O LIBERALISMO
Prof. José Maria V. Rodrigues.
O liberalismo religioso surgiu
das “forças destrutivas do racionalismo e do evolucionismo que levaram a uma
‘ruptura com a Bíblia’”. Com isto, a Igreja sofreu as consequências do
pensamento liberal que atingiu não somente a área da teologia, mas a politica.
A separação entre Estado e Igreja, o surgimento da Republica, a Democracia são
algumas das consequências do pensamento liberal. O liberalismo, uma força que emerge após 1865
a 1929 deu lugar ao neo-ortodoxia e seus sucessores mais radicais. Os movimentos seguintes faz surgir o
movimento ecumênico, onde agencias denominacionais se unem às grandes
denominações; fusões orgânicas de denominações e confederações de Igrejas, “os
grupos evangélicos que concordam em aspectos teológicos gerais, mas divergem em
outros menos importantes estão rapidamente substituindo as Igrejas liberais dos
ramos tradicionais” (Cairns, 25).
O liberalismo moderno com sua ênfase
no racionalismo e sua metodologia devem muito ao deísmo. O deísmo, entre outras
ações, também ajudam a criar o sistema moderno da Alta Critica textual da
Bíblia.
Cairns (p. 425) afirma que
“Durante todo o período de formação do protestantismo latino, os missionários
introduziram uma teologia conservadora baseada nas escrituras como norma de
fé”. “o liberalismo começou a
influenciar (ou a se infiltrar) simultaneamente com algumas denominações na
década de 1920”. O restante mantivera-se
solidamente evangélicas. Nas palavras de
Emile Leonard, as Igrejas latino-americanas são verdadeiramente reformadas. “A
Palavra é o centro do culto e da vida, a razão de ser da Igreja”.
O movimento liberal teve inicio na
Inglaterra em 1830, informa Cairns (p.433), e continuou a fazer adeptos até o
fim do século. “os latitudenaristas (como eram chamados) apropriaram-se do
idealismo kantiano que Samuel Taylor Colardge, poeta e pregador introduziram na
Inglaterra em Oxford”. Eles criam numa consciência intuitiva de Deus e na
imanência de Cristo no homem considerado Filho de DEUS. A Queda do homem e a
Redenção foram ou ignoradas ou minimizadas.
As duas facções de movimentos
liberais que promoveram tanto o liberalismo teológico quanto o evangelho social
foram:
1-
O
movimento dirigido por Frederick D. Maurice (1805-1872) e Carles Kingley
(1819-1875), este sacerdote e escritor, que funda um grupo socialista cristão.
O grupo esperava o estabelecimento do reino de Deus na terra por uma legislação
social que desse aos homens uma democracia tanto econômica e social como
politica
2-
O
outro grupo tinha “ideias semelhantes” à do bispo John W. Colenso (1814-1883)
de Natal na África que foi levado a questionar a autoria mosaica do Pentateuco. Quando não pode responder satisfatoriamente às perguntas de um nativo em 1862.
Thomas Arnold (1795-1842) famoso diretor de Rogby, uma escola para meninos e
Henry Milman (1791-1868), pároco da Igreja de São Paulo integraram o grupo de
Colenso. O grupo aderiu as teorias dos
críticos alemães.
A
Critica Bíblica, a Teoria Darwiniana da Evolução e outros forças sociais e intelectuais criaram o Liberalismo religioso
no fim do século XIX. Os teólogos liberais tem aplicado a Evolução à religião como
chave que poderia explicar o seu desenvolvimento; estes teólogos insistem na
ideia de que a experiência religiosa humana é simples produto de uma evolução
religiosa e não uma Revelação de Deus através da Bíblia e de Cristo.
