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A ESCRAVIDÃO NA BÍBLIA.

Este texto e parte integrante  de um artigo maior postado neste blog: A TEOLOGIA PRESENTE NOS DISCURSOS DA IGREJA CATÓLICA       NO FIN...

28/08/2019

DOUTRINA DA SANTIFICAÇÃO PLENA




A DOUTRINA DA SANTIFICAÇÃO PLENA
Por José M. Vieira Rodrigues




Introdução
Este texto pretende dissertar sobre a Doutrina da Santificação Plena atribuída a John Wesley no séc. XVIII.  Informar de forma sintética o sinificado de santificação e santidade que posteriormente se desenvolveu no meio pentecostal.

1. Explicação Clara da Perfeição.
John Wesley desenvolveu esta doutrina quando segundo suas palavras “eu estava profundamente sensível, devotar-me todo a Deus, dar-lhe toda a alma, corpo e bens “.  Esta declaração está em seu livro “A Plain Account of Christian Perfection” de sua autoria para explicar a sua doutrina. John continua: “No ano de 1729, comecei a ler e estudar a Bíblia como a única norma de verdade e o único modelo da religião pura. Em consequência vi cada vez mais clara a necessidade indispensável de ter “a mente de Cristo” (1 Co. 2:16), e de “andar como Ele andou” (1 Jo. 2:6); de ter, não só uma parte, mas toda a mente que estava n’Ele; e andar como Ele andou, não em algumas, nem na maioria, mas em todas as coisas”.
  Para Wesley santidade ou santificação  é ser limpo do pecado, tanto da carne como do espirito; e em consequência ser revestido das virtudes que houvera em Cristo Jesus; ser renovados na nossa mente até sermos perfeitos como nosso Pai que esta nos céus é perfeito.  Para isso é preciso dar a Deus todo o coração, permitir que Deus governe todas as nossas disposições.  Não é oferecer apenas uma parte, mas tudo da nossa alma, corpo e bem a Deus! É entrega total do coração,  é amar a Deus com todo o coração e ao próximo como a nós mesmo.  A fim de possuir a mente de Cristo e andar como ele andou.  

Textos Bíblicos: Ef. 5:25,27; Mt. 5:45; Mt. 22:37; Tt. 2:11-14.

3. A “Doutrina da Santificação Plena” se encontra na obra de John Wesley intitulada  “Uma Na sua obra “Explicação Clara da Perfeição Cristã” onde fala sobre santificação e perfeição cristã.
A SANTIFICAÇÃO trata a vida crista na sua  totalidade e à restauração terapêutica ou espiritual que se dá ao longo da caminhada com Cristo. Esta santificação acontece gradualmente, mas pode ocorrer instantaneamente em alguns casos, se Deus assim quiser. Tem inicio com arrependimento de pecado (ou novo nascimento): Deus “inicia o processo de nos fazer retos e santos” (conforme a entrega de cada um; essencial para o crescimento).  O ‘crescimento na graça’ corresponde à “santificação progressiva” ou “gradual” que ocorre entre  o ‘novo nascimento’ (justificação)  e a “inteira santificação”.  A glorificação acontece entre a inteira santificação e a santificação final. 
A ‘inteira santificação’ configura-se em uma experiência mais profunda da graça de Deus  que não acontece tão cedo como a justificação, nem tão tarde tão próximo da morte. Trata-se de certo nível de maturidade cristã  possível de ser alcançado e que deve ser experimentado “agora”. No entanto, para Wesley a   ‘perfeição cristã’ não é impecável. Sua tônica estava no amor a Deus e ao próximo e não na impecabilidade. Mas acreditava que o amor derramado nos nossos corações pode destruir o pecado. A vida cristã não tinha que ser uma continua luta, pois a graça era suficiente para uma transformação vitoriosa e negar isso era colocar o pecado acima da graça de Deus.  Wesley fazia questão de diferenciar entre pecado inato (herdado em Adão, mas que não produzia culpa) e pecado real, aquele praticado conscientemente, este produz culpa. Ser justificado significa que nossos pecados estão perdoados, pois “é Deus que justifica”; a culpa é removida como o perdão. Pecado seria a transgressão voluntaria de uma conhecida Lei de Deus. O justificado deve prosseguir em santidade para uma salvação mais plena, pois pode apostatar-se  da fé. Ele deve “estarprofundamente e completamente convicto do pecado inato;  da mortificação gradual do pecado” real; “de uma inteira renovação à imagem de Deus, maior ainda quando foi justificado e de um claro testemunho do Espirito Santo” ao seu espirito. Para Wesley tanto a experiência instantânea como o crescimento gradual deve ser alvo de igual atenção. A justificação é aquilo que Deus pelo homem, a santificação é aquilo que Deus faz no homem. A santificação não significa ser ‘salvo de todo pecado’, isto corresponde na justificação, por isso deve se acrescentar as palavras “inteira, completa ou plena”. Portanto, ‘santificação plena’ envolve novo nascimento (salvação), justificação, santificação, regeneração e glorificação.  Textos Bíblicos: Ef. 5:25,27; Mt. 5:45; Mt. 22:37; Tt. 2:11-14.

