacamos três ideias principais dos ensinamentos que nos proporciona o Tabernáculo, as quais serão tema desse estudo:
1)    A Casa de Deus, o lugar no qual Ele mora na terra e que corresponde hoje, a Igreja.
2)    A manifestação de Deus em Cristo, significando a revelação de Deus ao homem.
3)    O acesso ao Santuário, significando ‘o caminho’ que Deus abriu para que o homem aproxime Dele seguindo ‘o caminho do sangue’ pela fé.

2)    Os nomes e títulos concedidos ao Tabernáculo

Encontramos no Antigo Testamento (AT) diversos nomes e títulos concedidos ao Tabernáculo e cada um deles nos revela um aspecto particular da Verdade, assim como os diferentes nomes dados á Igreja no NT revelam os diversos aspectos da Igreja. O termo ‘Tabernáculo’ significa: habitação, morada (hebr. מִּשְׁכָּ֔ן – miškān – Ex. 25:9), mas também é denominado de:

a)    A Tenda do Testemunho

 [(hebr. הָעֵדֻ֑ת אֹ֖הֶל - lə’ōhel hā‘êḏuṯ) - Nm. 9.15; 17.7; 18.2]. Diz-se ‘tenda do testemunho’, porquanto, no Lugar Santíssimo se guardava a ‘Arca do Testemunho’ (Ex. 25:22) e no seu interior estavam depositadas as tábuas da Lei, o “Testemunho” de um Deus Santo e a Lei determinava seu padrão moral para o Israel redimido.

b)    O Santuário 

מִקְדָּ֑שׁ - miqdāš ou מקדשׂ miqq ̂edash – Ex. 25:8). Era chamado assim pelo fato de ser um lugar santificado ou um lugar santo.

c)     A Casa do Senhor 

(hebr. בֵּית יְהוָה - ‘bêth Yahweh’ - Ex. 34.26).  ‘(...) do Senhor’; pois na Sua casa ele deve ser o Senhor. Serviu de morada provisória até que viesse a morada perfeita, o Senhor Jesus. Nele Deus se tabernáculou e transmitiu a mensagem de salvação.

d)    A Tenda do Encontro

 (hebr. מוֹעֵ֑ד אֹ֣הֶל - ’ōhel mōw‘êḏ - Ex. 40:34, 35). “Tenda de reunião” ou Tenda da congregação. Este nome surge antes da completa construção do Tabernáculo, após Moises descer do monte e ter seu rosto resplandecido. Provisoriamente Moises se encontrava com Deus em uma tenda semelhante as demais existentes que os israelitas moravam no deserto (Ex. 34:34, 35J), levantado o Tabernáculo passou a ser o Lugar de Encontro, junto à porta. Os israelitas nos dias de festas e nas ‘santas convocações’ se reuniam ali para adorar a Deus; assim os filhos de Israel se reuniam no lugar marcado por Deus. O Tabernáculo era a casa de YAHWEH e posteriormente o Templo em Jerusalém edificado por Salomão, por volta de 940 a.C. (II Cr. 5:13, 14) destruído em 586 A.C. pelos babilônicos devido à apostasia de Judá.

3)  As possíveis representações e intenções para a construção do Tabernáculo 

Destacamos algumas das possíveis representações e intensões de Deus para construção do Tabernáculo e sua aplicação para os dias de hoje.

3.1        O Tabernáculo representa

a. Morada, habitação: Deus ‘habitou’ ali por determinado tempo. “... façam uma tenda” (Ex. 26:8). No NT Deus habitou em Jesus e atualmente habita na Igreja, os salvos, e no crente.
b. Local de encontro com o povo e revelação de sua vontade. Ele mesmo iria tornar aquele Lugar Santo.E ali virei aos filhos de Israel para que por minha glória sejam santificados. E santificarei a tenda da congregação e o altar; também santificarei!” (Ex. 29:43, 44). Em Jesus Deus se comunicou com os homens ouvindo-os e atendendo-os diariamente.
c.  Desejo de Deus de ter um povo para si que O servisse e fossem testemunhas para as nações. Sua presença ali significava que aquele povo pertencia a Ele: E porei o meu Tabernáculo no meio de vós, e a minha alma de vós não se enfadará”. E andarei no meio de vós e eu vos serei por Deus, e vós me sereis por povo (Lv. 26:11-12). Em Jesus se cumpriu esta realidade que permanece.
d. Mensagem profética que se revelaria no tempo certo (‘plenitude dos tempos’) para ensinar os judeus e os cristãos a respeito do Messias (Cristo), do compromisso de Deus com a Igreja e as relações humanas no Corpo de Cristo.