O
cristianismo conservador tem se levantado contra essas ideias liberais e o nome
ligado a esse movimento e o de Karl Barth (1886-1968) que tem se oposto a varias formas do
liberalismo e socialismo. Cairns afirma
que Immanuel Kant (1724-1804) com suas ideias ajudaram na formação de uma
estrutura filosófica para a Critica Bíblica e a moderna Teologia Liberal
(Cairns, 446). Outro que influenciou para a Teologia Liberal criar forma foi Friedrich
Sheleiermacker (1768-1834) que fez dos sentimentos e emoções como elementos a
partir do qual a experiência religiosa desenvolve. Para ele o homem está livre
da dependência de uma revelação histórica da vontade de Deu, precisando apenas
cultivar o sentimento de dependência de Deus em Cristo para ter uma experiência
religiosa adequada.
O liberalismo teológico nos
Estados Unidos.
Cairns
(p. 466) escreve que o aparecimento da Evolução Darwiniana e o surgimento da
Critica Bíblica através dos alunos que estudavam na Alemanha e na Escócia com
professores como Samuel R. Driver e a importação do idealismo germânico levaram
as Igrejas norte-americanas ao liberalismo do séc. XIX.
A
Teologia Liberal ressaltava a mensagem ética de um Cristo humanizado e a
imanência de Deus no coração do homem, desse modo a experiência, e não a Bíblia
era normativa. O Método Cientifico e a
Lei Natural explicavam os milagres; não
aceitavam o método sobrenatural, o pecado original e o sacrifício vicário.
As
obras de Horace Buschnell (1802-1876), pastor congregacional da Igreja do Norte
em Harford exerceu forte impacto do liberalismo na educação cristã das Igrejas.
Ele defendia a ideia de que as crianças só precisavam crescer dentro da geração
num ambiente religioso. Sustentando uma teologia equivocada sobre o pecado
original e a teoria da influencia moral da Expiação. Bushnell não entendia que
a experiência da conversão e do amadurecimento na graça, como ensinado pelas
Igrejas evangélicas, fosse necessária.
Cairns
afirma (p.467, 468) afirma que por influencia de John W. Vincent (1832-1920)
criaram-se lições padronizadas para Escola Dominical em 1872. Em 1874 ele e
Lewis Miller deram inicio ao movimento Chautuqua para treinar professores para
Escola Dominical. O sistema de graduar as lições surgiu do desenvolvimento
progressivo da criança na verdade cristãs claramente derivadas dos ensinos de
Buschnell. Em 1903 se formou o Conselho
Internacional da Educação Cristã, mas infelizmente, esse movimento consagrado
às ideias da educação cristã semelhantemente às ideias de Buschnell, caiu sobre
controle Liberal.
Em
1893 um professor da Union Seminary (Seminário Union) foi expulso do ministério
por defender questionar a inerência da Bíblia e por defender pontos da Alta
Critica. A.A. Hodge (1823-1886) e
Benjamim B. Warfild (1851-1921) teólogos de Princeton defenderam a inerência da
Bíblia a partir dos originais.
Afirma
Cairns (p.468) que houve um esforço e cooperação demasiado durante o sec. XIX e
começo de sec. XX entre as Igrejas norte-americasnas. Seminários, associações, movimentos
estudantil com a finalidade de recrutar, educar, preparar missionários interessados
na evangelização e nos problemas sociais e na aplicação dos princípios éticos
do cristianismo. P0orem, novamente a liderança caiu nas mãos de liderança
liberal.
Cairns
(p.485) informa que por volta de 1914 todo o consenso teológico vigente desde a
Reforma estava despedaçado devido ao surgimento do liberalismo que surge desde
1865. Já na segunda década de 1920 a Teologia Liberal dominava as faculdades,
os seminários e os púlpitos das Igrejas históricas. Os nomes mais conhecidos
foram John Greghan Machen com seu livro Cristianity and liberalisn (1923); chamava isso de uma nova fé sem credo e sem
relação alguma com o cristianismo histórico. Jean M. Shmidt com sua obra -Souls
or the social order (As almas ou a ordem social, 1891) quando expõe habilmente a “bifurcação entre o
liberalismo e o evangelismo que se tornou evidente antes da Primeira Guerra
mundial.
