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A ESCRAVIDÃO NA BÍBLIA.

Este texto e parte integrante  de um artigo maior postado neste blog: A TEOLOGIA PRESENTE NOS DISCURSOS DA IGREJA CATÓLICA       NO FIN...

12/01/2019

A MULHER ADULTERA DO EVANGELHO JOÃO 8 É TEXTO ORIGINAL?

A mulher adúltera de João 7:53-8:11

José Maria V. Rodrigues. 



Sobre Adultério na Bíblia ver postagem neste blog.
https://suapalavraviva.blogspot.com/2018/10/a-mulher-adultera-de-joao-753-811-jose.html

Objetivos:

        A presente pesquisa pretende estudar a passagem de João 7:53-8:11.

Introdução 
      E Este artigo disserta sobre a passagem do Evangelho de João 7:53-8:11 existente somente neste Evangelho. Tal passagem tem sido objeto de estudos e assunto de muitas discussões e debates. Especialmente entre aqueles que defende que os melhores manuscritos (mss) são os conhecidos como Textos Receptus(TR), compostos pelos mss bizantinos que possuem muitas inserções. os Textos Bizantinos (TB) são copias ao séc VI são mais longos contendo inserções comparados com os textos Alexandrinos (TA),  por exemplo.  Estas inserções são chamadas de textos 'ágrafos' (coisa não escrita). Refere-se a possíveis declarações de Jesus não foram registrados nos Evangelhos. São frases que Jesus disse, mas que foram preservados somente pela tradição oral sem registrá-las nos Evangelhos (Jo 21:25). 
No TA, mais antigo do séc. IV e V,  não se encontra várias citações, frases ou palavras. Para muitos estudiosos os TA, refletem melhor os originais, copiados dos autógrafos. Porém, parte dos religiosos preferem o TB, porque foram estes que foram utilizados para traduzir a Bíblia para o português.  
    Considerando estas diferenças entre o TA e TR, baseia-se este estudo.  Para sustentar este estudo buscamos informações nas melhores fontes literárias disponíveis em português.     

  
Justificativa: 
     o Novo Testamento como hoje recebemos é fruto de produção literária que passou por um processo de tradução, edição, inserção e interpolação de textos no decorrer da historia.  Os manuscritos  originais dos autores sagrados, também chamados de "autógrafos" não existem mais.  O que temos guardados nos museus são cópias  de copias desses manuscritos originais. As fontes mais antigas, os chamados Códices ou Codéx (livro) datam do séc. IV e V  que não trazem alguns versos, e até passagens inteiras, como é o caso de João 7:53-8:11 que aparecem nos textos mais recentes datados do séc. VI em diante, os chamados Manuscritos  Bizantinos. 
    Considerando tal 'fenômeno" literário  este estudo se torna demasiadamente importante e esclarecedor para o estudo das Escrituras. 

Problema.
      O estudante das Escrituras menos avisado poderá passar pelo texto de João e não perceberá a adição do trecho de 7:53-8:11, porque ele se encaixa perfeitamente no contexto. E nenhuma pergunta se fará por não haver texto paralelo em outro Evangelho. Isto ocorre, porque é uma passagem exclusiva do Evangelho de João. Todavia para efeito de  fiel Hermenêutica, a Crítica Literária e a Crítica da Construção do Texto deve ser levada em conta.  Além de delimitar como está constituído o texto, seu inicio e fim, também "visa analisar se um dada unidade textual  foi composta de uma só vez ou resultou de intervenções redacionais" (LIMA, 2014. p.85).  Se tal passagem foi adicionada ao texto copiado por um monge há de se perguntar qual(ais) foi(ram) a(s) razão(ões). de tê-lo(s) feito a partir do seculo VI?. São questões que ficarão no campo da especulação. 

Texto de João 7:53-8:11.

         “7:53 Depois disso, cada um foi para a sua casa.
1-Entretanto, Jesus seguiu para o monte das Oliveiras. 2Ao amanhecer, Ele voltou ao templo, e todo o povo achegava-se ao seu redor. Então, Ele se assentou e lhes ensinava. 3Os escribas e fariseus trouxeram até Ele uma mulher surpreendida em adultério. Forçaram-na a ficar em pé no meio de todos, 4e disseram a Ele: “Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante ato de adultério. 5Assim sendo, Moisés, na Lei, nos mandou que tais mulheres sejam apedrejadas. Todavia, tu, que dizes a este respeito?” 6Eles falavam assim para prová-lo e terem alguma coisa de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia na terra com o dedo, como se não tivesse ouvido. 7Porque insistiram na pergunta, Ele se levantou e lhes disse: “Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro a lhe atirar uma pedra.” 8E, novamente, inclinou-se e escrevia na terra. 9Então, aqueles que ouviram isso, sendo convencidos por suas consciências, foram se retirando um por um, começando pelos mais velhos até o último. Jesus foi deixado só, e a mulher ficou em pé onde estava. 10Quando Jesus se ergueu, não vendo a ninguém mais, além da mulher, disse a ela: “Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?” 11Disse ela: “Ninguém, Senhor.” E assim lhe disse Jesus: “Nem Eu te condeno; podes ir e não peques mais.” Jesus defende seu testemunho” (BKJA, João 7:53-8:11).

