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A ESCRAVIDÃO NA BÍBLIA.

Este texto e parte integrante  de um artigo maior postado neste blog: A TEOLOGIA PRESENTE NOS DISCURSOS DA IGREJA CATÓLICA       NO FIN...

01/03/2019

O LIBERALISMO TEOLÓGICO: HISTÓRIA E CARACTERÍSTICAS.


O LIBERALISMO
Prof. José Maria V. Rodrigues.
Resultado de imagem para TEOLOGIA LIBERALliberalismo religioso surgiu das “forças destrutivas do racionalismo e do evolucionismo que levaram a uma ‘ruptura com a Bíblia’”. Com isto, a Igreja sofreu as consequências do pensamento liberal que atingiu não somente a área da teologia, mas a politica. A separação entre Estado e Igreja, o surgimento da Republica, a Democracia são algumas das consequências do pensamento liberal.  O liberalismo, uma força que emerge após 1865 a 1929 deu lugar ao neo-ortodoxia e seus sucessores mais radicais.  Os movimentos seguintes faz surgir o movimento ecumênico, onde agencias denominacionais se unem às grandes denominações; fusões orgânicas de denominações e confederações de Igrejas, “os grupos evangélicos que concordam em aspectos teológicos gerais, mas divergem em outros menos importantes estão rapidamente substituindo as Igrejas liberais dos ramos tradicionais” (Cairns, 25).
O liberalismo moderno com sua ênfase no racionalismo e sua metodologia devem muito ao deísmo. O deísmo, entre outras ações, também ajudam a criar o sistema moderno da Alta Critica textual da Bíblia. 
Cairns (p. 425) afirma que “Durante todo o período de formação do protestantismo latino, os missionários introduziram uma teologia conservadora baseada nas escrituras como norma de fé”.  “o liberalismo começou a influenciar (ou a se infiltrar) simultaneamente com algumas denominações na década de 1920”.  O restante mantivera-se solidamente evangélicas.  Nas palavras de Emile Leonard, as Igrejas latino-americanas são verdadeiramente reformadas. “A Palavra é o centro do culto e da vida, a razão de ser da Igreja”.
O movimento liberal teve inicio na Inglaterra em 1830, informa Cairns (p.433), e continuou a fazer adeptos até o fim do século. “os latitudenaristas (como eram chamados) apropriaram-se do idealismo kantiano que Samuel Taylor Colardge, poeta e pregador introduziram na Inglaterra em Oxford”. Eles criam numa consciência intuitiva de Deus e na imanência de Cristo no homem considerado Filho de DEUS. A Queda do homem e a Redenção foram ou ignoradas ou minimizadas.
As duas facções de movimentos liberais que promoveram tanto o liberalismo teológico quanto o evangelho social foram:
1-      O movimento dirigido por Frederick D. Maurice (1805-1872) e Carles Kingley (1819-1875), este sacerdote e escritor, que funda um grupo socialista cristão. O grupo esperava o estabelecimento do reino de Deus na terra por uma legislação social que desse aos homens uma democracia tanto econômica e social como politica
2-      O outro grupo tinha “ideias semelhantes” à do bispo John W. Colenso (1814-1883) de Natal na África que foi levado a questionar a autoria mosaica do Pentateuco. Quando não pode responder satisfatoriamente às perguntas de um nativo em 1862. Thomas Arnold (1795-1842) famoso diretor de Rogby, uma escola para meninos e Henry Milman (1791-1868), pároco da Igreja de São Paulo integraram o grupo de Colenso. O grupo aderiu as teorias  dos críticos alemães.
A Critica Bíblica, a Teoria Darwiniana da Evolução e outros forças sociais  e intelectuais criaram o Liberalismo religioso no fim do século XIX. Os teólogos liberais tem aplicado a Evolução à religião como chave que poderia explicar o seu desenvolvimento; estes teólogos insistem na ideia de que a experiência religiosa humana é simples produto de uma evolução religiosa e não uma Revelação de Deus através da Bíblia e de Cristo.
O cristianismo conservador tem se levantado contra essas ideias liberais e o nome ligado a esse movimento e o de Karl Barth (1886-1968)  que tem se oposto a varias formas do liberalismo e socialismo.  Cairns afirma que Immanuel Kant (1724-1804) com suas ideias ajudaram na formação de uma estrutura filosófica para a Critica Bíblica e a moderna Teologia Liberal (Cairns, 446).  Outro que influenciou para a Teologia Liberal  criar forma foi Friedrich Sheleiermacker (1768-1834) que fez dos sentimentos e emoções como elementos a partir do qual a experiência religiosa desenvolve. Para ele o homem está livre da dependência de uma revelação histórica da vontade de Deu, precisando apenas cultivar o sentimento de dependência de Deus em Cristo para ter uma experiência religiosa adequada.