Ciclos
de neo-ortodoxia (entre 1930 e 1960) e teologia radical (de 1960 à década de
1980) sucederam o liberalismo e se opuseram aos evangélicos. Durante as décadas
de 1960 a 1980 ela foi substituída pelas teologias radicais humanistas,
relativistas e secularistas, tais com a teologia da morte de Deus, a teologia
secular de Cox e Robinson, teologia de fundo marxista, como a da Esperança, de Moltmann, e a da libertação radical, e
as teologias negras e feministas. A
salvação sociológica por meio de pessoas no tempo, no lugar daquela pelo Deus Eterno através de Cristo, torna-se a moda. Segundo Cairns após 1945 os movimentos de
ecumenismo entre as Igrejas Históricas e Igrejas Evangélicas a qual aumentaram em
numero a partir desse período; esta ação produziu um prejuízo à Teologia
sacrificando a sã doutrina a favor de uma união estrutural sob o mais baixo
denominador comum (Cairns, p. 485).
Repassando então, o cristianismo evangélico enfrentou
crescentes ataques na segunda metade de séc. XIX e na primeira parte do Séc.
XX. Foram desafiadas as ideias da
natureza universal e permanente do cristianismo, do Deus Absoluto conhecido
através da revelação proposicional, da
revelação inerente inspirada pelo Espirito Santo e da validade global da revelação histórica objetiva concernente a Cristo. Elas
foram também, mais tarde, negadas em favor de abordagens subjetivas, imanentes
e humanistas ao Evangelho. A natureza da
Igreja, a inspiração e a inerência bíblica,
o papel do Espirito Santo na Igreja e a escatologia são as principais figuras
nas disputas teológicas contemporâneas (Cairns, 484).
Entre
1910 e 1929 o conflito se tornou mais intenso entre as duas forças. Os
wesleyanos, como grupo de Santidade se opuseram ao Liberalismo (Cairns, p.
503). Apesar dos esforços dos evangélicos
o liberalismo entre 1929 e 1945 venceu a disputas nas Igrejas históricas. Os
evangélicos ou saíram voluntariamente ou eram forçados por forças de
julgamentos eclesiásticas, com isto surgem novas denominações, institutos e
seminários (Cairns, p.505).
CONSIDERAÇÕES FINAIS.
Assim concluímos que o liberalismo surgiu nas universidade alemãs e das ilhas britânicas no final do séc. XVIII e ganhou força em 1865 e 1880, provocada pelo "avanço" da ciência, a qual formulou novas teorias a respeito da origem da natureza (o darwinismo) e pelo pensamento filosófico a respeito do homem como ser religioso e seu destino eterno.
Chegou na América do Norte por meio dos estudantes que cursavam naquelas universidades e se espalhou pela América. No inicio do séc. XIX teve como opositor à Teologia Liberal Karl Barth coma a sua obra Epístolas aos Romanos. Seguiu-se por todo séc. XX fazendo surgir novas sub-teologias (da Libertação, Feminista, etc).
O Movimento de Santidade (Holiness Movement), idealizado por John Wesley ganhou força no final do séc. XIX na América do Norte e se opôs ao pensamento liberal teologico que tomava conta das igreja americana. O holiness foram potencializado pelo Movimento Pentecostal que surgiu na Rua Azuza com William Joseph Seymour (1870-1922) em 1907 incendiando a America do Norte e em muitos lugares do mundo. O pentecostalismo, ao meu ver, veio para fazer frente à Teologia Liberal suas sub-teologias e em defesa das doutrinas Bíblicas que levam a salvação e liberta a pessoa.
FONTE
DE PESQUISA.
CAIRNS, Earle E.
O cristianismo através dos séculos (trad. Israel Belo de Azevedo,
Valdemar Kroker). 3ª. Ed. São Paulo:
Vida Nova. 2008.