1)-A ORIGINALIDADE DO TEXTO DE  JOÃO 7.53-8:11.
        O texto  de João 7:53-8:11 parece não encontrar “descanso” dentro da autoria joanina. Muitas são as probabilidade  contrarias da autoria do mesmo pelos punhos de autor sagrado.  A perícope sobra a mulher adultera  não encontra lugar nos mais antigos manuscritos. Noutros manuscritos (mss) estão inscritos em locais diferente de   João 7:52. Os mss da Fam13 coloca-a  depois de  Lc.21:38 , a fam-l  poe-na no final do Evangelho de João, enquanto que o mss 255 situa-a após João 7.36 (CHAMPLIM, Vol.01, p.90).  
R. N. Champlim salienta que “todas essas diferenças na localização serve para nos mostrar que a localização exata desse relato não teve lugar definitivo durante muitos seculos” (CHAMPLIN,  Vol.05,  p 395).
        Analisando os manuscritos que contém tal  passagem e relacionados por  Champlim em sua obra "Novo Testamento Interpretado", os mss mais antigos datam do séc. V e VI do tipo ocidental denominado “D” (Bazae), seguido pelo “F” (Boreelinanus) do tipo Bizantino do séc. XI. Todos os demais (GHKU, etc) são posteriores ao séc X.  Já o mss ”E” que aponta a passagem como duvidosa é do séc. VII do tipo Bizantino (Champlim, Vol.01, p.90).  Certamente aqueles mss que omitem a passagem são os mais antigos e portanto, considerado pelos estudiosos como importante fonte para analisar a originalidade dos escritos sagrados.. No entanto, estes Codéx mais antigos não são aceitos por uma fração dos evangélicos atuais por preferirem o Texto Receptus. Vejamos, por exemplo o papiro  P66,75  que datam do séc.II e III. Codéx Alef e B, do séc. V do tipo Alexandrino considerando os pais dos manuscritos também não traz tal passagem.

“Esta sessão é retida nos mss D F G H K U, gama e muitos manuscritos cursivos de origem posterior sendo seguidos pelas traduções AC, F, KJ,  Ph e M, sem qualquer sinal de dúvida quanto a sua autenticidade. Já os manuscritos  E M F, Γ (lambida) e de fam. Pi (familia Pi).. assinalam a passagem de autenticidade duvidosa.  Os mss P(66), P(75). Alef, B L N T W X, Y. Δ (Delta) Θ (Theta),   Ψ(Psi). 33,. 157, 892. 1241, Fam 1424, além das versões Si, Sah, algumas versões Boh, a versão Arm e a Got. Além dos pais da igreja Clemente, Irineu, Origenes, Tertuliano, Cipriano e Nonato omitem o trecho em sua inteireza (CHAMPLIN, Vol.05, p.395,396).

        Vemos que Champlim afirma que nenhum Pai da Igreja mencionou tal passagem antes dos onze primeiros seculos. a justificativa para a ausência do textos nos mss antes do séc VI  está no fato de que a  narrativa fez parte da tradição oral da igreja  que ficou “aninhada” em alguns lugares dentro do evangelho oral. Embora não faça parte do texto original, para muitos eruditos trata-se  de um incidente autêntico da vida de Jesus Cristo tendo sido preservado no conhecimento de alguma parte da igreja cristã até que escribas posteriores encaixaram-na em um dos evangelhos – Lucas ou João. Ele afirma ainda que se essa narrativa for verdade ela bem pode ter sido uma daquelas muitas outras coisas que Jesus disse e fez, mas que não foram originalmente registrada no evangelho de João (Jo. 21.25).

A cessão que se segue (Jo. 7:53-8:11) é uma das mais notáveis ocorrências de um indubitável adição ao texto original das narrativas dos evangelhos. Encontraremos razões para crer que ela pertence á época dos apóstolos, e que preservou para nós registro de um incidente na vida de nosso Senhor, embora não tenha chegado até nós através da pena do apostolo João”(Ellicott, in loc) (CHAMPLIN, Vol.02.  p.400)-

3)- CONSIDERAÇÕES FINAIS.
        Muito embora o texto não faça parte do original, todavia podemos estar grato pela sua preservação; porque nos ilustra muitas coisas que precisamos compreende sobre o perdão e amor.  O texto exala muito bem o espírito dos escribas e fariseus  com sua brutalidade para com o ser considerado por eles sem esperança de salvação, também o desembaraço deles em encontrar um álibe para condenar o Senhor. Ou seja se a narrativa não cumpre a originalidade ela está perfeitamente dentro do contexto da lei judaica e bem demonstra o espirito do Senhor quanto à forma de tratamento para com o pecador. Se não fosse pelas provas textuais não seria difícil aceitar como texto sagrado.
        A total ausência de misericórdia dos religiosos para com a pessoa desgraçada e o grande amor de Deus através da pessoa do Senhor Jesus, na nova oportunidade de sobrevida concedia ao pecador são característica da graça de Deus.

4)- REFERÊNCIAS.

   
BARKER, Kenneth (org). Bíblia NVI de estudo. São Paulo. Ed. Vida. 2003
CHAMPLIN, R.N. Novo Testamento Interpretado. São Paulo: Milenium. Vol.2. 1985
CHAMPLIN, R.N. Novo Testamento Interpretado. São Paulo: Mileniun. VOL.1. 1985
GRADNON, C. R. O evangelho de João. São Paulo: Casa Ed. Presbiteriana.  1965. http://bibliaportugues.com/jfa/matthew/5.htm. Acesso em 15/04/2015.
JFA–Bíblia Sagrada–King Jones Atualizada. Disponível no site:
LIMA, Maria de L. C. Exegese Bíblica. Teoria e Pratica. São   Paulo.Paulinas. 2014.
MICHAELIS, Dicionario Brasileiro de língua portuguesa. Melhoramentos:Disponivel no site: https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/adult%C3%A9rio%20%20/. Aceso em out. 2018.
WICLIFE, F.S. Dicionário wiclife. trad. Trad. Degmar Rigas Junior, Rio de Janeiro:         CPAD.2008



[1] “E será que, quando os egípcios te virem, dirão: Esta é sua mulher. E matar-me-ão a mim, e a ti te guardarão em vida. Gênesis 12:12