O liberalismo teológico nos Estados Unidos.
Cairns (p. 466) escreve que o aparecimento da Evolução Darwiniana e o surgimento da Critica Bíblica através dos alunos que estudavam na Alemanha e na Escócia com professores como Samuel R. Driver e a importação do idealismo germânico levaram as Igrejas norte-americanas ao liberalismo do séc. XIX.
A Teologia Liberal ressaltava a mensagem ética de um Cristo humanizado e a imanência de Deus no coração do homem, desse modo a experiência, e não a Bíblia era normativa.  O Método Cientifico e a Lei Natural explicavam  os milagres; não aceitavam o método sobrenatural, o pecado original e o sacrifício vicário.
As obras de Horace Buschnell (1802-1876), pastor congregacional da Igreja do Norte em Harford exerceu forte impacto do liberalismo na educação cristã das Igrejas. Ele defendia a ideia de que as crianças só precisavam crescer dentro da geração num ambiente religioso. Sustentando uma teologia equivocada sobre o pecado original e a teoria da influencia moral da Expiação. Bushnell não entendia que a experiência da conversão e do amadurecimento na graça, como ensinado pelas Igrejas evangélicas, fosse necessária.
Cairns afirma (p.467, 468) afirma que por influencia de John W. Vincent (1832-1920) criaram-se lições padronizadas para Escola Dominical em 1872. Em 1874 ele e Lewis Miller deram inicio ao movimento Chautuqua para treinar professores para Escola Dominical. O sistema de graduar as lições surgiu do desenvolvimento progressivo da criança na verdade cristãs claramente derivadas dos ensinos de Buschnell.  Em 1903 se formou o Conselho Internacional da Educação Cristã, mas infelizmente, esse movimento consagrado às ideias da educação cristã semelhantemente às ideias de Buschnell, caiu sobre controle Liberal.
Em 1893 um professor da Union Seminary (Seminário Union) foi expulso do ministério por defender questionar a inerência da Bíblia e por defender pontos da Alta Critica.  A.A. Hodge (1823-1886) e Benjamim B. Warfild (1851-1921) teólogos de Princeton defenderam a inerência da Bíblia a partir dos originais.
Afirma Cairns (p.468) que houve um esforço e cooperação demasiado durante o sec. XIX e começo de sec. XX entre as Igrejas norte-americasnas.  Seminários, associações, movimentos estudantil com a finalidade de recrutar, educar, preparar missionários interessados na evangelização e nos problemas sociais e na aplicação dos princípios éticos do cristianismo. P0orem, novamente a liderança caiu nas mãos de liderança liberal. 
Cairns (p.485) informa que por volta de 1914 todo o consenso teológico vigente desde a Reforma estava despedaçado devido ao surgimento do liberalismo que surge desde 1865. Já na segunda década de 1920 a Teologia Liberal dominava as faculdades, os seminários e os púlpitos das Igrejas históricas. Os nomes mais conhecidos foram John Greghan Machen com seu livro Cristianity and liberalisn (1923);  chamava isso de uma nova fé sem credo e sem relação alguma com o cristianismo histórico. Jean M. Shmidt com sua obra -Souls or the social order (As almas ou a ordem social, 1891)  quando expõe habilmente a “bifurcação entre o liberalismo e o evangelismo que se tornou evidente antes da Primeira Guerra mundial.
Ciclos de neo-ortodoxia (entre 1930 e 1960) e teologia radical (de 1960 à década de 1980) sucederam o liberalismo e se opuseram aos evangélicos. Durante as décadas de 1960 a 1980 ela foi substituída pelas teologias radicais humanistas, relativistas e secularistas, tais com a teologia da morte de Deus, a teologia secular de Cox e Robinson, teologia de fundo marxista, como a da Esperança, de Moltmann, e a da libertação radical, e as teologias negras e feministas.  A salvação sociológica por meio de pessoas no tempo, no lugar daquela pelo Deus Eterno através de Cristo, torna-se a moda.  Segundo Cairns após 1945 os movimentos de ecumenismo entre as Igrejas Históricas e Igrejas Evangélicas a qual aumentaram em numero a partir desse período; esta ação produziu um prejuízo à Teologia sacrificando a sã doutrina a favor de uma união estrutural sob o mais baixo denominador comum (Cairns, p. 485). 
       Repassando então, o cristianismo evangélico enfrentou crescentes ataques na segunda metade de séc. XIX e na primeira parte do Séc. XX.  Foram desafiadas as ideias da natureza universal e permanente do cristianismo, do Deus Absoluto conhecido através da revelação proposicional,  da revelação inerente inspirada pelo Espirito Santo e da validade global da revelação histórica objetiva concernente a Cristo. Elas foram também, mais tarde, negadas em favor de abordagens subjetivas, imanentes e humanistas ao Evangelho.  A natureza da Igreja, a inspiração  e a inerência bíblica, o papel do Espirito Santo na Igreja e a escatologia são as principais figuras nas disputas teológicas contemporâneas (Cairns, 484).
        A origem das espécies (1859) de Darwin colocou de lado a criação especial, e estabelece uma nova opção para a origem das espécies diferente da concepção religiosa cristã.  A filosofia idealista alemã de Kant, Hegel e Schleiermacker também se constituíram num problema. Ao fundamentar a religião na natureza moral inata do homem, que segundo Kant,  mostra ao homem o que deve fazer.  A imoralidade e a alma são necessárias para recompensar os atos bons e castigar os atos maus do homem. Sua perspectiva da religião como transcendente e da Bíblica como meramente histórica apoiou a Critica Bíblica.  No campo da Critica Bíblica Welhausen surge com trouxe novas interpretações do Pentateuco, do Livro de Isaías e Daniel. Para ele Cristo morreu a morte dos mártires e é somente necessário seguir seu exemplo para ser salvo. Estes ensinos foram introduzidos  nos bancos das Igrejas pelo laicado leigo. Por volta de 1880, o liberalismo teológico já havia tomando conta e se opunha à ortodoxia da teologia Reformada.  Os evangélicos se levantaram contra e os Hodge (pai e filho) e Benjamin Warfild (l851-1923) se opuseram  no final de séc. XIX.  J. Greshan Machem defendeu a inerência da Bíblica nos seus originais. O pré-milenismo é defendido no seminário de Plymouth de defendido em institutos bíblicos e por homens como D.L. Moody e R.A. Torrey.  A evolução foi fortemente condenada por W.B. Rilley e Willian Jemnings Bryan (Cairn, p. 503).  No inicio do sec. XX com o patrocínio dos homens rico do petróleo de Lyman depois da pregação de A.C. Dixon (1909) publicaram a obra The Fundamentals (Os fundamentos) com 12 volumes com artigos de diversos autores evangélicos de ambos os lados do Atlântico como Amzi C. Dixon (1854-1925) foi o editor, e James Orr, B.B. Warfield, M.G. Kyle, R.A. Torrey, C.L. Scofield e muitos outros eruditos evangélicos contribuíram com artigos, os quais ajudaram disseminar as ideias evangélicas.  Entre 1910 a 1915 os volumes foram produzidos e cercam 300 mil exemplares de cada volume foram enviados gratuitamente para professores e estudantes de seminários, pastores e secretários da YMCA (Associação de Moços Cristãos) nos EUA, Canadá e Grã-Bretanha (Cairns, p.505).
Entre 1910 e 1929 o conflito se tornou mais intenso entre as duas forças. Os wesleyanos, como grupo de Santidade se opuseram ao Liberalismo (Cairns, p. 503).   Apesar dos esforços dos evangélicos o liberalismo entre 1929 e 1945 venceu a disputas nas Igrejas históricas. Os evangélicos ou saíram voluntariamente ou eram forçados por forças de julgamentos eclesiásticas, com isto surgem novas denominações, institutos e seminários (Cairns, p.505). 