(Fonte: Arminius Hoje e Ideário Arminiano; WESLEY, John. Explicação clara da perfeição cristã. Imprensa Metodista, 1933).

4. A santificação nos moldes pentecostais.
   Segundo o pastor assembleiano  Lars Eric Bergstén (1913-1999) vulgo Eurico Bergstén  (2012) a santificação na Bíblia pode ter pelo menos seis sentidos:
· Santificação como separação do mal (Lv. 20:26; 2 Co. 7:1; 1 Pe. 1:15.16);
· Santificação como separação para Deus (Jo. 17:19; 2 Co. 5:15(cf.1 Co. 6:19,20; 1 Pe. 1:18-21). Esta entrega é voluntária a Deus (Rm. 12:1,2, 2 Co. 8:5);
· Santificação como revestimento da plenitude de Cristo (Ef. 3:19, Jo. 1:16, Ef. 4:13) 
· Santificação como posição de santos em Cristo (santificação posicional) (1 Ts. 5:23; 1 Co. 1:30; 2 Ts. 2:13 cf.Hb. 10:10)
· Santificação proporcionada por Cristo que é posta em pratica (santificação experimental) (2 Co. 7:1; Hb. 10:14
· Santificação final quanto Jesus voltar (1 Co. 15:47-53; Fp. 3:20,21).

   Na pratica a santificação assume dois sentidos: Primeiro, a santificação posicional, aquela que é operada por Deus (1 Ts.5:23,  que vem de Deus (Ap. 4,10, 1 Co. 1:30). Em segundo lugar, a santificação depende da cooperação do homem, pois “é necessário que ele aceite aquilo que Deus lhe proporcionou” (Ap. 22:11) (Bergstén, p.189).
 
4.  “Esta é a vontade de Deus, a vossa santificação...” (1 Ts. 4:3).
  A santificação aqui é uma separação para Deus (veja vs 1,2).  A obra de Deus não se encerra quando recebemos a Cristo (cf. Jo. 1:12), mas é um processo que  tem inicio quando o crente  confessou Cristo como seu salvador e Senhor (Rm. 10:10) de sua vida e se entregou completamente a Cristo (Gl. 2:20), morrendo para o mundo (cf. Cl. 3:1-13),  assim o convertido se torna participante de uma nova natureza (2 Pe. 1:4); portanto,  esta obra deve ir se aperfeiçoando a cada dia: “Aquele que em vós começou a boa obra  a aperfeiçoará até o Dia de Jesus Cristo” (Fp. 1:16). O “velho homem” tinha em si “o corpo do pecado” que foi desfeito com sua morte na Cruz juntamente com Cristo (Rm. 6:6); o individuo estando “morto” está justificado do pecado: “Aquele que está morto está justificado do pecado”. (Rm.6:7 ACF).  Na concepção bíblica só esta justificado quem está e permanece ‘morto’, num sentido subjetivo, para o mundo, para si, etc.
A santificação é o meio pelo qual Deus faz com que a nova natureza recebida pela salvação domine sobre o ‘velho homem’. Para  que isto seja uma realidade na vida do crente  deve haver uma busca constante (Cl. 3:1,2: “...buscai as coisas do alto...pensai nas coisas que são de cima...”. Lc. 12:31: “Buscai antes o reino de Deus...”).  Assim, a santificação basicamente inicialmente consiste  na separação do mal:

“Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação; que vos abstenhais da fornicação; Que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santificação e honra; Não na paixão da concupiscência, como os gentios, que não conhecem a Deus (...). Porque não nos chamou Deus para a imundícia, mas para a santificação” (1 Ts. 4:4-5,7). O objetivo da santificação do crente é o crescimento espiritual e a maturidade na fé (Ef. 4:13; Hb 12:14). Logo a santificação num sentido é passiva (santificação posicional) operada por Deus; em outro sentido é ativa que deve ser operada pelo crente. No entanto, não se trata  de um esforço solitário, puramente humano; o Espirito Santo (paracleto) foi enviado e  “colocado ao nosso lado para  nos ajudar”.

 Para o Teólogo de Princeton, Charles Rhodge (1797-1878), conservador calvinista a santificação é uma obra da graça sobrenatural (santificação posicional). Operada por Deus sem a contribuição humana. Para ele a alma é passiva (monergismo) na regeneração, mas não na sua caminhada com Cristo quando recebeu Cristo. Ele não se refere ao novo nascimento. Hhodge afirma que é necessário a cooperação e que o crene  é ativo no processo de santificação com Cristo enquanto Ele trabalha em nos.  

Fonte de pesquisa:
Wesley, John. Explicação clara da perfeição cristã. Versão ampliada e atualizada por  Marilia Ferreira Leão, com base no original inglês “A Plain Account of Christian Perfection”. By The Epworth Press – Londres, 1952. Disponível no site: https://www.whdl.org/sites/default/files/publications/john_wesley-explicacao_clara_da_perfeicao_crista.pdf


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