3.2    As razões possíveis podem ser

a). Como revelação progressiva
A revelação de Deus ao homem é progressiva. Deus começou se revelando a Abraão e seus descendentes, os filhos de Jacó (Israel).  Deus se revelou a Moisés na sarça. Para Estevão (At. 7) foi o Anjo do Senhor que libertou os filhos de Israel da escravidão do Egito, depois deles clamarem por socorro (Ex. 3). Deste povo libertado da escravidão e redimido pelo sangue do cordeiro da Páscoa, levou ao deserto e estabeleceu com eles um concerto. O Senhor revelaria seu nome e se tornaria conhecido deles. Mostraria sua mão; estaria com eles e os levaria à terra prometida (Ex. 6:2-9). No deserto a revelação continuou durante quarenta anos: “Era sempre assim: de dia a nuvem cobria a Tenda e de noite parecia fogo” (Nm. 9:16).

b) Como forma educativa
Aquela edificação foi uma forma de educação concreta e palpável, porém enigmática usada por Deus para algo que se revelaria no futuro. Os objetos metais, cores, pessoas e ritos ensinavam sobre um projeto mais excelente que haveria de se revelar.  O Tabernáculo era parte integrante da Antiga Aliança, mas viria uma Nova Aliança selada, não por sangue de bode e de cordeiro, mas pelo sangue de Cristo (Jr. 32:40; Hb. 8:6).

 c) Como representação da Igreja de Cristo
a Igreja do Senhor era um segredo escondido que haveria de se revelar. A Igreja é um povo chamado pela pregação do Evangelho (Lei) cuja mensagem é a obra vicária de Cristo em favor do homem e Sua presença pelo Espirito Santo habitando na pessoa, na igreja local e universal.
A ressurreição de Cristo (a vara de Arão que floresceu) possibilitou abrir o caminho para podermos entrar diante do Pai e apresentar o Seu sangue remidor sobre o Trono da Graça. Como alimento diário na comunhão com Ele (Maná) em quem temos saúde espiritual. Suas Leis delimitam as ações humanas para servi-lo. Jesus Cristo habita no meio da Igreja (Mt. 28:20; I Co 3:9b). Logo, se constitui como Igreja do Senhor: “[...] sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”. (Mt. 16:16b).

d) Como posição especial do crente no mundo
 Aqueles que habitavam em tendas eram chamados de peregrinos. A igreja também é composta de ‘estrangeiros e peregrinos’ neste mundo. Assim como Abraão que não tinha cidade permanente, mas olhando para “a cidade que tem alicerce, cujo arquiteto e edificador é Deus” (Hb 11.10).  A Igreja é composta por um povo especial que foi redimido pelo Sangue de Cristo (cordeiro da Páscoa, Ex. 12.1-27) e libertados do Mundo (Egito) e do poder do pecado pela passagem nas águas do batismo (Mar Vermelho). Inclusive, é no batismo que o homem arrependido e confesso expressa de forma exterior a realidade existente no seu interior, isto é, que ele morreu em Cristo e ressuscitou para uma nova vida (Rm. 6:4-6).

4)               e) Do projeto à construção tudo deveria ser conforme o modelo
         No alto do Monte Sinai o Senhor revelou á Moises o projeto do Tabernáculo e lhe ordenou era necessário ter cuidado de ‘fazer a obra’ conforme o modelo entregue por Deus. Isso significa que o profeta Moisés e os artesões não deveriam acrescentar nada seu na obra e nem alterar o modelo original. Aliás, a ordem divina (‘fazer conforme... ’) percorre toda a Escritura e a desobediência foi a razão pela qual Israel caiu diante dos Assírios e os Judeus diante dos Babilônicos.  Deus alertou Josué quanto à obediência à Lei: “Tão-somente esforça-te e tem mui bom ânimo para teres o cuidado de fazer conforme toda a Lei que meu servo Moisés te ordenou” (Josué 1:7). Se Josué fizesse isso seria bem sucedido.  Da mesma foma hoje o Espirito Santo revelou o modelo da mensagem a ser pregada e o formato da Igreja que estão revelados no Novo Testamento. A mensagem a divulgar é o Evangelho (Mt. 28:19, 20) o modelo e a forma a ser seguido é seu Filho Jesus (Rm. 8:29).

5)                Considerações finais
         Tudo que o Senhor realizou e realiza tem um propósito seja para revelar verdades ou para educação de seus filhos.  Desta forma, o Tabernáculo no deserto obedecia a estes principios bíblicos de ‘revelar e de ensinar’.  Por meio de estudos do Tabernáculo, pela linguagem dos símbolos e tipos, somos ensinados qual seja a perfeita e agradável vontade de Deus: a de servir de ‘morada’ para o Senhor habitar aqui na terra, ser seu povo escolhido, assim servir a um propósito eterno, fazendo conforme o modelo.

Questionário.
1)Cite dois nomes dados ao Tabernáculo.
2)O Tabernáculo representa alguma coisa. Cite uma.
3)Cite um das intenções de Deus em fazer o tabetnáculo.
4)Como deve ser feito a obra de Deus?


Extraído da revista O Tabernáculo no Deserto  
Autor: José Maria Vieira Rodrigues


BIBLIOGRAFIA CONSULTADA.

BEARA. Bíblia de Estudo Almeida Revista e Atualizada. Ed. Eletr. São Paulo: SBB.    2005.
BEARC. Bíblia de Estudo Almeida Revista e Corrigida. Ed. Eletr. São Paulo; SBB. 2005.
 BETESTA, Faculdade T. Doutrina de Cristo, Curso 02. São Paulo: Editora Betesda. NA.
BHS. A Revised Version of Biblica Hebraica Stuttgartensia. Stuttgart: German Bible     Society;             Westminster Seminary. 1990..
BI. Bíblia Interlinear. Bíblia em português: disponível no site         tp://bibliaportugues.com/        interlinear.
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