CONSIDERAÇÕES FINAIS.
        Assim concluímos que o liberalismo  surgiu  nas universidade alemãs e das ilhas britânicas no final do séc. XVIII e ganhou força em 1865 e 1880, provocada pelo "avanço" da ciência, a qual formulou novas teorias a respeito da origem da natureza (o darwinismo) e pelo pensamento filosófico a respeito do homem como ser religioso e seu destino eterno.  
         Chegou na América do Norte por meio dos estudantes que cursavam naquelas universidades e se espalhou pela América. No inicio do séc. XIX teve como opositor à Teologia Liberal Karl Barth coma a sua obra Epístolas aos Romanos. Seguiu-se por todo séc. XX fazendo surgir novas sub-teologias (da Libertação, Feminista, etc). 
O Movimento de Santidade (Holiness Movement), idealizado por John Wesley ganhou força no final do séc. XIX na América do Norte e se opôs  ao pensamento liberal teologico que tomava conta das igreja americana. O holiness foram potencializado pelo Movimento Pentecostal que surgiu na Rua Azuza com William Joseph Seymour (1870-1922) em 1907 incendiando a America do Norte e em muitos lugares do mundo. O pentecostalismo, ao meu ver, veio para fazer frente à Teologia Liberal  suas sub-teologias e em defesa das doutrinas Bíblicas que levam a salvação e liberta a pessoa.   

FONTE DE PESQUISA.
CAIRNS,  Earle E.  O cristianismo através dos séculos (trad. Israel Belo de Azevedo, Valdemar Kroker). 3ª. Ed.   São Paulo: Vida Nova. 2008.